segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

28ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

15 de Dezembro de 2014 (CC) 02 de Dezembro (CE)
Santo Habacuque, Profeta (séc. VII a.C)
Jejum da Natividade 




Habacuque era descendente dos Levitas, sacerdotes e servidores do Templo em Jerusalém. Viveu pouco antes da destruição do Templo e era contemporâneo do Profeta Jeremias. 
Seu livro se destaca pela linguagem simples, elevada e poética. Os conhecedores das Sagradas Escrituras o elogiam pela simplicidade, brevidade e pela profundidade das imagens. O profeta Habacuque ensinava que o ímpio e o injusto se perderão, enquanto os piedosos serão salvos pela fé. Com este pensamento (que os ímpios se perderão e os justos se salvarão) compõe um hino – um cântico – que descreve o Juízo Divino. 
«Porque, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de corda)». (Ab 3:17-19). 
O Profeta Habacuque predisse a salvação pela fé no Reino do Messias: «Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá». (Ab 2:4). (ver Gl 3:11 e Hb 10:38). 
Os capítulos 2 e 3 servem de inspiração para os “irmos” do quarto cântico dos cânones do serviço matutino (Matinas). Em alguns ‘irmos’ se repetem textualmente expressões destes capítulos, como por exemplo, o Canon da Páscoa «Estarei em minha guarda; o Senhor escutou a voz de teu apelo. Sua majestade cobriu o céu e a terra». Estas frases os santos padres relacionam com o Messias. 
O Profeta Habacuque profetiza o futuro quando disse: «Porque a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar. (Ab 2:14). O conteúdo de seu livro é o seguinte: o profeta se surpreende como prosperam os injustos (1:1-4); a resposta do Senhor (1:5-11); outra surpresa do profeta (1:12-17); contestação do Senhor (2:1-5); a pregação das lamúrias dos caldeus por seus pecados (2:6-20) e  um hino a Deus (cap 3). 



LITURGIA

2 Timóteo 2:20-26

Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor. E rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas. E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor; instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos.

Lucas 20:27-44 

E, chegando-se alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, perguntaram-lhe, dizendo: Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se o irmão de algum falecer, tendo mulher, e não deixar filhos, o irmão dele tome a mulher, e suscite posteridade a seu irmão. Houve, pois, sete irmãos, e o primeiro tomou mulher, e morreu sem filhos;  tomou-a o segundo por mulher, e ele morreu sem filhos. E tomou-a o terceiro, e igualmente também os sete; e morreram, e não deixaram filhos. E por último, depois de todos, morreu também a mulher. Portanto, na ressurreição, de qual deles será a mulher, pois que os sete por mulher a tiveram? E, respondendo Jesus, disse-lhes: Os filhos deste mundo casam-se, e dão-se em casamento; mas os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem hão de casar, nem ser dados em casamento; porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição. E que os mortos hão de ressuscitar também o mostrou Moisés junto da sarça, quando chama ao Senhor Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele vivem todos. E, respondendo alguns dos escribas, disseram: Mestre, disseste bem. E não ousavam perguntar-lhe mais coisa alguma. E ele lhes disse: Como dizem que o Cristo é filho de Davi? Visto como o mesmo Davi diz no livro dos Salmos: Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Se Davi lhe chama Senhor, como é ele seu filho?



REFLEXÕES




Santo Irineu de Lião (séc. II)
Tratado contra as heresias

     “Eu Sou a Ressurreição e a Vida”


     Nosso Senhor e mestre, na resposta que deu aos saduceus que negam a ressurreição, e que ainda afrontam a Deus violando a lei, confirma a realidade da ressurreição e depõe em favor de Deus, dizendo-lhes: Estais muito equivocados por não compreender as Escrituras nem o poder de Deus. E a respeito da ressurreição – diz – dos mortos, não lestes o que Deus disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? E acrescentou: Não é Deus de mortos, mas de vivos: porque para ele estão todos vivos. Com estas palavras manifestou que aquele que falou com Moisés na sarça e declarou ser o Deus dos pais é o Deus dos vivos.

     E quem é o Deus dos vivos a não ser o único Deus, acima do qual não existe outro Deus? É o mesmo Deus anunciado pelo Profeta Daniel, quando ao dizer-lhe Ciro, o persa: Por que não adoras a Bel?, respondeu-lhe: eu adoro o Senhor, meu Deus, que é o Deus vivo. Assim o Deus vivo adorado pelos profetas é o Deus dos vivos, e o é também a sua Palavra, que falou a Moisés, que refutou aos saduceus, que nos concedeu o dom da ressurreição, mostrando aos que estavam cegos estas duas verdades fundamentais: a ressurreição e Deus. Se Deus não é Deus de mortos, mas de vivos, e, contudo, é chamado Deus dos pais que já morreram, é incontestável que estão vivos para Deus e não pereceram: são filhos de Deus, porque participam da ressurreição.

     E a ressurreição é nosso Senhor em pessoa, como ele mesmo afirmou: Eu sou a ressurreição e a vida. E os pais são seus filhos; já o disse o profeta: em lugar de teus pais, são teus filhos. Portanto, o próprio Cristo é juntamente com o Pai o Deus dos vivos, que falou a Moisés e se manifestou aos pais.

