quinta-feira, 4 de maio de 2023

3ª Quinta-feira da Páscoa

04 de Maio de 2023 (CC) / 21 de Abril (CE)
São Januário, bispo de Benevento
Tom 2





«Cristo ressuscitou dos mortos, 
Pisoteando a morte com Sua morte, 
E outorgando a vida 
Aos que jaziam nos sepulcros!»



São Januário nasceu em Nápoles, no ano 270 d.C. Nada se sabe ao certo sobre os primeiros anos de sua vida. Em 302 foi ordenado sacerdote, e por sua piedade e virtude foi escolhido, pouco depois, para Bispo de Benevento. Sua caridade, infatigável zelo e solicitude pastoral desterraram de sua diocese a indigência, tendo ele socorrido a todos os necessitados e aflitos. Quando em 304, o Imperador Romano Diocleciano desencadeou em todo o Império cruel perseguição contra o Cristianismo, obrigando os fiéis a oferecer sacrifícios às divindades pagãs, Januário teve muitas ocasiões de manifestar o valor de seu zelo, socorrendo os cristãos, não só nos limites de sua diocese, mas em todas as cidades circunvizinhas. Penetrava nos cárceres, estimulando seus irmãos na fé e perseverança final, alcançando também, naquela ocasião, grande número de conversões. O êxito de seu apostolado não tardou a despertar atenção de Dracônio, Governador da Campânia, que o mandou prender. Diante do tribunal, São Januário foi reprovado pelo Pró-Cônsul Timóteo, que lhe apresentou a seguinte alternativa: «Ou ofereces incenso aos deuses, ou renuncias à vida». 
"Não posso imolar aos demônios, pois tenho a honra de sacrificar todos os dias ao verdadeiro Deus” – respondeu com vigor o santo, referindo-se à celebração eucarística. 
Irado, o pró-cônsul ordenou que o santo Bispo fosse lançado imediatamente numa fornalha ardente. Mas Deus quis renovar em favor de seu fiel servo o milagre dos três jovens israelitas, atirados também nas chamas, de que fala o Antigo Testamento. São Januário saiu desta prova do fogo ileso, para grande surpresa dos pagãos. O tirano, atribuindo o prodígio a artes mágicas, ordenou que São Januário e mais seis outros cristãos fossem conduzidos a Puzzoles, onde seriam lançados às feras na arena.  
No dia marcado para o suplicio, o povo lotou o anfiteatro da cidade. No centro da arena, São Januário encorajava os companheiros; e mal terminara de falar foram libertados leões, tigres e leopardos famintos, que correram em direção às vítimas. Mas, em lugar de despedaçá-las, prostraram-se diante do Bispo de Benevento e começaram a lamber-lhes os pés. Ouviu-se então um grande murmúrio no anfiteatro, que reconhecia não existir outro verdadeiro Deus senão o dos cristãos. Muitos pediram clemência. Mas o pró-cônsul, cego de ódio, mandou decapitar aqueles cristãos, sendo executada a ordem na praça Vulcânia. Os corpos dos mártires foram conduzidos pelos fiéis às suas respectivas cidades. Segundo relataram as crônicas, uma piedosa mulher recolheu em duas ampolas o sangue que escorria do corpo de São Januário, quando este era transportado para Benavento. Os restos mortais do Bispo mártir foram transladados para sua cidade natal — Nápoles — em 432. No ano 820 voltaram para Benavento. Em 1497 retornaram definitivamente para Nápoles, onde repousam até hoje, em majestosa Catedral gótica.

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

Atos 8:26-39

26 Mas um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai em direção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto. 27 E levantou-se e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo- mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adorar, 28 regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías. 29 Disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro. 30 E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes, porventura, o que estás lendo? 31 Ele respondeu: Pois como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se sentasse. 32 Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como a ovelha ao matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim ele não abre a sua boca. 33 Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. 34 Respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? 35 Então Filipe tomou a palavra e, começando por esta escritura, anunciou-lhe a Jesus. 36 E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? 37 [E disse Felipe: é lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.] 38 mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e Filipe o batizou. 39 Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco, que jubiloso seguia o seu caminho.

João 6:40-44

40 Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 41 Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu; 42 e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu? 43 Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós. 44 Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.

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COMENTÁRIO

“Nosso Senhor Jesus Cristo Nos Alimenta Para a Vida Eterna”

Penso que o maná é sombra e tipo da doutrina e dos dons de Cristo, que procedem do alto e nada possuem de terreno; pelo contrário, antes estão em aberta oposição com esta carnal execração, e que na realidade são pasto não somente dos homens, mas também dos anjos. De fato, o Filho nos manifestou ao Pai em si mesmo, e por meio dele fomos instruídos na razão de ser da santa e consubstancial Trindade, e até nos introduziu no nobre caminho de todas as virtudes.

Na verdade, o reto e verdadeiro conhecimento destas realidades é alimento do espírito. Contudo, Cristo repartiu em abundância a doutrina à plena luz e de dia. Também o maná foi dado aos antepassados ao raiar do dia e à plena luz. Realmente em nós, os crentes, o dia já tem despontado, como está escrito, e o luzeiro nasceu em todos os corações, e saiu o sol de justiça, a saber, Cristo, o doador do maná inteligível. E que aquele maná sensível foi algo assim como uma figura, e este, em vez disso, o maná verdadeiro, Cristo mesmo assegura-nos com todas as garantias, quando diz aos judeus: Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.

Ele, pelo contrário, é o pão que desce do céu, para que o homem dele coma e não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Aquele que comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo. Nosso Senhor Jesus Cristo nos alimenta para a vida eterna tanto com os seus preceitos que estimulam a piedade como mediante seus místicos dons. Ele é, portanto, realmente em pessoa aquele maná divino e vivificante.

Aquele que dele comer não experimentará a futura corrupção e escapará da morte; mas não aqueles que comeram o maná sensível, pois o “tipo” não era portador de salvação, mas era unicamente figura da verdade. Deus, fazendo cair o maná do céu em forma de chuva, ordena que cada um recolha o que possa comer, e se quer, pode recolher também para aqueles que vivam na mesma tenda. Que cada um – diz – recolha o que possa comer e para todas as pessoas que vivam em cada tenda. Que ninguém guarde para amanhã. Devemos estar bem penetrados da doutrina divina e evangélica.

Portanto, Cristo distribui a graça igualmente para pequenos e grandes, e a todos alimenta igualmente para a vida; quer reunir os demais com os mais fracos, e que os fortes se sacrifiquem por seus irmãos até assumir sobre si os trabalhos deles, e fazer-lhes partícipes da graça celestial. Isto é o que – a meu juízo – ele disse aos próprios santos apóstolos: De graça recebestes, de graça dai. Portanto, aqueles que recolheram para si maná abundante, apressaram-se a reparti-lo entre os que viviam sob as mesmas tendas, isto é, na Igreja. Os discípulos realmente exortavam a todos e os estimulavam a coisas mais dignas; comunicavam a todos em abundância a graça que de Cristo alcançaram.

São Cirilo de Alexandria (séc. V)

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