domingo, 25 de junho de 2017

3º Domingo Depois De Pentecostes

3º DOMINGO DE SÃO MATEUS
25 de Junho de 2017 (CC) / 12 de Junho (CE)
Santo Onofre
Jejum dos Apóstolos (peixe, azeite e vinho permitidos)
Modo 2





Entre os muitos eremitas que viveram nos desertos do Egito durante os séculos 4º e 5º, havia um santo varão chamado Onofre. O pouco que se sabe dele vem de um relato atribuído a certo abade Pafnúcio, sobre as visitas que fez aos eremitas de Tebaida. Ao que parece, vários dos ascetas que conheceram Pafnúcio lhe pediram que escrevesse sobre essa relação, tendo circulado várias versões, sem que por isso a essência da história fosse desvirtuada. Pafnúcio empreendeu a peregrinação com o objetivo de estudar a vida eremítica e descobrir se ele mesmo sentia verdadeira inclinação para ela. Com esse propósito, deixou seu monastério e, durante 16 dias, andou pelo deserto, tendo alguns encontros edificantes e algumas aventuras estranhas. 

No 17º dia, porém, ficou assombrado ao avistar-se com uma criatura que, a primeira vista, pensou ser um animal. 

“Era uma homem ancião, com os cabelos e as barbas tão longas que tocavam o chão. Tinha o corpo coberto por um pelo espesso como a pele de uma fera, e de seus ombros pendia um manto de folhas”… 

A aparição de semelhante criatura foi tão assustadora que Pafnúcio se bateu em fuga. No entanto, a estranha criatura o chamou, pedindo para que parasse, assegurando-lhe que era mesmo um homem e um servo de Deus. Um pouco receoso, a princípio, Pafnúcio se aproximou do desconhecido e, logo os dois se viram envolvidos numa conversação, e Pafnúcio descobriu que aquele estranho se chamava Onofre, que tinha sido um monge num monastério onde viveu com muitos outros irmãos e que, seguindo sua inclinação para à vida solitária se retirou para o deserto onde já estava há setenta anos. Em resposta às perguntas de Pafnúcio o ermitão admitiu que, em várias ocasiões, tinha padecido de fome e sede, dos rigores do clima e da violência das tentações, mas, Deus também lhe havia dado consolos inumeráveis e lhe havia alimentado através de uma palmeira que crescia perto de sua cela. 

Mais adiante, Onofre conduziu o peregrino até a sua cova (caverna) onde morava e ali passaram o resto do dia em amistosas conversas sobre as coisas santas. De repente, ao cair da tarde, apareceu diante deles uma torta de pão e uma jarra de água e, depois de compartilhar a comida, ambos se sentiram extraordinariamente reconfortados. Durante toda aquela noite Onofre e Pafnúcio oraram juntos. No dia seguinte, ao despontar o sol, Pafnúcio, alarmado, percebeu que se havia operado uma mudança no ermitão, que estava notavelmente prestes a morrer. Aproximado-se de Onofre para ajudá-lo, este começou a falar: 

“Nada temas, irmão Pafnúcio, o Senhor, em sua infinita misericórdia, te enviou aqui para que me sepultasses”. 

O visitante sugeriu ao eremita agonizante que ele mesmo ocuparia a sua caverna quando ele partisse. Onofre reagiu, porém, dizendo que isso não era da vontade de Deus. Instantes depois suplicou que lhe encomendasse a alma e também às orações dos Fiéis, por quem prometia interceder e, abençoando Pafnúcio, se deixou cair por terra entregando a Deus o seu espírito. O visitante lhe preparou uma mortalha com a metade de sua túnica, depositou o corpo no côncavo de uma rocha, cobrindo-o com pedras. Logo que terminou sua tarefa, viu desmoronar diante de si a caverna onde o santo tinha vivido, e desaparecer a palmeira que lhe havia alimentado. Pafnúcio compreendeu assim que não devia permanecer por mais tempo naquele lugar e, de pronto, partiu de de retorno.



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

MATINAS (III)

Marcos 16:9-20

9 Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. 10 Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando; 11 e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. 12 Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo, 13 os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito. 14 Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido. 15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 17 E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; 18 pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. 19 Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. 20 Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Ó vida Imortal, sofrendo a morte, / esmagaste o Inferno com o fulgor de Tua Divindade. / E quando fizeste erguer os mortos das profundezas da terra, / todos os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: // “Glória a Ti, ó Cristo nosso Deus e Autor da Vida!”

