15 de Setembro de 2014 (CC) / 02 de Setembro (CE)
S. Mártir Mamas de Cesárea na Capadócia († 275), e
seus pais, Ss. Mártires Theodotus e Rufina (Séc. III.). Venerável João, o
Jejuador, Patriarca de Constantinopla (595). Venerável Antônio (1073) e
Theodosius (1074) da Caverna de Kiev Caves.
Mamas (Mamede) nasceu de pais cristãos
no ano 260. Seus pais, Teodoro e Rufina
estavam na prisão quando de seu nascimento, e na prisão morreram em oração
quando Mamas era ainda pequeno. O santo, tendo ficado órfão ainda muito cedo,
foi adotado por uma mulher cristã de nome Amia que lhe proporcionou uma boa educação e amor
maternal. Aos 15 anos, discutindo com idólatras, Mamas declarou publicamente a
sua fé em Cristo sendo, por isso, cruelmente espancado. Depois, uma pedra foi
atada ao seu pescoço e ele foi jogado ao mar. Mas, por intervenção Divina,
Mamas foi salvo. Novamente foi apanhado e jogado ao fogo e depois às feras
famintas, e de todas estas torturas foi milagrosamente preservado vivo. São
Mamas morreu mais tarde, tendo seu abdômen sido traspassado por um tridente. A
vida deste mártir recorda-nos as palavras evangélicas: «Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior
no reino dos céus» (Mt 18,4).
Gálatas 2:11-16
Depois, passados catorze anos, subi
outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito. E subi por uma
revelação, e lhes expus o evangelho, que prego entre os gentios, e
particularmente aos que estavam em estima; para que de maneira alguma não
corresse ou não tivesse corrido em vão. Mas nem ainda Tito, que estava comigo,
sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se; e isto por causa dos falsos
irmãos que se intrometeram, e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade,
que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão; aos quais nem ainda por
uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse
entre vós. E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido
noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo,
que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram; antes, pelo contrário, quando
viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da
circuncisão (Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da
circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios), e
conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça
que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé,
para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; recomendando-nos
somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com
diligência. E, chegando Pedro à Antioquia, lhe
resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem
chegado da parte de Tiago, comia com os gentios; mas, depois que chegaram, se
foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimulavam com ele, de
maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi
que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a
Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não
como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? Nós somos judeus
por natureza, e não pecadores dentre os gentios. Sabendo que o homem não é
justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido
em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras
da lei; porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Marcos 5:24-34
24 Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande
multidão, que o apertava. 25 Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de
uma hemorragia, 26 e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e
despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior, 27 tendo
ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e
tocou-lhe o manto; 28 porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria
curada. 29 E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já
curada do seu mal. 30 E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele
poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes? 31
Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas:
Quem me tocou? 32 Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera. 33 Então
a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e
prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade. 34 Disse-lhe ele:
Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal.
COMENTÁRIO
A Lei estigmatizava a mulher na qual
houvesse fluxo de sangue desordenado, classificando-a como “imunda” (Lv.
15:25) e condenava também à imundície todo objeto que fosse tocado por ela: a
cama onde dormia, a cadeira onde se sentava, etc; mas, não somente os objetos,
também qualquer pessoa que os tocasse se tornaria imunda (Lv. 15:26) Assim, uma
mulher que padecia de um mal hemorrágico sofria quase que o mesmo ostracismo
dos leprosos: a diferença entre um e outro é que a hemorrágica podia disfarçar
temporariamente o seu mal.
A mulher se aproveitou da multidão para
se acobertar e tocar em Cristo sem que Este pudesse notar. Mas Jesus a
surpreende: “Quem me tocou?”, pergunta o Mestre, distinguindo
o seu toque do aperto que sofria da multidão. Ele distinguiu o toque porque
sentira do Seu corpo sair poder. Quando aquilo que era “imundo” tocara
O que É Santo, o Santo não se tornara imundo – como prescrevia a Lei – antes, o
Santo purificou o que é imundo. No entanto, muitos corpos pecadores tocavam e
até comprimiam o Corpo Santo, mas nenhum desses atraiu para si a Virtude do
Santo. Só o desta mulher – que pela Lei era mais indigna do que os demais –
alcançou tal graça. O que tinha este toque de distinto dos demais?
