sexta-feira, 8 de setembro de 2023

14ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

08 de Setembro de 2023 (CC) / 26 de Agosto (CE)
Ss Mártires Adriano e Natália  
e seus 23 companheiros de martírio em Nicomédia  († Séc. IV); 
Comemoração do Encontro do ícone Milagroso da Santíssima Mãe de Deus de Vladimir 
nas cercanias de Moscou ante a invasão de Tarmelane, o Líder Tártaro, em 1395 dC.
Jejum (Azeite é permitido)
Tom 4


O Ícone da Mãe de Deus de Vladimir foi escrito pelo Evangelista Lucas em uma tábua da mesa na qual o Salvador comeu junto com Sua Pura Mãe e o Justo José. A Mãe de Deus, ao ver esta imagem, repetiu a frase do seu canto ao visitar sua prima Elizabeth: "Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada". E abençoou o Ícone. 
No ano de 1131, o Ícone foi enviado de Constantinopla para a Rússia ao santo Príncipe Mstislav († 1132, Com. 15 de abril) e foi instalado no mosteiro Deviche, em Vyshgorod, a antiga cidade da sagrada Princesa Igual aos Apóstolos, Olga. 
O filho de Yuri Dolgoruky, Santo Andrei Bogoliubsky, em 1155 trouxe o Ícone para a cidade de Vladimir e o instalou-o na renomada Catedral da Uspênia (Dormição), que por ele fora construída. E nessa época o ícone recebeu o nome de "Ícone de Vladimir". No ano de 1395 o Ícone foi trazido pela primeira vez para Moscou. Assim, a bênção da Mãe de Deus uniu os laços espirituais de Bizâncio e da Rússia, via Kiev, Vladimir e Moscovo.  
A celebração festiva do Ícone da Santíssima Mãe de Deus de Vladimir ocorre várias vezes ao ano (21 de maio, 23 de junho, 26 de agosto). A celebração mais solene ocorre no dia 26 de agosto, festa instituída em homenagem ao Encontro do Ícone de Vladimir após sua transferência de Vladimir para Moscou. 
No ano de 1395, o temível conquistador, o Cã Tamerlão (Temir-Aksak) alcançou a fronteira de Ryazan, tomou a cidade de Elets e avançando em direção a Moscou chegou perto das margens do rio Don. O grão-príncipe Vasilii Dimitrievich foi com um exército para Kolomna e parou nas margens do rio Oka. Ele rezou aos Santos Hierarcas de Moscou e ao Monge Sergei pela libertação da Pátria, e escreveu ao Metropolita de Moscou São Kiprian (Comm. 16 de setembro), que o pendente Jejum da Uspenia-Dormição deveria ser dedicado a orações zelosas por misericórdia e arrependimento. O Clero foi enviado para Vladimir, onde estava situado o famoso ícone Vladimir, que fazia milagres. Após a Divina Liturgia e um molieben na festa da Uspenie-Dormição, o clero pegou o ícone e em uma procissão da igreja o transportou para Moscou. Ao longo do caminho, em ambos os lados da estrada, inúmeras pessoas rezavam ajoelhadas: "Ó Mãe de Deus, salva a terra da Rússia!" E naquela mesma hora, quando o povo de Moscovo se encontrava com o ícone de Vladimir, no campo de Kuchkov, Tamerlão dormia na sua tenda. De repente, ele viu em sonho uma grande montanha, em cujo cume vinham em sua direção os Santos Hierarcas com bastões de ouro, e sobre eles, em um brilho intenso, reluzia uma Mulher Majestosa. Ela ordenou que ele deixasse os domínios da Rússia. Acordando assustado, Tamerlão perguntou o significado da aparição. Os especialistas responderam que a Senhora Radiante era a Mãe de Deus, a Grande Protetora dos Cristãos. Tamerlão então deu ordem para que suas tropas voltassem. Em memória desta libertação milagrosa da terra russa, onde ocorreu o Encontro do Ícone de Vladimir, eles construíram o Mosteiro Sretensk (Encontro). E no dia 26 de agosto foi instituída a celebração em toda a Rússia, em homenagem ao Encontro do Ícone de Vladimir da Santíssima Mãe de Deus. 
Acontecimentos muito importantes na história da Igreja Russa ocorreram diante do Ícone Vladimir da Mãe de Deus: A eleição e elevação de São Jonas – Advogado da Igreja Russa Autocéfala (1448); e de São Jó – primeiro Patriarca de Moscou e de toda a Rússia (1589), e de Sua Santidade o Patriarca São Tikhon (1917). E a entronização de Sua Santidade Pímen, Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, ocorreu num dia de celebração em homenagem ao Ícone Vladimir da Mãe de Deus – em 21 de maio (NS 3 de junho) de 1971. Os históricos dias de 21 de maio, 23 de junho e 26 de agosto, estão ligados a este Ícone sagrado, tornaram-se dias memoráveis para a Igreja Ortodoxa Russa. 
Comemoração dos Santos Mártires Adriano e Natália
Os Santos Adriano e Natália viviam na cidade de Nicomédia, região de Vifania, na Ásia Menor. Adriano era pagão e dignitário do imperador Maximiliano Galério (305–311), perseguidor dos cristãos. Natalia era cristã, porém em segredo. 
Durante a perseguição, escondiam-se numa caverna próxima à Nicomédia, 23 cristãos. Tendo sido encontrados, foram levados à prisão e julgados, buscando persuadi-los a que oferecessem sacrifícios aos ídolos. Depois, foram conduzidos ao juizado para que tivessem seus nomes registrados. Ali se encontrava Adriano, que era o diretor da sala do juizado. Adriano perguntou aos cristãos que prêmio esperavam receber de seu Deus por haver suportado todas aquelas torturas. E, como resposta, ouviu: 
«As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam» (1 Cor 2:9). 
Ao escutar isto, disse Adriano ao escrivão: 
"Tome nota de meu nome junto aos deles, porque também sou um cristão!" 
Tendo dito isto, Adriano foi encarcerado. O Imperador o aconselhou a apagar seu nome da lista dos cristãos e desculpar-se pelo que fez, mas Adriano respondeu que não havia perdido a razão e assim agia por sua livre vontade. Contava, neste tempo, com 28 anos de idade. Natália, sua esposa, ao saber do que havia se passado, apressou-se a ir à prisão para levar alento ao esposo Adriano e encorajá-lo. Depois de comunicarem aos prisioneiros cristãos que eles haviam sido sentenciados à morte, deixaram que Adriano saísse da prisão e fosse à sua casa rapidamente para que informasse sua esposa de sua condenação. Ao vê-lo, temendo que Adriano tivesse negado a sua fé em Cristo, Natália não permitiu que entrasse em sua casa. 
Ao retornar à prisão, Adriano, juntamente com os outros cristãos, foram submetidos às mais cruéis torturas: os carrascos, usando pesadas marretas, quebraram-lhes braços e pernas, causando-lhes grandes sofrimentos antes que morressem. Quando chegou a vez de Adriano, o que mais temia sua esposa é que lhe faltasse coragem e que pudesse renegar a Cristo. Por isso mesmo o acompanhava fortalecendo e sustentando seus braços e pernas quebradas pelos carrascos. Adriano morreu junto com os demais mártires cristãos no ano 304. Quando tentavam queimar seus corpos, uma grande tormenta se formou apagando o fogo e, atingidos por um raio, vários carrascos foram mortos. 
O comandante do exército queria casar-se com Natália que ainda era jovem e rica. Ela, porém, antes da morte de Adriano tinha pedido ao seu esposo que rogasse a Deus para que não a obrigassem a casar-se. Logo, Adriano lhe apareceu em sonho e lhe disse que em pouco tempo ela estaria com ele. E assim foi: Natália morreu sobre o sepulcro de seu marido Adriano que estava situado próximo da cidade de Bizâncio para onde os cristãos haviam levado o corpo de Adriano.  

