sexta-feira, 8 de maio de 2020

3ª Sexta-feira da Páscoa

08 de Maio de 2020 (CC) / 25 de Abril (CE)
São Marcos, Apóstolo e Evangelista (Séc. I)
Tom 2



«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»


O Santo Apóstolo e Evangelista Marcos, também conhecido como João Marcos (At 12:12), foi um dos Setenta Apóstolos, e era sobrinho de São Barnabé (11 de junho). Ele nasceu em Jerusalém e, de acordo com a Tradição da Igreja, na noite em que Cristo foi traído, ele o seguiu, envolto apenas em um pano de linho. Detido por soldados, fugiu desnudo, deixando para trás o pano. «E um certo jovem o seguia, envolto em um lençol sobre o corpo nu. E lançaram-lhe a mão, mas ele, largando o lençol, fugiu nu» (Mc 14:51-52).

Após a Ascensão do Senhor, a casa de sua mãe Maria se tornou um lugar onde os cristãos se reuniam, e um local de alojamento para alguns dos apóstolos (At 12:12). São Marcos foi um companheiro muito próximo dos Apóstolos Pedro e Paulo (29 de Junho) e de Barnabé. Foi a Selêucia com Paulo e Barnabé, e de lá partiu para a ilha de Chipre, atravessando toda a ilha, de leste a oeste. Na cidade de Paphos, São Marcos testemunhou a cegueira que São Paulo fez cair sobre o feiticeiro Elimas (At 13:6-12). São Marcos retornou a Jerusalém, e depois foi para Roma com o Apóstolo Pedro. De lá, partiu para o Egito, onde fundou uma igreja local.

Retornando para a Palestina, Marcos vai para Antioquia. De lá foi com Barnabé para Chipre, indo depois ao Egito novamente, onde com São Pedro fundaram muitas igrejas. Em seguida, vão para a Babilônia e, foi desta cidade que o Apóstolo Pedro enviou uma epístola aos cristãos da Ásia Menor, na qual chama São Marcos de seu filho (1 Pd 5,13).

Quando o Apóstolo Paulo chegou a Roma acorrentado, Marcos estava em Éfeso, onde Timóteo (4 de janeiro) foi bispo. São Marcos foi com ele para Roma e, de lá foi que escreveu seu Santo Evangelho. De Roma viajou para o Egito. Em Alexandria, iniciou uma escola cristã que, mais tarde, produziu sacerdotes notáveis e mestres da Igreja, como São Clemente de Alexandria, São Dionísio de Alexandria (5 de outubro), São Gregório Taumaturgo (5 de novembro) e outros.

Zeloso dos serviços da Igreja, Marcos compôs uma liturgia para os cristãos de Alexandria. Ele também pregou o Evangelho nas regiões do interior da África, quando esteve na Líbia, em Nektópolis.

Durante essas viagens, Marcos foi inspirado pelo Espírito Santo a ir novamente para Alexandria e enfrentar os pagãos. Lá, visitou a casa de Ananias e curou uma de suas mãos aleijada. O dignitário ouviu suas palavras e, cheio de júbilo, recebeu o santo Batismo. Seguindo o exemplo de Ananias, muitos dos habitantes daquela parte da cidade foram batizados. Isto despertou a inimizade dos pagãos que queriam matar São Marcos. Quando ele soube disto, fez de Ananias bispo, e os três cristãos, Malchos, Sabinos e Kerdinos foram ordenados presbíteros para que a igreja pudesse contar com líderes após a sua morte.

Os pagãos aprisionaram Marcos enquanto ele celebrava a Liturgia. Eles o espancaram, o arrastaram pelas ruas e o jogaram depois na prisão. A São Marcos foi concedida uma visão do próprio Senhor Jesus Cristo que o fortaleceu antes de suas torturas. No dia seguinte, a multidão enfurecida arrastou novamente o santo pelas ruas, e ao longo do caminho, diante do tribunal, São Marcos entregou seu espírito a Deus, dizendo: «Em tuas mãos, ó Senhor, eu entrego meu espírito». Os pagãos quiseram queimar o corpo do santo, mas quando acenderam o fogo, tudo escureceu, ouvia-se trovões e a terra tremeu. Os pagãos fugiram aterrorizados, e os cristãos levaram o corpo de São Marcos para o sepultar em uma cripta de pedra. Isso foi em 04 de abril do ano 63. A Igreja celebra a sua memória em 25 de abril.

No ano 310, uma igreja foi construída sobre as relíquias de São Marcos. Em 820, quando os muçulmanos dominaram o Egito e oprimiram a Igreja, as relíquias de São Marcos foram transferidas para Veneza e posta na igreja dedicada a ele.

