segunda-feira, 8 de maio de 2023

4ª Segunda-feira de Páscoa


08 de Maio de 2023 (CC) / 25 de Abril (CE)
São Marcos, Apóstolo e Evangelista (Séc. I)
Santos José de Arimateia e Nicodemus (Séc. I)
Tom 3






«Cristo ressuscitou dos mortos,
Pisoteando a morte com Sua morte,
E outorgando a vida
Aos que jaziam nos sepulcros!»






O Santo Apóstolo e Evangelista Marcos, também conhecido como João Marcos (At 12:12), foi um dos Setenta Apóstolos, e era sobrinho de São Barnabé (11 de junho). Ele nasceu em Jerusalém e, de acordo com a Tradição da Igreja, na noite em que Cristo foi traído, ele o seguiu, envolto apenas em um pano de linho. Detido por soldados, fugiu desnudo, deixando para trás o pano.
 
“E um certo jovem o seguia, envolto em um lençol sobre o corpo nu. E lançaram-lhe a mão, mas ele, largando o lençol, fugiu nu” (Mc 14:51-52). 
Após a Ascensão do Senhor, a casa de sua mãe Maria se tornou um lugar onde os cristãos se reuniam, e um local de alojamento para alguns dos apóstolos (At 12:12). São Marcos foi um companheiro muito próximo dos Apóstolos Pedro e Paulo (29 de Junho) e de Barnabé. Foi a Selêucia com Paulo e Barnabé, e de lá partiu para a ilha de Chipre, atravessando toda a ilha, de leste a oeste. Na cidade de Paphos, São Marcos testemunhou a cegueira que São Paulo fez cair sobre o feiticeiro Elimas (At 13:6-12). São Marcos retornou a Jerusalém, e depois foi para Roma com o Apóstolo Pedro. De lá, partiu para o Egito, onde fundou uma igreja local.

Retornando para a Palestina, Marcos vai para Antioquia. De lá foi com Barnabé para Chipre, indo depois ao Egito novamente, onde com São Pedro fundaram muitas igrejas. Em seguida, vão para a Babilônia e, foi desta cidade que o Apóstolo Pedro enviou uma epístola aos cristãos da Ásia Menor, na qual chama São Marcos de seu filho (1 Pd 5,13).

Quando o Apóstolo Paulo chegou a Roma acorrentado, Marcos estava em Éfeso, onde Timóteo (4 de janeiro) foi bispo. São Marcos foi com ele para Roma e, de lá foi que escreveu seu Santo Evangelho. De Roma viajou para o Egito. Em Alexandria, iniciou uma escola cristã que, mais tarde, produziu sacerdotes notáveis e mestres da Igreja, como São Clemente de Alexandria, São Dionísio de Alexandria (5 de outubro), São Gregório Taumaturgo (5 de novembro) e outros.

Zeloso dos serviços da Igreja, Marcos compôs uma liturgia para os cristãos de Alexandria. Ele também pregou o Evangelho nas regiões do interior da África, quando esteve na Líbia, em Nektópolis.

Durante essas viagens, Marcos foi inspirado pelo Espírito Santo a ir novamente para Alexandria e enfrentar os pagãos. Lá, visitou a casa de Ananias e curou uma de suas mãos aleijada. O dignitário ouviu suas palavras e, cheio de júbilo, recebeu o santo Batismo. Seguindo o exemplo de Ananias, muitos dos habitantes daquela parte da cidade foram batizados. Isto despertou a inimizade dos pagãos que queriam matar São Marcos. Quando ele soube disto, fez de Ananias bispo, e os três cristãos, Malchos, Sabinos e Kerdinos foram ordenados presbíteros para que a igreja pudesse contar com líderes após a sua morte.

Os pagãos aprisionaram Marcos enquanto ele celebrava a Liturgia. Eles o espancaram, o arrastaram pelas ruas e o jogaram depois na prisão. A São Marcos foi concedida uma visão do próprio Senhor Jesus Cristo que o fortaleceu antes de suas torturas. No dia seguinte, a multidão enfurecida arrastou novamente o santo pelas ruas, e ao longo do caminho, diante do tribunal, São Marcos entregou seu espírito a Deus, dizendo: «Em tuas mãos, ó Senhor, eu entrego meu espírito». Os pagãos quiseram queimar o corpo do santo, mas quando acenderam o fogo, tudo escureceu, ouvia-se trovões e a terra tremeu. Os pagãos fugiram aterrorizados, e os cristãos levaram o corpo de São Marcos para o sepultar em uma cripta de pedra. Isso foi em 04 de abril do ano 63. A Igreja celebra a sua memória em 25 de abril.

No ano 310, uma igreja foi construída sobre as relíquias de São Marcos. Em 820, quando os muçulmanos dominaram o Egito e oprimiram a Igreja, as relíquias de São Marcos foram transferidas para Veneza e posta na igreja dedicada a ele.

São Marcos escreveu seu Evangelho para os cristãos gentios, enfatizando as palavras e ações do Salvador, que revelam seu poder divino. Muitos aspectos do seu estilo podem ser explicados por sua proximidade com São Pedro. Os escritores antigos dizem que o Evangelho de Marcos é um registro sucinto da pregação de São Pedro. 
Leituras Comemorativas 
Lucas 10:1-15 Matinas
1 Pedro 5:6-14 
Marcos 6:7-13 

Os Santos Timóteo e Maura, marido e mulher, viveram no século III, quando reinava Diocleciano. Timóteo era natural de Panapeis, região da Tebaida, e grande estudioso eclesiástico. Com apenas 20 dias de casado, o Governador de Tebaida o acusou de ser seguidor do cristianismo, ordenando que lhe entregasse todos os livros que tinha sobre a fé cristã. Timóteo negou-se a se desfazer de seus livros, pois para ele era como separar um pai de seus filhos. Diante disso, o Imperador mandou que fosse torturado. 
Ordenou então que fosse trazida à sua presença Maura, a esposa de Timóteo, com a intenção de convencê-la a que persuadisse seu marido a negar sua fé em Cristo e adorar os ídolos. Contudo, Maura também confessou ser cristã, permanecendo firme em sua fé. O Governador mandou então que fossem arrancados seus cabelos e cortados os dedos de suas mãos e, depois, lançada num caldeirão de água fervente. Milagrosamente, Maura saiu ilesa da caldeira, e o Governador ordenou, por fim, que o casal fosse crucificado, um de frente para o outro. Depois de nove dias de agonia entregaram ambos suas almas a Cristo, confessando corajosamente sua fé.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 10: 1-16

Fragmento 24 - Naqueles dias, havia em Cesaréia um homem por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana, piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus. Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio. O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus; agora, pois, envia homens a Jope, e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro. Este está hospedado com um certo Simão curtidor, que tem a sua casa junto do mar. Ele te dirá o que deves fazer. E, retirando-se o anjo que lhe falava, chamou dois dos seus criados, e a um piedoso soldado dos que estavam ao seu serviço. E, havendo-lhes contado tudo, os enviou a Jope. E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta. E tendo fome, quis comer; e, enquanto lho preparavam, sobreveio-lhe um arrebatamento de sentidos, e viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e feras e répteis da terra, e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. E segunda vez lhe disse a voz: Não faças tu comum ao que Deus purificou. E aconteceu isto por três vezes; e o vaso tornou a recolher-se ao céu.

João 6:56-69

Fragmento 24 – Disse o Senhor aos judeus que vieram ter com ele: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre. Ele disse estas coisas na sinagoga, ensinando em Cafarnaum. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Sabendo, pois, Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: Isto escandaliza-vos? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não creem. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido. Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que Tu És o Cristo, o Filho do Deus vivente.

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ENSINOS DOS SANTOS PADRES


“Pela Carne Estar Unida Ao Verbo Vivificador, Ela Se Tornou Toda Vivificante”

O espírito é que vivifica; a carne de nada serve. Não foi com absoluta falta de inteligência que atribuístes à carne a incapacidade de vivificar; porque, quando se considera somente a natureza da carne em si mesma, evidentemente que não é vivificadora, já que não vivificará de jeito nenhum a coisa alguma das que existem, antes ela tem necessidade de quem a possa vivificar. Mas examinando com empenho o mistério da encarnação e aprendendo, então, quem é que habita nesta carne, estareis inteiramente em disposição de aceitar, a não ser que queirais contradizer ao próprio Espírito Santo que pode vivificar, ainda que por si a carne de nada sirva.