Kondákion da Ressurreição
Tu ressuscitaste do túmulo, ó poderosíssimo Salvador, /e com esse poderoso sinal, o Inferno ficou chocado de medo, / e os mortos ressuscitaram. /A criação também rejubila em Ti / e Adão fica inexcedivelmente alegre // e o mundo, ó meu Salvador, canta louvações para Ti, para sempre.

Kondákion do Venerável Onofre Modo 3
Iluminado pelo resplendor do Espírito Santo, / ó divinamente sábio, / tu destruíste todos os tumultos da vida; / e chegando ao deserto, ó Venerável Pai, / agradeceste a Deus, o Criador, que É sobre tudo Coisas. / Por isso, Cristo, O Grande Doador dos carismas, / te glorifica, ó abençoado.

Prokímenon

O Senhor É a minha força e o meu cântico,
Porque Ele me salvou. (Sl. 117:14)

O Senhor, castigou-me muito, 
Mas não me entregou à morte. (Sl. 117:18)

Romanos 5:1-10

1 Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, 2 por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. 3 E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, 4 e a perseverança a inteireza de caráter, e a inteireza de caráter a esperança; 5 e a esperança não nos desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. 6 Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios. 7 Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer. 8 Mas, Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. 9 Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. 10 Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.

A Justificação pela Fé 
A «Orthodox Study Bible» (Bíblia Ortodoxa de Estudos), traz a seguinte observação: 
«Na maior parte da história da igreja, a salvação foi vista como compreendendo toda a vida: Os cristãos criam em Cristo, eram batizados e eram nutridos em sua salvação na Igreja. Os entendimentos dos ensinamentos da fé eram centrados em torno da Santíssima Trindade, da Encarnação do Filho de Deus e da expiação. 
Na Europa Ocidental durante o século XVI e antes, no entanto, uma justificável preocupação surgiu entre os Reformadores sobre a compreensão predominante de que a salvação dependia de obras humanas meritórias, e não da graça e misericórdia de Deus. A redescoberta deles de Romanos 5 os induziu a criarem o slogan: ‘Sola Fides’ (justificação apenas pela fé). 
O debate provocado pelos Reformadores no Ocidente, despertou um questionamento no Oriente Ortodoxo: Que novidade é esta que polariza a fé e as obras? Pois, desde a Era Apostólica ficou estabelecido que a salvação foi concedida pela misericórdia de Deus para homens e mulheres justos. Todos os batizados em Cristo foram chamados a n’Ele crer e a praticar boas obras. Uma oposição de fé versus obras não tem precedentes no pensamento Ortodoxo.» 
De fato, embora o Ensino Ortodoxo fale em «justificação pela fé», no entanto, o sentido não coincide totalmente com a fala Protestante, e nem é assimilado nas nossas Paróquias, na mesma forma que se dá nas Comunidades Protestantes.  
«A justificação pela fé é dinâmica, não estática. Para os cristãos ortodoxos, a fé é viva, dinâmica, contínua, nunca estática ou meramente pontual no tempo. A fé não é algo que um cristão exerce apenas em um momento crítico, esperando que tal experiência cubra todo o resto de sua vida.  
A verdadeira fé não é apenas uma decisão, é uma forma de vida. Assim, o cristão ortodoxo vê a salvação em pelo menos três aspectos: 1. Eu fui salvo, juntando-me a Cristo no Santo Batismo; (Rom. 6:1-6); Eu estou sendo salvo, crescendo em Cristo através da vida sacramental da Igreja (Efésios 4:1-13); e serei salvo, pela misericórdia de Deus no Juízo Final (Rom. 5:1,2). 
A ‘Justificação pela Fé’, embora para os Ortodoxos não seja a principal doutrina do Novo Testamento, como é para os Protestantes, não representa nenhum problema.» (Orthodox Study Bible).  
Contudo, a Ortodoxia faz uma objeção ao ensino Protestante de uma justificação unicamente pela fé, pois isto contradiz a Escritura que afirma: 
«Vede, então, que um homem é justificado também pelas obras e não somente por fé» (Tiago 2:24). Somos "justificados pela fé, além das obras da lei" (Romanos 3:28), mas, em lugar algum a Escritura diz que somos justificados pela fé «sozinha». Pelo contrário, a fé por si, se não tem obras, «está morta» (Tiago 2:17).  
Percebendo a fragilidade do ensino da justificação tão somente pela fé, é que Martinho Lutero, para se livrar desta debilidade, resolveu desqualificar a Carta de São Tiago, chamando-a de «Epístola de Palha». E aqui está sua grande contradição: logo ele, que defendia a «Sola Escritura», quando esta contradiz o seu raciocínio, ele preferiu ficar com o seu entendimento em detrimento do ensino bíblico, desqualificando o Texto Sagrado. 
Retomando o ensino Ortodoxo. «Como cristãos, não estamos mais sob as exigências da Lei do Antigo Testamento (Rm 3:20), porque Cristo cumpriu a Lei (Gál 2,21; 3: 5, 24). Pela misericórdia de Deus, somos trazidos para um novo relacionamento em aliança com Ele. Nós, os que cremos, recebemos entrada em Seu Reino por Sua graça. Através da Sua misericórdia, somos justificados pela fé e capacitados por Deus para sempre, realizando obras ou ações de justiça que Lhe trazem glória. (Orthodox Study Bible)


Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
O Senhor Te ouça no dia da tribulação; 
Te proteja o Nome do Deus de Jacó!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva, Senhor, o Teu povo 
e abençoa a Tua herança!

Aleluia, aleluia, aleluia!

Mateus 6:22-33

22 A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz;  23 se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas! 24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. 25 Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário? 26 Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas? 27 Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? 28 E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam; 29 contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles. 30 Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé? 31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir? 32 (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso. 33 Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

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HOMILIA

“Sobretudo Buscai o Reino de Deus e a Sua Justiça”

Ao ouvir estas palavras, que conclusões os discípulos tomarão e que decisões práticas adotarão? Certamente estas: abandonarão nas mãos de Deus a preocupação pelo alimento, e lembrar o que disse aquele santo varão: entrega a Deus teu cuidado, que ele te sustentará. Sim, ele dá abundantemente aos santos o necessário para a vida e certamente não mente ao dizer: Não estejais preocupados pela vida pensando o que vais comer, nem pelo corpo pensando com o que vais vestir... Vosso Pai já sabe que tendes necessidade de tudo isto. Sobretudo buscai o Reino de Deus e sua justiça; e tudo o mais vos será dado por acréscimo.

Era extremamente útil e inclusive necessário que aqueles que são investidos da dignidade apostólica tivessem uma alma livre da ambição de riquezas e nada desprezassem tanto como a acumulação de ofertas, contentando-se mais com o que Deus lhes proporciona, pois, como está escrito: a cobiça é a raiz de todos os males. Convinha, portanto, que a todo custo se mantivessem à margem e plenamente libertados daquele vício que é a raiz e mãe de todos os males, esgotando, por assim dizer, todo o seu empenho em ocupações realmente necessárias: em não cair sob o jugo de satanás. Desta forma, caminhando à margem das preocupações mundanas, subestimarão os apetites carnais e desejarão unicamente o que Deus quer.

E assim como os mais valentes soldados, saindo ao combate, não levam consigo mais que as armas necessárias para a guerra, assim também aqueles a quem Cristo enviava em ajuda da terra e a assumir a luta, a favor dos que estavam em perigo, contra os poderes que dominam este mundo de trevas; ainda mais, a lutar contra o próprio satanás em pessoa, convinha que estivessem libertados das fadigas deste mundo e de toda preocupação mundana de maneira que, bem cingidos, e com as armas espirituais nas mãos, pudessem lutar intrepidamente contra os que obstruem a glória de Cristo e semearam de ruínas a terra inteira; é um fato que induziram aos seus habitantes a adorar a criatura em vez do Criador e a oferecer culto aos elementos do mundo.

Tendo embraçado o escudo da fé, estejais revestidos da couraça da justiça e da espada do Espírito Santo, isto é, toda a Palavra de Deus. Com estes instrumentos, era inevitável que fossem intoleráveis para seus inimigos, sem levar entre seus apetrechos nada merecedor de mancha ou de culpa, ou seja, o afã de possuir, ajuntar lucros ilícitos e andar preocupados em guardá-los, todas estas coisas que afastam a alma humana de uma vida grata a Deus nem a permitem elevar-se a ele, mas antes lhe cortam as asas e a afundam em aspirações materiais e terrenas.

São Cirilo de Alexandria, Patriarca de Alexandria (séc. V)



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