domingo, 2 de fevereiro de 2020

33º Domingo Depois de Pentecostes

02 de Fevereiro de 2020 (CC) 20 de Janeiro (CE)
Santo Eutímio, o grande
Tom 8



Santo Eutímio, o Grande (Melitene, 377 - Neguev, 20 de janeiro de 473) foi um asceta, abade e um dos Pais do monasticismo ortodoxo oriental, estabelecendo diversos centros religiosos ao longo da Palestina. Devido a sua vida ascética e sua confissão firme na fé ortodoxa, Eutímio adquiriu o epítome "o Grande". 
Quando o Concílio de Calcedónia (451) condenou Eutiques, foi graças a autoridade de Eutímio que os líderes eclesiásticos orientais aceitaram seus decretos. A Imperatriz Élia Eudócia converteu-se ao cristianismo através de Eutímio. 
Filho de Paulo e Dionísia, Eutímio logo na infância perde seu pai e sua mãe, que havia prometido guiá-lo a vida religiosa, entrega-o a seu irmão Eudóxio. Eudóxio leva a criança ao bispo Otreio de Melitene que aceita cuidar dele. Percebendo a aptidão de Eutímio, Otreio o nomeia Leitor e o torna um monge. Em pouco tempo Eutímio foi ordenado para o sacerdócio e a ele foi concebida a responsabilidade de gerir todos os mosteiros da cidade de Melitene. 
Em 406 partiu secretamente em peregrinação para Jerusalém onde filiou-se ao mosteiro de Parã, nas proximidades na cidade. Em sua viagem Eutímio visitou os Padres do Deserto. Em Parã, ganhando a vida tecendo cestos, Eutímio conheceu Teoctisto, monge de um mosteiro vizinho, que também compartilhava com ele o ascetismo. Todos os anos, após a Epifania do Senhor, ambos retiravam-se para o deserto de Coutila (próximo de Jericó). Em 411 Eutímio, junto de Teoctisto, partiu definitivamente para o deserto onde ambos habitaram uma caverna. Quando os habitantes locais tomaram conhecimento da presença destes ascetas, periodicamente eles recebiam visitas. Com o tempo uma comunidade monástica começou a ganhar forma estando entre os discípulos muitos monges de Parã. A Teoctisto foi concebido o dever de gerir o mosteiro. Durante este período Eutímio atuou no batismo de muitos árabes, entre eles Aspabeto (recebeu o nome de Pedro) e seu filho Terebão, ambos curados por Eutímio de uma moléstia. Aspebeto tornou-se bispo entre os árabes e recebeu o direito de participar do Concílio do Éfeso em 431. 
Rapidamente as notícias dos milagres de Eutímio se espalharam e multidões começaram a visitar o mosteiro a procura de cura para diversas enfermidades, Não suportando mais viver em meio a tanta fama, Eutímio abandona o mosteiro e parte junto com seu discípulo Domiciano para o deserto de Ruba, perto do mar Morto, onde habitaram a montanha onde situa-se as ruínas de Massada. No deserto de Zipho, nas cercanias da caverna onde, segundo relatos bíblicos, Davi escondeu-se de Saul, Eutímio fundou um mosteiro e construiu uma igreja, além de ter trabalhado na conversão de monges maniqueístas, na cura de enfermos e com exorcismo. Mais tarde Eutímio retorna para as proximidades do mosteiro de Teoctisto onde, em 420, funda um mosteiro semelhante ao de Parã. Em 428 a igreja próxima ao mosteiro é dedicada a ele por Juvenal, Patriarca de Jerusalém.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (11)

João 21:15-25

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isto, disse-lhe: Segue-me. E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, e que na ceia se recostara também sobre o seu peito, e que dissera: Senhor, quem é que te há de trair? Vendo Pedro a este, disse a Jesus: Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não lhe disse que não morreria, mas: Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Este é o discípulo que testifica destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem. Amém.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Tu desceste do alto dos Céus, ó Deus misericordioso,
e aceitaste estar sepultado durante três dias,
afim de nos libertares de nossas paixões.
Glória à Ti, Senhor, nossa vida e nossa Ressurreição!

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo,
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Kondákion da Ressurreição
Ressuscitando do túmulo, Tu acordaste os mortos
e levantaste Adão, e Eva dançou de alegria na Tua Ressurreição,
e os confins da terra mantiveram festas triunfais 
na Tua Ressurreição dentre os mortos,
ó Tu Que És misericordiosíssimo.

Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador / não desprezes as súplica de nenhum de nós pecadores; / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós junto de Deus, // tu que defendes sempre àqueles que te veneram.

Prokímenon

Fazei votos, e pagai-os
ao Senhor vosso Deus. (Sl. 75:11)

Conhecido É Deus em Judá, 

Grande É o Seu Nome em Israel. (Sl. 75:1)

1 Timóteo 4:9-15

9, na pureza. 13 até à minha volta, aplica-te à ler as Escrituras Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação. 10 Pois para isto é que nos afadigamos e suportamos opróbrios, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis. 11 Ordena e ensina estas coisas. 12 Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, no espírito, na fépara o povo, à exortação e ao ensino. 14 Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. 15 Pratica estas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor,
cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentemo-nos diante d'Ele com louvor, 
e celebremo-lo com salmos! 

Aleluia, aleluia, aleluia!

Lucas 19:1-10

1 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade. 2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico. 3 Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura. 4 E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali. 5 Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e o avistou, e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa. 6 Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria. 7 Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador. 8 Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado. 9 Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão. 10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.

† † †

HOMILIA

Os textos de hoje nos falam de esforço e desejo. O maior inimigo destes dois é a preguiça. Os Pais do Deserto, especialmente Evágrio Pôntico, já a classificavam como uma das principais doenças da alma, uma das oito pulsões geradas a partir do pecado que nos alijam de todo o bem. Geralmente a preguiça é alimentada pela gula. Todos os querem vencer a preguiça, necessitam primeiramente combater a gula.

Estas pulsões, nos ensinam também os Santos Padres, só podem ser vencidas pela Graça e a ascese, ou seja, o esforço espiritual, aquilo que São Paulo chama de “exercício da piedade”. As principais ferramentas deste combate são as orações, os jejuns, a caridade e as dignas participações da Eucaristia. Destes esforços e de seu fruto, assim nos diz São Pedro:

“Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pedro 1:8).

Sem este combate a alma não progride. E naquele no qual este combate ou esforços estão ausentes, nos diz o mesmo Apóstolo, que o tal é “ cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados” (2 Pedro 1:9).

O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma.

No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu” que consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas.

A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada, como fruto de sua fé e esforço pessoal: Zaqueu (Lucas 19:8-10; Tiago 2:24). 

Na perspectiva mistagógica podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “shatam” significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.

O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu.

O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece nas duas margens do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos).

Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão).

A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo.

Padre Mateus (Antonio Eça)

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