quarta-feira, 30 de novembro de 2022

25ª Quarta-feira Depois de Pentecostes

30 de Novembro de 2022 (CC) / 17 de Novembro (CE)
São Gregório, o Taumaturgo, bispo de Neo-Cesaréia († c. 275)
Jejum da Natividade (Azeite é permitido)
Tom 7



Teodoro, que mais tarde seria chamado Gregório e, por seus milagres, tornou-se conhecido como «o Taumaturgo», nasceu em Neo-Cesaréia do Ponto (Ásia). Seus pais eram de linhagem nobre e pagãos. Quando Gregório tinha catorze anos de idade, ficou órfão de pai. O jovem seguiu com sua carreira jurídica. A irmã de Gregório empreendeu uma viagem a Cesaréia da Palestina para encontrar-se com seu esposo que ocupava um cargo oficial. Gregório a acompanhou nessa viagem, bem como o seu irmão, Atenodoro, que mais tarde tornou-se bispo e muito sofreu por sua fé.

Gregório planejava exercer o ofício de advogado em seu país, porém, pouco depois de sua chegada, foi eleito bispo de Neo-Cesaréia, cidade que contava, nesta época, com apenas dezessete cristãos. Neo-Cesaréia era, nesta época, uma cidade muito rica e com uma grande população, predominando a idolatria e o vício. São Gregório, consumido pelo zelo e caridade, entregou-se energicamente no cumprimento de seus deveres pastorais, sendo agraciado por Deus com um extraordinário dom de operar milagres. São Basílio disse a seu respeito que «com a ajuda do Espírito Santo, tinha um poder formidável sobre os maus espíritos. Em certa ocasião, fez secar um lago que era motivo de disputa entre dois irmãos. Sua capacidade de prever e predizer os acontecimentos futuros o elevava a altura dos profetas. Os milagres que operava eram tão notáveis que amigos e inimigos o consideravam como um novo Moisés».

Pouco depois de tomar posse de sua sede como bispo, São Gregório foi hospedar-se na casa de Musonio, um personagem importante da cidade que lhe havia convidado para que fosse morar com ele. Nesse mesmo dia iniciou sua atividade de pregação e, antes que a noite caísse, já havia convertido um número suficiente para formar uma pequena igreja. No dia seguinte, aglomeravam-se à porta da casa de Musonio muitos enfermos aos quais Gregório restaurava a saúde, e os convertia à fé cristã. Logo os cristãos eram em tal número que Gregório pode construir uma Igreja, já que todos colaboravam com suas esmolas e trabalho. A prudência e o tato de São Gregório moviam as pessoas a buscar sua orientação acerca de questões civis e religiosas e, nesse sentido, foram de grande proveito ao santo, seus estudos dos assuntos jurídicos.

São Gregório de Nissa e seu irmão, São Basílio, ficaram sabendo através da avó, Santa Macrina, do que se dizia a respeito do Taumaturgo, já que a santa, quando ainda era pequena, vivia em Cesaréia, mais ou menos na época em que morreu São Gregório. São Basílio diz que, a vida do Taumaturgo refletia a sublimidade de seu fervor evangélico. Em suas práticas devocionais, mostrava grande reverência, recolhimento, e jamais orava com a cabeça coberta. Amava a simplicidade e modéstia nas palavras: o «sim» e o «não» constituíam a medula de suas conversações. Detestava a mentira e a falsidade; em suas palavras, tanto como em sua conduta, não havia nunca a menor sombra de cólera ou de amargura.

Quando irrompeu a perseguição aos cristãos sob o império de Décio no ano 250, São Gregório aconselhou aos cristãos que se escondessem para não ficarem expostos aos perigo de perder a fé. Ele mesmo se retirou para o deserto em companhia de um antigo sacerdote pagão a quem havia convertido e ordenado diácono para estar ao seu lado. Os perseguidores ficaram sabendo que Gregório se refugiara nas montanhas e enviaram um pelotão de soldados para que fosse capturado. Estes, porém, voltaram sem a «presa», dizendo que só haviam encontrado vegetação. Então, o homem que havia indicado o lugar onde estava escondido São Gregório foi ao bosque e encontrou o Santo e seu companheiro entregues à oração. Diante de tal quadro, compreendeu que Deus devia ter protegido aqueles dois homens, fazendo com que os soldados os confundissem com as árvores. De delator de cristãos, este homem converteu-se à fé cristã.

