Santo Alexandre, Patriarca de Constantinopla († 328)
Alexandre de Bizâncio já contava setenta e três anos de idade quando foi eleito bispo de Constantinopla. Durante doze anos ele exerceu sua função episcopal, nos dias turbulentos do heresiarca Ário. Logo após sua eleição, o Imperador Constantino convocou uma reunião de teólogos cristãos e filósofos pagãos, mas como todos os filósofos quisessem falar ao mesmo tempo, o encontro tornou-se numa desordem. Então, Santo Alexandre aconselhou-os a eleger os mais autorizados entre eles para expor sua doutrina. Quando um dos oradores se encontrava na tribuna, o santo exclamou: «Em nome de Jesus Cristo, ordeno-te calar a boca». Diz-se que o pobre filósofo perdeu a voz, até que Santo Alexandre lhe autorizou falar. Este prodígio impressionou mais os filósofos do que todos os argumentos dos cristãos. No ano 336, Ário entrou triunfalmente em Constantinopla. Trazia uma ordem do imperador para que Santo Alexandre o admitisse na comunhão. Conta-se que o santo patriarca trancou-se então na igreja para rezar, juntamente com São Tiago de Nísibis, para que Deus o iluminasse naquele momento em que Ário se aproxima para tomar a comunhão. O que quer que tenha acontecido, na véspera da recepção de Ário na igreja, o heresiarca morreu repentinamente. Os cristãos viram nisso uma intervenção divina, como resposta às orações de Santo Alexandre. O Santo morreu em 340.
Gálatas 2:6-10
E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham
sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses,
digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram; antes, pelo
contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado,
como a Pedro o da circuncisão (Porque aquele que operou eficazmente em Pedro
para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para
com os gentios), e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como
as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão
comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;
recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei
fazer com diligência.
Marcos 5:22-24,35-6:1
E eis que chegou um dos principais da sinagoga, por nome Jairo,
e, vendo-o, prostrou-se aos seus pés, e rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha
está à morte; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos, para que sare, e viva.
E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava... Estando ele
ainda falando, chegaram alguns do principal da sinagoga, a quem disseram: A tua
filha está morta; para que enfadas mais o Mestre? E Jesus, tendo ouvido estas
palavras, disse ao principal da sinagoga: Não temas, crê somente. E não
permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago.
E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoroço, e os que
choravam muito e pranteavam. E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e
chorais? A menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele; porém ele,
tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele
estavam, e entrou onde a menina estava deitada. E, tomando a mão da menina,
disse-lhe: Talita cumi; que,
traduzido, é: Menina, a ti te digo,
levanta-te. E logo a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos;
e assombraram-se com grande espanto. E mandou-lhes expressamente que ninguém o
soubesse; e disse que lhe dessem de comer. E,
partindo dali, chegou à sua pátria, e os seus discípulos o seguiram.
COMENTÁRIO
Mateus, Marcos e Lucas
narram os milagres que se sucederam após a expulsão dos demônios na cidade de
Gerasa. Eles aconteceram enquanto o Senhor retornava à Cafarnaum, seguido pela
multidão. Jesus estava agora diante do poder da doença e da morte. As duas
pessoas beneficiadas são mulheres. Uma sofria de uma enfermidade incurável que
a arruinava e a afastava do convívio da sociedade, porque sua doença era vista
como sinal de impureza e contaminação e, por isso, uma ameaça à integridade. A
outra, uma menina, filha única, que não resistiu a uma doença grave.
Ao chegar na cidade uma
multidão o esperava, sobretudo os curiosos e cheios de fé. Também estava lá o
chefe da Sinagoga, Jairo, que pedia ao Senhor o restabelecimento da saúde de
uma filha que estava a ponto de morrer. Jesus chamou Pedro, Tiago e João que o
para O acompanhar, a fim de serem testemunhas daquilo que iria se realizar.
No caminho que conduzia à
casa de Jairo, Jesus curou uma mulher que sofria durante muitos anos por
hemorragia. Sofria física e espiritualmente em consequência do desprezo e
preconceito dos outros: ela era vista como impura, amaldiçoada.
Chegando à casa de Jairo, o
Senhor percebeu um alvoroço pois já choravam a morte da menina. Ao entrar disse
a todos: “Para que este choro? A menina não morreu, mas dorme”. Diz o
Evangelista que as pessoas zombavam d'Ele. Não compreendiam que para Deus, a
verdadeira morte é o pecado que mata a vida divina na alma. Para quem crê, a
morte terrena é como um sono do qual se acorda em Deus.
