domingo, 18 de dezembro de 2022

27º Domingo depois de Pentecostes

 
18 de Dezembro de 2022 (CC) 05 de Dezembro (CE)
Ss. Savas, o Santificado, mon. († 532);
Cosmas, o Protos e os Monges Mártires do Monte Athos
Jejum da Natividade (Peixe é permitido)
Tom 2




A aldeia desconhecida de Mutalaska, na província da Capadócia, tornou-se famosa por este grande luminar da Igreja Ortodoxa. Savas nasceu lá de seus pais João e Sophia. Com a idade de oito anos, deixou a casa de seus pais e foi tonsurado monge em uma comunidade monástica nas proximidades chamadoa de Flaviano. Depois de dez anos, mudou-se para os mosteiros da Palestina e  o Mosteiro de São Eutímio o Grande (20 de janeiro) e Theoctistus, fora o lugar onde permanecera mais tempo.

 O clarividente Euthymius profetizou que Sava se tornaria um monge famoso e um professor de monges e que ele iria estabelecer uma lavra (caverna) maior que todas as lavras da época. Após a morte de Eutímio, Sava se retirou para o deserto, onde viveu por cinco anos como eremita numa caverna a ele mostrada  por um anjo de Deus. Depois, quando ele tinha sido aperfeiçoado na vida monástica,  começou pela providência divina a reunir em torno dele muitos que estavam desejosos da vida espiritual. Em breve, um número tão grande que se reunira, que Sava teve que construir uma igreja e muitas células. Alguns armênios também vieram até ele, e para os tais forneceu uma caverna onde eles seriam capazes de celebrar serviços na língua armênia.

Quando seu pai morreu, sua mãe idosa, Sophia, veio a ele, e ele a tonsurou, tornando-a uma monja. Ele deu-lhe uma célula localizada a uma distância de seu mosteiro, onde ela viveu uma vida de ascetismo até sua morte. 
Este santo padre sofreu muitas agressões de todos os lados: dos que estavam perto dele, dos hereges e dos demônios. Mas triunfou sobre todos: às pessoas próximas a ele, pela bondade e indulgência; aos hereges, por sua confissão inabalável da Fé Ortodoxa; aos demônios, pelo sinal da cruz e pedindo a Deus por ajuda. Ele tinha particularmente uma grande luta com os demônios no Monte Castellium, onde estabeleceu seu segundo mosteiro. Ao todo, Sava estabeleceu sete mosteiros.

Savas e Teodósio, o Grande, seu vizinho, são considerados os maiores luzeiros e pilares da Ortodoxia no Oriente. Eles corrigiram Imperadores e Patriarcas em matéria de Fé, e para todos serviram como um exemplo de humildade e do santo poder de Deus em operar milagres. Depois de uma vida penosa e muito proveitosa, São Sava entrou no descanso, no ano 532, com a idade de noventa e quatro anos. Entre suas muitas obras maravilhosas que deixou, está a compilação da ordem de serviços para uso em mosteiros, agora conhecido como o Typicon de Jerusalém. 
Comemoração de São Savas 
Lucas 6:17-23 Matinas
Gálatas 5:22-6:2
Mateus 11:27-30
 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (IV)


Lucas 24:12-35

Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro e, abaixando-se, viu só os lençóis ali postos; e retirou-se, admirando consigo aquele caso. E eis que no mesmo dia iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles falando entre si, e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles. Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem. E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? E, respondendo um, cujo nome era Cléopas, disse-lhe: És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? E ele lhes perguntou: Quais? E eles lhe disseram: As que dizem respeito a Jesus Nazareno, que foi homem profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; e como os principais dos sacerdotes e os nossos príncipes o entregaram à condenação de morte, e o crucificaram. E nós esperávamos que fosse ele o que remisse Israel; mas agora, sobre tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. É verdade que também algumas mulheres dentre nós nos maravilharam, as quais de madrugada foram ao sepulcro; e, não achando o seu corpo, voltaram, dizendo que também tinham visto uma visão de anjos, que dizem que ele vive. E alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; porém, a ele não o viram. E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. E chegaram à aldeia para onde iam, e ele fez como quem ia para mais longe. E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes. E disseram um para o outro: Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava, e quando nos abria as Escrituras? E na mesma hora, levantando-se, tornaram para Jerusalém, e acharam congregados os onze, e os que estavam com eles, os quais diziam: Ressuscitou verdadeiramente o Senhor, e já apareceu a Simão. E eles lhes contaram o que lhes acontecera no caminho, e como deles fora conhecido no partir do pão.

† † †

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Ó Vida Imortal, sofrendo a morte, / esmagaste o Inferno com o fulgor de Tua Divindade. / E quando fizeste erguer os mortos das profundezas da terra, / todos os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: // “Glória a Ti, ó Cristo nosso Deus e Autor da Vida!”

Tropárion de São Mateus, Tom 3 (Santo Patrono)
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!

Tropárion de São Savas, no 8º Tom
Com uma torrente de lágrimas tornaste fértil o deserto, / e teu anseio por Deus produziu frutos em abundância. / Pelo resplendor dos milagres iluminaste todo o universo. // Nosso Pai Savas, roga a Cristo Deus que salve as nossas almas!

