Domingo de São Gregório Palamás
Domingo das Santas Relíquias
27 de Março de 2016 (CC) / 14 de Março (CE)
São Bento de Núrsia, Pai do monaquismo ocidental;
Santo Ícone Milagroso de Feodorov em Kostromo.
Jejum (Vinho e azeite são permitidos)
Modo 2
O Segundo Domingo da Grande Quaresma é dedicado à comemoração de São Gregório Palamas (1296-1359) – Arcebispo de Tessalônica, que em seus dias defende a Ortodoxia, especialmente em assuntos relacionados com a teologia hesicasta.
Sua memória é também comemorada aos 27 (14 de novembro). No Prólogo, lemos um curto exposto de sua vida bem como um belo texto a se refletir:
O pai de Gregório era um eminente oficial na coorte do Imperador Andrônico II Paleólogo. O talentoso Gregório, ao completar seus estudos seculares, não quis entrar suceder no serviço da coorte imperial, retirando-se à contemplação na Santa Montanha (Monte Athos) onde é tonsurado monge. Leva uma vida de ascetismo tanto no Monastéiro de Vatopédi como na Grande Laura. Liderou a luta contra o herege Barlaão derrotando-o, no fim.
É consagrado Arcebispo de Tessalônica no ano de 1347. Glorificado como asceta, teólogo, hierarca e taumaturgo. Governa a Igreja em Tessalônica por treze anos, dentre os quais passou um ano sob o jugo dos sarracenos, na Ásia.Repousa em paz no ano de 1360, tomando posse de sua morada no Reino de Cristo. Suas relíquias repousam em Tessalônica, onde uma linda igreja lhe é dedicada.
Reflexão
São Gregório Palamas era, muitas vezes, instruído por meio de revelações celestiais.
Depois de passar três anos na quietude duma cela monástica da Grande Lavra, foi-lhe pedido que ele se dirigisse para junto dos homens, beneficiando-os com seu conhecimento e sua experiência.
Deus lhe revelou essa necessidade por meio de uma visão extraordinária: certo dia, como que num leve sono, Gregório vê-se segurando um vaso transbordante de leite. Aos poucos, o leite vira vinho, que da mesma forma escorre pela borda do vaso, molhando tanto suas mãos como suas vestes. De repente, um jovem de grande esplendor aparece e lhe dirige a palavra: "Por que não dás aos outros desta bebida maravilhosa que desperdiças tão descuidadamente? Ou não estás ciente de que isso é o dom da graça de Deus?" Ao que Gregório responde: "Mas se não há ninguém em nosso tempo que sinta necessidade de tal bebida, a quem devo dá-la?" O jovem então diz: "Quer haja, quer não haja alguém sedento desta bebida, és obrigado a quitar tua dívida e não negligenciar o dom de Deus". Gregório interpreta o leite como o conhecimento comum (das massas) da vida e a conduta moral, e o vinho como o ensinamento dogmático.
Outra vez, estando retirado num mosteiro a escrever seus Princípios da Ortodoxia, na ocasião da véspera das festividades de Santo Antônio o Grande, os monges o convocam para o ofício da Vigília de toda-noite (Agripinia). Gregório, no entanto, permanece em sua cela, a trabalhar, enquanto todos os irmãos se dirigem à igreja. Santo Antônio subitamente lhe aparece e diz: "A quietude perfeita é boa, mas, às vezes, faz-se necessário estar com os irmãos". Convencido por tal revelação, Gregório se dirige imediatamente à igreja, para a alegria de todos os monges.
Fonte: Prólogo de Ohrid (Aurora da Ortodoxia)
O Venerável Bento
Bento nasceu na província italiana de Núrsia no ano 480 dC, filho de pais ricos e ilustres. Ele não permaneceu muito tempo na escola para que ele percebeu-se que através do estudo secular ele poderia perder "a grande compreensão de sua alma." Assim, deixou a escola "um homem ignorante e sábio ao mesmo tempo, um simples, porém, entendido." Ele se retirou para um mosteiro, onde foi tonsurado pelo monge Romanus. Depois retirou-se para uma montanha íngreme, onde permaneceu em uma caverna por mais de três anos em uma grande luta com sua alma. Romanus lhe trazia e a punha numa corda que Bento fazia descer da caverna.
Quando Bento tornou-se conhecido na vizinhança, ele retirou-se desta caverna, a fim de fugir da glória dos homens. Ele era inabalável em sua determinação. Uma vez, quando uma impura e furiosa paixão impuro e fúria da carne a ele se apegou, tirou todas as suas roupas e ficou rolando nu em cima de um espinheiro até repelir totalmente os pensamentos de cobiça para co uma mulher.
Deus o dotou de muitos dons espirituais: a clarividência, a cura, a expulsão de maus espíritos, a ressurreição de mortos, e a capacidade de aparecer para os outros à distância em visões e sonhos. Uma vez, percebendo que um copo de vinho que lhe fora servido estava envenenado, fez o sinal da cruz sobre ele, o que provocou a explosão do vidro.
