quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

1ª Quarta-feira do Triódion

Quarta-feira do Publicano e do Fariseu
35ª Quarta-feira Depois de Pentecostes
04 de Fevereiro de 2015 (CC) - 22 de Janeiro (CE)
S. Timóteo, apóstolo [dos 70] (fim séc. I)
1º Modo




São Timóteo, o discípulo amado de São Paulo, era natural da cidade de Listra de Licaonia. Seu pai era um grego pagão e sua mãe, Eunice, era uma judia que abraçou o cristianismo, juntamente com a avó de Timóteo. São Paulo elogiava a fé destas duas mulheres. 
Desde a sua juventude, Timóteo havia se dedicado por completo ao estudo da Sagrada Escritura e, quando São Paulo estava pregando em Licaonia, os cristãos de Icônio e Listra elogiaram de tal modo a Timóteo, que o Apóstolo Paulo o escolheu por companheiro para substituir Barnabé. Isso fez com que o «Apóstolo dos gentios» pusesse de manifesto seu zelo e sua prudência, pois que, embora pouco antes tivesse se recusado a fazer circuncidar a Tito, cujos pais eram pagãos, a fim de demonstrar a liberdade do Evangelho e refutar aqueles que afirmavam que o rito da circuncisão tinha permanecido como preceito na Nova Lei, fê-lo circuncidar, no entanto, a Timóteo, filho de uma judia, acreditando que com isso se pudesse se fazer mais aceitável aos olhos dos judeus, ao mesmo tempo em que demonstrava que não era um inimigo da lei. São João Crisóstomo elogia a prudência que demonstrou nisto o Apóstolo São Paulo. A isso se acrescenta a fidelidade e a obediência de Timóteo ao apóstolo que, impôs as mãos sobre este discípulo confiando-lhe o ministério da pregação. A partir de então, não o tinha apenas como seu discípulo e filho muito querido, mas como um irmão e companheiro de trabalho. São Paulo lhe chamava «homem de Deus», e na sua Epístola aos Filipenses, disse, em relação a Timóteo, que a ninguém estava mais unido em espírito. 
São Paulo visitou Listra e depois todo o resto da Ásia Menor. Embarcou com destino à Macedônia e pregou em Filipos, Tessalônica e Berea. Perseguido pela fúria dos judeus, teve que deixar a cidade, deixando, portanto, ali Timóteo para que confirmasse a fé dos neófitos. Ao chegar em Atenas, ele mandou buscá-lo, mas tomando conhecimento de que os cristãos tessalonicenses estavam sendo cruelmente perseguidos, enviou Timóteo, como seu representante, para animá-los. Timóteo se encontrou depois com São Paulo em Corinto para lhe dar conta de seus triunfos. Em seguida, o Apóstolo escreveu sua primeira epístola aos Tessalonicenses. Depois, prosseguiu com suas viagens: de Corinto foi a Jerusalém e depois a Éfeso onde permaneceu dois anos. Planejava, no ano 58, retornar para a Grécia e decidiu enviar adiante dele Timóteo e Erasto com instruções para que atravessassem a Macedônia, anunciando aos fiéis sua próxima visita e recolhendo esmolas que ele pretendia enviar aos cristãos de Jerusalém. Após esta viagem, Timóteo foi para Corinto, onde sua presença era necessária para reavivar nos fiéis os ensinamentos de seu mestre. É certo que, a recomendação que faz São Paulo ao seu discípulo (1Cor 16,10), está relacionada com esta viagem. O apóstolo esperou por Timóteo na Ásia Menor e, juntos, saíram para a Macedônia e Acaya. Timóteo se separou novamente em Filipos, voltando a se juntar a ele em Tróia. São Paulo foi preso em seu retorno à Palestina e enviado para Roma após dois anos de prisão em Cesaréia. Timóteo parece ter estado com ele durante quase todo o tempo, e São Paulo o cita no cabeçalho de suas epístolas a Filêmon e aos Filipenses. Timóteo também foi feito prisioneiro por Cristo e confessou o seu Nome na presença de muitas testemunhas, mas foi deixado em liberdade. Foi eleito bispo, ao que parece, por inspiração especial do Espírito Santo. Quando Paulo regressou de Roma, deixou Timóteo à frente da igreja de Éfeso para acabar com os falsos mestres e ordenar sacerdotes, diáconos e, ainda, bispos. São João Crisóstomo e outros Pais da Igreja supõem que o apóstolo tenha confiado a Timóteo todas as igrejas da Ásia. Todos falam de Timóteo como o primeiro bispo de Éfeso. 
São Paulo escreveu sua primeira carta a Timóteo da Macedônia, a segunda de Roma, onde estava prisioneiro, pedindo para que fosse vê-lo na capital do império, antes de sua morte. Esta segunda carta é uma explosão de ternura de São Paulo por seu discípulo, alenta-o em suas dificuldades, procura reavivar nele a coragem e o fogo do Espírito Santo que a ordenação lhe havia dado e lhe dá instruções sobre os falsos irmãos daquela época, prevendo novas desordens e dificuldades na Igreja. 
São Timóteo bebia apenas água, mas como sua saúde estava abatida pela grande austeridade, São Paulo lhe aconselhou para que tomasse um pouco de vinho. Diz São João Crisóstomo: «Ele não lhe disse simplesmente: ‘beba vinho’, mas, ‘beba um pouco de vinho’, e isto, não porque Timóteo precisasse desse conselho, mas porque nós é que necessitamos dele». 
São Timóteo era ainda jovem, nesta época, tendo por volta de quarenta anos, ao que parece. Não é, portanto, difícil que tenha ido à Roma para ver o seu mestre. Devemos supor que Timóteo foi nomeado bispo de Éfeso por São Paulo antes da chegada de São João àquela cidade. Uma forte tradição diz que o Apóstolo São João também exerceu o apostolado em Éfeso e que supervisionava todas as igrejas da Ásia. 
São Timóteo foi apedrejado e espancado por pagãos ao manifestar a sua oposição às suas cerimônias. Com efeito, em 22 de janeiro comemorava-se a festa chamada Katagogia, e nesse dia os pagãos percorriam a cidade em grupos, levando em uma mão um ídolo na outro um pedaço de pau. Há evidências de que as supostas relíquias de São Timóteo tenham sido levadas para Constantinopla, durante o reinado de Constâncio. São João Crisóstomo e São Jerônimo aludem aos sinais sobrenaturais que ocorreram no santuário de Constantinopla, como um assunto que era do conhecimento comum. 



