domingo, 27 de janeiro de 2013

34º Domingo Depois de Pentecostes


27 de Janeiro de 2013 (CC)  14 de Janeiro (CE)
Conclusão da Santa Teofanía; 
Santa Nina, Iluminadora da Geórgia († 335); Ss. Monges, mártires do Sinai († 305, 370,400).


MATINAS (I)

Mateus 28:16-20

     16 Partiram, pois, os onze discípulos para a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara.    17 Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.    18 E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.    19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;    20 ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.   


LITURGIA

Colossenses 3:4-11

     4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.    5 Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais; a prostituição, a impureza, a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;    6 pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;    7 nas quais também em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas;    8 mas agora despojai-vos também de tudo isto: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca;    9 não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus feitos,    10 e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;    11 onde não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos.   

Lucas 18:18-27

     18 E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?    19 Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.    20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.    21 Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.    22 Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.    23 Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico.    24 E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!    25 Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.    26 Então os que ouviram isso disseram: Quem pode, então, ser salvo?    27 Respondeu-lhes: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.


COMENTÁRIO

Por dar ouvidos a um “evangelho” diferente daquele que nos foi anunciado pelos Apóstolos de Cristo, preservado e transmitido pelos Pais da Igreja, é que muitos hoje concebem o Evangelho do Reino na perspectiva da moral e dos bons costumes, semelhantemente ao jovem da narrativa (rico e moralmente virtuoso), que interroga o Senhor acerca da vida eterna. 
Antes de ser uma reforma do caráter e da moral pessoal, o Evangelho se dirige ao coração – lugar das entranhas mais profundas do ser, fonte dos desejos, propósitos, decisões e escolhas. É fácil pintar um túmulo, mas difícil é fazer reviver o corpo apodrecido que nele jaz. O Evangelho transmitido pelos Pais não se preocupa primariamente com a moral ou a ética social, e nem com nada que diz respeito à exterioridade da vida cristã, mas, sim, com a interioridade. Para os Pais, todo esforço e labuta da fé́ têm como objetivo a purificação do coração, pois só́ os que purificam o coração é que verão a Deus (Mt 5:8). 
Tudo que acontece no interior se projeta para o exterior; mas julgar alguém como sendo bom apenas pelos atos externos - ainda que estes se mostrem justos e louváveis – é muito temerário, pois tal aparência pode ser produto de narcisismos e hipocrisias. Por isto, sabiamente advertia São Paulo:

“Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas se não tiver amor, nada disso me valerá” (1 Cor. 13:8). 
As nossas “bondades” externas - sem a vigilância do coração - são nossas inimigas, pois se prestam a nos enganar e criar uma falsa imagem de justiça que acabará nos convencendo de nossa retidão. 
Cristo não contradiz a palavra daquele jovem, mas questiona o seu propósito dizendo-lhe: “Se queres ser perfeito...”[1] 
Que desejos e que propósitos se escondiam por trás de todas aquelas virtudes? Se quisermos ser perfeitos, questionemos o nosso coração e estejamos prontos para amputar tudo o que nos impede de caminhar rumo à perfeição (Mt 18:8,9). Este é o grande e único propósito da vida cristã: 

“Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:48). 
Por isto, todo o labor dos Pais do deserto era encontrar a maneira de como cumprir eficazmente esta exigência de Cristo, como combater e vencer a vontade enfraquecida e enferma pelo pecado que habita em nós; enfim, como tornar puro o coração. Qualquer um que foge deste propósito não agrada a Cristo e engana a si mesmo (2 Tim. 3:13). 
O Jovem, rico e “virtuoso”, queria agradar a si e a Deus, amar a presente vida e ganhar a vida eterna. Isto é impossível! 
Padre Mateus (Antonio Eça)
ORAÇÃO 
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus caminhos. Vê se há alguma forma de iniquidade em mim e conduz-me pelo caminho eterno. 
Senhor, quem pode discernir suas próprias transgressões? Purifica-me dos meus pecados que me são ocultos! 
Também guarda o teu servo dos pecados intencionais; que eles não me dominem! Então serei íntegro, inocente de grande transgressão. 
Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador”! 
Salmo 138(139):23; Salmo 18(19):12-14



[1] Conforme a narrativa de São Mateus. O Evangelista Mateus não destoa de São Marcos e de São Lucas.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário