quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

28ª Quinta-feira Depois de Pentecostes

PRÉ-FESTA DA NATIVIDADE
02 de Janeiro de 2025 (CC) 20 de Dezembro de 2024 (CE)
Santo Inácio, o Teóforo, bispo de Antioquia, hieromártir († 107);
Repouso dos Justos João de Kronstadt (1908); 
Intercessão de Inácio, o Arquimandrita das Cavernas de Kiev (1435); 
Santo Antônio, arcebispo de Voronezh (1846);  
São Philogonius, bispo de Antioquia (323); 
São Daniel II, arcebispo de Sérvia (1338); 
Novo Mártir João da ilha de Thasos (1652) (grego);
Santo Ícone da Mãe de Deus Socorro dos Afadigados
Jejum da Natividade (Azeite é permitido)
Tom 5


Discípulo dos Apóstolos, Pai dos bispos, vigoroso guerreiro na vanguarda dos vitoriosos mártires, Santo Inácio foi três vezes coroado e brilha reluzente no firmamento dos amigos de Deus. O significado de seu nome é “fogo” (ignis em latim). O amor por Cristo ardeu tão fortemente depois de seu Batismo que foi codinominado “Cristóforos” (portador de Cristo). Codinome que, sem vanglória, não titubeou  em aplicar a si mesmo, já que todos os cristãos, após o batismo, se tornam “portadores de Cristo” e revestidos do Espírito Santo. 

Inácio conheceu os apóstolos em sua juventude e, juntamente com Policarpo, foi iniciado nos mais profundos mistérios da fé por São João, o Apóstolo e Evangelista. Mais tarde, foi Inácio quem sucedeu Evdus, como segundo bispo de Antioquia, capital da Síria, e a maior cidade do Oriente, cuja sede episcopal foi fundada pelo apóstolo Pedro. Durante as perseguições aos cristãos, no governo de Domiciano (81-96), Santo Inácio alentou muitos cristãos confessos a  suportar suas tormentosas tribulações, na esperança de ganhar a vida eterna; consolou os prisioneiros, compartilhou desejo de  unir-se a Cristo para sempre, em sua morte. Porém, Santo Inácio, bispo temerário, não fora aprisionado nesse tempo, a tal ponto  de se sentir desiludido pelo fato de as perseguições terem acabado sem que Deus o tivesse chamado a confessar sua fé como verdadeiro discípulo de Cristo. Nos anos de paz que se seguiram, Santo Inácio ocupou-se em organizar a Igreja, mostrando que a graça que veio sobre os apóstolos no dia de Pentecostes, continuava no ministério episcopal, ainda que os doze primeiros já tivessem sido chamados para a eternidade. Exortou que todas as Igrejas permaneçam na unidade e que seus membros amem o bispo de sua Igreja que é a imagem terrena do único e verdadeiro Bispo e Sumo Sacerdote, Jesus Cristo.  
Unidos pela fé no Salvador Crucificado e Ressuscitado, unidos em um mesmo coração que brota do amor e esperança comum, os fiéis devem reunir-se freqüentemente, especialmente no dia do Senhor, para celebrar em assembléia a Eucaristia com o seu bispo, sacerdotes e diáconos. Assim, todos repartem o mesmo pão que é o remédio contra a morte que dá a imortalidade, a vida eterna em Cristo. Disse ele:  "Onde está o bispo, aí está o Cristo; onde está o bispo aí está a Igreja, a segurança da vida eterna e a promessa da comunhão com Deus".  
Na época das perseguições em Antioquia, no governo de Trajano (98-117), Santo Inácio se apresentou voluntariamente diante dele e confessou sua fé em um só Deus, criador e filantropo, em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito. Com desprezo, Trajano lhe perguntou:  
«Eras discípulo do Crucificado, na época de Pôncio Pilatos?»  
Santo Inácio respondeu:  
«Sim, sou discípulo daquele que apagou meus pecados na Cruz, que derrotou o demônio e seus símbolos sob seus pés.»  
O Imperador ainda perguntou:  
«Por que te chamas portador de Deus?»  
Respondeu-lhe:  
«Porque trago Cristo vivente dentro de mim».  
Trajano então ordenou:  
«Que seja então o portador do Crucificado nas prisões de Roma, e que lá sejas jogado aos leões para diversão do povo».  
Como São Paulo e muitos outros mártires, o servo de Deus Inácio se encheu de alegria e fervorosamente beijou as pesadas correntes que carregava, chamando-as de «minhas preciosas pérolas espirituais».  
Durante o longo caminho até Roma, soube que os fiéis daquela cidade pretendiam evitar seu martírio. Enviou então uma mensagem, rogando-lhes que se contivessem, e que não interviessem, pois, «suplico ser um discípulo… Meu desejo terreno foi crucificado; não há mais fogo em mim por amar as coisas materiais. Porém há em mim uma água vivente que murmura e diz em meu interior ‘venha ao Pai’». 
Nele o amor de Cristo operou tão fortemente que, inspirado, disse com palavras de fogo:  
«Perdoem-me irmãos, não me peçam para viver, não desejem que eu não morra. Permitam-me que eu seja um imitador da Paixão de meu Deus. Deixem-me ser alimento para as feras, pois assim me será possível encontrar-me com meu Deus. Sou trigo de Deus, e devo ser triturado pelos dentes das feras, convertendo-me em puro pão do Senhor, à semelhança de Cristo, verdadeiro Pão Eucarístico que se oferece a Si mesmo na perfeita Liturgia». 
Este era o desejo de Santo Inácio. Quando o momento de sua prova final chegou, Santo Inácio entrou na arena como se adentrasse no Santo Altar para oficiar a liturgia na presença do fiéis. Assim, bispo e discípulo do Sumo Sacerdote de nossa Salvação, Jesus Cristo, sacerdote e vítima ao mesmo tempo, ofereceu-se a si mesmo complacentemente aos ferozes leões que se jogaram sobre ele e o devoraram lentamente, sem nada deixar, exceto os ossos maiores, como havia desejado. Estas preciosas relíquia foram devotamente reunidas pelos fiéis e levadas solenemente de volta a Antioquia. Os cristãos, venerando aquelas relíquias ao longo do caminho, seguiam rumo ao seu rebanho como se seguissem o seu pastor. 
Tropária, Kondákia e Leituras Comemorativas 
Tropárion, Tom 4: Como participaste dos caminhos dos Apóstolos / E ocupaste o trono deles, / Compreendendo que teus esforços eram um portal para a visão Divina, / Ó Divinamente Inspirado. / Portanto, ordenando a palavra da verdade, / Padeceste pela Fé ao ponto de ofertares o teu sangue. // Ó Hieromártir Inácio, roga a Cristo Deus, que salve as nossas almas.
Kondákion, Tom 3: O fulgor dos teus reluzentes combates / A todos pré-anuncia Aquele que nasceu numa gruta. / E sedento por deleitar-se em Seu amor, / Te apressaste por ser devorado pelas feras; // Por isto, ó sábio Inácio, foste chamado de Teóforo.

