10 de Setembro de 2020 (CC) / 28 de Agosto (CE)
S. Moisés Etíope, anacoreta (séc. IV); Sábas de Pskov;
Encontro das Santas Relíquias de Jó de Pochaev; Diomedes e Laurêncio;
Ana, a Profetisa, Filha de Fanuel, que segurou nosso Senhor Jesus Cristo em seus braços; Shushanika Princesa de Rana; Ezequias, Rei da Judeia;
Synaxis dos Padres de Pechersk Das Grutas Longínquas;
33 Mártires de Nicomedia.
S. Moisés Etíope, anacoreta (séc. IV); Sábas de Pskov;
Encontro das Santas Relíquias de Jó de Pochaev; Diomedes e Laurêncio;
Ana, a Profetisa, Filha de Fanuel, que segurou nosso Senhor Jesus Cristo em seus braços; Shushanika Princesa de Rana; Ezequias, Rei da Judeia;
Synaxis dos Padres de Pechersk Das Grutas Longínquas;
33 Mártires de Nicomedia.
Tom 4
Moisés, que era oriundo de Etiópia, foi um dos mais pitorescos dos Padres do Deserto. Em seus primeiros anos de vida foi criado como escravo por um aristocrata egípcio que, mais tarde, se viu obrigado a despedi-lo – e, surpreende-se que não o tenha matado, considerando a barbárie da época – por causa de suas inclinações ao roubo e a imoralidade. Depois disso, Moisés tornou-se um bandido e, sendo um homem muito forte e de grande estatura, logo se juntou a um bando de marginais que o elegeram como seu líder, passando a causar terror em toda a região. Certa vez, quando estava prestes a cometer um assalto, o cão de um pastor latiu para Moisés que, por isso, jurou matar o pastor. Para chegar até onde estava o pastor teve de atravessar à nado o Rio Nilo, levando uma faca entre os dentes. Mas o pastor teve tempo de esconder-se entre as dunas. Não conseguindo encontrá-lo, Moisés matou quatro dos seus carneiros, amarrando-os em seguida pelas pernas e levando-os através do rio. Depois, cortou-os em pedaços, assou e comeu as melhores porções, vendendo depois as sobras da carne. Logo foi se juntar aos companheiros, oitenta quilômetros de distância dali. Isso nos dá uma idéia do tipo de pessoa que era Moisés. Nada se sabe, infelizmente, sobre como se deu a sua conversão à fé cristã. Talvez tenha ido buscar refúgio entre os solitários do deserto, quando fugia da justiça, e o exemplo de vida destes homens o tenha conquistado. O fato é que se tornou monge no monastério de Petra, no deserto do Esquela.
Um dia, quatro bandidos assaltaram sua cela, Moisés lutou com eles e os venceu. Então, amarrou-lhes uns aos outros, e colocando-os sobre as costas os levou até a igreja. Ao chegar à igreja, jogou-os ao chão e disse aos monges, que não cabiam em si de surpresa:
«A regra não me permite fazer mal a ninguém. O que vamos fazer então com esses homens?»
Conta-se que os bandidos se arrependeram e, mais tarde, receberam o hábito monástico. Mas o pobre Moisés não conseguia vencer suas inclinações violentas e, para alcançar isso foi preciso, um dia, ir ao encontro de Santo Isidoro. O Abade o conduziu ao amanhecer ao terraço do monastério e lhe disse:
«Vê que a luz vai vencendo lentamente a escuridão. O mesmo se passa com a alma!»
Moisés foi superando gradualmente suas más inclinações, suas paixões, à custa certamente de muito trabalho manual, caridade fraterna, mortificação e perseverando sempre na oração. Chegou a alcançar tal auto-domínio que Teófilo, o Arcebispo de Alexandria, o ordenou sacerdote. Depois da ordenação, quando ainda estava revestido com a túnica branca, o arcebispo lhe disse:
«Veja só, padre Moisés, o homem negro foi transformado em branco.»
São Moisés respondeu então, sorrindo:
«Só exteriormente. Deus sabe quão negra é ainda minha alma».
Quando os berberiscos se aproximaram para atacar o monastério, São Moisés proibiu seus monges de se defenderem e os mandou fugir, dizendo:
«Quem com ferro fere, com ferro será ferido.»
O santo ficou no monastério na companhia de sete outros monges. Apenas um escapou com vida. São Moisés tinha, então, setenta e cinco anos. Foi sepultado no monastério chamado Dair al-Baramus, que ainda hoje existe.
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Gálatas 1:1-10, 20-2:5
Paulo, apóstolo (não da parte dos homens, nem por homem algum, mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos), E todos os irmãos que estão comigo, às igrejas da Galácia: Graça e paz da parte de Deus Pai e do nosso Senhor Jesus Cristo, O qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai, Ao qual seja dada glória para todo o sempre. Amém... Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Ora, acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. Depois fui para as partes da Síria e da Cilícia. E não era conhecido de vista das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo; Mas somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía. E glorificavam a Deus a respeito de mim. Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito. E subi por uma revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, e particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão. Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; E isto por causa dos falsos irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; Aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.
