segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

33ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

PÓS-FESTA DA TEOFANIA
23 de Janeiro de 2023 (CC) 10 de Janeiro (CE)S.
Gregório de Nissa, bispo († c. 394)
São Teófano, o Recluso (1894)
Tom 7

São Gregório nasceu em Nova Cesaréia, no Ponto, no ano 322. Era um dos irmãos de São Basílio, o Grande, educado nas mesmas bases que seu irmão maior, distinguindo-se igualmente por sua aguda inteligência.
Gregório comprometeu-se com Theosebia (uma santa mulher) que faleceu precocemente. O santo manteve seu equilíbrio de caráter e sua esperança. Aos quarenta anos foi eleito e ordenado bispo de Nissa, uma cidade da Capadócia. Deus lhe outorgou a responsabilidade de exercer um importante papel no Segundo Concílio Ecumênico, realizado no ano 381, em Constantinopla.

Gregório entregou em paz sua alma a Deus depois de realizar um grande e importante trabalho, as suas homilias dogmáticas, catequéticas, entre diversos outros temas que se referiam às festas e ofícios litúrgicos, como o que realizou para seu irmão São Basílio.

Comemoração de São Teófano, o Recluso, Bispo de Tambov

Este moderno Pai da Igreja nasceu em Chernavsk, na Rússia central. Filho de um padre, entrou no seminário ainda jovem, depois completou o curso de quatro anos de teologia na Academia de Kiev. Embora se destacasse como estudante, seu coração se voltava cada vez mais para a vida monástica, e ele foi tonsurado monge e ordenado sacerdote após a conclusão de seus estudos. Durante seu tempo na Academia, ele frequentemente visitava a Lavra das Cavernas, e lá se tornou um filho espiritual do Padre Parthenius (25 de março).

Seu desejo de vida monástica não foi satisfeito imediatamente, pois a Igreja sentiu necessidade de seus dons intelectuais. Ele serviu como professor na Academia Teológica de São Petersburgo, trabalhou por sete anos na Missão Russa no Oriente Próximo, principalmente na Palestina. Durante este tempo ele ganhou um domínio perfeito do grego e estudou as obras dos Padres da Igreja nas línguas originais. Voltando à Rússia, logo foi consagrado bispo; mas depois de sete anos de serviço episcopal, ele finalmente realizou o desejo de seu coração, renunciando ao cargo de bispo e se retirando para um pequeno mosteiro em Yvschen, onde passou o resto de seus dias.

Depois de participar plenamente da vida litúrgica e comunitária do mosteiro por vários anos, assumiu a vida de recluso em 1872. Vivia em dois pequenos quartos, subsistindo quase inteiramente de pão e chá, visitado apenas pelo seu confessor e pelo abade do mosteiro. Ele celebrou a Divina Liturgia todos os dias em sua cela. Todo o seu tempo não tomado pela oração interior era dedicado a traduzir as obras dos Padres para o russo e, cada vez mais, para seus próprios escritos. Mais importante ainda, ele preparou uma edição em russo da Philokalia que teve um profundo impacto na vida espiritual russa.

Embora não recebesse visitas, São Teófano se correspondia com muitos cristãos fervorosos que procuravam seu conselho, e assim, com o tempo, tornou-se o pai espiritual de muitos crentes em toda a Rússia. Ele descansou em paz em 1894.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Tiago 2:14-26

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem falta de mantimento quotidiano, E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé. E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários, e os despediu por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.

Marcos 10:46-52

E depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho, mendigando. E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi! tem misericórdia de mim. E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama. E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus. E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.

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A JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ NO ENSINO ORTODOXO

Para a maior parte da história da Igreja, a salvação foi vista como compreendendo toda a vida: os cristãos creram em Cristo, foram batizados e foram nutridos em sua salvação na Igreja. A chave para a compreensão dos ensinamentos sobre a Fé, está centrada em torno da Santíssima Trindade, da Encarnação do Filho de Deus e da expiação.

Leão X, Papa de Roma
Reformadores
Na Europa Ocidental, durante o século XVI e, até mesmo antes, no entanto, uma justificável preocupação surgiu entre os Reformadores acerca da compreensão predominante de que a salvação dependia de obras humanas meritórias, e não da graça e piedade de Deus. A redescoberta deles de Romanos 5, os levou a adotar o slogan Sola Fides: justificação apenas pela fé.