Depois da perseguição, teve início uma epidemia que foi seguida da invasão dos godos. Assim, não é de se estranhar que, em tais circunstâncias, não lhe tenha restado muito para escrever, pois que devia dedicar-se à sua tarefa pastoral. Ele mesmo é quem descreve as dificuldades de seu ministério na «Carta canônica», que escreveu por ocasião dos problemas causados pela invasão dos bárbaros. Diz-se que o Santo organizava entretenimento nos dias das festas dos mártires, e que isso tenha contribuído para atrair os pagãos e popularizar as reuniões religiosas entre os cristãos. Além disso, o santo estava certamente convencido de que, a diversão saudável, além das práticas religiosas, constituíam também uma maneira de venerar os mártires.

De qualquer modo, São Gregório foi, ao que se sabe, o único missionário que, durante os três primeiros séculos da Igreja, empregou tais métodos em sua ação pastoral, ele que era um grego de notável cultura.

Pouco antes de sua morte São Gregório fez investigações para verificar quantos infiéis restavam ainda na cidade e, tomando conhecimento de qu somavam dezessete, exclamou alegremente: «Graças sejam dadas a Deus! Pois, quando cheguei a esta cidade, não havia mais que dezessete cristãos». Depois de orar pela conversão dos infiéis e pela santificação daqueles que já eram agraciados com a fé no verdadeiro Deus, recomendou aos seus amigos que, quando morresse, não fosse sepultado num lugar distinto, já que havia estado no mundo como peregrino, sem buscar a si mesmo e desejava compartilhar da mesma sorte das pessoas simples depois da morte. No ano 270, São Gregório adormeceu, entregando ao Senhor sua alma em paz.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Tessalonicenses 2:1-12

Ora, irmãos, rogamo-vos, pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e pela nossa reunião com ele, que não vos movais facilmente do vosso entendimento, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como de nós, como se o dia de Cristo estivesse já perto. Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus. Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque já o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio seja tirado; e então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade.

Lucas 15:1-10

E Chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e vai após a perdida até que venha a achá-la? E achando-a, a põe sobre os seus ombros, jubiloso; e, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.

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ENSINO DOS SANTOS PADRES

“Cristo Nos Buscou Na Terra; Nós devemos Buscá-lo No Céu”

Ocorre sempre, essa é a verdade, que, ao encontrar o que tínhamos perdido, inauguramos um novo caudal de alegria, e nos é mais grato falar do perdido, que não ter perdido o que com empenho guardamos. No entanto, esta parábola é mais uma ponderação da misericórdia divina que a constatação de um costume humano; e expressa uma grande verdade. Abandonar as grandes coisas e amar as coisas pequenas é próprio do poder divino, não da cobiça humana: pois Deus chama ao ser o que não existe, e de tal forma vai à busca do perdido, que não despreza o que deixa; e de tal maneira encontra o perdido, que não perde o que estava guardado.

Não se trata, portanto, de um pastor terreno, mas celestial; e esta parábola tomada globalmente não está fundamentada sobre ocupações humanas, mas encobre mistérios divinos. O próprio fator numérico o destaca quando diz: Se alguém tem cem ovelhas e se perde uma... Já percebes como este pastor sofre a perda de uma ovelha como se todo o rebanho que tinha a sua direita tivesse derivado para a sua esquerda; e por isso, deixando as noventa e nove, vai atrás dessa única, a busca, para encontrar a todas nessa única, para reintegrá-las todas em uma.

Porém, expliquemos o segredo da celestial parábola: Esse homem que possui cem ovelhas é Cristo. O bom pastor, o pastor piedoso que em uma única ovelha, a saber, em Adão, havia personificado toda a grei do gênero humano, colocou a esta ovelha no ameno jardim do Éden, a colocou em verdes prados. Porém, ela se esqueceu da voz do pastor ao dar ouvidos aos uivos do lobo, perdeu os apriscos da salvação e acabou toda ela costurada de feridas letais. Em busca dela veio Cristo ao mundo, e a achou no seio de um campo virginal.

