terça-feira, 22 de setembro de 2020

16ª Terça-feira Depois de Pentecostes

22 de Setembro de 2020 (CC) / 09 de Setembro (CE)
Pós-festa da Natividade da Santíssima Mãe de Deus
Santos e Justos Avós do Senhor, Joaquim e Anna
Tom 6


No dia após o nascimento da Puríssima Virgem Maria, a Igreja comemora os Justos Joaquim e Ana. No Proto-Evangelho de Tiago, o irmão do Senhor informa que os pais da Santíssima Mãe de Deus, e avós de Jesus, chamavam-se Joaquim e Ana. Joaquim provêm da descendência do rei Davi. Muitos descendentes de Davi nutriam a esperança de que, de sua família, nasceria o Messias, porque Deus havia prometido a Davi que de sua geração nasceria o Salvador do mundo. Ana descendia, por parte de pai, de Aarão, o Sacerdote, e do lado de sua mãe, da estirpe de Judá.

Joaquim e Ana viveram a maior parte de suas vidas na cidade da Galileia, Nazaré. Destacavam-se por suas virtudes e boas obras. Mas, viviam humilhados porque não tinham filhos. Eram estéreis. Joaquim foi ao templo de Jerusalém para levar suas ofertas, mas o Sumo Sacerdote se recusou a recebê-las, justificando que a Lei proíbe receber oferendas de pessoas que não deixassem descendência em Israel. Foi muito duro para o casal suportar, no templo, esse insulto, onde esperavam encontrar alívio para os seus sofrimentos. Mas, apesar da idade avançada de ambos, sem rancor, continuavam rogando a Deus que lhes desse um filho. Joaquim dirigiu-se então para o deserto, e ali passou, 40 dias em jejum e oração.

Finalmente, o Senhor ouviu as suas orações e enviou o Arcanjo Gabriel avisar a Ana que ela iria conceber um filho. E logo Ana concebeu, nascendo uma menina. Cheios de alegria, os pais a chamaram MARIA. Assim, a generosidade de Deus recompensou a fé e a paciência do casal, dando-lhes uma filha que trouxe a bênção para toda a humanidade.

Durante três anos educaram em sua casa a pequena Maria e, cumprindo a promessa de oferecê-la a Deus, enviaram-na ao templo de Jerusalém. Ali havia uma casa para crianças órfãs, onde a menina foi deixada para viver e estudar. Aos 80 anos faleceu Joaquim. Ana passou a morar próxima ao templo e visitava sua filha continuamente durante uns dois anos.

A devoção de Santa Ana ou Sant’Ana remonta ao século VI, no Oriente. No Ocidente data do século X. A devoção a São Joaquim é mais recente.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Gálatas 5:11-21

11 Eu, porém, irmãos, se é que prego ainda a circuncisão, por que ainda sou perseguido? Nesse caso o escândalo da cruz estaria aniquilado. 12 Oxalá se mutilassem aqueles que vos andam inquietando. 13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor fazei-vos servos uns dos outros. 14 Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. 15 Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros. 16 Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. 17 Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. 18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. 19 Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, 20 a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, 21 as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus.  eis de pensar; mas aquele que vos perturba, seja quem for, sofrerá a condenação. 

Marcos 7:5-16

5 Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar? 6 Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim; 7 mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. 8 Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens. 9 Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de Deus, para guardardes a vossa tradição. 10 Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. 11 Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor, 12 não mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou por sua mãe, 13 invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis. 14 E chamando a si outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e entendei. 15 Nada há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o contamina. 16 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
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COMENTÁRIOS

A tradição dos seus maiores que eles fingiam observar como derivada da lei era contrária à lei dada por Moisés. Por isso disse Isaías: «Teus taverneiros colocam água no vinho», indicando que ao austero preceito de Deus os maiores tinham misturado uma tradição aguada, isto é, uma lei adulterada e contrária à lei, como o manifestou o Senhor, dizendo-lhes: «Por que vós anulais o mandamento de Deus mantendo a vossa tradição?»

E não só anularam a lei de Deus por suas transgressões, colocando água no vinho, mas erguendo contra ela sua própria lei, lei que ainda hoje se chama «farisaica». Nesta lei tiram algumas coisas, acrescentam outras e interpretam não poucas ao seu bel-querer. De tudo isso se servem particularmente os seus próprios mestres.

Querendo reivindicar tais tradições, não quiseram submeter-se à lei de Deus que os orientava para a vinda de Cristo, antes, recriminavam ao Senhor porque curava em sábado, coisa que certamente – como já vimos – a lei não proibia, já que, de certo modo, ela também curava circuncidando ao homem em sábado; porém, cuidavam-se muito bem de acusarem-se a si mesmos por transgredir o preceito de Deus em nome da tradição e da mencionada «lei farisaica», não levando em conta o principal mandamento da lei, que é o amor a Deus.

Sendo este o primeiro e principal preceito e o segundo o amor ao próximo, o Senhor ensinou que estes dois mandamentos cumprem a lei inteira e os profetas. E ele mesmo não nos deu nenhum mandamento maior do que este, mas o renovou, ordenando aos seus discípulos amar a Deus de todo o coração e aos outros como a si mesmos.

E Paulo diz que amar é cumprir toda a lei, e quando desaparecerem todos os demais carismas; restarão a fé, a esperança e o amor, porém o maior dos três é o amor; e, que nem o conhecimento sem o amor a Deus não tem valor nenhum, nem conhecer todos os segredos, nem a fé, nem a profecia, visto que tudo é tolice e vaidade sem o amor; que o amor torna o homem perfeito, e quem ama a Deus é um homem primoroso neste mundo e no futuro: Porque jamais deixaremos de amar a Deus, mas quanto mais o contemplemos, mais o amaremos.

Sendo, portanto, na lei e no Evangelho o primeiro e principal mandamento amar o Senhor Deus de todo o coração, e o segundo, semelhante a ele, amar ao próximo como a si mesmo, é evidente que é um e idêntico o autor tanto da lei como do Evangelho. Assim, sendo os mesmos, em ambos os Testamentos, os mandamentos fundamentais da vida, apontam para um mesmo Senhor, o qual deu, é verdade, preceitos particulares adaptados a cada Testamento, porém propôs em ambos alguns mandamentos comuns, os mais importantes e sublimes, sem os quais não é possível salvar-se.

Santo Irineu de Lyon (Séc. II)

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O que diz o Senhor, «Não é o que entra pela boca do homem o que o torna impuro», os fariseus não receberam sem escândalo, como Pedro manifesta. Porque outrora Deus havia ordenado por meio de Moisés que nem tudo se utilizasse para alimento, quando declara que algumas coisas são puras e outras impuras.

Porém, há que se indagar por que antigamente foram proibidas por Deus estas coisas ao povo. Pois se todas as coisas que foram criadas por Deus para que usassem como alimento do homem já foram abençoadas desde o princípio, e elas próprias permanecem por sua parte na mesma natureza em que foram constituídas, qual é o motivo de que depois a lei divina prescrevesse ao povo dos judeus se era lícito comer algumas coisas puras, porém ilícito comer outras impuras?

Em primeiro lugar não há dúvida que este tipo de preceitos o Senhor os deu por causa da luxúria do povo judeu e de sua falta de moderação no comer. Pois já que por seu afã pelo alimento e o ventre este mesmo povo havia começado a tornar-se esquecido dos preceitos divinos, fabricando-se um cordeiro no Horeb, pelo que está escrito: «O povo se sentou para comer e para beber, e levantaram-se para se divertirem», por isso foram proibidas pelo Senhor estas coisas necessárias, para que, tendo-lhes proibido os melhores alimentos e castigado a intemperança de sua gula, pudesse mais facilmente ser mantidos na disciplina da divina observância.

Ademais, falamos que estas coisas foram proibidas após a transgressão em que se adorou a um cordeiro, e a respeito delas foi proferida pelo Senhor esta sentença clemente e moderada, como para condenar a um povo ainda inexperiente.

E por isso lhes foi dito, como lemos: Serão para vós impuros. Não diz: «São impuros»,mas: «serão». Não para todos, mas «para vós», a fim de mostrar claramente que nem mesmo eles eram impuros, nem seriam impuros para outros, mas somente para eles. E realmente mereceram esta proibição de muitos alimentos aqueles que preferiam as carnes do Egito e as abóboras e pepinos ao maná celeste.

São Cromácio de Aquileia (séc. V)

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