Tudo o que podemos dizer sobre São Tikón é que, numa época muito antiga, ocupou a sede episcopal de Amato, lugar onde está localizada agora a cidade de Limassol, em Chipre, e que durante séculos desfrutou de grande veneração pelos habitantes da ilha, a quem lhes chamam o “Milagroso”, e é considerado o padroeiro dos vinicultores. Dois são os pontos da sua vida que seus hagiógrafos destacam sempre: o primeiro, que era filho de um padeiro e, ainda menino, costumava distribuir entre os pobres o pão que seu pai mandava vender. Ao tomar conhecimento do fato, o padeiro ficou muito indignado, mas, ao abrir a porta de seu armazém onde mantinha sua farinha de trigo, ele encontrou, por um milagre, muito mais do que havia guardado, de modo a que as suas perdas foram amplamente recompensadas. O segundo ponto diz respeito ao tempo em que Tikón era bispo. Naquela época, possuía uma pequena vinha, mas não tinha as cepas para plantar. Certo dia apanhou um ramo que outro vinicultor havia jogado fora, considerando que já estivesse seco, e plantou em sua terra. Enquanto plantava, voltou-se para Deus pedindo-lhe que concedesse quatro dons: que a seiva voltasse a circular naquele ramo seco; que aquele ramo produzisse abundantes frutos; que as uvas fossem doces; e que amadurecessem rapidamente. E Deus lhe concedeu, tanto que, desde então, a vinha do bispo Tikón produziu muitos cachos de doces uvas e amadureciam muito antes que quaisquer outras vinhas da região. Por isso é que a festa deste santo é comemorada no dia 16 de junho com a bênção das vinhas, mas apenas na região de Limassol, já que, nas outras regiões de Chipre a colheita é feita somente algumas semanas depois.
Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
Romanos 11:13-24
Mateus 11:27-30
27 Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28 Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.
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COMENTÁRIO
“Vinde a Mim!”
Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso para as vossas almas. Vistes maior superabundância de bondade? Percebes a generosidade do convite? Vinde a mim – diz – todos vós que estais cansados e fatigados. Amoroso o convite! Inefável a bondade!
Vinde a mim todos: não somente os que ordenam, mas também os que obedecem; não somente os livres, mas também os escravos; não somente os homens, mas também as mulheres; não somente os jovens, mas também os anciãos; não somente os de corpo são, mas também os aleijados e entrevados, todos – diz – vinde. Tais são, realmente, os dons do Senhor: não conhece diferença entre escravo e livre, nem entre rico e pobre, mas toda esta desigualdade está rejeitada: Vinde – diz – todos vós que estais cansados e fatigados.
Observa a quem ele chama: aos que se esgotaram completamente nas iniquidades, aos que estão oprimidos pelos pecados, aos que nem sequer podem mais levantar a cabeça, aos que estão mortos de vergonha, aos que mais estão privados de confiança para falar. E por que os chama? Não para pedir-lhes conta, nem para estabelecer um tribunal. Então, para quê? Para fazer-lhes descansar de seu cansaço, para tirar-lhes a sua carga pesada.
E será que poderia acontecer algo mais pesado do que o pecado? Este, na realidade, por mais que tantas vezes não o sintamos ou queiramos ocultá-lo das pessoas comuns, é aquele que desperta contra nós o juiz incorruptível que é a nossa consciência, e ela, sempre alerta, vai tornando nossa dor contínua, como um carrasco que dilacera e sufoca a mente, mostrando desta forma a enormidade do pecado. “Aos que estão, pois, oprimidos pelo pecado – diz –, e como sobrecarregados por uma carga, a estes aliviarei agraciando-lhes com o perdão de seus pecados. Unicamente, vinde a mim! Quem será tão de pedra, quem tão teimoso que não obedeça a um convite tão bondoso?
Em seguida, para ensinar-nos também de que modo alivia, acrescenta: Tomai sobre vós o meu jugo. “Entrai, diz, sob o meu jugo. Porém não vos assusteis ao ouvir ‘jugo’, porque este ‘jugo’ nem roça o pescoço nem faz abaixar a cabeça; ao contrário, ensina a pensar nas coisas do alto e forma na verdadeira filosofia.”
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei: “Unicamente, entrai sob o jugo e aprendei. Aprendei, ou seja: aplicai o ouvido, para poder aprender de mim”. De fato, não vou exigir de vós nada pesado: vós, meus escravos, imitai a mim, vosso amo; vós que sois terra e pó, imitai a mim, feitor do céu e da terra, vosso Criador: Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração.
Vês a condescendência do Senhor? Vês sua inconcebível bondade? Não nos exigiu algo pesado ou odioso. Realmente, ele não disse: “Aprendei de mim que realizei prodígios, que ressuscitei mortos, que fiz milagres”. Tudo isso era unicamente próprio de seu poder. Então, o quê? Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso para as vossas almas. Percebes como são grandes os benefícios e a utilidade deste jugo?
Portanto, o que foi considerado digno de entrar sob este jugo e é capaz de aprender do Senhor a ser manso e humilde de coração, obterá para a sua alma todo o alívio. Este é, realmente, o ponto capital de nossa salvação: quem é possuidor desta virtude, mesmo que esteja unido ao corpo, poderá rivalizar com os poderes incorpóreos e já não ter nada em comum com o presente.
São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla (séc. V)
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