Kondákion da Ressurreição
Tu ressuscitaste do túmulo, Ó Onipotente Salvador, / e com esse forte sinal, o Inferno tomou-se de medo, / os mortos ressuscitaram e a criação Contigo se alegra / e Adão fica inexcedivelmente jubilante; //e o mundo, ó meu Salvador, a Ti louva para sempre.

Kondákion de São Mateus, Tom 4 (Santo Patrono)
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo ...

Kondákion de São Savas, no 8º Tom: Desde a tua juventude te ofereceste a Deus como um sacrifício irrepreensível; / e a Ele foste dedicado antes do teu nascimento, ó bendito Savas. / Foste adorno dos justos e louvável cidadão do deserto.// Por isso, a ti exclamamos: “Rejubila-te, ó Pai sempre glorioso!” 

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Hino à Virgem
Ó admirável Protetora dos cristãos...

Prokímenon

R. O Senhor, É a minha força e o meu cântico,
porque ele me salvou. (Sl. 117:14)

V. O Senhor, castigou-me muito,
mas não me entregou à morte. (Sl. 117:18)

Efésios 6:10-17

No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça; e calçados os pés na preparação do evangelho da paz; tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

O Senhor te ouça no dia da tribulação;
Te proteja o Nome do Deus de Jacó!

Salva, Senhor, pois ao Rei clamamos!
Que Ele nos escute!

Lucas 17:12-19

E, entrando numa certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez homens leprosos, os quais pararam de longe; e levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós. E ele, vendo-os, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, indo eles, ficaram limpos. E um deles, vendo que estava são, voltou glorificando a Deus em alta voz; e caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e este era samaritano. E, respondendo Jesus, disse: Não foram dez os limpos? E onde estão os nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro? E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.

† † †

Canto da Comunhão

Louvado seja o Senhor desde os céus, 
louvado Seja nas alturas!

A memória dos justos será eterna; 
eles não temem as más notícias.

Aleluia, Aleluia, Aleluia!

† † †

HOMILIA

São João Cassiano (séc. V)

O primeiro movimento de boa vontade (no homem) Deus mesmo nos concede por sua inspiração. Esta nos atrai ao caminho da salvação, já seja por impulso imediato dele, ou pelas exortações de um homem, ou pela força das circunstâncias. E também é um dom de sua mão a perfeição das virtudes. O que de nós depende é corresponder com frieza ou com entusiasmo a esse impulso da graça. Segundo isto, merecemos o prêmio ou o tormento, na medida em que tenhamos cooperado ou não, com nossa fidelidade ou infidelidade, a esse plano divino que sua condescendência e paternal providência havia concebido sobre nós...

Idêntica linha de conduta observamos na cura dos dois cegos do Evangelho: Que Jesus passe por onde eles estavam é graça de sua condescendência e providência; conceder que os cegos falem e digam: Tem piedade de nós, Senhor, Filho de Davi!, é obra de sua fé e confiança nele. E o fato de que a luz volte aos seus olhos e vejam, é dom exclusivo da misericórdia divina.

Cabe observar que mesmo depois de haver recebido algum benefício de Deus, subsiste a força da graça divina e a liberdade humana. O manifesta o episódio dos dez leprosos que foram curados pelo Senhor ao mesmo tempo. Somente um deles, por obra de seu livre-arbítrio – secundando, é claro, a moção divina –, retorna para dar graças. O Senhor elogia a iniciativa.

Porém, ao mesmo tempo reclama e pergunta pelos outros nove. Com isto manifesta que sua solicitude continua agindo a favor dos homens, apesar de sua ingratidão que esquece os seus benefícios. Ambas as coisas são igualmente um dom de sua visita: acolher e respeitar ao agradecido, e buscar repreender aos ingratos.

Ademais, convém que creiamos com uma fé incondicional que nada acontece no mundo sem a intervenção de Deus. Devemos realmente reconhecer que tudo acontece ou por sua vontade ou por sua permissão. O bem, mediante a sua vontade e o seu auxílio; o mal, por sua permissão, quando, para punir nossos crimes ou a dureza de nosso coração, nos abandona à tirania do demônio ou as vergonhosas paixões da carne.

O apóstolo nos ensina isto com evidência nestas palavras: Por isto Deus os abandonou as suas paixões ignominiosas, e também: Porque não se preocuparam de conhecer a Deus, os entregou aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno. E o próprio Senhor diz pela boca do profeta: E o meu povo não ouviu a minha voz, e Israel não obedeceu aos meus mandatos. Por isto lhes abandonei – diz – aos pensamentos de seu coração e andaram segundo os seus próprios caprichos.

Devemos considerar que se a liberdade se destaca na desobediência do povo, não é menos evidente, por outro lado, a contínua providência que Deus tem sobre os seus. De fato, não deixa de encaminhar-lhes diariamente seus avisos, clamando, por assim dizer, a Israel. Quando afirma: Se meu povo me escutasse, mostra claramente que ele falou a Israel, o primeiro. E não somente pela lei escrita lhes fala assim Deus, mas também por contínuas e diárias admoestações, segundo aquela que diz Isaías: O dia inteiro estendi as minhas mãos ao povo que não cria em mim e me contradizia.

† † †

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