segunda-feira, 25 de março de 2019

3ª Segunda-feira da Grande Quaresma

25 de Março de 2019 (CC) / 12 de Março (CE)
São Teófanes, o Confessor de Sigriana, monge († 817); 
São Gregório “Dialogador” , Papa de Roma (604 dC); 
Venerável Simeão, o Novo Teólogo (1022 dC)
Modo 2




São Teófanes cresceu na corte do imperador Constantino V. Seu pai morreu quando ele ainda era muito jovem deixando-lhe por herança uma grande propriedade e à nomeação do imperador como seu tutor. Mais tarde, foi obrigado a se casar, mas por consentimento mútuo, o casal manteve a castidade, separando-se e retirando-se para a solidão. 
Consta que Teófanes tenha construído dois monastérios, um em Monte Sigriana, próximo de Cyzicus, e outro na Ilha de Kalonymos, que era parte de sua herança. Lá estabeleceu a sua residência, permanecendo por seis anos. Mais tarde,  retornou para o Monte Sigriana, onde exerceu o ofício de abade. No ano 787, Teófanes participou no Concílio de Nicéia que sancionou o restabelecimento do uso e  da veneração das imagens sagradas. Mais tarde, em 814, Leão, o armênio, tentou anular a decisão de seus predecessores e pediu para suprimir novamente o culto às imagens. Reconhecendo, no entanto, a reputação e  autoridade de São Teófanes, tentou conquistá-lo mediante cordiais e astutas cartas, mas o santo estava bem armado contra todas as artimanhas que pudessem ser utilizadas para ludibriá-lo. Aos 50 anos, começou a sofrer de graves  doenças, mas quando o imperador o chamou para Constantinopla, mesmo estando muito enfermo, obedeceu. Às ameaçadoras mensagens de Leão, o armênio, o santo respondeu desta maneira: 
«A minha avançada idade, a debilitação de minha saúde e a fraqueza de meu corpo já não me deixam inclinar-me para estas coisas que eu desprezei, pela graça de Deus, na minha juventude. Se pensas assustar-me ou seduzir-me para conseguir minha complacência, como acontece com uma criança a quem é mostrado o relho, perdes teu tempo». 
O imperador enviou ao seu encontro  vários emissários para tentar persuadi-lo, mas ele se  manteve inflexível. Foi condenado a receber 300 chicotadas e enviado depois, por dois anos, para um calabouço fedorento e solitário, onde recebia apenas o necessário para manter-se vivo. Sua doença se agravou e, quando ele finalmente foi libertado e deportado para a ilha de Samotrácia, morreu em 12 de março de 817, dezessete dias após sua chegada. Deixou uma Cronografia, ou seja, uma breve história do mundo até o ano 813, a partir de 284 dC, data em que terminava uma história escrita por seu amigo George Syncellus, auxiliar do Patriarca São Xarasius. 
São Gregório “Dialogador”, Papa de Roma 
São Gregório foi papa entre 3 de setembro de 590 e sua morte, em 12 de março de 604. Ele é conhecido principalmente por suas obras, mais numerosas que as de seus predecessores. Gregório é também conhecido  na Ortodoxia como Gregório, o Dialogador, por causa de seus "Diálogos" e é por isso que seu nome aparece em algumas obras listado como "Gregório Diálogo". 

Foi o primeiro papa a ter sido monge antes do pontificado. Gregório é reconhecido como um Doutor da Igreja e um dos Padres latinos. Foi canonizado assim que morreu por aclamação popular, como era o costume. Credita-se a Gregório a compilação da Divina Liturgia dos Dons Pré-santificados.
São Simeão, o Novo Teólogo

O Monge Simeão, o Novo Teólogo, nasceu no ano 946 na cidade de Galata (Paphlagonia), e recebeu a educação secular básica em Constantinopla. Seu pai o preparou para uma carreira na corte e, durante certo tempo, o jovem ocupou uma posição elevada na corte imperial. Mas aos 25 anos sentiu atraído pela vida monástica, e, então, fugiu de sua casa e retirou-se para o mosteiro Studita, onde se submeteu à orientação do conhecido Simeão, o Reverente. A ação ascética básica do monge foi a incessante Oração de Jesus em sua forma curta: "Senhor, tem piedade!" Para uma maior concentração da oração, ele constantemente buscava a solidão, e mesmo na liturgia, ficava separado dos irmãos, e geralmente permanecia sozinho à noite na igreja. A fim de se acostumar a atenção sobre a morte, passava noites no cemitério. O fruto de seu fervor era uma condição especial de êxtase: nesses momentos, o Espírito Santo, sob a forma de uma nuvem luminosa, descia sobre ele e o tornava inconsciente de sua visão ao redor. Com o tempo, ele alcançou uma constante consciência espiritual elevada, o que ficou especialmente evidente quando celebrava a Liturgia. Por volta do ano de 980, o Monge Simeão foi constituído higúmeno do mosteiro de São Mamant e nesta dignidade permaneceu por 25 anos. Ele corrigiu a gestão negligente que havia no mosteiro e restaurou a ordem na igreja.

O Monge Simeão combinava a bondade com o rigor e a firme observância das exigências do Evangelho.

Assim, por exemplo, quando seu discípulo favorito Arsênio matou corvos que estavam picando pão úmido, o Igumeno o fez amarrar os pássaros mortos a uma corda e usá-la como "colar" no pescoço. Também, um dia, ele foi procurado por certo bispo de Roma, que estava perturbado por não conseguir se arrepender de ter assassinado seu jovem sobrinho, e o Monge Simeão, paciente e exitosamente o ajudou.

A rigorosa disciplina monástica praticada por Simeão, provocou uma forte insatisfação entre os seus irmãos monges. Uma vez após a liturgia, alguns deles estavam tão irritados, que se precipitaram sobre ele e quase o mataram. Quando o Patriarca de Constantinopla os expulsou do mosteiro e quis entregá-los às autoridades da cidade, Simeão conseguiu que eles fossem perdoados e os ajudou a encontrarem trabalho na vida secular.

Cerca do ano 1005, o Monge Simeão entregou seu cargo de higumeno a Arsenios, e foi morar próximo ao mosteiro. Lá compôs suas obras teológicas, cujos fragmentos constam no 5º volume da "Filokalia" ("Dobrotoliubie"). O principal tema de suas obras é a atividade oculta de um aperfeiçoamento espiritual na luta contra as paixões e os pensamentos pecaminosos.

Ele também deixou alguns tratados direcionados aos monges: "Capítulos Teológicos Práticos", "Um Trato Sobre Três Formas de Orações" e "Um trato na fé". Além disso, o Monge Simeão era um excelente poeta da Igreja. A ele pertencem os "Hinos do Amor Divino”, no qual constam cerca de 70 poemas, cheios de profundas reflexões sobre a oração.

Os ensinamentos do Monge Simeão sobre o novo homem e sobre a "divinização da carne", com os quais ele queria substituir os ensinamentos sobre a "mortificação da carne" (pelo que também o chamaram de "Novo Teólogo"), eram de difícil assimilação para os seus contemporâneos. Muitos de seus ensinamentos pareciam inaceitáveis ​​e estranhos. Isso levou a conflitos com as autoridades da igreja de Constantinopla, e o Monge Simeão foi submetido ao exílio. Ele se retirou para as costas do Bósforo e fundou lá o mosteiro de Santa Marina.

O santo repousou pacificamente em Deus no ano 1021. Ainda em vida, ele foi agraciado com o dom de operar prodígios. Numerosos milagres ocorreram também após a sua morte. Um deles foi a descoberta milagrosa desceu ícone. Sua Vida foi escrita por seu secretário e discípulo, o Monge Nikita Stethatos.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Isaías 8:13-9:7

