domingo, 29 de janeiro de 2012

34ª Segunda-feira depois de Pentecostes – Modo 8

34ª Segunda-feira depois de Pentecostes – Modo 8
30 de Janeiro de 2012 (CC) / 17 de Janeiro (CE)
S. Antão, o Grande, anacoreta († 356).


1 Pedro 2:21-3:9

     21 Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas.    22 Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano;    23 sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente;    24 levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.    25 Porque éreis desgarrados, como ovelhas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas.    1 Semelhantemente vós, mulheres, sede submissas a vossos maridos; para que também, se alguns deles não obedecem à palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de suas mulheres,    2 considerando a vossa vida casta, em temor.    3 O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de joias de ouro, ou o luxo dos vestidos,    4 mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranquilo, que és, para que permaneçam as coisas    5 Porque assim se adornavam antigamente também as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam submissas a seus maridos;    6 como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, se fazeis o bem e não temeis nenhum espanto.    7 Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações.    8 Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes,    9 não retribuindo mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; porque para isso fostes chamados, para herdardes uma bênção.   

Marcos 12:13-17

     13 Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.    14 Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de ninguém se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos?    15 Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais? trazei-me um denário para que eu o veja.    16 E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César.    17 Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.


COMEMORAÇÃO DE SANTO ANTÃO

Antônio, O Grande, nasceu no Egito por volta do ano de 250 numa família nobre e rica e os pais o educaram na fé cristã. Quando ele tinha 18 anos, os pais dele morreram e ele ficou só com a irmã, a qual ainda dependia dele. Uma vez, indo para a igreja, ficou a meditar sobre os apóstolos, como eles deixaram tudo neste mundo para seguir ao Senhor e O servir. Ao entrar na igreja, Antônio ouviu as palavras: "Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuis, dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-Me" (Mateus 19:21). Antônio ficou perplexo com estas palavras, que foram como se dirigidas diretamente a ele. Em breve depois disto, Antônio deixou toda a sua herança em benefício dos pobres de sua aldeia, mas não sabia, para quem deixar a sua irmã. Com esta preocupação foi novamente para a igreja, e lá ouviu de novo as palavras do Senhor, como se dirigidas diretamente a ele: "Não vos preocupeis, portanto, pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá por si mesmo as suas preocupações. Para cada dia é suficiente o seu cuidado" (Mateus 6:34). Antônio deixou a sua irmã aos cuidados de umas virgens cristãs que ele conhecia e, depois, deixou a cidade, para viver na solidão e servir a Deus.

Não foi de uma hora para outra que santo Antônio se afastou do mundo. No começo, morou perto da cidade junto com um ancião piedoso, que vivia na solidão, e tentava imitá-lo em tudo. Antônio visitava também outros eremitas que viviam nos arredores da cidade e se beneficiava com os conselhos deles. Já naquele tempo ele ficou famoso por sua austeridade, tanto, que era chamado de "amigo de Deus." Depois disto, ele se atreve a se afastar mais. Antônio convidou o ancião a vir junto, mas quando este se recusou, se despediu do ancião e foi viver uma gruta afastada. De vez em quando um dos seus amigos lhe trazia comida. Por fim, santo Antônio se afastou definitivamente dos lugares habitados, cruzou o Nilo e passou a viver nas ruínas de uma fortaleza militar abandonada. Antônio levou consigo pão suficiente para seis meses, e depois o recebia dos seus amigos somente duas vezes por ano, e isto através de um buraco no telhado.

É impossível relatar todas as tentações e aflições sofridas por este grande asceta. Ele sofreu de fome e sede, de frio e de calor. A mais terrível tentação, de acordo com o próprio Antônio, se encontrava no coração: a terrível saudade do mundo e a aflição nos pensamentos. Somados a isto vieram ainda as tentações e os horrores dos demônios. Por vezes o santo asceta morria de tristeza e quase desanimava. Nestas situações aparecia-lhe o Próprio Senhor, ou lhe mandava um anjo, para animá-lo. "Onde estavas, bom Jesus? Porque não viestes logo no começo para acabar com os meus sofrimentos?" — clamou Antônio, quando o Senhor, após uma tentação particularmente difícil, lhe apareceu. "Eu estava aqui, — lhe disse o Senhor, — e esperava até que Eu visse a tua ascese."

Luta de Santo Antão com os demônios
Uma vez, no meio de uma terrível luta com os pensamentos, Antônio clamou: "Senhor, eu quero me salvar, e os pensamentos não me deixam." De repente viu que alguém, muito parecido com ele, estava sentado e trabalhando; depois se levantou e começou a rezar, depois disto novamente sentou e trabalhou. "Faça assim, e se salvarás," — lhe disse o anjo do Senhor.

Antônio vivia já há vinte anos na solidão quando alguns dos seus amigos, sabendo do lugar onde ele se encontrava, vieram para viver junto com ele. Eles bateram na porta durante muito tempo, pedindo-o a sair, e quando decidiram arrombar a porta, Antônio abriu a abriu e saiu da sua reclusão voluntária. Eles ficaram admirados porque não o acharam enfraquecido ou desgastado, levando uma vida onde padecia as maiores privações. A paz celestial reinava na alma dele e se espelhava em seu rosto. Antônio era calmo, discreto, igualmente atencioso com todos e em breve se tornou orientador de muitos. O deserto ficou cheio de vida: nos arredores, nos montes apareceram habitações de monges; muitas pessoas cantavam, liam, jejuavam, rezavam, trabalhavam e ajudavam aos pobres. Santo Antônio não impunha regras definidas aos seus discípulos sobre a vida monástica. Ele se preocupou com os ânimos deles, para que fossem piedosos, recomendando-lhes entregar-se à vontade de Deus, rezar, não se preocupar com nada do mundo e trabalhar incansavelmente.

