terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Domingo do Perdão

Domingo da Abstinência de Lacticínios
22 de Fevereiro de 2015 (CC) – 09 de Fevereiro (CE)
Mártir Nicéforo de Antioquia (257 dC)
4º Modo



O Perdão é o tema central do Evangelho deste Domingo que também é conhecido como «Domingo da Abstinência de Laticínios». A Igreja, Mãe e Mestra, propõe a seus filhos que se abstenham de certos alimentos, não para nos punir, mas para nos educar, porque nos ama a todos. Uma das grandes dimensões do amor verdadeiro, além das manifestações singelas de carinho e afeto, é a correção. A Igreja nos ama como filhos. Amando-nos nos corrige para nos levar à santidade. Se deixarmos nossas vontades agirem livremente, aos poucos, nos tornaremos seus escravos. Deixar de comer carne ou produtos derivados do leite não são apenas preceitos, mas atitudes que podem revelar o quanto somos dominados ou não pelas inclinações da carne. O excesso de comida ou de bebida «destrói a obra de Deus», nos diz o apóstolo Paulo. (Rm 14). Na Epístola deste domingo, o mesmo apóstolo nos admoesta:

«Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e nos revistamos das armaduras da luz. Revesti-vos do Senhor Jesus e não façais caso da carne para satisfazer os apetites». (Rm 13).

O Pai misericordioso está sempre pronto a estender a todos o perdão divino. No entanto, a condição para merecê-lo, é que também nós estejamos prontos a estender o mesmo perdão aos nossos irmãos devedores. No gesto de perdão, revelamos nossa identidade de cristãos, manifestando a misericórdia de nosso Deus. Perdoar é alcançar o estágio mais elevado do amor pelo inimigo. É o amor que cura as feridas e restaura nossas dores a partir de dentro. Amar nossos inimigos, preceito máximo da doutrina de Jesus, é ser capaz de perdoar os que nos causaram o mal. O perdão substituiu a vingança e a justiça baseada nas mensurações puramente humanas, pelo amor. O perdão se baseia na lei do Amor, por isso muitas vezes não é compreendido.

Artur da Távola, teólogo e filósofo da atualidade, em crônica publicada no jornal O Dia do Rio de janeiro em 28 de março de 2002 com título: «Como é difícil perdoar!» nos faz uma triste constatação logo no início: diz o autor: «Pouca gente, mesmo entre cristãos, compreende o sentido profundo do perdão. A maioria pensa que é forma de anistia do sentimento, ato interno capaz de compreender o ofensor e desculpá-lo no fundo do coração misericordioso. Este primeiro degrau do perdão já é difícil de ser galgado. E a propósito da Semana Santa, quero dizer o seguinte: O verdadeiro sentido da revolução cristã do perdão, porém, é outro, e bem mais radical: mais que ausência de ódio no coração do ofendido, o perdão é ação de amor na direção do ofensor. O cristianismo é tão revolucionário que exige do ser humano não apenas a grandeza de compreender e desculpar o ofensor, mas a capacidade de amá-lo. Perdoar é per+doar, isto é, "doar amor através (per) do ofensor».

Neste dia realiza-se, nas igrejas ortodoxas, um rito especial durante o qual todos, começando pelos sacerdotes, pedem perdão uns aos outros pelas ofensas cometidas, intencionais ou não. A Quaresma é um tempo de intensa luta contra o pecado e é muito importante começar o jejum com uma consciência limpa, sem o peso de saber que estamos em divida moral com alguém. O Evangelho nos diz que, se não perdoarmos aos outros as suas faltas, o Pai também não nos perdoará as nossas. Neste dia, vamos à Igreja para pôr em prática estas palavras, aproximando-nos uns dos outros e pedindo perdão. E ouviremos a resposta tradicional: «Deus perdoará!» Com o perdão, começamos o caminho rumo ao renascimento espiritual, e o Senhor nos ajudará a dar este primeiro passo. «Abençoai e perdoai-me, pais, irmãos e irmãs!»