13 Santificai ao Senhor mesmo, e ele será o vosso temor.
14 Se confiardes nele, ele será para vós por santuário; e não mais vos levantareis contra ele, indo ao encontro de uma pedra de tropeço, ou indo ao encontro da queda de uma rocha. Entretanto, as casas de Jacó estão numa armadilha, e os moradores de Jerusalém em um poço.
15 Muitos, pois, dentre eles se tornarão fracos e cairão, e serão esmagados; então, eles se aproximarão, e os homens serão aprisionados de forma segura. 
16 Todavia, aqueles que selaram a si mesmos para que não pudessem aprender a lei serão manifestos.
17 Contudo, alguém irá dizer: Esperarei em Deus, que desviou o seu rosto da casa de Jacó; confiarei nele.
18 Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu. Eles serão por sinais e maravilhas na casa de Israel, da parte do Senhor dos exércitos, que habita no monte Sião.
19 Então, se vos disserem: Buscai aqueles que têm em si um espírito de adivinhação, que falam desde a terra, emitindo palavras vãs, os que falam desde a sua barriga. Não deverá uma nação de buscar ao seu Deus? Por que buscam eles os mortos com respeito aos que estão vivos?
20 Pois ele deu a lei como um auxílio, para que não devessem falar de acordo com esta palavra, a qual diz que não há dons para conceder-lhes.
21 Virá a fome, dolorosamente, sobre vós. E virá a suceder, quando estiverdes famintos, que sereis amargurados e havereis de falar mal do príncipe e das ordenanças de vossos pais; então, ireis olhar para o céu acima,
22 e para a terra abaixo, e eis angústia severa, escuridão, aflição e ansiedade, trevas tais que não se pode ver. Entretanto, aquele que estiver em angústia não deverá ser angustiado somente por um tempo.
1 Faze isto, em primeiro lugar. Faze-o rapidamente, ó terra de Zebulom, terra de Naftali e o restante que habita a costa do mar e a terra além do Jordão, a Galileia dos gentios.
2 Ó povo que anda em trevas, vede uma grande luz! Vós que habitais na região da sombra da morte, brilhará a luz sobre vós.
3 A multidão do povo que quebrantaste no teu gozo, eles se alegrarão diante de ti como os que se alegram na ceifa, e como os que repartem os despojos.
4 Pois o jugo que foi colocado sobre eles já foi tirado, a vara que estava em seu pescoço; porque ele quebrou o bastão dos opressores, como no dia de Midiã.
5 Portanto, eles deverão dar compensação por cada peça de roupa que tiver sido adquirida com engano, por cada veste, com restituição; e estarão dispostos, ainda que devessem ser queimados com fogo.
6 Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros, o qual é chamado pelo nome de Anunciador do Grande Conselho. Pois trarei a paz sobre os príncipes, e saúde haverá para ele.
7 Seu governo será grande, e da sua paz não haverá fim. Estará sobre o trono de Davi e no seu reino, para o estabelecer e apoiá-lo com juízo e com justiça, desde agora e para sempre. O selo do Senhor dos Exércitos o realizará.



VÉSPERAS

Gênesis 6:9-22


9 Estas são as gerações de Noé. Noé era um homem justo, sendo perfeito em sua geração; e Noé pareceu muito agradável a Deus.
10 Gerou Noé três filhos: Sem, Cam e Jafé.
11 A Terra, porém, estava corrompida diante de Deus; pois a Terra enchera-se de iniquidade.
12 O Senhor Deus olhou a Terra e ela estava corrompida, porquanto toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a Terra.
13 E o Senhor Deus disse a Noé: O tempo de todos os homens é chegado diante de mim, porque a Terra por eles foi preenchida com iniquidade; portanto eis que eu irei destruí-los, e também a Terra.
14 Faze para ti, por este motivo, uma arca retangular de madeira. Farás compartimentos na arca e a cobrirás, por dentro e por fora, com betume.
15 Assim construirás a arca: de trezentos côvados será o seu comprimento, de cinquenta côvados a sua largura e de trinta côvados a sua altura.
16 Estreitarás a arca ao construí-la, e em um côvado acima a completarás. A porta da arca farás do seu lado. Com primeiro, segundo e terceiro andar a farás.
17 Eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a Terra, para destruir toda a carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus. E tudo o que existe sobre a terra perecerá.
18 Estabeleço contigo a minha aliança. Entra na arca, tu e teus filhos, e a tua mulher e as mulheres de teus filhos contigo.
19 De todos os animais domésticos e de todos os répteis e animais selvagens, de todos eles, de toda a carne, farás entrar por pares na arca, para que possas alimentá-los como a ti mesmo; machos e fêmeas deverão ser.
20 De todas as aves que voam, segundo as suas espécies, e de todo os animais domésticos, segundo as suas espécies, e de todos os répteis que rastejam na terra, segundo as suas espécie, em pares eles virão a ti, masculino e feminino, para serem alimentados como a ti mesmo.
21 Tu, pois, tomarás para ti de todos os tipos de alimentos que comes, e os ajuntarás para ti mesmo; e deverão ser para ti e para eles comerem.
22 Então, Noé fez todas as coisas que o Senhor Deus lhe ordenara fazer. Assim ele fez.

