domingo, 29 de janeiro de 2012

Domingo de Zaqueu – Modo 8

33º Domingo depois de Pentecostes – Modo 8
29 de Janeiro de 2012 (CC) / 16 de Janeiro (CE)
Domingo de Zaqueu
Veneração das Cadeias de S. Pedro

MATINAS (XI)

João 21:15-25

     15 Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu- lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos.    16 Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas.    17 Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas- me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.    18 Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres.    19 Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: Segue-me.    20 E Pedro, virando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que na ceia se recostara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o que te trai?    21 Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será?    22 Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Segue-me tu.    23 Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não disse que não morreria, mas: se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso?    24 Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.    25 E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem.


   
LITURGIA

1 Timóteo 4:9-15

     9 Fiel é esta palavra e digna de toda aceitação.    10 Pois para isto é que trabalhamos e lutamos, porque temos posto a nossa esperança no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem.    11 Manda estas coisas e ensina-as.    12 Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.    13 até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação, e ao ensino.    14 Não negligencies o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbítero.    15 Ocupa-te destas coisas, dedica-te inteiramente a elas, para que o teu progresso seja manifesto a todos.
   
Lucas 19:1-10

     1 Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.    2 Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico.    3 Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.    4 E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali.    5 Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa.    6 Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria.    7 Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador.    8 Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.    9 Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão.    10 Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.



COMENTÁRIO
Os textos de hoje nos falam de esforço e desejo. O maior inimigo destes dois é a preguiça. Os Pais do Deserto, especialmente Evágrio Pôntico, já a classificavam como uma das principais doenças da alma, uma das oito pulsões geradas a partir do pecado que nos alijam de todo o bem. Geralmente a preguiça é alimentada pela gula. Todos os querem vencer a preguiça, necessitam primeiramente combater a gula. 
O texto evangélico nos fala de Zaqueu, um homem de baixa estatura, cujo esforço e desejo lhe possibilitaram a superação de suas limitações e dos obstáculos, gerando como recompensa a Presença de Cristo em sua casa e a conquista da salvação de sua alma. 
No calendário litúrgico da Igreja este texto se insere no que chamamos de “O Domingo de Zaqueu” que consiste numa preparação para vivermos a Grande Quaresma da Páscoa que é um período de intenso esforço espiritual, mas, também de grandes recompensas. 
A visita de Jesus a Jericó nos mostra que a Graça de Deus visita e é oferecida a todos os homens, no entanto, assim como outrora Raabe, somente um homem teve sua salvação assegurada: Zaqueu, como fruto de sua fé e esforço pessoal (Tiago 2:24). 
Na perspectiva mistagógica podemos dizer que Zaqueu aponta para a pequenez do nosso ser e incapacidade de chegar a Deus por nossos próprios recursos. A multidão aponta a dimensão do satânico. A palavra “Shatam”significa “aquele que põe obstáculos, o Adversário”; assim devemos entender que o caminho para Deus é uma jornada de lutas e combates. Porém nesta jornada dispomos de recursos que o Criador nos provê para possibilitar a nossa união com Ele.

O primeiro desses recursos é o desejo. “Zaqueu desejava ver Jesus”. O desejo é uma das principais características da alma. O desejo é a força propulsora da dinâmica humana. Os Santos Padres são unânimes na afirmação de que Deus nos fez seres desejantes, pois este seria o recurso que nos possibilitaria alcançar a theósis, ou seja, a nossa semelhança com Ele. A alma anelante por Deus se vê impulsionada por uma forca capaz de vencer todo e qualquer obstáculo. E é isto que se dá com Zaqueu. 
O segundo recurso é uma árvore. No Éden se encontravam duas árvores: uma que gerava a morte e outra que gerava a vida. Na Nova Jerusalém, a Jerusalém Celeste, a Árvore da Vida (Cristo) aparece no meio do Rio (o Espírito Santo) que banha a Cidade; a Árvore dá doze frutos (os Apóstolos) que servem para a cura das nações (suas missões entre os povos). 
Portanto, podemos dizer que o sicômoro (árvore frondosa típica da região) aponta para a Santa Tradição Apostólica (1 Tess. 2:13; 4:1; 2 Tess. 2:15), na qual uma vez apoiados, não somente poderemos ver a Cristo, mas também por Ele ser notado, ouvir a Sua voz e gozar de Sua Presença em nosso íntimo (comunhão). 
A refeição que ocorre na casa de Zaqueu aponta para a Graça de Deus que nos visita e pela qual ceiamos com Ele e Ele ceia conosco (Ap 3:20; João 14:23). Esta comunhão nos possibilita o despojamento dos véus que estão postos na alma, nos dando uma nítida visão daquilo que somos e nos impulsiona a buscar a conformidade (semelhança) com a Imagem de Cristo. Zaqueu confessou publicamente seus pecados e iniciou sua jornada em direção a Deus, livre das amarras que reduziam sua alma à estatura do seu corpo físico e impediam sua transfiguração na Imagem de Cristo. 

ORAÇÃO 
Ó Deus, tu és o meu Deus, de madrugada te buscarei; a minha alma tem sede de ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água; Para ver a tua força e a tua glória, como te vi no santuário. Porque a tua benignidade é melhor do que a vida, os meus lábios te louvarão. Assim eu te bendirei enquanto viver; em teu nome levantarei as minhas mãos. A minha alma se fartará, como de tutano e de gordura; e a minha boca te louvará com alegres lábios. Quando me lembrar de ti na minha cama, e meditar em ti nas vigílias da noite. Porque tu tens sido o meu auxílio; então, à sombra das tuas asas me regozijarei. A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta. Mas aqueles que procuram a minha alma para a destruir, irão para as profundezas da terra. Cairão à espada; serão uma ração para as raposas. Mas o rei se regozijará em Deus; qualquer que por ele jurar se gloriará; porque se taparão as bocas dos que falam a mentira. Salmos 62:1-11 (63:1-11)

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