Marcos 5:1-20
1 Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos. 2 E, logo que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo, 3 o qual tinha a sua morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém prendê-lo; 4 porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas; e ninguém o podia domar; 5 e sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando, e ferindo-se com pedras, 6 Vendo, pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o; 7 e, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes. 8 Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo. 9 E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos. 10 E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região. 11 Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. 12 Rogaram-lhe, pois, os demônios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. 13 E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos, entraram nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram. 14 Nisso fugiram aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que era aquilo que tinha acontecido. 15 Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado, vestido, e em perfeito juízo; e temeram. 16 E os que tinham visto aquilo contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e acerca dos porcos. 17 Então começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus termos. 18 E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele. 19 Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. 20 Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam.
† † †
COMENTÁRIO
É quase inconcebível a cena descrita por São Marcos: um ser humano que tem seu psiquismo tomado por dois mil demônios (isto se considerarmos que o número de demônios que possuíam aquele homem seja correspondente ao da manada de porcos que se precipitou no abismo). As pessoas que pensam o mundo pela ótica dos cientificismos dirão que esta é uma cena surreal. Para nós aqui não nos interessa demonstrar por meio de argumentos – científicos ou teológicos - a pertinência e realidade da ação dos demônios na alma humana. Deixamos a cargo da realidade social que vivemos o testemunho do absurdo da perversão e da maldade que habitam o ser humano - o crime organizado, os pedófilos “iluminados” (artistas, cientistas e religiosos), a violência homicida contra crianças e idosos, a degeneração das relações interpessoais e coisas semelhantes. Aqui nos cabe procurar demonstrar por meio das pistas contidas nesta narrativa, como esta realidade bizarra com a qual Cristo tanto se deparou, se configura e se estabelece no ser humano.
São Marcos nos diz que os gadarenos criavam porcos, o que mostra que viviam de uma atividade ilegal, alimentada por um mercado clandestino de consumidores de carne de porco; portanto, deveria ser uma atividade muito lucrativa, uma vez que por ser difícil a aquisição, a carne suína tinha um preço muito elevado. Assim, podemos entender que entre os principais consumidores desta «iguaria» estavam autoridades civis, os grandes mercadores e os nobres. Esta é a razão pela qual não eram molestados, apesar de proibida pela Lei de Moisés.
Nesta disposição de vida, temos a configuração perfeita para a degeneração e demonização do ser humano e de suas sociedades: quando as necessidades consideradas básicas para a sobrevivência e o desejo de riquezas se sobrepõem ao mandamento Divino. Esta foi a primeira perspectiva demoníaca que se apresentou para tentar o próprio Cristo: «Se És Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães»,e a tal proposta repele: «Não só de pão vive o homem, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus».
A «luta pela sobrevivência» e a busca da felicidade por meio das posses e do prazer, fez da religião um meio subordinado a estes objetivos. Deus deixa de ser o fim principal para o qual o homem orienta seus desejos, tornando-se uma espécie de «gênio encantado», com superpoderes para realizar todos os desejos do seu amo. Quando a religião não se presta a este fim, então, em geral os homens se voltam contra ela, procurando bani-la e encontrar outra que a substitua e se preste a tal fim. E, assim nascem e se estabelecem os falsos profetas, os criadores de ídolos e ilusões, ou seja, aqueles que habilmente criam sistemas, raciocínios e espiritualidades que se prestem a atender os apelos psíquicos e corporais dos seres humanos.
Certamente que os gadarenos tinha sua religião. O que não faltavam era cultos pagãos à fertilidade a garantir a bênção dos deuses aos anelos humanos. Iludidos e recompensados pelas promessas ou realidades experimentadas das «bênçãos»temporais, eles não sabiam que cultuavam os demônios. Por isto São Paulo diz:
«Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios» (1 Cor. 10:20).
Os gadarenos não queriam Cristo e Lhe pedem que se retire de sua cidade. Mas o outrora endemoninhado não quer mais sair de Sua companhia, pois ele conhecera o mundo terrível de Satanás, de suas inquebrantáveis cadeias, até que chegou a ele, Aquele que É o Amigo do Homem, libertando-lhe de todos os grilhões. Cristo não atende seu pedido, antes o envia para testemunhar entre os demais cativos a graça que o libertara. Cristo não lhe atendeu o pedido, mas não lhe negou o desejo, pois, em sua missão entre os gadarenos, Ele, em Espírito o acompanharia, Se faria presente em sua solidão e visível em meio às invisibilidades aos sentidos. Por fim, ele, o gadareno, se somaria à grande nuvem de testemunhas, das quais o mundo não é digno (Hb. 11:38; 12:1) e comporia "a universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados" (Hb 12:23).
ORAÇÃO
Deus Todo-poderoso, que libertaste Teu povo da escravidão do adversário, e que através de Teu Filho lançaste abaixo Satanás como um raio, liberta-me também de toda influencia de espíritos impuros. Manda Satanás partir para bem longe de mim pelo poder de Teu Filho Único. Salva-me da ilusão demoníaca e da escuridão. Preenche-me com a luz do Espírito Santo para que eu possa ser guardado contra as armadilhas dos demônios astuciosos. Conceda que um anjo sempre vá perante mim e leve-me para o caminho da retidão todos os dias da minha vida, para a honra de Teu glorioso Nome, Pai, Filho e Espírito Santo, agora e sempre. Amém.
Oração contra a Influência Demoníaca
Livro Ortodoxo de Orações
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