Provérbios 8:1-21

1 Proclama tu a sabedoria, a fim de que possa seguir-te o entendimento.
2 Pois ela se encontra em altos cumes, coloca-se no meio dos caminhos,
3 assenta-se pelas portas dos príncipes e canta nas entradas, dizendo:
4 A vós, ó homens, exorto; profiro a minha voz para os filhos dos homens.
5 Ó simples, entendei a sutileza; e vós que sois ignorantes absorvei o conhecimento.
6 Ouvi-me, porque falarei verdades solenes; meus lábios produzirão cousas retas.
7 Porque a minha garganta medita na verdade, e falsos lábios são uma abominação diante de mim.
8 Todas as palavras da minha boca assentam-se na justiça; não há nelas nada de errado ou perverso.
9 São, todas elas, evidentes para aqueles que compreendem, e justas para os que acham o conhecimento.
10 Recebe a correção, e não a prata; e o conhecimento antes do que o ouro provado.
11 Porque melhor é a sabedoria do que as pedras preciosas, e nenhuma substância valiosa o é tanto quanto ela.
12 Eu, a sabedoria, tenho habitado com o conselho e com o conhecimento, e tenho conclamado a compreensão.
13 O temor do Senhor odeia a injustiça, a insolência, o orgulho e os caminhos dos homens ímpios. Eu abomino os caminhos perversos dos homens malignos.
14 Conselho e segurança me pertencem; a prudência é minha, e também a força;
15 por mim reinam os reis, e os príncipes decretam justiça;
16 por mim, nobres tornam-se grandes, e monarcas, por mim, reinam sobre a terra.
17 Eu amo aqueles que me amam, e os que me buscam achar-me-ão.
18 Riqueza e glória me pertencem; sim, bens abundantes e justiça.
19 É melhor ter o meu fruto do que ouro e pedras preciosas; o meu produto é melhor do que a prata escolhida.
20 Eu ando nos caminhos da justiça, e estou familiarizada com as veredas do juízo,
21 para repartir bens àqueles que me amam e para encher os seus tesouros com as boas coisas. Se vos declaro as coisas que acontecem neste dia, lembrar-me-ei, também, para contar-vos as coisas antigas.



† † †

Homilia de São Basílio, o Grande, Bispo de Cesareia (sec. IV)  

Acerca da Humildade

"Não se glorie o sábio de seu saber, não se glorie o forte de sua força, nem o rico de suas riquezas (Jr 9:22).

Qual é então o verdadeiro motivo de glória e em que consiste a grandeza do homem? Diz a Escritura:

"Quem se gloria, glorie-se nisto: em conhecer e compreender que Eu Sou do Senhor" (Jr 9:23).

A nobreza do homem, a sua glória e a sua dignidade consistem em saber onde está a verdadeira grandeza, aderir a ela e buscar a glória que procede do Senhor da glória. Diz efetivamente o Apóstolo:

"Quem se gloria, glorie-se no Senhor".

Estas palavras encontram-se na seguinte passagem:

"Cristo se tornou para nós, da parte de Deus, sabedoria, justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, quem se gloria, glorie-se no Senhor” (1 Cor 1:31).

Por conseguinte, é perfeito e legítimo nos gloriarmos no Senhor quando, longe de orgulhar-nos de nossa própria justiça, reconhecemos que estamos realmente destituídos dela e só pela fé em Cristo somos justificados.

É nisto que Paulo se gloria: desprezando sua própria justiça, busca apenas a que vem por meio de Cristo, ou seja, a que se obtém pela fé e procede de Deus; para assim conhecer a Cristo, o poder de Sua ressurreição e a participação em Seus sofrimentos, configurando-se à sua morte, na esperança de alcançar a ressurreição dos mortos. Aqui desaparece todo e qualquer orgulho. Nada te resta para que te possas gloriar, ó homem, pois tua única glória e esperança está em fazeres morrer tudo que é teu e procurares a vida futura em Cristo. E como possuímos as primícias desta vida, já a iniciamos desde agora, uma vez que vivemos inteiramente na graça e no dom de Deus.

"É certamente Deus quem realiza em nós tanto o querer como o fazer, conforme o seu desígnio benevolente" (Fl 2:13).

E é ainda Deus que pelo Seu Espírito nos revela a sabedoria que, de antemão, destinou para nossa glória. Deus nos concede força e resistência em nossos trabalhos.

"Tenho trabalhado mais do que os outros – diz também Paulo – não propriamente eu, mas a graça de Deus comigo" (1 Cor 15:10).

Deus nos livra dos perigos para além de toda esperança humana. Diz ainda o Apóstolo:

"Experimentamos, em nós mesmos, a angústia de estarmos condenados à morte. Assim, aprendemos a não confiar em nós mesmos, mas a confiar somente em Deus que ressuscita os mortos. Ele nos livrou, e continuará a livrar-nos, de um tão grande perigo de morte. Nele temos firme esperança de que nos livrará ainda, em outras ocasiões" (2 Cor 1,9-10).

† † †

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