domingo, 1 de janeiro de 2023

Domingo Anterior À Natividade De Nosso Deus E Salvador Jesus Cristo

 
PRÉ-FESTA DA NATIVIDADE
01 de Janeiro de 2023 (CC) 19 de Dezembro de 2022 (CE)
Ss. Bonifácio, Mártir e Aglaya (séc. IV); Milagroso Elias de Murom de Pechersk.
Jejum da Natividade
Tom 4



Bonifácio era servo de Aglaya, uma mulher rica e imoral que vivia em Roma, e que com esta, apesar de escravo, mantinha relações sexuais impuras e ilícitas. Ambos eram pagãos. Aglaya confiava a Bonifácio a administração de sua fortuna, pois este, apesar de inclinado à embriaguez, também era um homem generoso e hospitaleiro, pronto para ajudar os que viviam infortúnios. 
Aglaya apreciava ouvir as histórias dos Mártires, e cria de todo o seu coração no poder de suas intercessões para a obtenção da misericórdia de Deus. Assim, desejando obter as relíquias de um mártir em sua casa, enviou seu servo e amante para a Ásia para encontrar e comprar o que ela desejara. Bonifácio levou consigo vários escravos e uma grande quantidade de dinheiro. Antes de partir, Bonifácio, porém disse-lhe, em tom de brincadeira: 
"Se eu não puder encontrar um mártir, mas ao invés disso lhe trouxer de volta o meu próprio corpo martirizado por Cristo, você vai recebê-lo com honra, minha senhora?" 
Aglaya riu e o chamou de bêbado e pecador, então se despediram. 
Chegando à cidade de Tarso, Bonifácio viu muitos cristãos torturados: alguns com as pernas cortadas, outros com as mãos decepadas, outros com os olhos arrancados, outros ainda na forca, e assim por diante. O coração de Bonifácio foi mudado, e ele se arrependeu de sua vida pecaminosa e chorou. 
Bonifácio passou a estar entre os cristãos, visitando os presos, incentivando-os e fortalecendo-os a suportar a dor por amor a Cristo. Sendo descoberto e preso pelo governador, após também padecer terríveis torturas, foi martirizado no ano de 290, confessando sua fé em Cristo. E o que, em tom de brincadeira, havia dito a sua amante, se cumpriu: seu corpo fora tomado como relíquias sagradas por seus servos e companheiros e trazido de volta para Roma. Um anjo de Deus apareceu a Aglaya e disse: 
"Recebei àquele que já foi teu escravo, mas agora é nosso irmão, servo e companheiro; ele é o guardião de tua alma e o protetor de tua vida." 
Aglaya recebeu o corpo de Bonifácio, construiu uma igreja, e nela colocou as relíquias do mártir. Arrependida dos seus pecados, distribuiu seus bens entre os pobres, retirou-se do mundo para se dedicar à oração e ao alívio do sofrimento dos pobres. 
São Bonifácio é conhecido, sobretudo, por interceder a Deus para a libertação do alcoolismo. 
Venerável Elías de Murom de Pechersk 
O monge Elias (Ilya Muromets) de Pechersk, apelidado de "Chobotok" ("Sapateiro"), era da cidade de Murom, e uma lenda popular o identifica com o famoso herói guerreiro Bogatyr Ilya Muromets, a quem as baladas russas enalteciam. 
Sobre o Monge Elias é conhecido que ele morreu com os dedos de sua mão direita no formato da oração, na posição aceita até hoje na Igreja Ortodoxa, ou seja, com os primeiros três dedos juntos, e os dois últimos dedos externos contraídos na palma (contrastando a maneira dos Velhos Crentes, que usam apenas os dois dedos juntos). 
No período de luta com o Cisma dos Velhos Crentes ("Staroobryadnyi"), isto é, do final do Século XVII ao Século XIX, este fato da vida do santo serviu como uma prova poderosa no uso da atual formação das mãos.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (7)

João 20:1-10

E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis, E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos. Tornaram, pois, os discípulos para casa.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
As santas mulheres discípulas do Senhor, / recebendo do Anjo a boa-nova da Ressurreição / correram orgulhosas / dizer aos Apóstolos: / “a morte está vencida, / pois Cristo nosso Deus ressuscitou, // concedendo ao mundo a Sua infinita misericórdia”.

