domingo, 24 de março de 2019

2º Domingo da Grande Quaresma

Domingo de São Gregório Palamás
Domingo das Santas Relíquias
24 de Março de 2019 (CC) / 11 de Março (CE)
São Gregório Palamás o Arcebispo de Tessalônica (removido do seu dia comemorativo no 2º domingo da Grande Quaresma); Sinaxe de todos os Veneráveis Padres das Cavernas de Kiev (removido do seu dia comemorativo no 2º domingo da Grande Quaresma); São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém (†638); São Euthymius, Bispo de Novgorod, Milagroso (1458); Venerável Alexis da Skete Goloseyevsky, Cavernas de Kiev (1917); Venerável Patrikius, confessor (1933); Novo Hieromártir Basílio, Sacerdote (1937);Venerável Sofrônio, recluso das Cavernas de Kiev (S. 13); Hieromártir Pionius de Esmirna e com ele: Asclepiades, Macedónia, Linus e Sabina (†250).; Traslado das relíquias do Mártir Epimachus de Pelusium para Constantinopla (250); São Sofrônio de Vratsa (1815, Bulgária); Venerável George, o abade do Sinai, irmão de São João Clímaco (s. 7º); Venerável João Moskhos (622);  Venerável Oengus, o Culdee, compilador do primeiro martirologion Irlandês (824, Celta e Britânico); Venerável George, o Novo, taumaturgo de Constantinopla (970, grego); S. Theodora, rainha de Arta, esposa do Déspota Michael II de Épiro (1275, grego); Hieromártir Eulogius, Metropolitana de Córdoba (859);  Mártires Trófimo e Thalus, de Laodicéia (300, grego); Hieromártir Constantino, em Kintyre.
Modo 2



O Segundo Domingo da Grande Quaresma é dedicado à comemoração de São Gregório Palamas (1296-1359) – Arcebispo de Tessalônica, que em seus dias defende a Ortodoxia, especialmente em assuntos relacionados com a teologia hesicasta. 
Sua memória é também comemorada aos 27 (14 de novembro). No Prólogo, lemos um curto exposto de sua vida bem como um belo texto a se refletir: 
O pai de Gregório era um eminente oficial na coorte do Imperador Andrônico II Paleólogo. O talentoso Gregório, ao completar seus estudos seculares, não quis entrar suceder no serviço da coorte imperial, retirando-se à contemplação na Santa Montanha (Monte Athos) onde é tonsurado monge. Leva uma vida de ascetismo tanto no Monastéiro de Vatopédi como na Grande Laura. Liderou a luta contra o herege Barlaão derrotando-o, no fim. 
É consagrado Arcebispo de Tessalônica no ano de 1347. Glorificado como asceta, teólogo, hierarca e taumaturgo. Governa a Igreja em Tessalônica por treze anos, dentre os quais passou um ano sob o jugo dos sarracenos, na Ásia.