Mas lá no deserto, o assédio das multidões passou a incomodar santo Antônio, e ele começou a procurar de novo a solidão. "Para onde queres fugir?" — lhe perguntou uma voz do céu, quando à beira do Nilo esperava por um barco para se afastar das pessoas. "Para a Tebaida lá encima," respondeu Antônio. Mas a mesma voz retrucou: "Seja lá encima na Tebaida, ou lá embaixo na Bucolia, não encontrarás sossego nenhum. Vá até o deserto interno" (assim se chamava o deserto nas margens do Mar Vermelho). Antônio se dirigiu para lá, seguindo um grupo de sarracenos.

Após três dias de caminhada,  achou um monte alto, inabitado, com uma fonte de água e algumas palmeiras lá embaixo. Antônio se instalou no monte. Lá desbravou um pequeno campo, de modo que agora ninguém precisava vir para lhe trazer pão. De vez em quando Antônio visitava os monges. Para seu sustento, um camelo levava água e pão durante estas difíceis travessias no deserto. Mas os seus admiradores o acharam até neste seu último retiro. Começaram a vir muitas pessoas pedindo suas orações e seus conselhos. Traziam-lhe enfermos: ele rezava por todos e os curava.

Santo Antônio já vivia no deserto quase setenta anos, quando contra a sua própria vontade,  começou a ser tentado por um pensamento orgulhoso: O de ser o mais experiente de todos os eremitas. Antônio pediu a Deus afastar este pensamento dele e recebeu a revelação de que havia um eremita, que vivia lá há muito mais tempo e que servia a Deus melhor do que ele.


Antônio levantou de madrugada e se pôs a procurar este asceta desconhecido. Andou o dia todo, mas não encontrou ninguém além de animais selvagens. Em frente sua frente se descortinava uma imensidão, mas ele não perdia a esperança. No dia seguinte continuou a sua busca. Uma loba, que corria para uma nascente, cruzou o seu caminho. Antônio a seguiu e chegando à fonte, viu uma gruta. Com a sua aproximação, a porta da gruta se fechou. Até meio-dia clamou santo Antônio ao asceta desconhecido, pedindo lhe sair. Enfim, a porta se abriu e de lá saiu um ancião, com cabelos e barba completamente brancos. Este era são Paulo de Tebaida. Ele vivia no deserto já cerca de noventa anos. Após um osculo fraternal, Paulo perguntou ao Antônio: em que condições se acha a humanidade? Quem reina no mundo? Será que ainda existem idolatras? Com grande alegria ele ouviu a boa nova que não havia mais perseguições e que o cristianismo triunfara no Império Romano; mas se entristeceu muito quando soube da heresia de Ário. Enquanto os dois anciões conversavam, desceu um corvo e lhes trouxe pão. "Como é generoso e misericordioso Nosso Senhor," exclamou Paulo. "Há quantos anos recebo diariamente Dele metade de um filão e hoje, por causa de tua visita, Ele nos mandou um filão inteiro."

No dia seguinte Paulo revelou a Antônio que dentro em breve deveria deixar este mundo e pediu-lhe que lhe trouxesse o manto do bispo Atanásio, (celebre defensor da Ortodoxia contra a heresia de Ário), para cobrir os seus restos mortais. Antônio se apressou a cumprir o desejo do santo ancião. Depois ele voltou para o seu deserto muito agitado e só podia responder uma coisa às perguntas dos irmãos monges: "Eu sou um pecador que pensava ser um monge! Eu vi Elias, eu vi João, eu vi Paulo no paraíso." Voltando para são Paulo, ele o viu ascendendo para o céu rodeado por inúmeros anjos, profetas e apóstolos.

"Paulo, por que não esperaste por mim? — exclamou Antônio. — Foi tão tarde que eu te conheci e tu me deixas tão cedo!" Porém, quando Antônio entrou na gruta de Paulo, o achou ajoelhado, calado e imóvel. Antônio se ajoelhou também e começou rezar. Após algumas horas de orações ele viu, que Paulo ficava imóvel porque já estava morto. Antônio lavou o corpo do santo monge com grande devoção e o cobriu com o manto do bispo Atanásio. De repente apareceram dois leões, que com as suas garras cavaram um buraco fundo, onde Antônio enterrou o santo asceta.

Santo Antônio morreu muito velho (tinha 106 anos, no ano de 356), e pela sua ascese foi cognominado Grande.

Santo Antônio foi o fundador da vida monástica eremítica. Alguns eremitas, sob orientação espiritual de um "abba" (abba é uma palavra aramaica e significa "pai") viviam separadamente um do outro em cabanas ou grutas (ermidas), rezando, jejuando e trabalhando. Algumas ermidas, reunidas sob a orientação de um abba, se chamava de "lavra”. Mas ainda durante a vida de Antônio, o Grande, apareceu um outro tipo de vida monástica. Os ascetas se juntavam numa comunidade, dividiam o trabalho conforme a força e talento de cada um, dividiam a comida e se submetiam a regras iguais para todos. Estas comunidades se chamavam de cenóbios ou mosteiros. Os abbas destas comunidades passaram a ser chamados de arquimandritas. Pacômio, o Grande, foi o fundador destes mosteiros.

Tropário de Santo Antão Modo 4

Com os teus modos imitando o zeloso Elias
Seguindo ao Batista por caminhos justos,
Ó Padre Antônio, tu vivias no deserto fortalecendo o mundo com as tuas orações.
Ora a Cristo Deus que salve as nossas almas.

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