10 de Setembro de 2023 (CC) / 28 de Agosto (CE)
S. Moisés Etíope, anacoreta (séc. IV); Sábas de Pskov;
Encontro das Santas Relíquias de Jó de Pochaev; Diomedes e Laurêncio;
Ana, a Profetisa, Filha de Fanuel, que segurou nosso Senhor Jesus Cristo em seus braços; Shushanika Princesa de Rana; Ezequias, Rei da Judeia;
Synaxis dos Padres de Pechersk Das Grutas Longínquas;
33 Mártires de Nicomedia.
S. Moisés Etíope, anacoreta (séc. IV); Sábas de Pskov;
Encontro das Santas Relíquias de Jó de Pochaev; Diomedes e Laurêncio;
Ana, a Profetisa, Filha de Fanuel, que segurou nosso Senhor Jesus Cristo em seus braços; Shushanika Princesa de Rana; Ezequias, Rei da Judeia;
Synaxis dos Padres de Pechersk Das Grutas Longínquas;
33 Mártires de Nicomedia.
Tom 5
O Monge Moisés Murin, o Negro, viveu durante o século IV no Egito. Ele era etíope e tinha pele negra e, portanto, era chamado de "Murin" (que significa "como um etíope"). Em sua juventude Moisés foi escravo de um homem importante, mas depois de cometer um assassinato, seu mestre o baniu e ele se juntou a um bando de ladrões. Por causa de sua veia mesquinha e grande força física, eles o escolheram como líder. Moisés, juntamente com seu bando, cometeu muitas ações malignas – tanto assassinatos quanto roubos, a tal ponto que as pessoas ficavam tomadas de medo até mesmo com a simples menção de seu nome.
Moisés, o bandido, passou vários anos levando uma vida muito pecaminosa, mas pela grande misericórdia de Deus ele se arrependeu, deixou o seu bando e foi para um dos mosteiros do deserto. Ele passou muito tempo, suplicando em lágrimas, que o admitissem entre o número dos irmãos. Os monges não estavam convencidos da sinceridade do seu arrependimento; mas o ex-ladrão não poderia ser expulso e nem ignorado, em seu fervoroso pedido por aceitação. No mosteiro, o Monge Moisés foi completamente obediente ao abade e aos irmãos, e derramou muitas lágrimas, lamentando sua vida pecaminosa.
Depois de um certo tempo, o Monge Moisés retirou-se para uma cela solitária, onde passava o tempo em oração e no mais estrito jejum em um estilo de vida muito austero. Certa vez, 4 dos ladrões de seu antigo bando desceram sobre a cela do Monge Moisés e ele, não tendo perdido sua grande força física, amarrou todos e, pondo-os ao ombro, levou-os ao mosteiro, onde perguntou aos mais velhos o que fazer com eles. Os mais velhos ordenaram que fossem libertados. Os ladrões, ao saberem que tinham encontrado o seu antigo líder, e que ele os tratara gentilmente, - eles próprios seguiram o seu exemplo: arrependeram-se e tornaram-se monges. E mais tarde, quando o resto do bando de ladrões ouviu falar do arrependimento do Monge Moisés, eles também desistiram do banditismo e se tornaram monges fervorosos.
O Monge Moisés não se libertou rapidamente das paixões. Ele ia frequentemente ao abade do mosteiro, Abba Isidor, em busca de conselhos sobre como se livrar das paixões da libertinagem. Tendo experiência na luta espiritual, o ancião ensinou-o a nunca comer demais, a ter fome parcial e ao mesmo tempo observar a mais estrita moderação. Mas as paixões não cessariam para o Monge Moisés em seus sonhos. Então Abba Isidor lhe ensinou a vigília noturna. O monge ficou a noite toda em oração, sem ficar de joelhos para não cair no sono. Após suas prolongadas lutas, o Monge Moisés caiu em desânimo, e quando surgiram pensamentos sobre deixar sua cela solitária, Abba Isidor, em vez disso, fortaleceu a determinação de seu aluno. Numa visão ele lhe mostrou muitos demônios no Ocidente, preparados para a batalha, e no Oriente uma quantidade ainda maior de anjos santos, igualmente preparados para a luta. Abba Isidor explicou ao Monge Moisés que o poder dos Anjos prevaleceria sobre o poder dos demônios, e na longa luta contra as paixões era necessário que ele ficasse completamente purificado de seus pecados anteriores.
