3º DOMINGO DA GRANDE QUARESMA
19 de Março de 2017 (CC) / 06 de Março (CE)
Santos Quarenta e dois Mártires de Amorion na Frígia († 848)
Descoberta da Venerável Cruz e dos Cravos
pela Santa Imperatriz Helena em Jerusalém (326)
pela Santa Imperatriz Helena em Jerusalém (326)
Modo 6
"Santos Quarenta e dois Mártires de Amorion na Frígia
Amórion é uma cidade na Frísia que no século VI foi um importante centro militar do Império Bizantino na Ásia Central. Relata a tradição que no ano de 838, a cidade foi dominada pelo califa Mutasim e que, neste período, 70 mil cidadãos foram capturados e assassinados. Entre eles estavam 42 pessoas, membros de famílias nobres, e que seguiam carreira militar. Foram transferidos para Bagdá onde foram aprisionados em cárceres escuros e úmidos; não tinham água nem pão. Nestas condições, passaram os dias, desejando que seu fim estivesse mais próximo possível. Num certo dia, tiraram os prisioneiros do cárcere e os levaram à presença do califa. O califa então lhes prometeu restaurar suas posições na sociedade de na carreira militar, na condição de que se convertessem ao Islamismo. Responderam que tal coisa era impossível, mesmo em sonho. O califa então ordenou que fossem cruelmente executados e imediatamente. O martírio desses 42 cristãos ratifica o que nos ensina o apóstolo Paulo: os que lutam pela pátria e pela fé, são duplamente fortes e somam-se a grande família dos santos de Deus.
Descoberta da Venerável Cruz e Cravos pela Santa Imperatriz Helena em Jerusalém.
Quando teve início o reinado do Imperador Constantino, o Grande (306-337) - o primeiro dos imperadores romanos a reconhecer a religião cristã - ele, juntamente com sua piedosa mãe, a Imperatriz Helena, decidiram reconstruir a cidade de Jerusalém Também decidiram erigir um templo sobre o lugar doa paixão e da ressurreição do Senhor, bem como purificar dos imundos cultos pagãos, os lugares ligados à memória do Salvador e, novamente, consagrá-los.
A nobre Imperatriz Helena viajou para Jerusalém com uma grande quantidade de ouro, e com uma carta escrita pelo Imperador Constantino, o Grande, destinada ao Patriarca Makarios I (313-323), na qual o Imperador lhe pedia para ajudar, de todas as formas possíveis, a tarefa da renovação dos lugares santos cristãos.
Tendo chegado a Jerusalém, a santa Imperatriz Helena destruiu todos os templos pagãos idólatras, e os lugares profanados foram re-consagrados. Ela tinha grande ânsia por encontrar a Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por isto deu ordens para cavar o lugar onde estava situado o templo de Vênus. Lá eles descobriram, soterrados, o Sepulcro do Senhor e o Calvário, não muito longe de onde eles encontraram três cruzes e cravos. A fim de determinar em qual das três cruzes estava o Salvador, o Patriarca Makarios deu ordens para, com as cruzes, tocar alternadamente o corpo de um recém-falecido. Assim que a Cruz de Cristo tocou o morto, ele imediatamente retornou à vida. Exultantes, a nobre Imperatriz Helena e o Patriarca Makarios ergueram a Cruz Vivificante e a mostraram a todas as pessoas, as quais estavam todas em pé.
A Comemoração deste evento também se dá nos dias 13 e 14 de setembro.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (VI)
Lucas 24:36-53
36 Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. 37 Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. 38 Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? e por que surgem dúvidas em vossos corações? 39 Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho. 40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés. 41 Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer? 42 Então lhe deram um pedaço de peixe assado, 43 o qual ele tomou e comeu diante deles. 44 Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos. 45 Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; 46 e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos; 47 e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. 48 Vós sois testemunhas destas coisas. 49 E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. 50 Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou. 51 E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu. 52 E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém; 53 e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.
LITURGIA
Primeira Antífona
1. Manifesta sobre nós a luz do Teu Rosto, ó Senhor! (Salmo 4:7b)
Deste um sinal aos que Te temem, para que pudessem escapar do arco. (Salmo 59:6)
Pelas orações da Mãe de Deus, salva-nos Senhor!
2. Subiste às alturas, levando cativo o cativeiro (Salmo 67: 19a)
Tú me outorgaste a herança dos que temem o Teu Nome. (Salmo 60:6b)
Pelas orações da Mãe de Deus, salva-nos Senhor!
Glória ao Pai e ao †Filho e ao Espírito Santo.
