sexta-feira, 5 de março de 2021

2ª Sexta-feira do Triódion

05 de Março de 2021 (CC) / 21 de Fevereiro (CE)
Santos Timóteo de Symboleia, na Bitínia (795); Estácio, Arcebispo de Antioquia (337); George Bispo de Amastris, no Mar Negro (805); 
João Escolástico, Patriarca de Constantinopla (577); 
Zacarias, Patriarca de Jerusalém (633); Santo Ícone da Mãe de Deus Kozelenskaya.
Abstinência de Carne
Tom 5


São Timóteo de Symbola, era de ascendência italiana. Tornou-se monge ainda jovem e procurou o ascetismo em um mosteiro chamado "Symbola", na Ásia Menor, perto do Monte Olimpo. Naquela época Teoctisto era o arquimandrita do mosteiro. São Timóteo foi discípulo de Teoctisto e também de São Platão do Mosteiro de Studion (5 de abril). Atingindo um alto grau de perfeição espiritual, recebeu de Deus o dom de curar os doentes e expulsar os espíritos imundos. Passou muitos anos como eremita, vagando pelo deserto, montanhas e florestas, de dia e de noite, oferecendo orações ao Senhor Deus. Faleceu bem idoso, no ano de 795.  
Comemoração de São George, Bispo de Amastris 
No início do século IX, habitava em chromma, próximo a Amastris, às margens do Mar negro,  o casal Teodósio e Mageta. Casados já há muito tempo, ainda não havia sido agraciados com filhos. Rezavam a pedindo a Deus para que lhes enviasse um. Deus escutou as orações do casal e, quando nasceu um menino, puseram-lhe o nome de George. Aos três anos de idade, o menino caiu em uma fogueira e ficando entre a vida e a morte. Mesmo salvo, as queimaduras lhe deixaram cicatrizes nas mãos e num dos pés. George era de uma bondade extraordinária, o que surpreendia a todos. Completou seus estudos eclesiais e, em sua ordenação sacerdotal muitas pessoas que o viram crescer ou que o conheciam sua fama estiveram presentes. O jovem sacerdote sentiu-se chamado a viver de forma mais despreendida das coisas do mundo e foi para o deserto no Monte Sirik, onde  encontrou um ancião anacoreta que lhe iniciou na vida eremitica. Juntos permaneceram até a morte de seu pai espiritual que havia lhe pedido que, após sua morte, para que não ficasse sozinho, fosse morar no monastério de Bonissa. George,  ainda que desconhecido, foi aceito pelos monges que o tratavam como um velho amigo. No entanto, o povo de Amastris não havia ainda se esquecido de George. 
Quando o bispo local faleceu, George foi eleito para sucedê-lo, e o povo foi ao monastério onde vivia para lhe comunicar sobre sua eleição. Como George se negasse a aceitar o cargo, a comitiva o convenceu a ir a Constantinopla para ser apresentado ao Patriarca Tarásios. O Patriarca recordou-se de George  pois alguns anos antes, em Constantinopla, havia participado de alguns ofícios, cantando no coro. Era costume do Patriarca dar aos cantores, após o oficio, uma pequena espórtula, e George negou-se a recebê-la, o que impressionou muito o Patriarca Tarásios. O Patriarca mostrou-se decidido a consagrar George bispo, ainda que o imperador tivesse um outro candidato para ocupar o trono em Amastris. Por ter sido eleito pelo povo, o Patriarca resolveu então proceder uma nova eleição entre os dois candidatos. George novamente foi eleito e foi consagrado pelo Patriarca e recebido pelo povo com grande alegria. O novo bispo foi um pai para o seu povo, e sua prudência não superou sua piedade. Naquela época, a região era freqüentemente atacada pelos sarracenos.  Sabendo disso que isso era iminente, o bispo avisou aos camponeses para que se refugiassem dentro das muralhas da cidade. Não acreditando no perigo, negavam-se a sair de suas casas. O bispo George, então, foi de casa em casa para convencer os moradores a irem para dentro  dos muros da cidade. Os camponeses obedeceram seu bispo e os inimigos, ao chegar, decidiram retirar-se ao ver que a cidade estava preparada para expulsá-los. 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

I João 1:1-13

1 O ancião à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais eu amo em verdade, e não somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade, 2 por causa da verdade que permanece em nós, e para sempre estará conosco: 3 Graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e da parte de Jesus Cristo, o Filho do Pai, serão conosco em verdade e amor. 4 Muito me alegro por ter achado alguns de teus filhos andando na verdade, assim como recebemos mandamento do Pai. 5 E agora, senhora, rogo-te, não como te escrevendo um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos amemos uns aos outros. 6 E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, para que nele andeis. 7 Porque já muitos enganadores saíram pelo mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Tal é o enganador e o anticristo. 8 Olhai por vós mesmos, para que não percais o fruto do nosso trabalho, antes recebeis plena recompensa. 9 Todo aquele que vai além do ensino de Cristo e não permanece nele, não tem a Deus; quem permanece neste ensino, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. 10 Se alguém vem ter convosco, e não traz este ensino, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. 11 Porque quem o saúda participa de suas más obras. 12 Embora tenha eu muitas coisas para vos escrever, não o quis fazer com papel e tinta; mas espero visitar-vos e falar face a face, para que o nosso gozo seja completo. 13 Saúdam-te os filhos de tua irmã, a eleita. 

Marcos 15:22-25, 33-41

22 Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira. 23 E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou. 24 Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria. 25 E era a hora terceira quando o crucificaram. 33 E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona. 34 E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? 35 Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias. 36 Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo. 37 Mas Jesus, dando um grande brado, expirou. 38 Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo. 39 Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus. 40 Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé; 41 as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém. 

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ENSINO DOS SANTOS PADRES


“Suas cicatrizes nos curaram”

Nos conta São João que Jesus tinha dito: Destruí este templo e em três dias o erguerei. Mas ele – observa o evangelista – falava do templo do seu corpo. E se é verdade que o Pai fez tudo por sua Palavra, por seu Filho, não é menos evidente que a ressurreição de sua carne a consumou por seu próprio Filho. Portanto, por meio dele o ressuscita e por meio dele lhe dá a vida. Enquanto homem é ressuscitado segundo a carne, e enquanto homem recebe a vida, quem agiu como um homem qualquer.

Mas ele é ainda quem, em sua qualidade de Deus, levanta o seu próprio templo e comunica a vida a sua própria carne. Enquanto por um lado nos diz: Por eles me consagro para que também eles se consagrem na verdade. E quando diz: Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?, fala como nosso representante, já que assumiu a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E assim, encontrado com aspecto humano, se humilhou fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz. E como disse Isaías: Ele suportou nossos sofrimentos e padeceu nossas dores.

Sendo assim, não foi vexado de dores por sua causa, mas pela nossa; nem foi abandonado por Deus, mas nós; e por nós, os abandonados, ele veio ao mundo. E quando diz: Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o nome que está acima de todo nome, fala do templo de seu corpo.

Realmente, não é o Altíssimo quem é exaltado, mas a carne do Altíssimo; e é para a carne do altíssimo que se concedeu o “nome que está acima de todo nome”. E quando disse: o Espírito ainda não tinha sido dado, porque Jesus não havia sido glorificado, fala da carne de Cristo que ainda não estava glorificada. Pois não é o Senhor da glória que é glorificado, mas a carne do Senhor da glória; esta recebeu a glória junto com ele quando subiu ao céu. Por isso, o espírito de adoção ainda não fora dado aos homens, porque as primícias que o Verbo tinha assumido da natureza humana ainda não haviam subido ao céu.

Portanto, quando a Escritura utiliza expressões tais como: “o Filho recebeu”, ou “o Filho foi glorificado”, referem-se a sua humanidade, não a sua divindade. Assim, enquanto alguns textos dizem: Aquele que não poupou ao seu próprio Filho, mas que o entregou à morte por nós, outros afirmam: Como Cristo amou a sua Igreja e se entregou por ela.

Deus, que é imortal, não veio para salvar-se a si mesmo, mas para libertar-nos, a nós que estávamos mortos; nem padeceu por si mesmo, mas por nós, e de tal forma ele assumiu nossa miséria e nossa pobreza, que foi com a finalidade de enriquecer-nos com a sua riqueza. Pois sua paixão é nossa alegria; sua sepultura, nossa ressurreição; e seu batismo, nossa santificação. De fato, ele afirma: Por eles me consagro, para que também eles se consagrem na verdade. E seus sofrimentos são nossa salvação, porque suas chagas nos curaram. O castigo suportado por ele é a nossa paz, já que nosso salutar “castigo recaiu sobre ele, isto é, foi castigado para merecermos a paz.

E quando na cruz exclama: Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito, encomenda ao Pai, nele mesmo, a todos os homens que nele são vivificados. Somos realmente seus membros, e ainda que sejam muitos os membros, formamos um só corpo, que é a Igreja. É o que diz São Paulo escrevendo aos gálatas: Porque todos vós sois um só em Cristo Jesus. Desta forma, nele, nos encomenda a todos.”

Santo Atanásio, Patriarca de Alexandria, (séc. IV)

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