Conclusão da Santa Teofanía;
Santa Nina, Iluminadora da
Geórgia († 335); Ss. Monges, mártires do Sinai († 305, 370,400).
MATINAS (I)
Mateus
28:16-20
16 Partiram, pois, os onze discípulos para
a Galileia, para o monte onde Jesus lhes designara. 17 Quando o
viram, o adoraram; mas alguns duvidaram. 18 E, aproximando-se
Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na
terra. 19 Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações,
batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20
ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu
estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
LITURGIA
Colossenses
3:4-11
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se
manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória.
5 Exterminai, pois, as vossas inclinações carnais; a prostituição, a impureza,
a paixão, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; 6
pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
7 nas quais também em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas;
8 mas agora despojai-vos também de tudo isto: da ira, da cólera, da
malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca; 9 não
mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do homem velho com os seus
feitos, 10 e vos vestistes do novo, que se renova para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; 11 onde não há
grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou
livre, mas Cristo é tudo em todos.
Lucas 18:18-27
18 E perguntou-lhe um dos principais: Bom
Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna? 19
Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é
Deus. 20 Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não
furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.
21 Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
22 Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende
tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem,
segue-me. 23 Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque
era muito rico. 24 E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão
dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas! 25
Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um
rico no reino de Deus. 26 Então os que ouviram isso disseram: Quem
pode, então, ser salvo? 27 Respondeu-lhes: As coisas que são
impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
COMENTÁRIO
Por dar ouvidos a um “evangelho” diferente daquele que nos foi anunciado pelos Apóstolos de Cristo, preservado e transmitido pelos Pais da Igreja, é que muitos hoje concebem o Evangelho do Reino na perspectiva da moral e dos bons costumes, semelhantemente ao jovem da narrativa (rico e moralmente virtuoso), que interroga o Senhor acerca da vida eterna.
Antes de ser uma reforma do caráter e da moral pessoal, o Evangelho se dirige ao coração – lugar das entranhas mais profundas do ser, fonte dos desejos, propósitos, decisões e escolhas. É fácil pintar um túmulo, mas difícil é fazer reviver o corpo apodrecido que nele jaz. O Evangelho transmitido pelos Pais não se preocupa primariamente com a moral ou a ética social, e nem com nada que diz respeito à exterioridade da vida cristã, mas, sim, com a interioridade. Para os Pais, todo esforço e labuta da fé́ têm como objetivo a purificação do coração, pois só́ os que purificam o coração é que verão a Deus (Mt 5:8).
Tudo que acontece no interior se projeta para o exterior; mas julgar alguém como sendo bom apenas pelos atos externos - ainda que estes se mostrem justos e louváveis – é muito temerário, pois tal aparência pode ser produto de narcisismos e hipocrisias. Por isto, sabiamente advertia São Paulo:
“Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas se não tiver amor, nada disso me valerá” (1 Cor. 13:8).
As nossas “bondades” externas - sem a vigilância do coração - são nossas inimigas, pois se prestam a nos enganar e criar uma falsa imagem de justiça que acabará nos convencendo de nossa retidão.
Cristo não contradiz a palavra daquele jovem, mas questiona o seu propósito dizendo-lhe: “Se queres ser perfeito...”[1]
Que desejos e que propósitos se escondiam por trás de todas aquelas virtudes? Se quisermos ser perfeitos, questionemos o nosso coração e estejamos prontos para amputar tudo o que nos impede de caminhar rumo à perfeição (Mt 18:8,9). Este é o grande e único propósito da vida cristã:
“Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:48).
Por isto, todo o labor dos Pais do deserto era encontrar a maneira de como cumprir eficazmente esta exigência de Cristo, como combater e vencer a vontade enfraquecida e enferma pelo pecado que habita em nós; enfim, como tornar puro o coração. Qualquer um que foge deste propósito não agrada a Cristo e engana a si mesmo (2 Tim. 3:13).
O Jovem, rico e “virtuoso”, queria agradar a si e a Deus, amar a presente vida e ganhar a vida eterna. Isto é impossível!
Padre Mateus (Antonio Eça)
ORAÇÃO
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus caminhos. Vê se há alguma forma de iniquidade em mim e conduz-me pelo caminho eterno.
Senhor, quem pode discernir suas próprias transgressões? Purifica-me dos meus pecados que me são ocultos!
Também guarda o teu servo dos pecados intencionais; que eles não me dominem! Então serei íntegro, inocente de grande transgressão.
Que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti, Senhor, minha Rocha e meu Resgatador”!
Salmo 138(139):23; Salmo 18(19):12-14
[1] Conforme a narrativa de São
Mateus. O Evangelista Mateus não destoa de São Marcos e de São Lucas.
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