07 de Setembro
2012 (CC) / 25 de Agosto (CE)
Trasladação
das relíquias de S. Bartolomeu, apóstolo (séc. VI) S. Tito, apóstolo [dos 70]
(séc. I).
Gálatas 2:6-10
6 E, quanto
àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se
me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser
alguma coisa, nada me comunicaram; 7 Antes, pelo contrário, quando viram que o
evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão 8 (Porque
aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse
operou também em mim com eficácia para com os gentios), 9 E conhecendo Tiago,
Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido
dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós
fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; 10 Recomendando-nos somente que nos
lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.
Marcos
5:22-24, 35-6:1
22 Chegou um
dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe
aos pés. 23 e lhe rogava com
instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe
imponhas as mãos para que sare e viva.
24 Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o
apertava. 35 Enquanto ele ainda
falava, chegaram pessoas da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua
filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre? 36 O que percebendo Jesus, disse ao chefe
da sinagoga: Não temas, crê somente.
37 E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e
João, irmão de Tiago. 38 Quando
chegaram a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço, e os que choravam
e faziam grande pranto. 39 E,
entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? a menina não morreu,
mas dorme. 40 E riam-se dele; porém
ele, tendo feito sair a todos, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que
com ele vieram, e entrou onde a menina estava. 41 E, tomando a mão da menina, disse-lhe:
Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te. 42 Imediatamente a menina se levantou, e
pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram tomados de grande espanto. 43 Então ordenou-lhes expressamente que
ninguém o soubesse; e mandou que lhe dessem de comer. 1 Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra,
e os seus discípulos o seguiam.
COMENTÁRIO
Mateus,
Marcos e Lucas narram os milagres que se sucederam após a expulsão dos demônios
na cidade de Gerasa. Eles aconteceram enquanto o Senhor retornava à Cafarnaum,
seguido pela multidão. Jesus estava agora diante do poder da doença e da morte.
As duas pessoas beneficiadas são mulheres. Uma sofria de uma enfermidade
incurável que a arruinava e a afastava do convívio da sociedade, porque sua doença
era vista como sinal de impureza e contaminação e, por isso, uma ameaça à
integridade. A outra, uma menina, filha única, que não resistiu a uma doença
grave.
Ao chegar na
cidade uma multidão o esperava, sobretudo os curiosos e cheios de fé. Também estava
lá o chefe da Sinagoga, Jairo, que pedia ao Senhor o restabelecimento da saúde
de uma filha que estava a ponto de morrer. Jesus chamou Pedro, Tiago e João que
o para O acompanhar, a fim de serem testemunhas daquilo que iria se realizar.
No caminho
que conduzia à casa de Jairo, Jesus curou uma mulher que sofria durante muitos
anos por hemorragia. Sofria física e espiritualmente em consequência do
desprezo e preconceito dos outros: ela era vista como impura, amaldiçoada.
Chegando à
casa de Jairo, o Senhor percebeu um alvoroço pois já choravam a morte da
menina. Ao entrar disse a todos: “Para
que este choro? A menina não morreu, mas dorme”. Diz o Evangelista que as
pessoas zombavam d'Ele. Não compreendiam que para Deus, a verdadeira morte é o
pecado que mata a vida divina na alma. Para quem crê, a morte terrena é como um
sono do qual se acorda em Deus.
No Antigo
Testamento, a concepção de morte, apresentada sobretudo em Gênesis, Salmos,
Sabedoria, Provérbios, é uma concepção israelita: a morte constituía um mero fim.