2 Pedro 3:1-18

1 Amados, já é esta a segunda carta que vos escrevo; em ambas as quais desperto com admoestações o vosso ânimo sincero; 2 para que vos lembreis das palavras que dantes foram ditas pelos santos profetas, e do mandamento do Senhor e Salvador, dado mediante os vossos apóstolos; 3 sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas próprias concupiscências, 4 e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. 5 Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; 6 pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; 7 mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios. 8 Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. 9 O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. 10 Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. 11 Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade, 12 aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? 13 Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça. 14 Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensível em paz; 15 e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; 16 como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, nas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição. 17 Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que pelo engano dos homens perversos sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; 18 antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade.   

Marcos 13:24-31

24 Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; 25 as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados. 26 Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. 27 E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. 28 Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão. 29 Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas. 30 Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam. 31 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.2) 




MEDITAÇÃO



Santo Efrém, o Sírio (séc. IV)

“És, Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morrem”

Lutador valente! O dia do juízo será o fim dos teus trabalhos; entraste no combate e saíste vitorioso, consumaste a carreira e guardaste firme a fé; o Filho de Deus recompensará os teus esforços: aquele dia será para ti dia de prêmio. Quando elevar-se o Oriente desde o alto do céu para redimir-nos das trevas do sepulcro, pede-lhe que as orações lhe sejam holocaustos e oblações gratíssimas; confia que ao vir o Senhor também ouvirás sua voz e ressuscitarás.

Filhos, recebei a doutrina de vosso pai, o testamento de sua herança: ambas procedem do Senhor e permanecerão para sempre. Com exceção de sua doutrina, tudo passa, tudo é efêmero: o mundo passa, passam as ilusões e os sofrimentos; somente perdura a vida naqueles que viveram bem e a assumiram como tempo de ganhar méritos. Esses, ao final dos séculos, buscarão o Rei, que virá majestoso. As coisas boas que nos ensinaram, estas não passam; dai-me, caríssimos, este consolo de que todos, todos, caminheis na verdade e na sã doutrina, pois assim, quando o esposo se tornar visível, eu também me alegrarei da felicidade de meus filhos.

Ai! Vejo-me obrigado a deixar todos os bens que juntei, até a veste, e nu e pobre partir deste mundo. Todas as riquezas em que abundava e a própria vida me abandonam: as honras, os tesouros ficam na padieira de meu mausoléu; não podem passar adiante, aonde colocam o seu dono. Meus parentes também partirão, me desprezarão. Somente o olhar-me lhes ofenderá; e minha mulher e meus filhos, ao ver-me despojado de minha primeira honra, no mesmo instante sairão, aterrados pelo vazio da noite que rodeará meu cadáver.
Ricos e poderosos, venham aqui e considerai qual é a transformação que se opera em tudo que é nosso, e qual seu paradeiro final... És, Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morrem, ainda que para ti não estejam perdidos os que morrem, mas adormecidos... Pois, segundo isto, meu Deus, que me purifiques com a tua graça das máculas com que me sujou minha depravada natureza, não vão fechar-me a entrada de glória prometida à virtude.

O nascimento de nosso Rei invicto comoveu o orbe inteiro, e, admirado, correu atrás dele. Ressuscitou aos mortos, deu vista aos cegos, limpou os leprosos, venceu a morte e o demônio e assegurou a liberdade de nossa estirpe. Ele mesmo, morto e sepultado, saiu do sepulcro cheio de glória e claridade para voltar ao céu, à destra de seu Pai. Quando chegue a hora, descerá segunda vez ao mundo com grande majestade, rodeado das hostes dos espíritos celestiais. Então cumprirá a promessa feita no Evangelho e realizará a sua ascensão triunfante aos céus e dará para sempre a herança íntegra da bem-aventurança eterna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário