terça-feira, 9 de novembro de 2021

21ª Terça-feira Depois de Pentecostes

09 de Novembro de 2021 (CC) / 27 de Outubro (CE)
Santo Mártir Nestor de Tessalônica († 306); 
Venerável Nestor de Pechersk, o cronista; Santa Proklis e Pilatos
Tom 3



Nos tempos do martírio de São Demétrio, vivia em Constantinopla um jovem de nome Nestor, que aderiu à fé cristã através dos ensinamentos de São Demétrio. Naquela época, o imperador Maximiano, inimigo de Cristo, ordenou que se promovessem vários jogos e entretenimento para o povo. O favorito do Imperador era uma vândalo de nome Liaeo, um homem de tamanho e força comparáveis a Golias. 
Como gladiador imperial, Liaeo desafiava para o duelo todo o tipo de homem, e a todos os que o enfrentaram ele os matava, e seus massacres deleitavam o Imperador idólatra em sua sede de sangue. Este construiu um estádio especial, semelhante a uma plataforma sobre colunas, para os duelos de Liaeo. Sob esta plataforma, haviam lanças com pontas agudas e afiadas apontando para cima. Quando Liaeo vencia alguém num duelo, atirava sua vítima em direção à floresta de lanças. Os pagãos que ficavam parados em torno das lanças junto ao seu Imperador deleitavam-se quando algum pobre desditado se contorcia sobre as lanças até a morte. Entre as vítimas inocentes de Liaeo contava-se um grande número de cristãos, pois quando ninguém se apresentava voluntariamente para duelar com Liaeo, os cristãos eram forçados pelo imperador a lutar com ele.  
Presenciando este aterrorizante deleite do mundo pagão, o coração de Nestor se encheu de dor e decidiu ir ele mesmo ao estádio do terrível Liaeo. Antes, porém, foi à prisão onde São Demétrio encontrava-se preso, e pediu a sua bênção para fazer isso. São Demétrio o abençoou, fazendo o sinal da cruz sobre sua testa e peito, e disse: 
"Irás vencê-lo, mas sofrerás por Cristo". 
O jovem Nestor dirigiu-se então ao estádio Liaeo. O Imperador estava lá com uma grande multidão, e todos lamentavam a morte iminente do jovem Nestor. Tentaram convencê-lo a não lutar com Liaeo, mas Nestor fez o sinal da cruz e disse: 
"Grande És Tu, Ó Deus de Demétrio, ajuda-me!» 
E com a ajuda de Deus, Nestor abateu Liaeo, jogando depois o pesado gigante sobre as pontas afiadas das lanças, onde o gladiador encontrou sua morte. Então todo o povo exclamou: 
"Grande é o Deus de Demétrio!" 
Mas o impiedoso Imperador que havia sido envergonhado diante do povo e, lamentando a morte de seu favorito, encheu-se de furor contra Demétrio e Nestor e ordenou que Nestor fosse decapitado pela espada e que Demétrio fosse atravessado com lanças. Assim foi que Nestor, este glorioso herói cristão, deixando para trás sua jovem vida sobre esta Terra, entrou para o Reino de seu Senhor em 306 d C.  
Tropárion de São Nestor de Tessalônica, Tom 4
Em seus sofrimentos, ó Senhor, / Teu mártir Nestor recebeu de Ti, ó nosso Deus, coroa imperecível,/ pois, tomado de Teu poder, / aviltou os torturadores e esmagou a débil ousadia dos demônios./ Por suas súplicas, salva, Senhor, as nossas almas.  
Kondakion, Tom 2
Havendo combatido o bom combate, / agora herdaste a glória imortal, / pois que pelas orações do mártir Demétrio / foste do Mestre um grande guerreiro; / por tanto, junto com São Demétrio, / não deixarás de rezar por nós, ó sábio Nestor.


 
Oração Antes de Ler as Escrituras 

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Colossenses 1:1-2, 7-11

Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus, e o irmão Timóteo, aos santos e irmãos fiéis em Cristo, que estão em Colossos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Como aprendestes de Epafras, nosso amado conservo, que para vós é um fiel ministro de Cristo, o qual nos declarou também o vosso amor no Espírito. Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus; corroborados em toda a fortaleza, segundo a força da sua glória, em toda a paciência, e longanimidade com gozo...

Lucas 11:1-10

E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou, lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos. E ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu. O pão nosso suprassubstancial, dá-nos hoje*; e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a qualquer que nos deve, e não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do mal. Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e, se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois que um amigo meu chegou a minha casa, vindo de caminho, e não tenho que apresentar-lhe; se ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar; digo-vos que, ainda que não se levante a dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que houver mister. E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á.


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COMENTÁRIOS


Sobre a Oração

Seria digno de observar se no Antigo Testamento se encontra uma oração na qual alguém invoca a Deus como Pai, porque nós, até o presente, não a temos encontrado, apesar de tê-la buscado com interesse. E não dizemos que Deus não foi chamado com o título de Pai, ou que aqueles que nele têm crido não foram chamados filhos de Deus; mas que em nenhuma parte encontramos em uma oração essa confiança proclamada pelo Salvador de invocar a Deus como Pai.

Além disso, que Deus é chamado Pai e, de filhos, os que se ativeram à palavra divina, pode-se constatar em muitas passagens veterotestamentárias. Assim:

"Deixaste ao Deus que te gerou, e deste ouvido ao Deus que te alimentou?" 

E ainda na mesma passagem:

"São filhos sem fidelidade alguma". 