Tropárion da Festa Tom IV
Teu nascimento, Ó Cristo nosso Deus, / tem resplandecido no mundo a luz do conhecimento; / nele os adoradores dos astros / aprenderam de um astro / a adorar-Te, Sol da justiça, / e a Te conhecer como o Oriente vindo do Alto. // Ó, Senhor, glória a Ti.

Tropárion de São José, Tom 2: Ó José, proclame as maravilhas a Davi, o pai de nosso Divino Senhor. / Viste uma Virgem conceber; / Tu deste glória com os pastores; / tu adoraste com os Magos; / e foste avisado por um anjo. // Implora a Cristo, nosso Deus, que salve as nossas almas.

Kondákion da Ressurreição
Meu Salvador e Libertador, / como Deus Tu libertaste de suas amarras aqueles nascidos na terra, /e partiste em pedaços os portões do Inferno, / e ressuscitaste ao terceiro dia // como Mestre.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo ...

Kondákion de São José, Tom 3: Hoje o divino Davi está cheio de alegria, / e junto com Tiago, José oferece louvor; / porque eles se alegram em receber uma coroa como parentes de Cristo, / e eles louvam Àquele que é inefavelmente nascido na terra e clamam: // Ó Compassivo, salva aqueles que Te honram.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Kondákion, Tom III
Hoje a Virgem dá à luz ao Eterno  / e a terra é uma gruta ao Inacessível. / Os Anjos e os Pastores louvam-No / e os Magos com a estrela avançam. / Pois para nós nasceste Menino, // o Deus Pré-eterno. 

Prokímenon, no 4º Tom

R. Bendito És Tu, Ó Senhor, o Deus de nossos pais,
e louvado e glorificado é o Teu Nome pelos séculos. (Daniel 3:26)

V. Pois justo És Tu, em tudo o que fizeste por nós. (Daniel 3:27)

Hebreus 11:9-10;17-23;32-40

Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus. Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar; E daí também em figura ele o recobrou. Pela fé Isaque abençoou Jacó e Esaú, no tocante às coisas futuras. Pela fé Jacó, próximo da morte, abençoou cada um dos filhos de José, e adorou encostado à ponta do seu bordão. Pela fé José, próximo da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca de seus ossos. Pela fé Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei. E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas, Os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados.

Aleluia, no 4º Tom:

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Ó Deus, com os nossos ouvidos ouvimos, 
porque nossos pais nos disseram. (Sl 43:1)

Tu nos salvaste dos que nos afligem, 
e os que nos odeiam envergonhaste. (Sl 43:8)

Mateus 1:1-25

Livro da geração de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. Abraão gerou a Isaque; e Isaque gerou a Jacó; e Jacó gerou a Judá e a seus irmãos; E Judá gerou, de Tamar, a Perez e a Zerá; e Perez gerou a Esrom; e Esrom gerou a Arão; E Arão gerou a Aminadabe; e Aminadabe gerou a Naassom; e Naassom gerou a Salmom; E Salmom gerou, de Raabe, a Boaz; e Boaz gerou de Rute a Obede; e Obede gerou a Jessé; E Jessé gerou ao rei Davi; e o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias. E Salomão gerou a Roboão; e Roboão gerou a Abias; e Abias gerou a Asa; E Asa gerou a Josafá; e Josafá gerou a Jorão; e Jorão gerou a Uzias; E Uzias gerou a Jotão; e Jotão gerou a Acaz; e Acaz gerou a Ezequias; E Ezequias gerou a Manassés; e Manassés gerou a Amom; e Amom gerou a Josias; E Josias gerou a Jeconias e a seus irmãos na deportação para babilônia. E, depois da deportação para a babilônia, Jeconias gerou a Salatiel; e Salatiel gerou a Zorobabel; E Zorobabel gerou a Abiúde; e Abiúde gerou a Eliaquim; e Eliaquim gerou a Azor; E Azor gerou a Sadoque; e Sadoque gerou a Aquim; e Aquim gerou a Eliúde; E Eliúde gerou a Eleazar; e Eleazar gerou a Matã; e Matã gerou a Jacó; E Jacó gerou a José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama o Cristo. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para a babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para a babilônia até Cristo, catorze gerações. Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus.