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Pelas orações da Mãe de Deus, salva-nos Senhor!
Segunda Antífona
1. Todos os confins da terra viram a salvação do nosso Deus. (Salmo 97:3b)
Prostremo-nos ante o estrado dos Seus pés. (Salmo 98: 5b)
Salva-nos, ó Filho de Deus, que em Tua Carne suportaste a Cruz, a nós que a Ti
cantamos: Aleluia!
2. Deus É o nosso Rei desde o princípio, Autor da salvação em meio à terra. (Salmo 73: 12)
Excelso sobre nações, Excelso sobre a terra! (Salmo 45: 11b)
Salva-nos, ó Filho de Deus, que em Tua Carne suportaste a Cruz, a nós que a Ti
cantamos: Aleluia!
Glória ao Pai e ao †Filho e ao Espírito Santo.
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
Ó Filho Unigênito e Verbo de Deus...
Terceira Antífona
1. Exaltai o Senhor nosso Deus, prostrai-vos ante o estrado de Seus pés. (Salmo 98:5)
Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança! / Concede à Tua Igreja a vitória sobre o mau // e guarda oTeu povo pela Tua Cruz.
2. Salva, Senhor, o Teu povo e abençoa a Tua herança! (Salmo 27:9a)
Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança! / Concede à Tua Igreja a vitória sobre o mau // e guarda oTeu povo pela Tua Cruz.
3. Pastoreia-os e os conduzi para sempre. (Salmo 27:9b)
Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança! / Concede à Tua Igreja a vitória sobre o mau // e guarda oTeu povo pela Tua Cruz.
Tropárion da Ressurreição
Enquanto Maria estava diante do sepulcro / à procura de Teu Imaculado Corpo, / os anjos apareceram em Teu túmulo / e as sentinelas desfaleceram. / Sem ser vencido pela morte, submeteste ao Teu domínio o reino dos mortos, / e vieste ao encontro da Virgem revelando a vida. // Senhor que ressurgistes dos mortos, glória a Ti!
Kondákion da Ressurreição
Levantando com Sua vivificante mão a todos os mortos dos vales tenebrosos, / Cristo Deus, Doador da vida, / quis conceder a ressurreição ao gênero humano; / pois Ele É o Salvador, a Ressurreição, a Vida // e o Deus de todos.
Theotókion
Clamando com a Tua bendita Mãe, / voluntariamente, vieste padecer, irradiando na cruz, / desejaste encontrar Adão, dizendo aos anjos: / Alegrem-se Comigo, porque foi encontrado o dracma perdido. / Ó Deus nosso, que com sabedoria tudo consolidaste, // glória a Ti!
Tropárion Próprio Modo 4
Salva, Senhor, o Teu povo
e abençoa a Tua herança!
Concede à Tua Igreja a vitória sobre o mau
e guarda oTeu povo pela Tua Cruz.
Kondakion Próprio
Doravante, a espada de fogo não guardará mais a porta do Éden,
porque o madeiro da Cruz apagou-a de modo maravilhoso;
a morte foi vencida e a vitória dos infernos anulada.
E Tu, ó meu Salvador, te dirigiste aos que nele estavam,
dizendo: "entrai de novo no paraíso!"
Glória ao Pai e ao †Filho e ao Espírito Santo...
Kondakion Final
Nós, teus servos, ó Mãe de Deus,
te conferimos os lauréis da vitória,
penhor de nossa gratidão,
como a um general que combateu por nós
e nos salvou de terríveis calamidades.
E, como tens um poder invencível,
livra-nos dos perigos de toda espécie
para que te aclamemos: salve, Virgem e Esposa!
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém
TRISAGION
Ante a Tua Cruz nos prostramos, ó Senhor;
E a Tua Ressurreição glorificamos! (3x)
Glória ao Pai...
E a Tua Ressurreição glorificamos!
Ante a Tua Cruz nos prostramos, ó Senhor;
E a Tua Ressurreição glorificamos!
Prokímenon
Salva, Senhor, o Teu povo e abençoa a Tua herança. (Sl 27:9)
Clamo a Ti, Senhor, meu Rochedo
Presta ouvido aos meus rogos. (Sl 27:1)
Hebreus 4:14-5:6
14 Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. 15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer- se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. 16 Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno. 1 Porque todo sumo sacerdote tomado dentre os homens é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados, 2 podendo ele compadecer-se devidamente dos ignorantes e errados, porquanto também ele mesmo está rodeado de fraqueza. 3 E por esta razão deve ele, tanto pelo povo como também por si mesmo, oferecer sacrifício pelos pecados. 4 Ora, ninguém toma para si esta honra, senão quando é chamado por Deus, como o foi Arão. 5 assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei; 6 como também em outro lugar diz: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia!