A pessoa humana era vista como um corpo que era animado pela alma que lhe dava
vida. Quando uma pessoa morria, a alma que lhe dava vida desaparecia e a pessoa
continuava a existir naquele corpo inanimado. Por isso Jesus dizia que o nosso
Deus não é um Deus dos mortos mas sim de vivos (Mt 22,32). A morte ideal,
acreditavam os judeus, era aquela que vinha após longa vida, ou seja obedecendo
o ciclo natural das coisas. Quando alguém morria "antes da hora" parecia que se quebrava a normalidade e o
falecido e sua família eram vistos como menos abençoados por Deus. É forte
também o pensamento de que a morte existia como consequência do pecado dos
primeiros pais, sendo preciso passar por ela para chegar até Deus. Quando uma
jovem morria, como a filha de Jairo, acrescentava à família uma culpa enorme
por consequência de uma grave falta cometida por algum de seus antepassados.
O Senhor
disse: “não morreu a menina, apenas
dorme”. Estava morta para os homens que não podiam despertá-la. Para Deus,
a menina dormia porque a sua alma vivia submetida ao poder divino, e a carne
descansava para a ressurreição.
No Novo
Testamento, Paulo em suas cartas, afirma que de fato a morte é consequência e
castigo do pecado, pois ela veio ao mundo por causa de um só homem que pecou
(Rm 5,12). No entanto, continua ele, fomos resgatados da morte por Cristo, uma
vez que em Adão todos morremos e fomos trazidos de volta à vida pelo Redentor
(1Cor 15,22). Um segundo alicerce sobre o qual está baseado a concepção da
morte é constituído pela afirmação de que Jesus superou a morte com sua própria
morte. A morte foi o último inimigo que Cristo teve que superar (1Cor 15,25).
Cristo despojou a morte de seu poder (2Tm 1,10); destruiu pela morte o
dominador da morte, o diabo (Hb 2,14). A lei do Espírito da Vida em Cristo nos
libertou da Lei do Pecado e da Morte (Rm 8,2). Cristo morreu e ressuscitou
tornando-se Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14,9). Ressuscitado dos mortos, a
morte não tem mais domínio sobre Ele.
O cristão
experimenta a vitória de Jesus sobre a morte, pelos sacramentos. O cristão é
batizado na morte de Jesus, pois somente nestas condições é que pode
ressuscitar com Jesus para a nova vida. No sacramento do Batismo ele vive a
morte e a ressurreição de Cristo quando submerge três vezes nas águas batismais,
renascendo para a vida nova em Cristo, recebendo assim a veste branca.
Participar da morte de Cristo significa "tornar-se
um só com Ele" (Rm 6,5). A fé em Cristo não priva o homem da morte
física mas lhe dá a certeza de que esta experiência não se resume ao fim, mas
ao começo de uma nova vida.
São João
Crisóstomo comenta este Evangelho dizendo:
“As ressurreições feitas por Jesus são certamente
fatos excepcionais; ocultam todavia a realidade maior que se dará no fim dos
tempos para todos os homens, como professamos ao rezarmos o Credo: a
ressurreição dos corpos. A filha de Jairo tempos depois morreu novamente, mas
certamente depois experimentou a Ressurreição verdadeira em Deus”.
Francisco F. Carvajal, «Falar com Deus»
Editora Quadrante. S. Paulo, 1991.
ORAÇÃO
Guarda-me, ó Deus, pois em ti me refugio. Ao Senhor
declaro: "Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti".
Quanto aos santos que há na terra, eles é que são os notáveis em quem está todo
o meu prazer. Grande será o sofrimento dos que correm atrás de outros deuses.
Não participarei dos seus sacrifícios de sangue, e os meus lábios nem
mencionarão os seus nomes. Senhor, tu és a minha porção e o meu cálice; és tu
que garantes o meu futuro. As divisas caíram para mim em lugares agradáveis:
Tenho uma bela herança! Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o
meu coração me ensina! Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha
direita, não serei abalado. Por isso o meu coração se alegra e no íntimo
exulto; mesmo o meu corpo repousará tranquilo, porque tu não me abandonarás no
sepulcro, nem permitirás que o teu santo sofra decomposição. Tu me farás
conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua
direita.
Salmo 15(16)
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