30 de Janeiro de
2013 (CC) 17 de Janeiro (CE)
S. Antão, o Grande, anacoreta († 356).
Hebreus
10:1-18
1 Porque a lei, tendo a sombra dos bens
futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos
sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se
chegam a Deus. 2 Doutra maneira, não teriam deixado de ser
oferecidos? pois tendo sido uma vez purificados os que prestavam o culto, nunca
mais teriam consciência de pecado. 3 Mas nesses sacrifícios cada
ano se faz recordação dos pecados, 4 porque é impossível que o
sangue de touros e de bodes tire pecados. 5 Pelo que, entrando no
mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, mas um corpo me preparaste;
6 não te deleitaste em holocaustos e oblações pelo pecado.
7 Então eu disse: Eis-me aqui (no rol do livro está escrito de mim) para fazer,
ó Deus, a tua vontade. 8 Tendo dito acima: Sacrifício e ofertas e
holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem neles te deleitaste (os
quais se oferecem segundo a lei); 9 agora disse: Eis-me aqui para
fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo.
10 É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo
de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre. 11 Ora, todo sacerdote
se apresenta dia após dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos
sacrifícios, que nunca podem tirar pecados; 12 mas este, havendo
oferecido um único sacrifício pelos pecados, assentou-se para sempre à direita
de Deus, 13 daí por diante esperando, até que os seus inimigos
sejam postos por escabelo de seus pés. 14 Pois com uma só oferta
tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados. 15 E
o Espírito Santo também no-lo testifica, porque depois de haver dito:
16 Este é o pacto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor:
Porei as minhas leis em seus corações, e as escreverei em seu entendimento;
acrescenta: 17 E não me lembrarei mais de seus pecados e de suas iniquidades.
18 Ora, onde há remissão destes, não há mais oferta pelo pecado.
Marcos 8:30-34
30 E ordenou-lhes Jesus que a ninguém
dissessem aquilo a respeito dele. 31 Começou então a ensinar-lhes
que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse
rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse
morto, e que depois de três dias ressurgisse. 32 E isso dizia
abertamente. Ao que Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
33 Mas ele, virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro,
dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus,
mas sim das que são dos homens. 34 E chamando a si a multidão com
os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo,
tome a sua cruz, e siga-me.
Ensinamento de Santo Antão
“Acontece que os homens são chamados,
indevidamente, de racionais. No entanto, não são razoáveis aqueles que
estudaram os discursos e os livros dos sábios da história, mas aqueles que têm
uma alma racional, e que são capazes de discernir entre o que é certo e o que é
errado; aqueles que fogem de tudo que é mau e danoso para a alma; aquele que se
empenha diligente para implementar tudo o que é bom e útil para a alma, e faz
tudo isso com muita gratidão para com Deus. Somente estes últimos podem ser
chamados, na verdade, homens racionais”.
COMEMORAÇÃO DE SANTO ANTÃO
Antônio, O
Grande, nasceu no Egito por volta do ano de 250 numa família nobre e rica e os
pais o educaram na fé cristã. Quando ele tinha 18 anos, os pais dele morreram e
ele ficou só com a irmã, a qual ainda dependia dele. Uma vez, indo para a
igreja, ficou a meditar sobre os apóstolos, como eles deixaram tudo neste mundo
para seguir ao Senhor e O servir. Ao entrar na igreja, Antônio ouviu as
palavras: "Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuis, dá-o aos
pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-Me" (Mateus 19:21).
Antônio ficou perplexo com estas palavras, que foram como se dirigidas
diretamente a ele. Em breve depois disto, Antônio deixou toda a sua herança em
benefício dos pobres de sua aldeia, mas não sabia, para quem deixar a sua irmã.
Com esta preocupação foi novamente para a igreja, e lá ouviu de novo as
palavras do Senhor, como se dirigidas diretamente a ele: "Não vos
preocupeis, portanto, pelo dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá por si
mesmo as suas preocupações. Para cada dia é suficiente o seu cuidado"
(Mateus 6:34). Antônio deixou a sua irmã aos cuidados de umas virgens cristãs
que ele conhecia e, depois, deixou a cidade, para viver na solidão e servir a
Deus.