Quem habita ao abrigo do Altíssimo
E vive à sombra do Senhor Onipotente. (Sl 90:1)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Diz ao Senhor: sois meu refúgio e proteção,
Sois o meu Deus no qual confio inteiramente. (Sl 90:2)
Aleluia, aleluia, aleluia!
Marcos 8:34-9:1
34 E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. 35 Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á. 36 Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? 37 Ou que diria o homem em troca da sua vida? 38 Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. 1 Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.
Hirmos
Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação./ A assembleia dos anjos e o gênero humano te glorificam, / ó templo santificado, paraíso espiritual e glória das virgens,/ na qual Deus se encarnou e da qual tornou-se Filho/ Aquele que é nosso Deus antes dos séculos./ Porque fez de teu seio um trono/ e as tuas entranhas, mais vastas do que os céus. / Ó cheia de graça, em ti rejubila-se toda a Criação e te glorifica!
Kinonikon
Ergue, Senhor, sobre nós
a luz do Teu Rosto! (Salmo 4:7a)
Aleluia, Aleluia, Aleluia!
* Em vez de "Vimos a Luz Verdadeira...", entoa-se o Tropário da Cruz:
Salva, Senhor, o Teu povo / e abençoa a Tua herança! / Concede à Tua Igreja a vitória sobre o mau // e guarda oTeu povo pela Tua Cruz.
A COMEMORAÇÃO DA CRUZ
No calendário Litúrgico há duas datas nas quais veneramos a Santa Cruz, tamanha é a relevância e o simbolismo deste instrumento de morte que se transformou em instrumento de vida e salvação para os cristãos: 14 de setembro (festa principal) e no Terceiro Domingo da Quaresma.
A Santa Cruz transformou-se, no decorrer dos acontecimentos da vida da Igreja, no arquétipo da ação salvífica de Deus e no modelo de resposta do homem. Deus salva os homens pela Cruz, através de seu Filho que, obediente à vontade do Pai, a abraçou restaurando aos homens a dignidade filial perdida.
Os primeiros cristãos, conforme relata São Paulo em suas cartas, começavam a descobrir as riquezas do mistério da morte de Jesus na cruz, quando à luz da Ressurreição a vislumbravam como meio de salvação e não como instrumento de perdição. Já que o Senhor havia morrido numa cruz, em obediência à vontade do Pai, ela foi acolhida como sinal de humildade e sujeição aos desígnios de Deus. A resposta do homem ante a vontade divina passou a ser dada de maneira consistente: A fé no Ressuscitado movia os corações a uma plena compreensão do plano salvífico.
São Paulo não se limitou apenas a ensinar sobre o poder que tem a Cruz de libertar os homens do pecado, do egoísmo e da morte. Ele foi além dessas verdades estendendo o seu significado. Deu à Cruz a dimensão de Redenção, vendo nela o meio necessário para que fosse selada a Nova Aliança entre Deus e os homens.
Todo cristão, por participar do amor e da obediência de Cristo na Cruz, morre para o pecado que o impede de amar a Deus e aos homens de forma plena e livre. Santo Inácio de Antioquia (†117) e São Policarpo (†165) lembravam os sofrimentos de Cristo constantemente em suas pregações, para enfatizar a todos os cristãos que no escândalo da Cruz se ocultava o profundo amor de Deus pelos homens. Na cruz trilhava-se o caminho para se chegar à Ressurreição. Por isso, os cristãos do Oriente veneram a Cruz como símbolo da vitória sobre a morte.
Todo sofrimento, angústia, desespero e morte tornam-se secundários diante da magnitude da Ressurreição. O Cristão Ortodoxo contempla a Cruz resplandecente, mergulhado no espírito pascal: o Senhor não terminou sua missão na Cruz, mas fez dela um instrumento de passagem para se chegar à Vida.
A Cruz para um cristão que esteja imbuído deste espírito torna-se fonte de bênçãos. A loucura da Cruz de Cristo ganha a dimensão do amor infinito e totalmente oblativo. Hoje em dia são muitos os que tem dificuldade em compreender a teologia da Cruz. Parecem fugir dela por medo de sofrer. O sofrimento e a dor fazem parte da humanidade. Sofremos ao nascer, sofremos durante a vida e a morte virá com muito ou pouco sofrimento, mas virá com ele. Não podemos mudar esta realidade que nos é inerente por natureza. Como cristãos podemos mudar a compreensão que damos ao sofrimento.