São Marcos escreveu seu Evangelho para os cristãos gentios, enfatizando as palavras e ações do Salvador, que revelam seu poder divino. Muitos aspectos do seu estilo podem ser explicados por sua proximidade com São Pedro. Os escritores antigos dizem que o Evangelho de Marcos é um registro sucinto da pregação de São Pedro. 
Leituras Comemorativas 
Lucas 10:1-15 Matinas
1 Pedro 5:6-14 
Marcos 6:7-13 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 8:40-9:19

40 Mas Filipe achou-se em Azoto e, indo passando, evangelizava todas as cidades, até que chegou a Cesaréia. 1 Saulo, porém, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote, 2 e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. 3 Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu; 4 e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? 5 Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; 6 mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer. 7 Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos, ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém. 8 Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via coisa alguma; e, guiando-o pela mão, conduziram-no a Damasco. 9 E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu. 10 Ora, havia em Damasco certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! Respondeu ele: Eis-me aqui, Senhor. 11 Ordenou-lhe o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando; 12 e viu um homem chamado Ananias entrar e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista. 13 Respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; 14 e aqui tem poder dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. 15 Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel;  16 pois eu lhe mostrarei quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome. 17 Partiu Ananias e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo. 18 Logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista: então, levantando-se, foi batizado. 19 E, tendo tomado alimento, ficou fortalecido. Depois demorou- se alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco;  

João 6:48-54

48 Eu sou o pão da vida. 49 Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. 50 Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. 51 Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. 52 Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer? 53 Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. 54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 



COMENTÁRIO

“Para Dar-nos a Conhecer Estes Dons, Chamou-Se a Si Mesmo de Pão”

Porém, é notável que ao dar o pão ele não dissesse: “Isto é a figura de meu corpo”, mas: Este é o meu corpo; e da mesma maneira o cálice, não diz: “Isto é a figura do meu sangue”, mas: Este é o meu sangue; porque ele quis que tendo estes (o pão e o cálice) recebido a graça e a vinda do Espírito Santo, não apreciemos mais a sua natureza, mas o recebamos como o corpo e o sangue que são de nosso Senhor. Pois o corpo de nosso Senhor também não teve, por sua própria natureza, a imortalidade e o (poder de) dar a imortalidade, mas foi o Espírito Santo que a deu, e pela ressurreição dentre os mortos recebeu a conjunção com a natureza divina, veio a ser imortal e causa de imortalidade para os demais.

Portanto, tendo dito nosso Senhor: Aquele que come o meu corpo e bebe o meu sangue viverá eternamente, quando viu aos judeus murmurarem e duvidarem desta palavra – pensando que por meio de uma carne mortal não é possível receber a imortalidade –, acrescentou para prontamente resolver a dúvida: Se virdes ao Filho do homem subir para onde estava antes, como se dissesse: “Agora isto não vos parece certo porque disse isto de meu corpo; porém, quando me verdes ressuscitado dentre os mortos e subir ao céu, certamente não se poderá mais ter por dura e estranha esta palavra; porque pelos próprios fatos vos convencereis de que passei para uma natureza imortal; se eu não estivesse nela, eu não subiria ao céu”.

E para indicar de onde lhe virá isto, acrescenta em seguida: O Espírito vivifica, porém o corpo de nada serve. Isto, ele diz, lhe virá pela natureza do Espírito vivificante, pela qual ele será transformado para este (estado); que ele seja imortal e que ele concede a imortalidade aos demais – aquilo que ele não tinha e o que não podia dar aos demais como proveniente de sua natureza, porque a natureza da carne é impotente para um dom e um auxílio deste gênero.

Porém, se a natureza do Espírito vivificante fez o corpo de nosso Senhor desta natureza, da qual ele não era antes, é preciso que tampouco nós, que recebemos a graça do Espírito Santo pelas figuras sacramentais, ainda vejamos como pão e como cálice o que nos é apresentado, mas (consideremos) que é o corpo e o sangue de Cristo, nos quais são transformados pela descida da graça do Espírito Santo: ela, que obtém para os que dela participam o mesmo que por meio do corpo e sangue de nosso Senhor, nós pensamos que recebem os fiéis.

Por isto ele diz: Eu sou o pão da vida descido do céu; e eu sou o pão da vida. E para mostrar que ele é aquilo que ele chama de pão, diz: E o pão que vos darei é meu corpo para a vida do mundo. Já que, de fato, nós subsistimos nesta vida por meio do pão e do alimento, ele se chama a si mesmo pão da vida descido do céu, significando isto: “Verdadeiramente eu sou o pão da vida, que dá a imortalidade aos que creem em mim, mediante este (corpo) visível, pelo qual eu desci e ao qual conferi a imortalidade, e por meio do qual (a dou) aos que creem em mim”. Podendo dizer: “Eu sou aquele que dá a vida”, se abstém e no lugar diz: Eu sou o pão da vida.

De fato, já que a imortalidade esperada, cuja promessa nos foi dada aqui, a vamos receber nas figuras sacramentais por meio do pão e do cálice. Ele devia chamar-se pão a si mesmo e ao seu corpo, de modo que pela própria figura venerássemos aquele que reivindicou esta denominação; para dar-nos a conhecer estes dons, chamou-se a si mesmo de pão, mas quis também, por estas coisas daqui (terrenas), fazer-nos receber sem duvidar estes bens demasiado elevados para as palavras.

Teodoro de Mopsuéstia (séc. V)

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