Não foi de
uma hora para outra que santo Antônio se afastou do mundo. No começo, morou
perto da cidade junto com um ancião piedoso, que vivia na solidão, e tentava
imitá-lo em tudo. Antônio visitava também outros eremitas que viviam nos
arredores da cidade e se beneficiava com os conselhos deles. Já naquele tempo
ele ficou famoso por sua austeridade, tanto, que era chamado de "amigo de
Deus." Depois disto, ele se atreve a se afastar mais. Antônio convidou o
ancião a vir junto, mas quando este se recusou, se despediu do ancião e foi
viver uma gruta afastada. De vez em quando um dos seus amigos lhe trazia
comida. Por fim, santo Antônio se afastou definitivamente dos lugares
habitados, cruzou o Nilo e passou a viver nas ruínas de uma fortaleza militar
abandonada. Antônio levou consigo pão suficiente para seis meses, e depois o
recebia dos seus amigos somente duas vezes por ano, e isto através de um buraco
no telhado.
É impossível
relatar todas as tentações e aflições sofridas por este grande asceta. Ele
sofreu de fome e sede, de frio e de calor. A mais terrível tentação, de acordo
com o próprio Antônio, se encontrava no coração: a terrível saudade do mundo e
a aflição nos pensamentos. Somados a isto vieram ainda as tentações e os
horrores dos demônios. Por vezes o santo asceta morria de tristeza e quase
desanimava. Nestas situações aparecia-lhe o Próprio Senhor, ou lhe mandava um
anjo, para animá-lo. "Onde estavas, bom Jesus? Porque não viestes logo no
começo para acabar com os meus sofrimentos?" — clamou Antônio, quando o
Senhor, após uma tentação particularmente difícil, lhe apareceu. "Eu
estava aqui, — lhe disse o Senhor, — e esperava até que Eu visse a tua
ascese."
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A luta de Santo Antão contra os demônios |
Uma vez, no
meio de uma terrível luta com os pensamentos, Antônio clamou: "Senhor, eu
quero me salvar, e os pensamentos não me deixam." De repente viu que
alguém, muito parecido com ele, estava sentado e trabalhando; depois se
levantou e começou a rezar, depois disto novamente sentou e trabalhou.
"Faça assim, e se salvarás," — lhe disse o anjo do Senhor.
Antônio vivia
já há vinte anos na solidão quando alguns dos seus amigos, sabendo do lugar
onde ele se encontrava, vieram para viver junto com ele. Eles bateram na porta
durante muito tempo, pedindo-o a sair, e quando decidiram arrombar a porta,
Antônio abriu a abriu e saiu da sua reclusão voluntária. Eles ficaram admirados
porque não o acharam enfraquecido ou desgastado, levando uma vida onde padecia
as maiores privações. A paz celestial reinava na alma dele e se espelhava em
seu rosto. Antônio era calmo, discreto, igualmente atencioso com todos e em
breve se tornou orientador de muitos. O deserto ficou cheio de vida: nos
arredores, nos montes apareceram habitações de monges; muitas pessoas cantavam,
liam, jejuavam, rezavam, trabalhavam e ajudavam aos pobres. Santo Antônio não
impunha regras definidas aos seus discípulos sobre a vida monástica. Ele se
preocupou com os ânimos deles, para que fossem piedosos, recomendando-lhes
entregar-se à vontade de Deus, rezar, não se preocupar com nada do mundo e
trabalhar incansavelmente.
Mas lá no
deserto, o assédio das multidões passou a incomodar santo Antônio, e ele
começou a procurar de novo a solidão. "Para onde queres fugir?" — lhe
perguntou uma voz do céu, quando à beira do Nilo esperava por um barco para se
afastar das pessoas. "Para a Tebaida lá encima," respondeu Antônio.
Mas a mesma voz retrucou: "Seja lá encima na Tebaida, ou lá embaixo na
Bucolia, não encontrarás sossego nenhum. Vá até o deserto interno" (assim
se chamava o deserto nas margens do Mar Vermelho). Antônio se dirigiu para lá,
seguindo um grupo de sarracenos.
Após três
dias de caminhada, achou um monte alto,
inabitado, com uma fonte de água e algumas palmeiras lá embaixo. Antônio se
instalou no monte. Lá desbravou um pequeno campo, de modo que agora ninguém
precisava vir para lhe trazer pão. De vez em quando Antônio visitava os monges.
Para seu sustento, um camelo levava água e pão durante estas difíceis
travessias no deserto. Mas os seus admiradores o acharam até neste seu último
retiro. Começaram a vir muitas pessoas pedindo suas orações e seus conselhos.
Traziam-lhe enfermos: ele rezava por todos e os curava.