Canto da Comunhão

Louvai ao Senhor nos Céus,
Louvai-O nas alturas.

Regozijai-vos no Senhor. ó Justos;
Aos retos convém o louvor.

Aleluia, aleluia, aleluia!

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ENSINO DOS SANTOS PADRES DA IGREJA



Em poucas palavras, porém cheias de realismo, o evangelista São Mateus descreve o nascimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, pelo qual o Filho de Deus, eterno antes do tempo, apareceu no tempo como Filho do homem. Conduzindo o evangelista à sucessão genealógica, partindo de Abraão até chegar a José, o esposo de Maria, e enumerar – conforme o modo costumeiro de narrar às gerações humanas – a totalidade seja dos genitores como dos gerados, e dispondo-se a falar do nascimento de Cristo ressaltou a enorme diferença que existe entre ele e os demais nascimentos: os outros nascimentos ocorrem através da união normal do homem e da mulher, enquanto que ele, por ser o Filho de Deus, veio ao mundo através de uma Virgem. E era conveniente sob todos os aspectos que Deus, ao decidir tornar-se homem para salvar os homens, não nascesse senão de uma virgem, pois era impensável que uma virgem não gerasse a nenhum outro, senão a um que, sendo Deus, ela o gerasse como Filho.

Eis que, disse o profeta, a Virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Emanuel (que significa “Deus conosco”). O nome que o profeta dá ao Salvador, “Deus conosco”, indica a dupla natureza de sua única pessoa. Na verdade, aquele que é Deus nascido do Pai antes de todos os séculos, é o mesmo que, na plenitude dos tempos, tornou-se, no seio materno, no Emanuel, isto é, em “Deus conosco”, porque se dignou assumir a fragilidade de nossa natureza na unidade de sua pessoa, quando a Palavra se fez carne e habitou entre nós, isto é, quando de modo admirável começou a ser o que nós somos, sem deixar de ser o que era, assumindo de tal forma nossa natureza que não ficasse obrigado a deixar de ser o que ele era.

Maria deu à luz, pois, a seu filho primogênito, isto é, ao filho de sua própria carne. Deu à luz aquele que, antes da criação, nasceu Deus de Deus, e na humanidade, na qual foi criado, superava superabundantemente a toda criatura. E ele lhe pôs, diz, o nome de Jesus. Jesus é o nome do filho que nasceu da Virgem; nome que significa – conforme a explicação angélica – que ele salvaria o seu povo dos seus pecados. E aquele que salva dos pecados salvará da mesma forma das corruptelas da alma e do corpo, que são sequela do pecado.

A palavra “Cristo” designa a dignidade sacerdotal ou régia. Na lei, tanto os sacerdotes como os reis eram chamados “cristos” pela crisma, isto é, pela unção com o óleo sagrado: Eram um sinal de alguém que, ao manifestar-se no mundo como verdadeiro Rei e Pontífice, foi ungido com o óleo de júbilo entre todos os seus companheiros.

Devido a esta unção ou crisma, é chamado Cristo; aos que participam desta unção, ou seja, desta graça espiritual, são chamados de “cristãos”. Que ele, por ser nosso Salvador, nos salve de nossos pecados; enquanto Pontífice nos reconcilie com Deus Pai; na sua qualidade de Rei, digne-se conceder-nos o reino eterno de seu Pai, Jesus nosso Senhor, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina e é Deus, por todos os séculos dos séculos. Amém.

São Beda, o Venerável (Séc. VIII)
 
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