Se o corpo do Santo comunicara virtude à
mulher imunda, é porque o toque da imunda comunicava ao Santo a fé que habitava
no corpo imundo. E a fé é o único instrumento que atrai a Graça (Ef. 2:9). Esta
fé que se apresenta quando todos os pilares da existência desmoronam. A mulher
gastara todo seu dinheiro com o seu tratamento, sem obter resultado; sua
dignidade e honra estavam dilaceradas pelo estigma social que a doença
provocara. O tempo da enfermidade (12 anos) lhe torturara o suficiente para
destruir todas as certezas ilusórias da sua vida. Algo no seu íntimo a fazia
intuir que Aquele homem da Galileia era Depositário da graça que ela
necessitava.
Mas Ele era um Rabi, um Homem Santo, que
certamente a condenaria, visto que esta era a sentença da Lei. Por isto a
estratégia de se dissimular por entre a multidão.
Sua estratégia dera certo. Ela estava
curada. Uma alegria lhe toma o ser. Mas, parece que sua alegria teria duração
curta. O Rabi interrompe sua caminhada e pergunta: “Quem me tocou?” Olhando
em seguida para ela.
Pronto, agora fora descoberta. Seria
humilhada e condenada. A cena do Éden parece se repetir. Eva tem que sair
detrás da árvore e se apresentar nua perante o Seu Criador e Juiz. O que iria
surpreender a mulher é que no roteiro do drama do Éden, o ato agora em cena,
não era mais o da sentença de Eva, mas o da promessa: pois Quem aparece no
palco do mundo é O Descendente nascido da semente da mulher que iria pisar a
cabeça da serpente (e por esta ser ferido).
Podemos aqui fazer um aparte para que
reflitamos na Graça que habitou na Mãe de Deus. Quando o Verbo foi Gerado em
seu ventre para receber dela a sua carne, Ele teve seu Ser tocado pelos genes
impuros de Eva que habitavam na Virgem, e assim como a mulher hemorrágica não
pudera contaminar o Santo, antes recebendo dele a purificação da sua doença, assim
também a Santa Virgem teve todo seu corpo purificado por Aquele que tudo
plenifica.
Desprovida de seus disfarces, tiradas as
máscaras do anonimato, desfeita a estratégia da dissimulação, a mulher se
apresenta perante o Santo de Deus. Ela está prostrada perante o Santo e
direciona o olhar do medo para o chão, porém os seus ouvidos não demoram a
ouvir palavras de ternura:
“Filha, a tua fé te salvou; vai-te em
paz, e fica livre desse teu mal”.
ORAÇÃO
Jesus dulcíssimo, glória dos apóstolos;
meu Jesus, alegria dos mártires; Senhor onipotente, Jesus, meu Salvador, Jesus
belíssimo, salva-me a mim que recorro a Ti. Salvador Jesus, tem piedade de mim,
pela intercessão daquela que te trouxe ao mundo, e de todos, ó Jesus, os teus
santos, e de todos os profetas; meu Salvador Jesus, torna-me também digno das
delícias do paraíso, ó Jesus amigo dos homens.
Jesus dulcíssimo, orgulho dos monges;
Jesus longânime, alimento e beleza dos ascetas, Jesus, salva-me; Jesus meu
Salvador, Jesus meu boníssimo, arranca-me da mão do dragão, Salvador Jesus, e
livra-me de seus laços, Salvador Jesus; e libertando-me do abismo, ó meu
Salvador Jesus, faze-me sentar à tua direita com as outras ovelhas.
Senhor, Cristo Deus, que com a tua
paixão curaste as minhas paixões e com as tuas feridas medicaste as minhas
chagas, dá-me a mim, mísero pecador, lágrimas de compunção. Perfuma o meu corpo
com a fragrância do teu corpo vivificante e oferece a doce bebida do teu
precioso sangue para refazer-me da amargura com que o inimigo deu de beber à
minha alma.
Ergue a Ti a minha mente atraída pelas
baixezas terrenas e levanta-me do abismo da perdição. Ofusquei a minha mente
com afeições terrenas e não consigo erguer os olhos para Ti; nem aquecer com
lágrimas o meu amor por Ti.
Mas tu, Mestre, meu Senhor Jesus Cristo,
tesouro de todos os bens, concede-me contrição perfeita e ardente desejo de
lançar-me à tua procura. Dá-me a tua graça e renova em mim as feições da tua
imagem. Eu te abandonei, não me pagues com o abandono. Vem em busca de mim, reconduze-me
ao teu redil, e faze-me nutrir-me da relva dos divinos mistérios.
Pela intercessão da tua puríssima Mãe e
de todos os teus santos. Amém.
Cânon A Jesus Dulcíssimo,
Teostericto, Monge - (séc. IX)
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