Hebreus 4:14-5:6
Marcos 9:33-41
Comemoração de São João de Kronstadt
São João de Kronstadt era um sacerdote casado, que vivia com sua esposa na virgindade. Através do seu incansável trabalho em seu ministério sacerdotal e amor para com os pobres e pecadores, a ele foi concedido por nosso Senhor grandes dons de clarividência e de milagres, a um tal grau que, nos últimos anos de sua vida de milagres de curas, tanto de corpo e de alma — foram realizados inúmeras vezes, cada dia, através de suas orações, muitas vezes para pessoas que tão somente a ele escreveram pedindo sua ajuda. 
Durante sua vida era conhecido em toda a Rússia, bem como no mundo ocidental. João nos deixou seu diário "Minha Vida em Cristo" como um tesouro espiritual para os cristãos de todas as idades. Simples na linguagem, ele expõe os mistérios mais profundos de nossa fé com aquela sabedoria que é dada apenas a um coração purificado pela graça do Espírito Santo. 
Prevendo como um verdadeiro profeta a Revolução de 1917, ele repreendeu sem parar a crescente apostasia entre o povo*; e previu que o próprio nome da Rússia seria mudado. À medida que a escuridão da incredulidade crescia, e tornava-se mais espessa, João resplandeceu como um farol de piedade inigualável, confortando os fiéis através dos muitos milagres que ele operou e do amor paternal e simplicidade com que a todos recebia. São João repousou em paz em 1908." (Grande Horologion)
* São João de Kronstadt foi um grande crítico de Liev Tolstói, apontando sua negação a diversos dogmas do Cristianismo Ortodoxo e acusando‐o de satirizar a Bíblia e a Igreja e de corromper a juventude russa, preparando o país para uma catástrofe política. Em seu diário, referiu‐se ao filósofo como "herege dos hereges", orando por sua morte e a de seus seguidores na Igreja Ortodoxa Russa, nomeadamente o Metropolita Antônio de São Petersburgo e o Protopresbítero Ioann Yanyshev, reitor da Catedral da Anunciação.
Tropária, Kondákia e Leituras Comemorativas de São João de Kronstadt 
Tropárion de São João de Kronstadt, no tom 4: / Ó Operador de Milagres, que vives em Cristo eternamente; / Em teu amor, tem piedade  dos que padecem infortúnios; / E ouve teus filhos que com fé te invocam, / Esperando auxílio compassivo de ti, // Ó João de Kronstadt, nosso amado pastor.

Kondákion, no tom 4: Ó pai João, homônimo da graça, / Que fostes escolhido por Deus desde a infância, / E que ainda jovem, miraculosamente, Dele recebeste o dom do entendimento, / E que num glorioso sonho foste chamado ao sacerdócio: // Roga a Cristo Deus, para que todos possamos estar contigo no reino dos céus. 
Hebreus 4:14-5:16
Mateus 5:14-19

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Tito 1:5-2:1

Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei: Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras ensinando o que não convém, por torpe ganância. Um deles, seu próprio profeta, disse: Os cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos. Este testemunho é verdadeiro. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sãos na fé. Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade. Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra. Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.