MÁRTIR NICÉFORO DE ANTIOQUIA

Nicéforo, o Antioquino viveu e foi martirizado durante o império de Valeriano e de Galeriano. Era um homem cuja simplicidade o fez unir-se a um sacerdote da cidade, chamado Sapricio. A amizade entre Nicéforo e Sapricio era tão grande que agiam como uma só alma, um só coração e uma só vontade. A inveja do maligno, porém, com suas ardilezas, injetou veneno naquela amizade, transformando-a em inimizade. Com o passar do tempo, a inimizade foi crescendo, ao ponto de um querer destruir o outro. Niceforo, porém, por misericórdia de Deus, percebeu quão horrível era o ódio, e que tinha caído nas armadilhas de Satanás. Arrependeu-se e, para demonstrar o desejo de reconciliação, enviou alguns intermediários para que transmitissem seu perdão a Sapricio. O coração do sacerdote, no entanto, estava empedernido pelo ódio. Depois de muitas tentativas fracassadas, Nicéforo se apresentou diante de seu antigo amigo e se prostrou ante seus pés, pedindo-lhe perdão. Sapricio, porém preferindo ater-se aos seus sentimentos de ódio, afastou-se dele, demonstrando total indiferença. 
No ano 260, a onda de perseguição aos cristãos recomeçou. Sapricio foi capturado e levado a presença do governador que lhe interrogou: “Como te chamas?” Respondeu ele: “Sapricio”. “Qual é tua fé”, perguntou o Imperador. Sapricio respondeu: “Sou cristão”. “És clérigo?” “Tenho a honra de ser sacerdote, e nós cristãos professamos nossa fé em um só Deus e Senhor Jesus Cristo que é verdadeiro Deus, criador do céu e da terra; e não reconhecemos a divindade dos deuses dos gentios. O governador se enfureceu e mandou que fosse torturado.

Apesar de todos os açoites e castigos, Sapricio não vacilou e a graça de Deus esteve com ele até o momento em que o governador lhe disse: “o sacerdote dos cristãos está convencido que ressuscitará para uma segunda vinda; que ele seja então entregue aos executores para que sua cabeça seja decepada de seu corpo.” Com muita fé, o sacerdote foi conduzido até o local de sua execução. Enquanto isso, Nicéforo estava muito confuso: satisfeito por seu amigo ter a graça de sofrer o martírio, porém preocupado por desejar ser purificado de qualquer mancha. Aproximou-se dele, em meio a multidão, prostrou-se diante dele e disse; “Ó mártir de Cristo, perdoa-me pelos pecados que cometi contra ti”. Sapricio se manteve em silêncio; não disse uma palavra e nem olhou para  ele. Então os soldados o açoitaram e dele caçoavam dizendo: “este insensato está pedindo perdão a um homem que está a beira da morte”. Por fim chegaram ao lugar da execução e o carrasco ordenou que Sapricio se abaixasse para lhe cortar a cabeça. Porém, já que a divina graça lhe tinha deixado por causa de sua atitude rancorosa, começou a gritar: “porque querem cortar a cabeça? Responderam: “porque te recusas a adorar nossos deuses e a obedecer às ordens do imperador por amor àquele chamado Jesus”. Sapricio respondeu: “irmãos, não me matem; estou disposto a fazer tudo o que me pedem”. Ouvindo aquilo, Nicéforo dizia: “Que lástima! Sapricio fraquejou”. E gritava: “Que estás fazendo, irmão meu? Negas a Cristo, nosso bom Mestre? Não percas a coroa que ganhaste por seus sofrimentos e dores”. Sapricio não quis escutá-lo. Então Nicéforo se apresentou diante do verdugo e disse: “Eu sou cristão e creio em Jesus Cristo quem este miserável acabou de negar. Estou disposto a morrer em seu lugar”. Todos os presentes ficaram surpreendidos e os soldados, confusos, consultaram o Imperador dizendo: “Sapricio decidiu fazer oferendas aos deuses, porém aqui existe um homem que professa sua fé em Cristo e diz estar disposto a morrer por Ele”. O governador então ordenou que libertassem Sapricio e que executassem Nicéforo que foi glorificado no dia 9 de fevereiro do ano 260. O Oriente e o Ocidente cristãos recordam sua memória neste dia. Suas intercessões estejam com todos nós. Amém..


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HORA SEXTA


MATINAS (IV)


Lucas 24:1-12


1 Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado. 2 E acharam a pedra revolvida do sepulcro. 3 Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus. 4 E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes apareceram dois varões em vestes resplandecentes; 5 e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive? 6 Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galiléia. 7 dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja. 8 Lembraram-se, então, das suas palavras; 9 e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais. 10 E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos. 11 E pareceram-lhes como um delírio as palavras das mulheres e não lhes deram crédito. 12 Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido. 



LITURGIA


Romanos 13:11-14:4


11 E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando nos tornamos crentes. 12 A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. 13 Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. 14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências. 1 Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. 2 Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. 3 Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. 4 Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.

Mateus 6:14-21


14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; 15 se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. 16 Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 19 Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. 

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