E em Isaías:

"Eu criei filhos e os tenho enaltecido, porém eles me têm desprezado"; 

e em Malaquias:

"O filho honrará ao seu pai e o servo ao seu Senhor. Porque se eu sou pai, onde está a minha honra?"

Ainda que em todos estes textos Deus seja chamado de Pai, e filhos aqueles que foram gerados pela palavra da fé nEle, não se encontra, contudo, na Antiguidade uma afirmação clara e infalível desta filiação. Desta forma os mesmos lugares citados mostram que eram realmente súditos aqueles que se chamavam filhos. Já que, segundo o apóstolo, enquanto o herdeiro é menor, sendo o Senhor de tudo, não difere do servo; mas está sob tutores e encarregados até a data assinalada pelo pai.

Mas a plenitude dos tempos chegou com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, quando pode se receber livremente a adoção, como ensina São Paulo, afirmando que "tendes recebido o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Abbá, Pai!"

E no Evangelho de São João lemos:

"Mas a todos os que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; aos que creem em seu nome." 

E por este espírito de adoção de filhos sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca, porque a semente de Deus está nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus.

Por tudo isto, se entendêssemos o que escreve São Lucas ao dizer: "Quando orardes, dizei: Pai", nos envergonharíamos de invocá-lo sob esse título se não somos filhos legítimos. Porque seria triste que, junto aos nossos outros pecados, acrescentássemos o crime de impiedade.


Orígenes, Presbítero de Alexandria (séc. III)

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“Estes São os Bens que Principalmente Devemos Pedir”

Desejando nosso Senhor e Salvador que cheguemos às alegrias do reino celestial, ensinou-nos a pedir-lhe estas mesmas alegrias e prometeu de concedê-las a nós se o pedimos: Pedi – diz ele – e recebereis, procurai e encontrareis, batei e vos será aberto. Devemos refletir seriamente e com a máxima atenção, caríssimos irmãos, sobre a mensagem de que são portadoras estas palavras do Senhor, visto que nos asseguram que o Reino dos Céus não é patrimônio de ociosos e desocupados, mas que se dará, será encontrado e se abrirá para aqueles que o peçam, o procurem e chamem às suas portas.

Desta forma, a entrada no reino temos de pedi-la orando, temos de procurá-la vivendo honradamente e temos de chamar às suas portas perseverando. Porque não é suficiente limitar-se a pedi-lo de palavra, mas devemos indagar diligentemente qual há de ser a nossa conduta para merecer alcançar o que pedimos, segundo a afirmação daquele que afirma: Nem todo o que me diz Senhor entrará no Reino dos Céus, mas aquele que cumpra a vontade de meu Pai que está no céu: esse entrará no Reino dos Céus.

Portanto, é necessário, meus irmãos, que peçamos assiduamente, que oremos constantemente, que nos prostremos por terra, bendizendo ao Senhor, nosso Criador. E para que mereçamos ser escutados, consideremos solicitamente como ele quer que vivamos, que é cumprir o que nosso Criador nos ordenou. Recorramos ao Senhor e ao seu poder, busquemos continuamente a sua face. E para que mereçamos achá-lo e contemplá-lo, limpemo-nos de toda sujidade de corpo ou de espírito, pois no dia da ressurreição somente subirão ao céu aqueles que tenham conservado a castidade do corpo, unicamente os puros de coração poderão contemplar a glória da divina Majestade.

E se desejamos saber o que ele quer que peçamos, escutemos aquilo do Evangelho: Buscai o Reino de Deus e sua justiça, e as outras coisas vos serão dadas por acréscimo. Buscar o Reino de Deus e sua justiça significa desejar os dons da pátria celestial, significa indagar incessantemente qual é o comportamento adequado para alcançá-los, não ocorra que cheguemos a nos desviar do caminho que a isso nos conduz, nos vejamos impossibilitados de alcançar a meta à qual nos tínhamos proposto. Estes são, caríssimos irmãos, os bens que principalmente temos de pedir a Deus, esta é a justiça do reino que preferencialmente temos de buscar, ou seja, a fé, a esperança e a caridade, porque está escrito: O justo viverá por sua fé; o que confia no Senhor, a misericórdia o cerca; e amar é cumprir a lei inteira; porque toda a lei se concentra nesta frase: amarás ao próximo como a ti mesmo.

Por isso o Senhor amavelmente nos promete que o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que o peçam. Com o qual quer decisivamente indicar-nos que aqueles que são maus por natureza podem tornar-se bons mediante a aceitação da graça do Espírito.

Promete que o Pai dará o Espírito Santo àqueles que o pedem, porque a própria fé, a esperança e a caridade, como quaisquer outros bens celestiais que desejamos alcançar, nos são concedidos unicamente pelo dom do Espírito Santo.

Seguindo suas pegadas, na medida do possível, peçamos, amadíssimos irmãos, a Deus Pai que, pela graça de seu Espírito, nos guie pelo reto caminho da fé, uma fé ativa na prática do amor. E para que mereçamos alcançar os bens desejados, procuremos viver de tal maneira que não sejamos indignos de tão grande Pai; pelo contrário, esforcemo-nos por conservar, com corpo sempre íntegro e alma pura, o ministério do segundo nascimento, mediante o qual e no batismo nos convertemos em filhos de Deus. Porque é seguro que, se observamos os mandamentos do Pai eterno, nos remunerará com a herança de uma bênção eterna, preparada para nós desde o princípio por Jesus Cristo nosso Senhor, que vive e reina com Deus Pai, na unidade do Espírito Santo, é Deus por todos os séculos dos séculos. Amém.


São Beda o Venerável, monge (séc. VIII)

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