O Monge Moisés empreendeu um novo esforço. Percorrendo à noite as celas do deserto, levava água do poço para cada irmão. Ele fazia isso especialmente pelos mais velhos, que viviam longe do poço e que não tinham facilidade para carregar a própria água. Certa vez, ajoelhado sobre o poço, o Monge Moisés sentiu um forte golpe nas costas e caiu no poço como um morto, ficando ali naquela posição até o amanhecer. Assim os demônios se vingaram do monge por sua vitória sobre eles. De manhã, os irmãos o levaram para sua cela, e ele ficou lá um ano inteiro, aleijado. Depois de se recuperar, o monge confessou com firmeza ao abade que continuaria a luta ascética. Mas o próprio Senhor colocou limites a esta luta de muitos anos: Abba Isidor abençoou seu aluno e disse-lhe que as paixões devassas já haviam desaparecido dele. O mais velho ordenou-lhe que comungasse os Santos Mistérios e que fosse em paz para sua própria cela. E desde então o Monge Moisés recebeu do Senhor o poder sobre os demônios.
Relatos sobre suas façanhas se espalharam entre os monges e até mesmo além dos limites do deserto. O Governador da região queria ver o santo. Ao saber disso, o Monge Moisés decidiu se esconder de qualquer visitante e saiu de sua cela. Ao longo do caminho ele encontrou servos do Governador, que lhe perguntaram como chegar à cela do morador do deserto Moisés. O monge respondeu-lhes: “Não procurem este monge falso e indigno”. Os servos voltaram ao mosteiro, onde o Governador o esperava, e transmitiram-lhe as palavras do ancião que encontraram. Os irmãos, ouvindo uma descrição da aparência do ancião, reconheceram que haviam encontrado o próprio Monge Moisés.
Após muitos anos em façanhas monásticas, o Monge Moisés foi ordenado diácono. No entanto, em sua humildade, o santo considerou-se indigno de aceitar a dignidade de diácono. Certa vez, o bispo decidiu testá-lo e pediu aos clérigos que o expulsasse do altar, ao mesmo tempo que o insultavam por ser um negro etíope indigno. Com total humildade o monge aceitou o abuso. Depois de colocá-lo à prova, o bispo ordenou então o monge presbítero. E nesta dignidade o Monge Moisés trabalhou durante 15 anos e reuniu ao seu redor 75 discípulos.
Quando o monge atingiu a idade de 75 anos, ele avisou aos seus monges de que logo bandidos atacariam o mosteiro e assassinariam todos os que estivessem lá. O santo abençoou seus monges para que partissem a tempo, para evitar a morte violenta. Seus discípulos começaram a suplicar ao monge que partisse junto com eles, mas ele respondeu:
"Há muitos anos já espero o tempo, quando sobre mim deveriam ser cumpridas as palavras que meu Mestre, o Senhor Jesus Cristo, disse: Todos os que empunharem a espada, à espada perecerão" (Mt 26: 52).
Depois disso sete dos irmãos permaneceram com o monge, e um deles se escondeu não muito longe durante a chegada dos ladrões, Os ladrões mataram o Monge Moisés e os seis monges que permaneceram com ele. Sua morte ocorreu por volta do ano 400.
Comemoração de São Jó de Pochaev
Em 28 de agosto de 1833, as relíquias do Monge Job foram solenemente abertas para veneração geral.
No ano de 1902, o Santo Sínodo decretou neste dia que as relíquias sagradas do Monge Jó deveriam ser transportadas após a Divina Liturgia, para a Catedral da Dormição que fica na Lavra do Mosteiro de Pochaev.
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!
MATINAS (III)
Marcos 16:9-20
Fragmento 71 - Naquela época, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios. Foi ela anunciá-Lo aos que haviam andado com Ele, os quais estavam tristes e chorando; e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram. Depois disso manifestou-Se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo, os quais foram anunciá-Lo aos outros; mas nem a estes deram crédito. Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lhes lançou em rosto a incredulidade e dureza de coração deles, por não haverem dado crédito aos que O tinham visto já ressurgido. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que crerem: Em Meu Nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-Se à direita de Deus. Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.
LITURGIA
Tropárion da Ressurreição, no 5º Tom
Fiéis, cantemos e adoremos o Verbo / Co-Eterno ao Pai e ao Espírito Santo, / nascido para nossa salvação, da sempre Virgem Maria, / pois Ele aceitou livremente sofrer a morte na Cruz/ para dar a vida a todos os mortos, //pela Sua gloriosa Ressurreição.
Tropárion de São Mateus, no 3º Tom
Com zelo seguiste a Cristo, o Mestre, / Que em Sua bondade apareceu aos homens na Terra, / E da alfândega te chamou para Apóstolo / e Pregador do Evangelho ao universo, /por isto honramos tua preciosa memória. / Ó divinamente eloquente, Mateus. /Roga ao Deus misericordioso // que nos conceda a remissão das transgressões e a salvação das nossas almas!
Tropárion de São Moisés, o Etíope, no 1º Tom
A nós foste revelado, ó teóforo e pai Moisés, / um anjo em carne e um taumaturgo habitando o deserto. / E, assim, por teus celestes dons adquiridos pelo jejum, vigília e oração, / curas os enfermos e as almas que com fé a ti com recorrem. / Glória Àquele que te coroou! // Glória Àquele que por ti a todos salva.
Kondákion da Ressurreição, no 5º Tom
Tu, Ó meu Salvador, desceste ao Inferno, / e partiste em pedaços os portões como Todo-Poderoso; / e como Criador, ressuscitaste os mortos / e destruíste, Ó Cristo, o aguilhão da morte; / e libertaste Adão da maldição, Ó Tu que amas a humanidade. / Por isso, nós todos clamamos: // Salva-nos Ó Senhor!
Kondákion de São Mateus, Tom 4
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto. / Proclamaste a Palavra da Verdade, /e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo ...
4º Tom: Tendo espancado os mouros e cuspido na cara dos demônios, / brilhaste noeticamente como o sol radiante, // guiando a nossa vida pela luz da tua vida e do teu ensinamento.
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.
Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos e nossa Medianeira ante o Criador / não desprezes as súplicas de nenhum de nós pecadores; / mas, apressa-te a auxiliar-nos como Mãe bondosa que és, / pois, te invocamos com fé. / Roga por nós junto de Deus, // tu que defendes sempre àqueles que te veneram.
Prokímenon, no 5º Tom
R. Tu nos proteges, Senhor,
E preserva-nos dessa geração, e para sempre. (Sl. 10: 8)
V. Salva-nos, Senhor, pois não há mais santos. (Sl. 10:1)
2 Coríntios 1:21-2:4
Fragmento 170 - Irmãos, Aquele que nos confirma convosco em Cristo, e nos ungiu, é Deus, o Qual também nos selou e nos deu como penhor o Espírito em nossos corações. Ora, tomo a Deus por testemunha sobre a minha alma de que é para vos poupar que não fui mais a Corinto; não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas somos cooperadores de vosso gozo; pois pela fé estais firmados. Mas, deliberei isto comigo mesmo: Não ir mais ter convosco em tristeza. Porque, se eu vos entristeço, quem é, pois, o que me alegra, senão aquele que por mim é entristecido? E escrevi isto mesmo, para que, chegando, eu não tenha tristeza da parte dos que deveriam alegrar-me; confiando em vós todos, que a minha alegria é a de todos vós. Porque em muita tribulação e angústia de coração vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que vos entristecêsseis, mas para que conhecêsseis o amor que abundantemente vos tenho.
Fragmento 170 - Irmãos, Aquele que nos confirma convosco em Cristo, e nos ungiu, é Deus, o Qual também nos selou e nos deu como penhor o Espírito em nossos corações. Ora, tomo a Deus por testemunha sobre a minha alma de que é para vos poupar que não fui mais a Corinto; não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas somos cooperadores de vosso gozo; pois pela fé estais firmados. Mas, deliberei isto comigo mesmo: Não ir mais ter convosco em tristeza. Porque, se eu vos entristeço, quem é, pois, o que me alegra, senão aquele que por mim é entristecido? E escrevi isto mesmo, para que, chegando, eu não tenha tristeza da parte dos que deveriam alegrar-me; confiando em vós todos, que a minha alegria é a de todos vós. Porque em muita tribulação e angústia de coração vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que vos entristecêsseis, mas para que conhecêsseis o amor que abundantemente vos tenho.
Aleluia
Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)
As Tuas misericórdias, ó Senhor, eu cantarei eternamente; e os meus lábios proclamarão a Tua verdade a todas as gerações. (Sl 88:2)
Pois disseste: "A misericórdia será edificada eternamente"; nos céus será estabelecida a Tua verdade. (Sl 88:3)
Mateus 22:1-14
Fragmento 89 - O Senhor falou esta parábola: O Reino dos Céus é semelhante a certo rei que celebrou as bodas de seu filho; e enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio; e os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
† † †
HOMILIA
Um rei organiza um casamento para seu filho, e manda uma vez buscar aqueles que foram convidados, manda duas vezes, mas por causa dos cuidados terrenos eles não vêm – um estava ocupado em casa, outro com negócios. Um novo convite foi feito em outras esferas, e a câmara nupcial foi mobiliada com convidados. Entre eles foi encontrado um não vestido para um casamento, que foi, portanto, expulso.
O significado desta parábola é claro: O casamento é o reino dos céus, o convite é a pregação do Evangelho, aqueles que recusaram são os que não creram, e aquele que não estava vestido para um casamento creu, mas não viveu de acordo com a fé. Cada um de nós deve descobrir por si mesmo a qual categoria pertencemos. Que somos chamados é claro, mas somos crentes? De fato, é possível até estar entre os crentes, sob seu nome comum, e se estar completamente desprovidos de fé. Não se pensa absolutamente na fé, como se ela não existisse; outro sabe uma coisa ou outra sobre ela e dela, e fica satisfeito; outro interpreta a fé de forma distorcida; outro se relaciona com ela com completa animosidade. Todos são considerados cristãos, embora não tenham absolutamente nada que seja cristão. Se você crê, descubra se seus sentimentos ou ações estão de acordo com sua fé - essas são as vestes da alma, pelas quais Deus o vê vestido para o casamento ou não.
É possível conhecer bem a fé e ser zeloso por ela, mas na vida real servir às paixões, vestir-se, isto é, com as roupas vergonhosas de uma alma amante do pecado. Essas pessoas são de um jeito na palavra, mas são de outro jeito no coração. Na língua deles está: “Senhor, Senhor!” mas por dentro eles estão dizendo: “Não conte comigo”. (Examine a si mesmo, se você está na fé e vestindo as roupas nupciais das virtudes, ou vestindo os farrapos vergonhosos dos pecados e paixões.
São Teófano, o Recluso
COMENTÁRIO
O Traje Das Bodas
Que é o traje das bodas, a veste nupcial? O Apóstolo Paulo diz-nos: «Os preceitos não têm outro objetivo senão a caridade que nasce de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem fingimento» (1Tim 1, 5). É essa a veste nupcial. Não se trata de qualquer amor, porque muitas vezes veem-se homens que amam com má consciência. Os que se entregam juntos a brigas, à maldade, os que se amam com o amor dos atores, dos condutores de carros, dos gladiadores, amam-se generosamente entre si, mas não com aquela caridade que nasce de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sem fingimento; ora, a veste nupcial não é essa caridade. Revesti-vos, pois, da veste nupcial, vós que ainda a não tendes. Já entrastes na sala do banquete, ides aproximar-vos da mesa do Senhor, mas não tendes ainda, em honra do Esposo, a veste nupcial: procurais ainda os vossos interesses e não os de Jesus Cristo. Usa-se o traje nupcial para honrar a união nupcial, isto é, o Esposo e a Esposa. Vós conheceis o Esposo, é Jesus Cristo; conheceis a Esposa, é a Igreja (Ef 5, 32). Prestai honra àquela que é desposada, prestai honra também Àquele que a desposa.