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Gálatas 2:6-10

Fragmento 201 - Irmãos, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram; antes, pelo contrário, quando viram que o Evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão (Porque Aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, Esse operou também em mim com eficácia para com os gentios), e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.

Marcos 5:22-24,35-6:1

Fragmento 20 - Naquela ocasião, eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo, e, vendo-O, prostrou-se aos Seus pés, e rogava-Lhe muito, dizendo: Minha filha está à morte; rogo-Te que venhas e lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva. E foi com ele, e seguia-O uma grande multidão, que o apertava. Estando Ele ainda falando, chegaram alguns do principal da sinagoga, a quem disseram: A tua filha está morta; para que enfadas mais o Mestre? E Jesus, tendo ouvido estas palavras, disse ao principal da sinagoga: Não temas, crê somente. E não permitiu que alguém O seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago. E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoroço, e os que choravam muito e pranteavam. E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? A menina não está morta, mas dorme. E riam-se d’Ele; porém Ele, tendo-os feito sair, tomou Consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele estavam, e entrou onde a menina estava deitada. E, tomando a mão da menina, disse-lhe: “Talita cumi”; que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te. E logo a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande espanto. E mandou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e disse que Lhe dessem de comer. E, partindo dali, chegou à Sua pátria, e os Seus discípulos o seguiram.

† † †

COMENTÁRIO

Mateus, Marcos e Lucas narram os milagres que se sucederam após a expulsão dos demônios na cidade de Gerasa. Eles aconteceram enquanto o Senhor retornava à Cafarnaum, seguido pela multidão. Jesus estava agora diante do poder da doença e da morte. As duas pessoas beneficiadas são mulheres. Uma sofria de uma enfermidade incurável que a arruinava e a afastava do convívio da sociedade, porque sua doença era vista como sinal de impureza e contaminação e, por isso, uma ameaça à integridade. A outra, uma menina, filha única, que não resistiu a uma doença grave.

Ao chegar na cidade uma multidão o esperava, sobretudo os curiosos e cheios de fé. Também estava lá o chefe da Sinagoga, Jairo, que pedia ao Senhor o restabelecimento da saúde de uma filha que estava a ponto de morrer. Jesus chamou Pedro, Tiago e João que o para O acompanhar, a fim de serem testemunhas daquilo que iria se realizar.

No caminho que conduzia à casa de Jairo, Jesus curou uma mulher que sofria durante muitos anos por hemorragia. Sofria física e espiritualmente em consequência do desprezo e preconceito dos outros: ela era vista como impura, amaldiçoada.

Chegando à casa de Jairo, o Senhor percebeu um alvoroço pois já choravam a morte da menina. Ao entrar disse a todos: “Para que este choro? A menina não morreu, mas dorme”. Diz o Evangelista que as pessoas zombavam d'Ele. Não compreendiam que para Deus, a verdadeira morte é o pecado que mata a vida divina na alma. Para quem crê, a morte terrena é como um sono do qual se acorda em Deus.

No Antigo Testamento, a concepção de morte, apresentada sobretudo em Gênesis, Salmos, Sabedoria, Provérbios, é uma concepção israelita: a morte constituía um mero fim. A pessoa humana era vista como um corpo que era animado pela alma que lhe dava vida. Quando uma pessoa morria, a alma que lhe dava vida desaparecia e a pessoa continuava a existir naquele corpo inanimado. Por isso Jesus dizia que o nosso Deus não é um Deus dos mortos, mas sim de vivos (Mt 22,32). A morte ideal, acreditavam os judeus, era aquela que vinha após longa vida, ou seja, obedecendo o ciclo natural das coisas. Quando alguém morria "antes da hora" parecia que se quebrava a normalidade e o falecido e sua família eram vistos como menos abençoados por Deus. É forte também o pensamento de que a morte existia como consequência do pecado dos primeiros pais, sendo preciso passar por ela para chegar até Deus. Quando uma jovem morria, como a filha de Jairo, acrescentava à família uma culpa enorme por consequência de uma grave falta cometida por algum de seus antepassados.

O Senhor disse: “não morreu a menina, apenas dorme”. Estava morta para os homens que não podiam despertá-la. Para Deus, a menina dormia porque a sua alma vivia submetida ao poder divino, e a carne descansava para a ressurreição.

No Novo Testamento, Paulo em suas cartas, afirma que de fato a morte é consequência e castigo do pecado, pois ela veio ao mundo por causa de um só homem que pecou (Rm 5,12). No entanto, continua ele, fomos resgatados da morte por Cristo, uma vez que em Adão todos morremos e fomos trazidos de volta à vida pelo Redentor (1Cor 15,22). Um segundo alicerce sobre o qual está baseado a concepção da morte é constituído pela afirmação de que Jesus superou a morte com sua própria morte. A morte foi o último inimigo que Cristo teve que superar (1Cor 15,25). Cristo despojou a morte de seu poder (2Tm 1,10); destruiu pela morte o dominador da morte, o diabo (Hb 2,14). A lei do Espírito da Vida em Cristo nos libertou da Lei do Pecado e da Morte (Rm 8,2). Cristo morreu e ressuscitou tornando-se Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14,9). Ressuscitado dos mortos, a morte não tem mais domínio sobre Ele.

O cristão experimenta a vitória de Jesus sobre a morte, pelos sacramentos. O cristão é batizado na morte de Jesus, pois somente nestas condições é que pode ressuscitar com Jesus para a nova vida. No sacramento do Batismo ele vive a morte e a ressurreição de Cristo quando submerge três vezes nas águas batismais, renascendo para a vida nova em Cristo, recebendo assim a veste branca. Participar da morte de Cristo significa "tornar-se um só com Ele" (Rm 6,5). A fé em Cristo não priva o homem da morte física, mas lhe dá a certeza de que esta experiência não se resume ao fim, mas ao começo de uma nova vida.

São João Crisóstomo comenta este Evangelho dizendo:

“As ressurreições feitas por Jesus são certamente fatos excepcionais; ocultam, todavia, a realidade maior que se dará no fim dos tempos para todos os homens, como professamos ao rezarmos o Credo: a ressurreição dos corpos. A filha de Jairo tempos depois morreu novamente, mas certamente depois experimentou a Ressurreição verdadeira em Deus”.

Francisco F. Carvajal, «Falar com Deus»
Editora Quadrante. S. Paulo, 1991.

ORAÇÃO

Guarda-me, ó Deus, pois em ti me refugio. Ao Senhor declaro: "Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti". Quanto aos santos que há na terra, eles é que são os notáveis em quem está todo o meu prazer. Grande será o sofrimento dos que correm atrás de outros deuses. Não participarei dos seus sacrifícios de sangue, e os meus lábios nem mencionarão os seus nomes. Senhor, tu és a minha porção e o meu cálice; és tu que garantes o meu futuro. As divisas caíram para mim em lugares agradáveis: Tenho uma bela herança! Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me ensina! Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado. Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo repousará tranquilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás que o teu santo sofra decomposição. Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita.

Salmo 15(16)

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