No Antigo Testamento, a
concepção de morte, apresentada sobretudo em Gênesis, Salmos, Sabedoria,
Provérbios, é uma concepção israelita: a morte constituía um mero fim. A pessoa
humana era vista como um corpo que era animado pela alma que lhe dava vida.
Quando uma pessoa morria, a alma que lhe dava vida desaparecia e a pessoa
continuava a existir naquele corpo inanimado. Por isso Jesus dizia que o nosso
Deus não é um Deus dos mortos mas sim de vivos (Mt 22,32). A morte ideal,
acreditavam os judeus, era aquela que vinha após longa vida, ou seja obedecendo
o ciclo natural das coisas. Quando alguém morria "antes da hora"
parecia que se quebrava a normalidade e o falecido e sua família eram vistos
como menos abençoados por Deus. É forte também o pensamento de que a morte
existia como consequência do pecado dos primeiros pais, sendo preciso passar
por ela para chegar até Deus. Quando uma jovem morria, como a filha de Jairo,
acrescentava à família uma culpa enorme por consequência de uma grave falta
cometida por algum de seus antepassados.
O Senhor disse: “não morreu
a menina, apenas dorme”. Estava morta para os homens que não podiam
despertá-la. Para Deus, a menina dormia porque a sua alma vivia submetida ao
poder divino, e a carne descansava para a ressurreição.
No Novo Testamento, Paulo
em suas cartas, afirma que de fato a morte é consequência e castigo do pecado,
pois ela veio ao mundo por causa de um só homem que pecou (Rm 5,12). No
entanto, continua ele, fomos resgatados da morte por Cristo, uma vez que em
Adão todos morremos e fomos trazidos de volta à vida pelo Redentor (1Cor
15,22). Um segundo alicerce sobre o qual está baseado a concepção da morte é
constituído pela afirmação de que Jesus superou a morte com sua própria morte.
A morte foi o último inimigo que Cristo teve que superar (1Cor 15,25). Cristo
despojou a morte de seu poder (2Tm 1,10); destruiu pela morte o dominador da
morte, o diabo (Hb 2,14). A lei do Espírito da Vida em Cristo nos libertou da
Lei do Pecado e da Morte (Rm 8,2). Cristo morreu e ressuscitou tornando-se
Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14,9). Ressuscitado dos mortos, a morte não
tem mais domínio sobre Ele.
O cristão experimenta a
vitória de Jesus sobre a morte, pelos sacramentos. O cristão é batizado na
morte de Jesus, pois somente nestas condições é que pode ressuscitar com Jesus
para a nova vida. No sacramento do Batismo ele vive a morte e a ressurreição de
Cristo quando submerge três vezes nas águas batismais, renascendo para a vida
nova em Cristo, recebendo assim a veste branca. Participar da morte de Cristo
significa "tornar-se um só com Ele" (Rm 6,5). A fé em Cristo não priva
o homem da morte física mas lhe dá a certeza de que esta experiência não se
resume ao fim, mas ao começo de uma nova vida.
São João Crisóstomo comenta
este Evangelho dizendo:
“As ressurreições feitas por Jesus são certamente fatos
excepcionais; ocultam todavia a realidade maior que se dará no fim dos tempos
para todos os homens, como professamos ao rezarmos o Credo: a ressurreição dos
corpos. A filha de Jairo tempos depois morreu novamente, mas certamente depois
experimentou a Ressurreição verdadeira em Deus”.
Francisco F. Carvajal, «Falar com Deus»
Editora Quadrante. S. Paulo, 1991.
ORAÇÃO
Guarda-me, ó Deus, pois em ti me refugio. Ao Senhor declaro:
"Tu és o meu Senhor; não tenho bem nenhum além de ti". Quanto aos
santos que há na terra, eles é que são os notáveis em quem está todo o meu
prazer. Grande será o sofrimento dos que correm atrás de outros deuses. Não
participarei dos seus sacrifícios de sangue, e os meus lábios nem mencionarão
os seus nomes. Senhor, tu és a minha porção e o meu cálice; és tu que garantes
o meu futuro. As divisas caíram para mim em lugares agradáveis: Tenho uma bela
herança! Bendirei o Senhor, que me aconselha; na escura noite o meu coração me
ensina! Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei
abalado. Por isso o meu coração se alegra e no íntimo exulto; mesmo o meu corpo
repousará tranquilo, porque tu não me abandonarás no sepulcro, nem permitirás
que o teu santo sofra decomposição. Tu me farás conhecer a vereda da vida, a
alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita.
Salmo 15(16)
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