Pois, por ela (a carne) estar unida ao Verbo vivificador, tornou-se toda vivificante, elevada à potência daquele que é superior; porque ela não forçou a vir ao seu próprio nível ao que não pode ser vencido (Verbo). E assim, por mais que a natureza da carne seja impotente – no que a ela diz respeito – para vivificar, porém, realizará isto tendo ao Verbo vivificador e levando em si toda a potência do Verbo. Portanto, é corpo daquele que é por natureza Vida, e não de qualquer um dos homens, a respeito do qual com razão valeria aquilo: A carne de nada serve. Porque isto não realizará em nós a carne de Paulo, por exemplo, nem a de Pedro, ou a de qualquer outro; a única exceção é a carne de Cristo, nosso Salvador, no qual habitou corporalmente toda a plenitude da divindade.

É certo que seria a coisa mais absurda que por um lado o mel colocasse sua própria qualidade no que por natureza não é doce e pudesse transformar em si aquilo com o qual se mistura, e pensar, por outro lado, que a natureza vivificante do Verbo não exalta a sua própria bondade ao corpo no qual habitou. Por conseguinte, de todos os outros é verdade o de que a carne de nada serve; falhará somente em Cristo, porque naquela carne habita a vida, a saber: o Unigênito.

E se chama a si mesmo espírito: Porque Deus é espírito; e segundo o bem-aventurado Paulo: Porque o Senhor é o Espírito. E não dizemos isto por negar que o Espírito Santo tenha subsistência própria, mas como se chama a si mesmo Filho do homem por ter-se feito homem, assim agora se nomeia por seu próprio espírito. Porque seu Espírito não lhe é indiferente.

As palavras que vos tenho dito são espírito e vida. Todo seu corpo está pleno com a potência vivificadora do Espírito. E assim já chama “espírito” a sua carne, não porque se desfaça do que é carne, mas porque ela está extremamente unida a ele, e por revestir toda sua força vivificante dele, devendo já ser chamada também espírito. E nada de estranho tem isto, nem há por que te escandalizes disso, pois se aquele que adere ao Senhor torna-se um só espírito com ele, como o próprio corpo dele não há de ser, com maior razão, declarado um com ele?

Portanto, com o que antecede quer significar isto: Por vossas reflexões percebo – ele diz; estais sem entender porque andais discutindo o que de mim tenha saído ou dito sobre o que é o corpo terreno por sua natureza vivificadora; contudo, não é esse o fim para onde se dirigem as minhas palavras, porque toda a explicação que eu vos fazia versava a respeito do Espírito divino e sobre a vida eterna. Pois não é a natureza da carne que torna vivificador ao espírito, mas a força do Espírito que torna ao corpo vivificador. Por isso as palavras que vos tenho dito são espírito, ou seja, espirituais e que tratam sobre o Espírito; e são vida, porque é vivificante e a respeito da vida por natureza.

E ele não diz isto por destruir a sua própria carne, mas ensinando-nos o que é a verdade. Assim, o que há pouco dissemos, o voltaremos a repetir pela utilidade que existe nisso: a natureza da carne, ela por si, não poderia vivificar; pois o que mais teria naquele que é por natureza Deus? Porém, não há de entender-se que em Cristo (a carne) está só e em si mesma; está unida ao Verbo, o qual é por natureza vida. Por isso, quando Cristo a chama vivificante, não atribui a ela o poder vivificar tanto como a si mesmo ou ao seu próprio Espírito. Porque por ele o seu próprio corpo é também vivificador, já que o transformou elevando-o a sua própria eficácia; porém a forma nem é compreensível para a mente nem pode expressá-lo a língua, mas somente deve ser honrado com silêncio e com fé, que excede à razão.

São Cirilo de Alexandria, Patriarca de Alexandria (séc. V)

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