Agostinho (354-430), Bispo de Hipona
†††
«O Que Devemos Entender Por Veste Nupcial, Senão A Caridade?»
O que significa, irmãos, a veste nupcial? Não podemos dizer que signifique o batismo nem a fé, porque quem pode entrar sem eles nestas bodas?... Portanto, o que devemos entender por veste nupcial, senão a caridade? Entra, pois, nas bodas, mas não leva a veste nupcial, aquele que pertencendo à Igreja Católica tem fé, mas lhe falta a caridade.
Com fundamento se chama caridade a veste nupcial, visto que nosso Criador a teve quando foi para as bodas desposar-se com a Igreja. De fato, somente o amor de Deus pode fazer que seu Filho Unigênito una a si as almas dos eleitos. Por isso diz São João: Deus tanto amou o mundo que lhe deu o seu Filho primogênito. Logo, aquele que veio aos homens por caridade deu a conhecer que a veste nupcial não era outra coisa que a própria caridade. Portanto, todo aquele que recebeu o batismo e crê em Deus, entrou nas bodas, porém não vai com a veste nupcial se não conserva o dom da caridade.
E na verdade, meus irmãos, se alguém é convidado para uma boda, procura trocar de veste, e manifesta que se alegra com o esposo e a esposa pela dignidade de seu traje, e se envergonharia de aparecer entre os convidados com uma veste insignificante. Nós assistimos as bodas divinas, e, contudo, resistimos a trocar a veste do coração. Os anjos se regozijam quando os escolhidos são levados ao céu. Pois, como apreciamos estas festas espirituais, nós que não temos a veste nupcial, isto é, a caridade, que é a única que nos torna belos diante dos olhos do Senhor?...
Porque muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos. Terrível é, caríssimos irmãos, o que acabamos de ouvir. Considerai que todos nós, chamados pela fé, assistimos as bodas do rei celestial, todos cremos e confessamos o mistério de sua encarnação, todos participamos do banquete do Verbo divino, porém no dia futuro do juízo o rei entrará. Sabemos que fomos chamados, mas ignoramos se pertencemos ao grupo dos escolhidos.
É preciso, portanto, que todos nos humilhemos, tanto mais que ignoramos se estaremos entre os escolhidos. Existem alguns que nunca deram início às boas obras; outros começaram a realizar o bem, mas não persistiram neste caminho. Há quem quase toda a vida foi mau, porém ao final se afasta de seus erros pela dor de uma verdadeira penitência; mas há, pelo contrário, quem parece viver uma vida santa, porém até o fim de seus dias cai no erro da maldade. Outros começam bem e terminam melhores; outros, pelo contrário, desde a sua juventude se precipitam no abismo dos vícios e terminam agindo do mesmo modo, piores cada vez mais.
Tema, por isso, cada um, já que ignora o que lhe resta, pois não deve esquecer; pelo contrário, deve repetir continuamente as palavras do Evangelho: Muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos.
ORAÇÃO
Senhor, não me prives dos Teus bens celestes! Senhor, livra-me dos tormentos eternos! Senhor, se pequei em espírito ou pensamento, em palavras ou ações, perdoa-me! Senhor, livra-me de toda ignorância e esquecimento, mesquinharia e dureza de um coração insensível! Senhor, livra-me de toda a tentação! Senhor, ilumina o meu coração obscurecido por maus desejos! Senhor, se enquanto homem eu pequei, Tu, como Deus compassivo, tem piedade de mim e vê a impossibilidade de minha alma! Senhor, envia a Tua graça em meu auxílio, afim de que glorifique o Teu santo Nome!Senhor Jesus Cristo, inscreve-me a mim, Teu servo, no livro da vida e concede-me um fim bom! Senhor meu Deus, apesar de não ter realizado nada de bom diante de Ti: concede-me de que, pela Tua graça, eu fundamente um bom início! Senhor, distila em meu coração o orvalho da Tua graça! Senhor do céu e da terra, lembra-Te no Teu Reino de mim pecador, Teu servo inútil e impuro! Amém!
Oração de São João Crisóstomo
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