Repousa em paz no ano de 1360, tomando posse de sua morada no Reino de Cristo. Suas relíquias repousam em Tessalônica, onde uma linda igreja lhe é dedicada. 
Reflexão
São Gregório Palamas era, muitas vezes, instruído por meio de revelações celestiais. 
Depois de passar três anos na quietude duma cela monástica da Grande Lavra, foi-lhe pedido que ele se dirigisse para junto dos homens, beneficiando-os com seu conhecimento e sua experiência. 
Deus lhe revelou essa necessidade por meio de uma visão extraordinária: certo dia, como que num leve sono, Gregório vê-se segurando um vaso transbordante de leite. Aos poucos, o leite vira vinho, que da mesma forma escorre pela borda do vaso, molhando tanto suas mãos como suas vestes. De repente, um jovem de grande esplendor aparece e lhe dirige a palavra: "Por que não dás aos outros desta bebida maravilhosa que desperdiças tão descuidadamente? Ou não estás ciente de que isso é o dom da graça de Deus?" Ao que Gregório responde: "Mas se não há ninguém em nosso tempo que sinta necessidade de tal bebida, a quem devo dá-la?" O jovem então diz: "Quer haja, quer não haja alguém sedento desta bebida, és obrigado a quitar tua dívida e não negligenciar o dom de Deus". Gregório interpreta o leite como o conhecimento comum (das massas) da vida e a conduta moral, e o vinho como o ensinamento dogmático. 
Outra vez, estando retirado num mosteiro a escrever seus Princípios da Ortodoxia, na ocasião da véspera das festividades de Santo Antônio o Grande, os monges o convocam para o ofício da Vigília de toda-noite (Agripinia). Gregório, no entanto, permanece em sua cela, a trabalhar, enquanto todos os irmãos se dirigem à igreja. Santo Antônio subitamente lhe aparece e diz: "A quietude perfeita é boa, mas, às vezes, faz-se necessário estar com os irmãos". Convencido por tal revelação, Gregório se dirige imediatamente à igreja, para a alegria de todos os monges. 
Fonte: Prólogo de Ohrid (Aurora da Ortodoxia) 
Comemoração de São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém
Nascido em Damasco, Sofrônio dedicava-se tão intensamente aos estudos que por pouco não perdeu a visão. Aprofundou-se de tal modo na filosofia grega que recebeu o sobrenome de «o Sofista»  Com seu amigo, o célebre ermitão João Mosco, viajou pela Síria, Ásia Menor e Egito, onde recebeu as vestes monásticas no ano 580. Seu amigos o acompanharam, vivendo em comunidade com ele por vários anos na «Lavra» de São Savas e no monastério de São Teodósio, localizado próximo a Jerusalém. Seu desejo de santidade, mortificação, o levou a visitar os famosos ermitãos do Egito. 
Depois, com seus amigos, foi a Alexandria, onde o Patriarca São João, o Esmoleiro, lhes pediu que ficassem por dois anos em sua diocese para auxiliá-lo na reforma e combate às heresias. Foi lá que João Mosco escreveu sua obra «Prado Espiritual» que a dedicou a São Sofrônio. João faleceu no ano 620, em Roma, para onde havia viajado em peregrinação. Sofrônio retornou à Palestina e foi eleito Patriarca de Jerusalém, por sua sabedoria, piedade e ortodoxia de sua fé. Tomando posse da Sé de Jerusalém, convocou um sínodo dos bispos do Patriarcado para condenar a heresia monotelita e escreveu uma carta sinodal na que expunha e defendia a doutrina ortodoxa. Esta carta foi, posteriormente, ratificada pelo Sexto Concílio Ecumênico, chegando às mãos do Papa Honório e do Patriarca Sérgio de Constantinopla que havia aconselhado ao Papa que escrevesse em termos evasivos acerca da questão das duas vontades de Nosso Senhor Jesus Cristo. 
Ao que parece, Honório não se pronunciou nunca sobre o problema; seu silêncio deu a impressão de que o Papa estava de acordo com os hereges. Sofrônio, percebendo que o imperador e muitos prelados do Oriente atacavam a verdadeira doutrina, sentiu-se chamado a defendê-la com maior zelo que nunca. Levou consigo Estêvão, bispo de dor, ao Monte Calvário, e lá jurou pela Crucifixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e pelas contas que deveria prestar a Deus no Dia do Juízo de «ir à Sé Apostólica, base de toda doutrina revelada, e importunar ao Papa até que se decidisse a examinar e condenar a nova doutrina». Estêvão obedeceu e permaneceu em Roma por dez anos, até que o Papa São Martim I condenou a heresia monotelita no Concílio de Latrão, no ano 649. Logo São Sofrônio teve de enfrentar-se com outras dificuldades. Os sarracenos indiram a Síria e a Palestina; Damasco havia caído em seu poder em 636; e Jerusalém em 638. O santo Patriarca fez o quanto pode para consolar e ajudar sua grei, arriscando para isso sua própria vida. Quando os muçulmanos sitiaram a cidade, São Sofrônio teve de pregar em Jerusalém seu sermão da Natividade já que lhe foi impossível ir a Belém naquelas circunstâncias. O santo fugiu depois da queda da cidade e, segundo parece, morreu pouco tempo depois, provavelmente em Alexandria.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (X)

João 21:1-14

Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim: Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos.

LITURGIA

Hebreus 1:10-2:3

10 e: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obras de tuas mãos; 11 eles perecerão, mas tu permaneces; e todos eles, como roupa, envelhecerão, 12 e qual um manto os enrolarás, e como roupa se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão. 13 Mas a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? 14 Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação? 1 Por isso convém atentarmos mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos desviemos delas. 2 Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu justa retribuição, 3 como escaparemos nós, se descuidarmos de tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi- nos depois confirmada pelos que a ouviram...

Marcos 2:1-12

1 Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa. 2 Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra. 3 Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro; 4 e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico. 5 E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados. 6 Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: 7 Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus? 8 Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações? 9 Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda? 10 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), 11 a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. 12 Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.

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COMENTÁRIO

O Evangelho do primeiro domingo de quaresma termina com uma alusão ao mistério dos anjos. E são também os anjos que a Epístola de hoje evoca (Hb. 1, 10-2; 3). O texto sagrado compara o mistério àquele infinitamente maior, do próprio Salvador. Se a desobediência às mensagens que os anjos nos transmitem é justamente punida, quão mais seria punido o homem que negligencia a salvação anunciada e trazida pelo Cristo! Pois “a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés”?

Evangelho de hoje (Mc. 2, 1-12), relata a cura do paralítico de Cafarnaum. Jesus perdoa-lhe seus pecados e, como os escribas assombram-se de que outro que não Deus possa perdoar os pecados, ele responde: “Qual é mais fácil dizer ao paralítico?: estão perdoados os teus pecados, ou dizer-lhe: levanta-te, e toma o teu leito e anda?... para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados, a ti te digo: levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa”. O tema central deste episódio é a força tanto de perdão quanto de cura que possui o Senhor Jesus, A seguir, há a afirmação - mais ainda: a demonstração - de que a cura e o perdão não devem ser separados. O paralítico, deitado sobre seu leito foi colocado aos pés de Cristo. Ora, a primeira palavra de Jesus não foi: “Sê curado!”, porém: “Teus pecados te são perdoados”. Em nossos males físicos, antes mesmo de pedir por nossa libertação material nós devemos orar por nossa purificação interior, pela absolvição de nossas faltas. Jesus, enfim, ordena ao paralítico curado,de levar sua cama para casa. De um lado, a multidão seria convencida da realidade do milagre se visse esse homem tornado forte o bastante para carregar seu leito. De outro lado, aquele que foi perdoado, interiormente modificado por Jesus, deve mostrar aos de sua casa, por qualquer sinal evidente (não mais por carregar um leito, porém, por palavras, atos e atitudes), que ali está um homem novo que retoma seu ligar em seu ambiente.

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