A Cruz, antes vista como horror e escândalo, passou a ser compreendida como instrumento de salvação. Para que cheguemos a este amadurecimento espiritual é necessário o encontro com o Senhor Crucificado que padeceu os horrores da dor, para que Ele mesmo nos conduza às alegrias da Ressurreição.
Venerar a Cruz é venerar a história humana. Contemplar a Cruz é contemplar os seres humanos nos mais diversos continentes do mundo. Venerar a Cruz gloriosa e vivificante é restabelecer à história humana sua grandeza na História da Salvação. A Cruz sem Deus revela o abandono e a morte. A Cruz com Deus é sinal de esperança e vida nova.
Neste terceiro Domingo da Quaresma a Igreja nos convida a refletir sobre a dimensão que damos à Cruz e ao sofrimento em nossas vidas. Nossa postura frente à Cruz e ao sofrimento humano deve assemelhar-se à postura de Maria e a de João, o discípulo do amor. Estavam em pé diante do Crucificado, contemplando Aquele que era a Ressurreição e a Vida. Mesmo sem entender o que estava acontecendo conservavam tudo isso no coração. Não procuravam uma explicação racional e uma lógica que os fizessem compreender o sofrimento de Jesus. A lógica que os fazia silenciar e aceitar os desígnios de Deus era a obediência e a entrega à vontade do Pai.
Quando racionalmente procuramos explicações para o sofrimento e a cruz, fatalmente cairemos em subjetivismos perigosos que nos poderão levar a erros e a desvios da Fé Apostólica. O homem por si só não pode explicar os mistérios de Deus. A lógica Divina não obedece os parâmetros racionais humanos. A Cruz para a Igreja é sinal e instrumento de Salvação. Por isso, os Cristãos Ortodoxos a veneram gloriosa e vivificante, despida dos sentimentos mórbidos que poderiam ofuscar a sua magnitude. O sofrimento, as dores e a morte que o Senhor sofreu por meio dela, por mais terríveis que pudessem ser, fez dela veículo da nossa salvação.
Em recente entrevista à Revista 30 Dias, assim se expressou Sua Santidade o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, referindo-se a relação existente entre a Igreja e a Cruz:
«A Igreja deve apoiar a sua força na sua fraqueza humana, na loucura da Cruz (escândalo para os Judeus, loucura para os Gregos), e a sua esperança na ressurreição de Cristo. Privada de todo poder mundano, perseguida e entregue cotidianamente à morte, a Igreja faz com que surjam santos, que guardam a Graça de Deus em vasos de argila, que vivem dentro da luz da Transfiguração e são conduzidos por Deus ao martírio e ao sacrifício.»
Um cristão, à Luz da Ressurreição, carrega sua cruz subindo o Calvário para a Santidade. O madeiro que sustentou o corpo do Senhor Crucificado tornou-se Árvore da Vida, pois nele foi selado o Novo Testamento, a Nova Aliança. Deus pôs no santo Lenho da Cruz a salvação da humanidade, para que a vida ressurgisse de onde viera a morte.
Durante o Rito de veneração à Santa e Vivificante Cruz, entoa-se um canto que nos convida a contemplar o madeiro sagrado que nos deu a vitória sobre o mau:
«Vinde, fiéis! Adoremos o Madeiro que dá a vida,
no qual Cristo, o Rei da Glória,
estendeu voluntariamente, seus braços,
restaurando em nós a felicidade primitiva.
Vinde,adoremos a Cruz
que nos dá a vitória sobre o mal.»
Mais forte é o significado da segunda parte deste mesmo hino que nos faz compreender a dimensão e a grandeza da Cruz de Cristo:
«Hoje, a Cruz é exaltada
e o mundo se liberta do erro.
Hoje, renova-se a Ressurreição de Cristo,
regozijam-se os confins da terra..."
Na Cruz renova-se a Ressurreição. Pela Cruz a Vida nos é possível. Pela Cruz a Santidade é uma realidade presente. Basta o encontro com o Senhor e nossa entrega total a Vontade de Deus.
O silêncio e a meditação nos auxiliarão, nesta Quaresma, a ver na Cruz e no sofrimento riquezas espirituais nunca antes vislumbradas por nós, mas já vividas pelos santos. Meditando sobre a Cruz à luz da Ressurreição, "adoramos a tua Cruz, ó Mestre e glorificamos a tua Santa ressurreição.
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