domingo, 13 de março de 2016

Domingo do Perdão

Semana da Abstinência de Queijo
13 de Março de 2015 (CC) - 29 de Fevereiro (CE)
São João Cassiano, o romano (Séc. IV e V)
 Modo 8 





Nasceu aproximadamente no ano de 360 possivelmente no Império Romano do Oriente, na Cítia Menor (atualmente Romênia). Ainda jovem ingressou no mosteiro de Belém, na Palestina. Depois ele viajou pelo Egito, visitando vários mosteiros. Num deles, em Constantinopla, foi consagrado diácono por João Crisóstomo, o patriarca de Constantinopla, de quem se tornou amigo. Quando Crisóstomo foi exilado, no ano de 404, João Cassiano foi enviado a Roma para pleitear sua causa diante do papa Inocêncio I. Posteriormente, Cassiano fundou seu próprio mosteiro, no ano de 410, no estilo egípcio perto de Marselha, na França. Conhecido como Abadia de São Vítor, que foi um dos primeiros mosteiros masculinos, e o de São Salvador, feminino, ambos servindo de modelo para o desenvolvimento do período monástico ocidental. Ele é considerado o fundador do monasticismo ocidental. No mosteiro de Marselha estudaram vários teólogos relativamente brilhantes, dentre eles se destacam Vicente de Lérins e Fausto de Riez e o local se transformou no principal foco de oposição à teoria monergística, defendida por Agostinho. Os três juntos formaram a base de oposição, especialmente contra a crença na predestinação divina sustentada por Agostinho e seus seguidores. As principais obras de Cassiano foram: Da instituição do monasticismo ; Discursos espirituais e Da encarnação do Senhor contra Nestório . João Cassiano morreu no ano de 435, seus restos mortais estão na Abadia do Mosteiro de São Vítor em Marselha, na França.


MATINAS (VIII)

João 20:11-18

11 Maria, porém, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava, abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro, 12 e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. 13 E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu- lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram. 14 Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus. 15 Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. 16 Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico: Raboni! - que quer dizer, Mestre. 17 Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. 18 E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor! - e que ele lhe dissera estas coisas. 

LITURGIA

Romanos 13:11-14:4

11 E isso fazei, conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando nos tornamos crentes. 12 A noite é passada, e o dia é chegado; dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. 13 Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. 14 Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências. 1 Ora, ao que é fraco na fé, acolhei-o, mas não para condenar-lhe os escrúpulos. 2 Um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come só legumes. 3 Quem come não despreze a quem não come; e quem não come não julgue a quem come; pois Deus o acolheu. 4 Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar.

Mateus 6:14-21

14 Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; 15 se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. 16 Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. 17 Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, 18 para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. 19 Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 20 mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam. 21 Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. 


Metropolita Chrysóstomos

MEDITAÇÃO PARA O DOMINGO DO PERDÃO

Este é o quarto e último domingo da temporada preparativa para a Grande Quaresma, e amanhã iniciamos o período bendito da Grande Quaresma.

No "Domingo do Fariseu e do Publicano", Cristo abre as portas do arrependimento e inicia o caminho que conduz à Grande Quaresma.

No "Domingo do Filho Pródigo" se direciona o olhar para o Pai, a meta da Grande Quaresma.

No "Domingo do Juízo Final" e da "Abstinência de Carne", se medita sobre a importância do próximo, porque com ele se cumprirão as "obras do amor".

E hoje, no "Domingo do Perdão", se dá ao próximo o beijo de amor para iniciar o jejum com alegria, reconciliando-nos com Deus e com o próximo, e, por conseguinte, conosco mesmo.

Nos Ofícios e orações deste domingo, como assim também na passagem do Evangelho (Mt 6:14-21), duas temáticas se sobressaem. 

A primeira trata da comemoração da expulsão de Adão do Paraíso, o qual o deixa em lágrimas. Os hinos e as leituras bíblicas comparam a situação paradisíaca com a situação posterior à queda, a qual realmente merece o pranto e o arrependimento, algo que os hinos reiteram exaustivamente.

A segunda temática trata do perdão, isto é, pedir perdão a Deus e perdoar ao próximo. Sobre isto nos fala a passagem do Evangelho: o perdão que Deus nos concede e o perdão que devemos conceder aos demais. Justamente antes de tratar do tema do jejum. Por meio desta celebração, a Igreja conclui este período de preparação com o perdão, e inicia a Grande Quaresma.