Inicialmente estabelecera doze mosteiros, e em cada um deles colocou doze monges. Mais tarde, compilou a regra especial "beneditina", que é seguido até hoje na Igreja Romana. No sexto dia antes de sua morte, ordenou que seu túmulo, que de antemão tinha preparado, fosse aberto, pois o santo previu que seu fim estava próximo. Ele reuniu todos os monges, aconselhou-os, em seguida, entregou a alma ao Senhor, a quem ele havia servido fielmente na pobreza e na pureza.
Escolástica, sua irmã de nascimento, viveu em um convento, onde, à imitação de seu irmão, praticou uma rigorosíssima ascese, e atingiu um alto estado de perfeição espiritual. Quando São Bento entregou a alma, dois monges - um viajando por uma estrada e um outro que estava em oração em uma célula distante - tiveram simultaneamente a mesma visão. Eles viram um caminho que se estendia da terra ao céu, coberto com uma fibra de tecido precioso e iluminado em ambos os lados por fileiras de homens. Na cabeça do caminho, havia um homem de beleza indescritível, e da luz, se lhes dizia que este caminho foi preparado para Bento, agraciado por Deus. Como resultado desta visão, estes dois irmãos entenderam que seu bom abade tinha partido deste mundo. Bento repousou pacificamente no ano de 543 dC, e entrou no reino eterno de Cristo Rei.
MATINAS (X)
João 21:1-14
Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se assim: Estavam juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Dizem-lhe eles: Também nós vamos contigo. Foram, e subiram logo para o barco, e naquela noite nada apanharam. E, sendo já manhã, Jesus se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não. E ele lhes disse: Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam tirar, pela multidão dos peixes. Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor. E, quando Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se ao mar. E os outros discípulos foram com o barco (porque não estavam distantes da terra senão quase duzentos côvados), levando a rede cheia de peixes. Logo que desceram para terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima, e pão.
Disse-lhes Jesus: Trazei dos peixes que agora apanhastes. Simão Pedro subiu e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinqüenta e três grandes peixes e, sendo tantos, não se rompeu a rede. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. E nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor. Chegou, pois, Jesus, e tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe. E já era a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dentre os mortos.
LITURGIA
Hebreus 1:10-2:3
10 e: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obras de tuas mãos; 11 eles perecerão, mas tu permaneces; e todos eles, como roupa, envelhecerão, 12 e qual um manto os enrolarás, e como roupa se mudarão; mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão. 13 Mas a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés? 14 Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salvação? 1 Por isso convém atentarmos mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos desviemos delas. 2 Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda transgressão e desobediência recebeu justa retribuição, 3 como escaparemos nós, se descuidarmos de tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi- nos depois confirmada pelos que a ouviram...
Marcos 2:1-12
1 Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa. 2 Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra. 3 Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro; 4 e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico. 5 E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados. 6 Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo: 7 Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus? 8 Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações? 9 Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda? 10 Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), 11 a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa. 12 Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.
COMENTÁRIO
O Evangelho do primeiro domingo de quaresma termina com uma alusão ao mistério dos anjos. E são também os anjos que a Epístola de hoje evoca (Hb. 1, 10-2; 3). O texto sagrado compara o mistério àquele infinitamente maior, do próprio Salvador. Se a desobediência às mensagens que os anjos nos transmitem é justamente punida, quão mais seria punido o homem que negligencia a salvação anunciada e trazida pelo Cristo! Pois “a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés”?
Evangelho de hoje (Mc. 2, 1-12), relata a cura do paralítico de Cafarnaum. Jesus perdoa-lhe seus pecados e, como os escribas assombram-se de que outro que não Deus possa perdoar os pecados, ele responde: “Qual é mais fácil dizer ao paralítico?: estão perdoados os teus pecados, ou dizer-lhe: levanta-te, e toma o teu leito e anda?... para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados, a ti te digo: levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa”. O tema central deste episódio é a força tanto de perdão quanto de cura que possui o Senhor Jesus, A seguir, há a afirmação - mais ainda: a demonstração - de que a cura e o perdão não devem ser separados. O paralítico, deitado sobre seu leito foi colocado aos pés de Cristo. Ora, a primeira palavra de Jesus não foi: “Sê curado!”, porém: “Teus pecados te são perdoados”. Em nossos males físicos, antes mesmo de pedir por nossa libertação material nós devemos orar por nossa purificação interior, pela absolvição de nossas faltas. Jesus, enfim, ordena ao paralítico curado,de levar sua cama para casa. De um lado, a multidão seria convencida da realidade do milagre se visse esse homem tornado forte o bastante para carregar seu leito. De outro lado, aquele que foi perdoado, interiormente modificado por Jesus, deve mostrar aos de sua casa, por qualquer sinal evidente (não mais por carregar um leito, porém, por palavras, atos e atitudes), que ali está um homem novo que retoma seu ligar em seu ambiente.
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