O debate da Reforma no Ocidente suscitou a seguinte questão para o Oriente Ortodoxo:

Que novidade é esta em polarizar a fé e as obras? Pois, é estabelecido desde a era apostólica que a salvação foi concedida pela misericórdia de Deus para homens e mulheres justos, ou seja, aqueles que são batizados em Cristo, são chamados a crer nele e a praticar boas obras (Efésios 2:8-10). Uma oposição entre a fé e obras é algo sem precedentes no pensamento Ortodoxo.

O ensino Ortodoxo da justificação difere do Protestante de várias maneiras:

1. A Justificação E A Nova Aliança.

Quando os Cristãos Ortodoxos abordam a doutrina da salvação, a discussão gira em torno da Nova Aliança. A Justificação (estar ou tornar-se Justo pela fé em Deus) é o primeiro fruto de quando se é trazido para uma relação de aliança com Ele.

Tal como Israel outrora estava sob a Antiga Aliança, na qual a salvação viria pela fé, como está revelado na Lei (Rm 3:21,31), assim, também, a Igreja está sob a Nova Aliança. A salvação vem pela fé em Cristo, que cumpre a Lei. Recebemos o Dom do Espírito Santo, que habita em nós, levando-nos para o conhecimento de Deus, o Pai (Rm 8:4,15). Em vez de justificação como uma absolvição legal perante Deus, os Fiéis Ortodoxos veem a justificação pela fé como um relacionamento de aliança com Ele, centrado em união com Cristo (Rom 6: 1-6).

2 A Justificação E A Misericórdia De Deus.

A Ortodoxia enfatiza primeiramente é a misericórdia de Deus – e não nossa fé - que nos salva.:

«Portanto, tendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus através de nosso Senhor Jesus Cristo, através do qual também temos acesso por fé a essa graça em que defendemos, e nos regozijamos na esperança da glória de Deus» (Rom 5: 1, 2). É Deus Quem inicia ou faz a Nova Aliança conosco.

3 A Justificação Pela Fé É Dinâmica, Não Estática.

Para os Cristãos Ortodoxos, a fé é viva, dinâmica, contínua - nunca estática ou meramente pontuado no tempo. A fé não é algo que um cristão exerce apenas em um momento crítico (como no caso da conversão, esperando que ela cubra todo o resto de sua vida.

A verdadeira fé não é apenas uma decisão, é uma forma de vida. Assim, o Cristão Ortodoxo vê a salvação, em pelo menos três aspectos: (a) Eu fui salvo, juntando-me a Cristo no Santo Batismo, cf. Gálatas 3:27 e Rm 6:4; (b) eu Estou sendo salvo, crescendo em Cristo através da vida sacramental da Igreja, Cf João 6:54-57 e Efésios 4:1-13; e, (c) serei salvo, pela misericórdia de Deus no Juízo Final, Cf. 2 Timóteo 4:7,8.

A Justificação pela fé, embora não seja a principal doutrina do Novo Testamento para os Ortodoxos como o é para os Protestantes, não representa nenhum problema. Mas, a doutrina da justificação pela fé tem da nossa parte uma objeção, quando se diz que a salvação é somente pela fé, isto contradiz a Escritura, que diz:

«Vê então que um homem é justificado pelas obras, e não pela somente fé » (Tg 2:24).

Somos «justificados pela fé, sem as obras da lei» (Romanos 3:28); mas, em lugar algum a Escritura diz que somos justificados «somente» pela fé. Pelo contrário, a fé por si mesma, se não tem obras, está morta (Tg  2:17).

Como cristãos, não estamos mais sob as exigências da Lei do Antigo Testamento (Rm 3:20), porque Cristo cumpriu a Lei (Gálatas 2:21; 3:5,24). Pela misericórdia de Deus, somos trazidos para um novo relacionamento de aliança com Ele. Nós, os que cremos, recebemos entrada em Seu Reino por Sua graça. Através da Sua misericórdia, somos justificados pela fé e capacitados por Deus para as obras ou ações de justiça que lhe trazem glória:

«Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo; O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.» Tito 2:11-14

«Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.» Efésios 2:10

«Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.» Mateus 5:13-16

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