Assim, ambas as temáticas - a do pranto de Adão pela expulsão do Paraíso e a de pedir o perdão de Deus e perdoar ao próximo - se reúnem em um único tema, que é o jejum.

Acaso não é pelo fato de não haver obedecido a Deus, e de haver transgredido o mandamento de jejuar (ou seja, não comer da árvore proibida) a causa da expulsão de Adão do Paraíso? Agora, o jejum é a ferramenta que possibilitará a reconciliação entre os seres humanos Deus, pois, o jejum nos brinda com o perdão Divino pelo arrependimento das nossas transgressões.

Este domingo nos recorda dois acontecimentos. O primeiro é a expulsão de Adão do Paraíso; o momento da separação entre Deus e o homem, momento este retrato nas Bíblia com imagens fortes, pois Deus põe querubins para vigiar as portas do Paraíso com uma espada de fogo em suas mãos. É uma imagem que dá a entender que a porta está fechada frente a qualquer intento de reconciliação com Deus, depois que Adão e Eva se descuidaram do "jejum". O segundo é o anuncio antecipado do perdão de Deus, outorgado com a esperança de que os homens se perdoarão para que o perdão Divino se cumpra completa e definitivamente, como claramente fala a Escritura. Este será o momento da "reconciliação" com Deus.

Nos reconciliaremos com Deus por meio do jejum, o qual deve ser iniciado perdoando o próximo e nos reconciliando com ele. Pode ser que seja mais fácil ajudar a um pobre ou nos compadecer de um estranho; mas, o mais difícil é perdoar ao nosso próximo (o perdão entre Fiéis e próximos), pois, a reconciliação somente ocorre quando o amor chega realmente a superar nosso amor por nós mesmos e a todo orgulho pessoal. Será a prova que temos posto ao próximo não somente acima de algumas de nossas razões, como também acima da nossa própria dignidade; porque ao nos reconciliar com nosso próximo, alcançamos agradar o coração Divino e sentir paz.

Por isto a Igreja estabeleceu em seu culto (e o culto é a forma visível da vivência da Fé), que todos os cristãos se reúnam no Ofício das "Vésperas do Domingo do Perdão", e ao final do Ofício troquem o beijo da paz entrei e se abracem mutuamente como sinal de reconciliação e amor verdadeiro. A Tradição da Igreja Ortodoxa prevê que o Bispo junto com todos os Sacerdotes e Fiéis se congreguem na tarde daquele dia, para celebrar o Ofício de Vésperas, que se peçam mutuamente perdão a fim de iniciar a Grande Quaresma com alegria e determinação. Este gesto também pode igualmente se dar ao final da Divina Liturgia deste domingo.

Depois de abordar a necessidade de perdoar ao próximo para obter o perdão Divino, o texto bíblico aborda o tema do jejum, o qual deve ser acompanhado de sinais de alegria e não com "rostos tristes" para que as pessoas percebam que estamos jejuando.

Sim, a Quaresma não é um período em que nos torturamos, nem que nos castigamos, tão pouco se trata de "pagar" nossas dívidas para com Deus. A Quaresma é o período no qual predomina o amor fraterno, e o sentido de amor a Deus e à Luz que Ele nos concedeu. O jejum é o período no qual nos enchemos da Graça Divina derramada em nossos corações e nos alegramos com a presença da Graça em nós, a tal ponto que "nos esquecemos de comer nosso pão" - Salmo 101(102):4. A Quaresma é o período no qual não vivemos competindo por um pedaço de pão; é o período em que "o pão nosso de cada dia" se converte no pão dos anjos - quer dizer, louvor - e também em dar de comer ao próximo - quer dizer, amor.

Assim nos exorta o Ofício de Vésperas celebrado neste domingo à tarde:

"Iniciemos o período do jejum com alegria, 
Livremente desejando percorrer pela via do combate espiritual;
Purifiquemos nossa alma, purifiquemos nosso corpo,
Jejuando das paixões tal como jejuaremos dos alimentos.
Gozemos, pois, das virtudes do Espírito."

Eis aqui um tempo oportuno, eis aqui o período do arrependimento, o qual poderemos iniciar com uma frase: "Perdoa-me, meu irmão" - e, assim, iniciar juntamente com nosso próximo, a Grande Quaresma com o beijo da paz. Amém

Metropolita Chrysóstomos,
Igreja Ortodoxa Grega (GOC),
Metrópole Autônoma do Equador e América Latina



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