domingo, 2 de fevereiro de 2025

32º Domingo Depois de Pentecostes

02 de Fevereiro de 2025 (CC) 20 de Janeiro (CE)
Santo Eutímio, o Grande
São Polieutkos (259); São Pedro, Bispo de Sebaste (395)
Tom 7



Santo Eutímio, o Grande (Melitene, 377 - Neguev, 20 de janeiro de 473) foi um asceta, abade e um dos Pais do monasticismo ortodoxo oriental, estabelecendo diversos centros religiosos ao longo da Palestina. Devido a sua vida ascética e sua confissão firme na fé ortodoxa, Eutímio adquiriu o epítome "o Grande". 
Quando o Concílio de Calcedónia (451) condenou Eutiques, foi graças a autoridade de Eutímio que os líderes eclesiásticos orientais aceitaram seus decretos. A Imperatriz Élia Eudócia converteu-se ao cristianismo através de Eutímio. 
Filho de Paulo e Dionísia, Eutímio logo na infância perde seu pai e sua mãe, que havia prometido guiá-lo a vida religiosa, entrega-o a seu irmão Eudóxio. Eudóxio leva a criança ao bispo Otreio de Melitene que aceita cuidar dele. Percebendo a aptidão de Eutímio, Otreio o nomeia Leitor e o torna um monge. Em pouco tempo Eutímio foi ordenado para o sacerdócio e a ele foi concebida a responsabilidade de gerir todos os mosteiros da cidade de Melitene. 
Em 406 partiu secretamente em peregrinação para Jerusalém onde filiou-se ao mosteiro de Parã, nas proximidades na cidade. Em sua viagem Eutímio visitou os Padres do Deserto. Em Parã, ganhando a vida tecendo cestos, Eutímio conheceu Teoctisto, monge de um mosteiro vizinho, que também compartilhava com ele o ascetismo. Todos os anos, após a Epifania do Senhor, ambos retiravam-se para o deserto de Coutila (próximo de Jericó). Em 411 Eutímio, junto de Teoctisto, partiu definitivamente para o deserto onde ambos habitaram uma caverna. Quando os habitantes locais tomaram conhecimento da presença destes ascetas, periodicamente eles recebiam visitas. Com o tempo uma comunidade monástica começou a ganhar forma estando entre os discípulos muitos monges de Parã. A Teoctisto foi concebido o dever de gerir o mosteiro. Durante este período Eutímio atuou no batismo de muitos árabes, entre eles Aspabeto (recebeu o nome de Pedro) e seu filho Terebão, ambos curados por Eutímio de uma moléstia. Aspebeto tornou-se bispo entre os árabes e recebeu o direito de participar do Concílio do Éfeso em 431. 
Rapidamente as notícias dos milagres de Eutímio se espalharam e multidões começaram a visitar o mosteiro a procura de cura para diversas enfermidades, Não suportando mais viver em meio a tanta fama, Eutímio abandona o mosteiro e parte junto com seu discípulo Domiciano para o deserto de Ruba, perto do mar Morto, onde habitaram a montanha onde situa-se as ruínas de Massada. No deserto de Zipho, nas cercanias da caverna onde, segundo relatos bíblicos, Davi escondeu-se de Saul, Eutímio fundou um mosteiro e construiu uma igreja, além de ter trabalhado na conversão de monges maniqueístas, na cura de enfermos e com exorcismo. Mais tarde Eutímio retorna para as proximidades do mosteiro de Teoctisto onde, em 420, funda um mosteiro semelhante ao de Parã. Em 428 a igreja próxima ao mosteiro é dedicada a ele por Juvenal, Patriarca de Jerusalém.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (10)

João 21:1-14

Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão. Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos.

Tropárion da Ressurreição
Pela Cruz venceste a morte / e abriste o Paraíso ao ladrão arrependido. / Converteste em alegria a lamentação das mirróforas / e ordenaste a Teus Apóstolos que anunciassem a Tua Ressurreição, ó Cristo nosso Deus, // Tu Que concedes ao mundo a Tua infinita misericórdia.

Tropárion, Tom 4
Alegra-te, ó deserto que não deste à luz! / Tem bom ânimo, ó tu que não sentiste as dores do parto! / Pois o homem dos desejos espirituais multiplicou filhos para ti, / plantando-os com piedade e nutrindo-os com abstinência / até a perfeição das virtudes. / Através de suas súplicas, ó Cristo Deus, // traz paz à nossa vida.

Kondákion da Ressurreição
O poder da morte não é mais suficientemente forte para manter presos os homens mortais. / Pois Cristo desceu, fazendo em pedaços e destruindo esse poder. / O inferno agora está atado, / e os Profetas, em uma só voz, rejubilam grandemente, / dizendo: “O Salvador veio, // ide todos, vós Fiéis, para Sua Ressurreição”.

Kondákion da Festa, Tom 4
Tu apareceste hoje no Universo, Senhor, / e a Tua Luz mostrou-se a nós, / que, reconhecidos, Te cantarmos: / Tu vieste e Te manifestaste, // ó Luz Inacessível!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo

Tom 8: A criação encontrou alegria em tua honrada natividade / e em tua divina memória, ó venerável, / recebendo a boa alegria de teus muitos milagres. / Dá abundantemente deles às nossas almas, e lava a contaminação de nossos pecados, // para que possamos cantar: Aleluia!

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos cristãos ...

Prokímenon, no 7º Tom

R. O Senhor dará força ao Seu povo; 
o Senhor abençoará o Seu povo com paz.

V. Trazei ao Senhor, filhos de Deus, trazei ao Senhor os filhos de carneiros.

No mesmo tom:

Custosa é aos olhos do Senhor a morte dos Seus Santos.

1 Timóteo 4:9-15

Irmãos, esta palavra é fiel e digna de toda a aceitação; porque para isto trabalhamos e somos injuriados, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis. Manda estas coisas e ensina-as. Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita estas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos.

Aleluia no 7º Tom

É bom louvar ao Senhor e cantar ao Teu Nome, ó Altíssimo.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

Proclamar de manhã a Tua misericórdia e à noite a Tua verdade.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

No 6º tom

Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, 
E que se apraz em Seus Seus mandamentos.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

Lucas 19:1-10

Fragmento 94 - Naquela época, Jesus entrou em Jericó. E havia um homem chamado Zaqueu, o qual era o principal entre os coletores de impostos, e era rico. Ele tentou ver Quem era Jesus, mas não conseguiu por causa da multidão, porque ele era de pequena estatura. E correndo na frente, subiu num sicômoro para vê-Lo, já que Ele tinha que passar por ali. E chegando a este lugar, Jesus olhou para cima e disse-lhe: “Zaqueu, desce depressa; por hoje preciso estar na sua casa”. E ele apressadamente desceu e o recebeu com alegria. E quando eles viram isto, todos começaram a murmurar e dizer: “Ele foi se hospedar com o homem pecador”. E Zaqueu levantou-se e disse ao Senhor: “Eis que metade do que tenho, Senhor, dou aos pobres, e se alguma coisa forçada e injustamente tomei de alguém, vou compensar quatro vezes”. E Jesus disse-lhe: “Hoje a salvação veio a esta casa, porque este também é filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio buscar e salvar o que estava perdido”.

Canto da Comunhão

Louvado seja o Senhor nos céus, 
louvado Seja nas alturas!

A memória dos justos será eterna; 
eles não temem as más notícias.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

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HOMILIA

Os textos de hoje nos falam de esforço e desejo. O maior inimigo destes dois é a preguiça. Os Pais do Deserto, especialmente Evágrio Pôntico, já a classificavam como uma das principais doenças da alma, uma das oito pulsões geradas a partir do pecado que nos alijam de todo o bem. Geralmente a preguiça é alimentada pela gula. Todos os querem vencer a preguiça, necessitam primeiramente combater a gula.

Estas pulsões, nos ensinam também os Santos Padres, só podem ser vencidas pela Graça e a ascese, ou seja, o esforço espiritual, aquilo que São Paulo chama de “exercício da piedade”. As principais ferramentas deste combate são as orações, os jejuns, a caridade e as dignas participações da Eucaristia. Destes esforços e de seu fruto, assim nos diz São Pedro:

“Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pedro 1:8).

Sem este combate a alma não progride. E naquele no qual este combate ou esforços estão ausentes, nos diz o mesmo Apóstolo, que o tal é “ cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados” (2 Pedro 1:9).

O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma.

No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu” que consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas.

A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada, como fruto de sua fé e esforço pessoal: Zaqueu (Lucas 19:8-10; Tiago 2:24). 

Na perspectiva mistagógica podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “shatam” significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.

O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu.

O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece nas duas margens do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos).

Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão).

A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo.