Santo Antônio
já vivia no deserto quase setenta anos, quando contra a sua própria
vontade, começou a ser tentado por um
pensamento orgulhoso: O de ser o mais experiente de todos os eremitas. Antônio
pediu a Deus afastar este pensamento dele e recebeu a revelação de que havia um
eremita, que vivia lá há muito mais tempo e que servia a Deus melhor do que
ele.
Antônio
levantou de madrugada e se pôs a procurar este asceta desconhecido. Andou o dia
todo, mas não encontrou ninguém além de animais selvagens. Em frente sua frente
se descortinava uma imensidão, mas ele não perdia a esperança. No dia seguinte
continuou a sua busca. Uma loba, que corria para uma nascente, cruzou o seu
caminho. Antônio a seguiu e chegando à fonte, viu uma gruta. Com a sua
aproximação, a porta da gruta se fechou. Até meio-dia clamou santo Antônio ao
asceta desconhecido, pedindo lhe sair. Enfim, a porta se abriu e de lá saiu um
ancião, com cabelos e barba completamente brancos. Este era são Paulo de
Tebaida. Ele vivia no deserto já cerca de noventa anos. Após um osculo
fraternal, Paulo perguntou ao Antônio: em que condições se acha a humanidade?
Quem reina no mundo? Será que ainda existem idolatras? Com grande alegria ele ouviu
a boa nova que não havia mais perseguições e que o cristianismo triunfara no
Império Romano; mas se entristeceu muito quando soube da heresia de Ário.
Enquanto os dois anciões conversavam, desceu um corvo e lhes trouxe pão.
"Como é generoso e misericordioso Nosso Senhor," exclamou Paulo.
"Há quantos anos recebo diariamente Dele metade de um filão e hoje, por
causa de tua visita, Ele nos mandou um filão inteiro."
No dia
seguinte Paulo revelou a Antônio que dentro em breve deveria deixar este mundo
e pediu-lhe que lhe trouxesse o manto do bispo Atanásio, (celebre defensor da
Ortodoxia contra a heresia de Ário), para cobrir os seus restos mortais.
Antônio se apressou a cumprir o desejo do santo ancião. Depois ele voltou para
o seu deserto muito agitado e só podia responder uma coisa às perguntas dos
irmãos monges: "Eu sou um pecador que pensava ser um monge! Eu vi Elias,
eu vi João, eu vi Paulo no paraíso." Voltando para são Paulo, ele o viu
ascendendo para o céu rodeado por inúmeros anjos, profetas e apóstolos.
"Paulo,
por que não esperaste por mim? — exclamou Antônio. — Foi tão tarde que eu te
conheci e tu me deixas tão cedo!" Porém, quando Antônio entrou na gruta de
Paulo, o achou ajoelhado, calado e imóvel. Antônio se ajoelhou também e começou
rezar. Após algumas horas de orações ele viu, que Paulo ficava imóvel porque já
estava morto. Antônio lavou o corpo do santo monge com grande devoção e o
cobriu com o manto do bispo Atanásio. De repente apareceram dois leões, que com
as suas garras cavaram um buraco fundo, onde Antônio enterrou o santo asceta.
Santo Antônio
morreu muito velho (tinha 106 anos, no ano de 356), e pela sua ascese foi
cognominado Grande.
Santo Antônio
foi o fundador da vida monástica eremítica. Alguns eremitas, sob orientação
espiritual de um "abba" (abba é uma palavra aramaica e significa
"pai") viviam separadamente um do outro em cabanas ou grutas
(ermidas), rezando, jejuando e trabalhando. Algumas ermidas, reunidas sob a
orientação de um abba, se chamava de "lavra”. Mas ainda durante a vida de
Antônio, o Grande, apareceu um outro tipo de vida monástica. Os ascetas se
juntavam numa comunidade, dividiam o trabalho conforme a força e talento de
cada um, dividiam a comida e se submetiam a regras iguais para todos. Estas
comunidades se chamavam de cenóbios ou mosteiros. Os abbas destas comunidades
passaram a ser chamados de arquimandritas. Pacômio, o Grande, foi o fundador
destes mosteiros.
Tropário de
Santo Antão Modo 4
Com os teus
modos imitando o zeloso Elias
Seguindo ao
Batista por caminhos justos,
Ó Padre
Antônio, tu vivias no deserto fortalecendo o mundo com as tuas orações.
Ora a Cristo
Deus que salve as nossas almas.