Veio na carne de seu nascimento e suspendendo-a sobre a cruz, a carregou sobre os ombros de sua Paixão e, no cume da alegria da ressurreição, levou-a mediante a ascensão, colocando-a no mais alto da mansão celestial. Reúne aos amigos e vizinhos, ou seja, aos anjos, e lhes diz: Felicitai-me! Encontrei a ovelha que tinha perdido.

Felicitam-se e se congratulam os anjos com Cristo pelo retorno da ovelha do Senhor, nem se sentem indignados por vê-la presidir-lhes desde o próprio trono da majestade, pois a inveja foi afugentada do céu com a expulsão do diabo, nem era possível que o pecado da inveja penetrasse nas mansões eternas através do Cordeiro que tinha tirado o pecado do mundo. Irmãos, Cristo buscou-nos na terra: o busquemos no céu; ele nos conduziu para a glória de sua divindade: o levemos em nosso corpo com toda santidade: Glorificai – diz o apóstolo – e levai a Deus em vosso corpo. Leva a Deus em seu corpo aquele que não carrega com pecado algum nas obras de sua carne.

São Pedro Crisólogo, Bispo de Ravena (séc. V)


Existe Mais Alegria No Céu Pela Conversão do Pecador 
do Que Pela Perseverança do Justo

Eu vos digo que haverá mais alegria no céu por um pecador que faça penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão. Devemos considerar, meus irmãos, por que o Senhor diz que existe no céu maior alegria na conversão dos pecadores do que na perseverança dos justos; e é pelo mesmo que estamos vendo todos os dias, ou seja, porque muitas vezes aqueles que sabem que não estão contaminados pelos pecadores se encontram, sim, no caminho da justiça, não cometem nenhuma coisa ilícita, mas, no entanto, não desejam ansiosamente irem para a pátria celestial, e se permitem usar das coisas lícitas, enquanto lembram-se de não ter cometido nada de ilícito. E muitas vezes são fracos para praticar as principais virtudes, porque estão muito seguros de que não cometeram nenhuma falta grave.

Mas, pelo contrário, algumas vezes aqueles que sabem que fizeram alguma coisa ilícita, oprimidos por sua própria dor, incendeiam-se no amor de Deus, exercitam-se nas maiores virtudes, empreendem com santo valor tudo que é mais difícil, deixam todas as coisas deste mundo, fogem das honras, alegram-se com as afrontas que lhes são inferidas, ardem em santos desejos e anelam ir para a pátria celestial, e considerando que se afastaram de Deus, recompensam os prejuízos precedentes com os bens que alcançam depois.

Portanto, existe mais alegria no céu pela conversão do pecador do que pela perseverança do justo, porque um capitão ama mais numa batalha aquele soldado que, tendo voltado ao combate após ter fugido, ataca com coragem o inimigo, que ao outro que, embora nunca tenha voltado às costas, contudo, também nunca fez nada de valor. Assim também o lavrador estima mais aquela terra que, depois de ter ervas daninhas, dá abundantes frutos, que aquela que nunca teve espinhos, porém tampouco produz messe em abundância.

Apesar do que foi dito, devemos considerar também que existem muitos justos, em cuja vida existe tanta alegria, que de nenhuma forma será postergada aquela que se experimenta com qualquer penitência dos pecadores. Pois muitos justos sabem perfeitamente que não têm pecado algum e, contudo, afligem-se de tal maneira como se estivessem manchados com todos os pecados do mundo.

Privam-se de todas as coisas, até mesmo das lícitas; submetem-se com abnegação ao desprezo do mundo, não querem permitir-se nem sequer as menores coisas; abstêm-se dos bens, mesmo daqueles que lhes foram concedidos; alegram-se com os seus sofrimentos e se humilham em todas as coisas; e, como alguns, choram: os pecados de atos, lamentam os pecados de pensamento.

Como se há de chamar a estes, senão justos e penitentes, que se humilham no pecado de pensamento e perseveram sempre retos nas obras? Daqui temos de inferir quão grande será o gozo do Senhor quando humildemente chora o justo, sendo que há alegria no céu quando o injusto reprova pela penitência o mal que fez.”

São Gregório, o Grande, Papa de Roma (séc. VI)

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