Padre Mateus (Antonio Eça)

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sábado, 1 de fevereiro de 2025

32º Sábado Depois de Pentecostes

01 de Fevereiro de 2025 (CC) 19 de Janeiro (CE)
S. Macário, o Grande, bispo do Egito, eremita († c. 390)
São Marcos, de Éfeso (1457)
Entronização de Sua Santidade Cirilo, Patriarca de Moscou e Toda Rússia
Tom 6



São Macário nasceu no alto Egito, no ano 300, e passou sua juventude trabalhando como pastor, nos campos. Movido por uma intensa graça, afastou-se do mundo, ainda muito jovem, confinando-se em uma estreita cela onde dividia seu tempo entre oração, práticas penitenciais e a fabricação de esteiras.

Uma mulher o acusou falsamente de ter sido violentada por ele. Por causa disso, Macário foi preso, maltratado e chamado de hipócrita disfarçado de monge. Tudo isso ele sofreu com paciência e ainda enviou a mulher produtos de seu trabalho, e dizia para si mesmo: «Agora, Macário, tens que trabalhar mais, pois tens que sustentar a mais um».Deus, porém, deu a conhecer sua inocência: a mulher que lhe havia caluniado não pode dar à luz a criança até que revelasse o nome do verdadeiro pai. Isto fez com que a raiva que o povo sentia dele se tornasse admiração por causa de sua humildade e paciência.

Para fugir da estima dos homens, Macário, quando já contava com 30 anos, refugiou-se em um vasto e melancólico deserto de Esquita. Assim viveu 60 anos e foi pai espiritual de inúmeras servos de Deus que lhe confiaram a direção espiritual e o governo de suas vidas com as regras que ele traçava. Todos viviam em eremitérios separados. Só um discípulo vivia com ele, encarregado de receber as visitas. Um bispo egípcio ordenou Macário sacerdote para que pudesse celebrar os Divinos Mistérios para seus irmãos eremitas. Mais tarde, quando o número dos eremitas aumentou, foram construídas 4 igrejas que eram atendidas por outros tantos sacerdotes.

Macário Lavava um vida muita austera, alimentando-se uma vez por semana. Certa ocasião, seu discípulo Evágrio, ao vê-lo torturado pela sede, lhe rogou que tomasse um pouco de água. Macário limitou-se a descansar um pouco à sombra e disse: «Nestes 20 anos, jamais comi, bebi ou dormi o suficiente para satisfazer a minha natureza». Seu corpo estava debilitado e fraco, seu rosto pálido. Para contradizer suas inclinações, não recusava beber um pouco de vinho, quando outros lhe pediam. Depois, se abstinha de toda bebida durante dois ou três dias. Diante disso, seus discípulos decidiram impedir que os visitantes lhe oferecessem vinho. Macário falava poucas palavras quando dava conselhos e recomendava o silêncio e a oração contínua para toda e qualquer pessoa. Costumava dizer: 
«Na oração, não faz falta dizer muitas coisas, nem empregar palavras escolhidas, basta repetir sinceramente: «Senhor, dá-me a graça que Tu sabes que necessito». Ou: «Meu Deus, ajuda-me».
Sua mansidão e paciência eram tão extraordinárias que levou muitos sacerdotes pagãos e outras pessoas à conversão. Certa vez, Macário pediu a um jovem, que lhe procurou para um conselho, que fosse a um cemitério e lá insultasse os mortos com gritos. Quando o jovem voltou, Macário perguntou o que tinham respondido os defuntos. O jovem respondeu que os mortos não responderam nada. Macário disse então: 
«Faz o mesmo quando te insultarem e quando gritarem contigo. Só morrendo para o mundo e para ti mesmo, poderás começar a servir a Cristo».
Um ermitão que sofria fortes tentações contra a pureza foi consultar Macário que, depois de examinar o caso, chegou a conclusão de que as tentações eram resultantes da indolência do monge. Aconselhou então que o monge não se alimentasse antes do cair do sol, que se entregasse a contemplação durante o trabalho e que trabalhasse sem cessar. O monge seguiu estes conselhos e se viu livre das tentações.

Deus revelou a Macário que ele não era mais perfeito que duas mulheres casadas que viviam na cidade.  Ele foi visitá-las e averiguar como faziam elas para santificar-se e descobriu que nunca diziam palavras ásperas nem ociosas, que viviam em humildade, paciência e caridade com seus maridos, e que santificavam todas as suas ações com a oração, consagrando para a glória de Deus todas as suas forças corporais e espirituais.

