O NOIVO
A segunda, terça e quarta feira santas são estabelecidas pela Igreja na perspectiva do Fim dos Tempos, de modo a nos lembrar do significado escatológico da Páscoa. A ''normalidade'' do mundo cotidiano será colocada em questão pela Paixão e Morte do Senhor, pelo fim próximo de seu ministério terreno. É o mundo da ''normalidade'', ''costumeiro'', que preferiu a morte à vida.
Pela morte de Jesus, este mundo e vida ''normais'' são condenados, ou antes, é revelada a incapacidade deles para receberem a Luz. ''Agora vem o julgamento deste mundo'' (João 12:31): A Páscoa significa o fim ''deste mundo'' e tem sido, desde então, seu ponto final.
Cristo, realização final da Páscoa realiza a última passagem: a da morte para a vida, a do ''velho mundo'' para o novo século do Reino. E abre também esta possibilidade de passagem para cada um de nós. Podemos viver ''neste mundo'' sem, no entanto, ''pertencer ao mundo'', isto é, sendo livres da morte e do pecado e partícipes do ''século que há de vir''. Mas para isso devemos, primeiro, condenar o velho Adão, nos revestirmos de Cristo na morte batismal e levar nossa verdadeira vida escondida em Deus, com Cristo, ''no século que há de vir''.
A Páscoa não é uma comemoração anual, solene e bela, de um evento passado. É este próprio Evento, revelado, dado a nós, sempre eficiente, sempre revelando o fim de todas as coisas deste mundo, e anunciando o Início da Nova Vida. A função dos três primeiros dias da Semana Santa é nos desafiar com o significado último da Páscoa e nos preparar para entendê-lo e aceitá-lo.
Nesta Grande Segunda Feira Santa, a Igreja observa o Ofício do Noivo. O nome faz referência à figura do Noivo na Parábola das Dez virgens que pode ser lida no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo o Bem-Aventurado Apóstolo São Mateus 25:1-13. O termo ''Noivo'' sugere um amor íntimo.
O Reino de Deus é comparado a um banquete e câmara nupcial, e o Cristo da Paixão é o Noivo Divino da Igreja. A imagem implica na união final entre o Amante e o Amado. O termo, também, se refere à Parusia e à necessidade de vigilância espiritual, por meio da qual nos tornamos capazes de manter os mandamentos divinos e receber as bençãos do mundo futuro.
O Tropárion, que avisa que o ''Noivo vem no meio da noite...'', relata à comunidade esta expectativa essencial: vigiar e esperar o Senhor, que retornará para julgar os vivos e os mortos.
Na Grande Segunda Feira a Igreja também comemora o Patriarca José, amado filho de Jacó. Uma das maiores figuras do Velho Testamento, a história de José e contada no final do livro do Gênesis. A Santa Tradição o vê como protótipo e prefiguração do Cristo. A vida de José ilustra a Providência, a promessa e a redenção divinas. Também neste dia a Igreja comemora o acontecimento da maldição da figueira. O episódio é de grande relevância e, junto ao episódio da Purificação do Templo, é outra demonstração do Poder e Autoridade Divinas de Jesus Cristo.
A figueira simboliza a condenação de Israel por seu fracasso em reconhecer e receber Cristo e Seus ensinamentos. A maldição da figueira é uma parábola em ação, um ato simbólico.
Ele demonstra que um cristianismo apenas nominal é não apenas inadequado, mas, desprezível e imerecedor do Reino de Deus. A fé cristã genuína é dinâmica e frutífera, e torna o Fiel consciente de que ele já é um súdito do Rei e um cidadão do Paraíso.
Portanto, ele deve pensar, sentir e agir de acordo com esta realidade.
Fonte: Cristianismo Ortodoxo
Comemoração de Santo Hipácio
Santo Hipácio foi bispo de Gangra, cidade da Paflagônia, região histórica da Ásia Menor em torno do Mar Negro e província romana no século III. De acordo com sua "Vita" Hipácio sucedeu o bispo de Gangra Atanásio, no século IV, e suas principais atividades pastorais foram a luta contra os pagãos , fundação de mosteiros, construção de igrejas e o estabelecimento de um hospital aberto a todos. Foi escritor de obras espirituais, incluindo uma interpretação dos "Provérbios de Salomão". Participou do Concílio de Nicéia (325) e seu nome também está na lista dos participantes do Concílio de Gangra (340).
Em algum momento do século IV, depois de 340, ele foi atacado e apedrejado pelos hereges Novacianos, escondidos em um barranco perto de Luciana, Novacianos eram seguidores da doutrina de cismático bispo Novaciano, do terceiro século, que representava uma corrente de rigor exagerado nas questões disciplinares e penitenciais, especialmente em relação aos "lapsi", ou seja, aqueles cristãos que tinham negado a fé durante as perseguições para evitar o martírio, e que depois queriam voltar a serem admitidos como cristãos.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS
Mateus 21:18-43
18 Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome; 19 e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente. 20 Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira? 21 Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito; 22 e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis. 23 Tendo Jesus entrado no templo, e estando a ensinar, aproximaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, e perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? e quem te deu tal autoridade? 24 Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas coisas. 25 O batismo de João, donde era? do céu ou dos homens? Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes? 26 Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque todos consideram João como profeta. 27 Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Disse-lhe ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas. 28 Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando- se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha. 29 Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi. 30 Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi. 31 Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. 32 Pois João veio a vós no caminho da justiça, e não lhe deste crédito, mas os publicanos e as meretrizes lho deram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crerdes nele. 33 Ouvi ainda outra parábola: Havia um homem, proprietário, que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país. 34 E quando chegou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. 35 E os lavradores, apoderando-se dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram. 36 Depois enviou ainda outros servos, em maior número do que os primeiros; e fizeram-lhes o mesmo. 37 Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: A meu filho terão respeito. 38 Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança. 39 E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram. 40 Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores? 41 Responderam-lhe eles: Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe entreguem os frutos. 42 Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos? 43 Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos.
LITURGIA DOS DONS PRÉ-SANTIFICADOS
Mateus 24:3-35
3 E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo. 4 Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane. 5 Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão. 6 E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim. 7 Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares. 8 Mas todas essas coisas são o princípio das dores. 9 Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. 10 Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão. 11 Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos; 12 e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. 13 Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo. 14 E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. 15 Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda), 16 então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; 17 quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa, 18 e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa. 19 Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! 20 Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado; 21 porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. 22 E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias. 23 Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis; 24 porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos. 25 Eis que de antemão vo-lo tenho dito. 26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. 27 Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem. 28 Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres. 29 Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados. 30 Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. 31 E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus. 32 Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão. 33 Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas. 34 Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas se cumpram. 35 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
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