Marcos 10:17-27

Fragmento 45 – Naquela ocasião, Jesus estava saindo, e alguém veio correndo, ajoelhou-se diante d’Ele e perguntou-Lhe: “Bom Mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?” Então Jesus lhe disse: “Por que Me chamas de bom? Ninguém é bom, exceto Um, isto é, Deus. Conheces os mandamentos: ‘Não cometas adultério’, ‘Não mates’, ‘Não roubes’, ‘Não dês falso testemunho’, ‘Não defraudes’, ‘Honre teu pai e tua mãe’”. E ele, respondendo, disse-Lhe: Mestre, todas estas coisas tenho guardado desde a minha mocidade. Então Jesus, olhando para ele, o amou e disse-lhe: “Falta-te uma coisa: Vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a tua cruz e siga-Me”. Mas ele ficou triste com esta palavra e retirou-se pesaroso, porque tinha muitas propriedades. Então Jesus olhou em volta e disse aos Seus discípulos: “Quão difícil é para aqueles que têm riquezas entrar no Reino de Deus!” E os discípulos ficaram admirados com as Suas palavras. Mas Jesus respondeu novamente e disse-lhes: “Filhos, quão difícil é para aqueles que confiam nas riquezas entrar no Reino de Deus. É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. E ficaram muito admirados, dizendo entre si: “Quem então poderá ser salvo?” Mas Jesus olhou para eles e disse: “Para os homens é impossível, mas para Deus não; pois para Deus todas as coisas são possíveis.”

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ENSINO DOS SANTOS PADRES

São Basílio, o Grande

Sermão sobre os ricos

Não faz muito que nos foi falado deste jovem, e aquele que escutou com atenção se recordará bem do que então se disse. E o primeiro, que não é o mesmo que aquele perito na lei de quem faz menção São Lucas. Aquele era um tentador, que fazia perguntas dissimuladas; mas este perguntava com sinceridade, embora não escutou com docilidade. Porque se tivesse perguntado por desprezo, não iria embora triste com a resposta do Senhor.

Por isso seu caráter revelava como que uma mistura, pois a Escritura no-lo revela louvável por um lado, e por outro muito infeliz e completamente desesperado. Porque o conhecer aquele que é mestre de verdade, e dar este nome ao único e verdadeiro, desprezando a soberba dos fariseus, a opinião dos jurisconsultos e o grupo dos escribas, isto era o que se louvava. E também se aprovou que manifestasse aquela solicitude por saber como alcançaria a vida eterna.

Porém, o não ter gravado em seu coração os saudáveis conselhos que escutou dos lábios do verdadeiro mestre, o não tê-los colocado em prática, mas cego pela paixão da avareza fugisse triste, nos revela toda a sua vontade, não desejosa de seguir o que é de maior proveito, mas o que é mais agradável a todos. Isto prova a inconstância de seu caráter e o inconsequente que era consigo mesmo.

Chamas-lhe mestre, e não fazes o que deve fazer um discípulo? Confessas que ele é bom, e rejeitas aquilo que te concede? Porque aquele que é bom é também comunicador de bens. Perguntas-lhe sobre a vida eterna, e mostras estar entregue inteiramente aos deleites da vida presente. Mas que conselho impraticável, pesado ou intolerável te propôs o Mestre? Vende o que tens e dá aos pobres.

Se te tivesse proposto os trabalhos da agricultura, ou os perigos do comércio, ou qualquer outro incômodo daqueles que acompanham aos que andam atrás do dinheiro, se compreendes que, levando a mal o conselho, te retirasses triste; mas se por um caminho tão fácil, que não te custaria trabalho ou suor algum, promete tornar-te herdeiro da vida eterna, por que não te alegras da facilidade de alcançar a tua salvação? Por que punes o teu coração e te retiras triste, e torna inúteis para ti os trabalhos que já havias concluído?

Porque se, como dizes, não mataste, não cometeste adultério, não furtaste, não levantaste falso testemunho a ninguém, tornas infrutuoso o esforço que colocaste em observar isto, porque também não queres cumprir os outros, somente com o qual poderás entrar no Reino de Deus. Se o médico te prometesse restituir-te aqueles membros que ou por natureza, ou por alguma enfermidade tinhas mutilado, não ouvirias isto com tristeza; e porque o grande médico das almas quer aperfeiçoar-te despojado dos principais bens, não recebes o benefício, mas choras e ficas triste.

Manifestamente, estás longe daquele preceito que ordena amar ao teu próximo como a ti mesmo, e falsamente afirmas tê-lo guardado. Porque, veja, este mandamento do Senhor prova que tu és completamente alheio à verdadeira caridade. Porque se era verdade o que afirmaste, que tinhas cumprido desde a tua juventude com o preceito da caridade, e que tinhas dado aos outros o mesmo que a ti mesmo, de onde, diga-me, te veio esta abundância de riquezas? Pois o cuidado dos necessitados gasta as riquezas; pois cada um há de receber um pouco segundo a sua necessidade; e todos deverão repartir igualmente seus bens e gastá-los entre os pobres. Por isso o que ama ao próximo como a si mesmo não possui mais que o seu próximo.

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