Certa vez, um herege da seita dos hieracitas, que negavam a ressurreição dos mortos, havia espalhado inquietações em vários cristãos. Sózimo. Paládio e Rufino relatam que São Macário ressuscitou um morto para conformar os cristãos em sua fé. Segundo Cassiano, Macário se limitou a que o morto falasse e lhe ordenou que esperasse a ressurreição no sepulcro.

Lúcio, bispo ariano que havia usurpado a Sé de Alexandria, enviou tropas ao deserto para que dispersassem os piedosos monges, alguns dos quais derramaram seu sangue testemunhando sua fé. Os principais monges, Isidoro, Pambo, os dois Macários e outros foram desterrados a uma pequena ilha do Nilo, rodeada de pântanos. Pelo exemplo e pelas pregações dos monges, todos os habitantes da ilha se converteram do paganismo. Lúcio então autorizou que retornassem às suas celas. Sentindo que se aproximava seu fim, Macário fez uma visita aos monges de Nitria e lhes exortou com palavras tão profundas que estes se ajoelharam a seus pés chorando.

Macário foi chamado por Deus aos 90 anos, depois de haver passado 60 no deserto de Esquita. Segundo o testemunho de Cassiano, Macário foi o primeiro anacoreta daquele vasto deserto. Alguns autores afirmam que ele foi discípulo de Santo Antônio, porém é pouco provável que tenha sido dirigido espiritualmente por Santo Antônio, antes de ir ao deserto. Contudo, parece que, mais tarde, Macário teria visitado Santo Antônio algumas vezes, pois vivia a uns 15 dias de distância um do outro.
 
Comemoração de São Marcos, Arcebispo de Éfeso

São Marcos Eugênio, Arcebispo de Éfeso, foi um poderoso defensor da Ortodoxia no Concílio de Florença. Ele não concordaria com uma união com Roma com base 
na conveniência política e sacrifício do compromisso teológico (o Imperador Bizantino buscava a assistência militar do Ocidente contra os muçulmanos que se aproximavam cada vez mais de Constantinopla). São Marcos rebateu os argumentos dos seus oponentes, baseando-se no poço da teologia pura e nos ensinamentos dos santos Padres. Quando os membros da sua própria delegação tentaram pressioná-lo a aceitar a União, ele respondeu: 
“Não pode haver compromisso em questões da Fé Ortodoxa”.

Embora os membros da delegação Ortodoxa tenham assinado os Tomos de União, São Marcos foi o único que se recusou a fazê-lo. Ao retornar de Florença, São Marcos exortou exitosamente os habitantes de Constantinopla a repudiar o desonroso documento de união. Morreu em 1457, aos cinquenta e dois anos, admirado e homenageado por todos. 
Tropárion, Tom 4: Pela tua profissão de fé, ó todo louvado Marcos / A Igreja descobriu que és um apaixonado pela verdade. / Tu defendeste o ensino dos Padres; / e derrubaste a escuridão do orgulho arrogante. // Interceda junto a Cristo Deus para conceder perdão aos que te honram!

Kondákion, Tom 3: Vestido com armadura invencível, ó Bendito, / derribaste o orgulho rebelde; / Tu serviste como instrumento do Consolador, / e resplandeceste como um campeão da Ortodoxia. / Por isto a ti clamamos: // “Rejubila-te, Marcos, orgulho dos Ortodoxos!”

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 Tessalonicenses 5:14-23

Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos. Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos. Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

Lucas 17:3-10

Fragmento 84 - O Senhor disse: “Atentai: Se teu irmão te ofender, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoe-o. E se ele pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia voltar para ti, dizendo: Arrependo-me; tu o perdoarás”. E os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé”. E o Senhor disse: “Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta figueira: Arranca-te pela raiz e te plantes no mar; e ela te obedecerá. Mas qual de vós, tendo um servo que ara ou apascenta gado, quando ele voltar do campo, lhe dirá: Vai sentar-te para comer? E não lhe dirá antes: Prepara-me para cear, cinge-te e serve-me até que eu coma e beba; e depois comerás e beberás? Ele agradece àquele servo porque ele fez as coisas que lhe foram ordenadas? Suponho que não. Assim também vós, quando tiverdes feito todas as coisas que vos foram ordenadas, dizei: ‘Somos servos inúteis; pois fizemos apenas o que era nosso dever fazer’.”

† † †