     Isto é o que, ensinando, dizia aos judeus: Abraão, vosso pai, pulava de alegria pensando em ver meu dia: o viu e se encheu de alegria. Como assim? Abraão creu em Deus e lhe foi creditado como justiça. Creu, em primeiro lugar, que ele é o Criador do céu e da terra, o único Deus, e em segundo lugar, que multiplicaria sua descendência como as estrelas do céu. É o mesmo vocabulário de Paulo: Como luzeiros do mundo. Com razão, pois, abandonando todos os seus parentes terrenos, seguia o Verbo de Deus, peregrinando com o Verbo, para morar com o Verbo. Com razão os apóstolos, descendentes de Abraão, deixando a barca e o pai, seguiam ao Verbo de Deus. Com razão também nós, abraçando a mesma fé que Abraão, carregando a cruz – como Isaac com a lenha – o seguimos.


     Na verdade, em Abraão o homem aprendeu e se acostumou a seguir o Verbo de Deus. De fato, Abraão, favorecendo, em conformidade com a sua fé, o mandato do Verbo de Deus, consentiu oferecer em sacrifício a Deus seu unigênito e amado filho, para que também Deus concordasse no sacrifício de seu Filho unigênito em favor de toda a sua posteridade, ou seja, por nossa redenção. Por isso Abraão, profeta como era, vendo em espírito o dia da vinda do Senhor e a economia da paixão, pela qual ele mesmo e todos os que cressem como ele começariam a inaugurar a salvação, encheu-se de intensa alegria.







São João Crisóstomo, (séc. V)
Sermão sobre a consolação da morte

“Cristo garante a ressurreição futura, e com ele, os apóstolos, os mártires e a mãe dos Macabeus”



     Comprova somente isto: se Cristo prometeu a ressurreição; e quando sob o peso de uma nuvem de testemunhos tenhas comprovado a existência de tal promessa, ainda mais, quando tenhas em teu poder a certíssima garantia do próprio Cristo, o Senhor, confirmado na fé, deixa imediatamente de temer a morte. Pois quem ainda teme é aquele que não crê; e aquele que não crê contrai um pecado incurável, já que, com sua incredulidade, atreve-se a imputar a Deus ou de impotência ou de mentira.

     Não é esta a opinião dos bem-aventurados apóstolos, não é esta a maneira de pensar dos santos mártires. Os apóstolos, em virtude desta pregação da ressurreição, pregam que Cristo ressuscitou e anunciam que, nele, os mortos ressuscitarão, não evitando nem a morte, nem os tormentos, nem as cruzes. Portanto, se todo o assunto fica confirmado pela boca de duas ou três testemunhas, como pode colocar-se em dúvida a ressurreição dos mortos, avalizada por tantas e tão qualificadas testemunhas, que apoiam o seu testemunho com o derramamento de seu sangue?

     E os santos mártires, o quê? Tiveram ou não tiveram uma firme esperança na ressurreição? Se não a tivessem, certamente não teriam aceitado como o maior lucro uma morte envolta em tantas torturas e sofrimentos: não pensavam nos suplícios presentes, mas nos prêmios futuros. Conheciam o ditado: O que se vê é passageiro, o que não se vê é eterno.

     Escutai, irmãos, um exemplo de fortaleza. Uma mãe exortava os seus sete filhos: não chorava, antes se alegrava. Via os seus filhos lacerados pelas unhas, mutilados pelo ferro, fritos na caldeira. E não derramava lágrimas, não prorrompia em lamentos, mas com solicitude materna exortava aos seus filhos a manterem-se firmes. Aquela mãe certamente não era cruel, mas fiel: amava os seus filhos, porém não de forma delicada, mas virilmente. Exortava os seus filhos para a paixão, paixão que ela mesma aceitou alegremente. Estava segura de sua ressurreição e da ressurreição dos seus filhos.

     O que direi de tantos homens, mulheres, jovens, moças? Como brincaram com a morte! Com que enorme rapidez passaram a engrossar a milícia celeste! E isso de querer, podiam ter continuado vivendo, visto que lhes apresentaram a alternativa: viver, negando a Cristo, ou morrer, confessando a Cristo. Mas preferiram desprezar esta vida corporal e aceitar a eterna, serem excluídos da terra para converterem-se em cidadãos do céu.

     Depois disto, irmãos, existe lugar para a dúvida? Onde ainda pode abrigar-se o medo da morte? Se somos filhos dos mártires, se queremos um dia ser seus companheiros, que a morte não nos entristeça, não choremos aos nossos entes queridos que nos precederam no Senhor. Se, contudo, precisássemos chorar, serão os próprios santos mártires que zombarão de nós e nos dirão: “Ó fiéis, ó vós que ansiais o Reino de Deus! Ó vós os que, angustiados, chorais e vos lamentais por vossos entes queridos que morreram suavemente em seus leitos e sobre colchão de penas!” O que você faria se os tivesse visto serem torturados e assassinados pelo pagãos por causa do nome do Senhor?





Santo Atanásio de Alexandria

     “Cristo transformará o nosso humilde corpo”


     Para isto Cristo morreu e ressuscitou: para ser Senhor dos vivos e dos mortos. Mas, contudo, Deus não é Deus de mortos, mas de vivos. Os mortos, portanto, que têm como Senhor ao que voltou à vida, já não estão mortos, mas vivem, e a vida os penetra de tal forma que vivem sem temer a morte.

     Como Cristo que, uma vez ressuscitado dentre os mortos já não morre mais, assim também eles, libertos da corrupção, já não conhecerão a morte e participarão da ressurreição de Cristo, como Cristo participou de nossa morte.

     Cristo, de fato, somente desceu à terra para destruir as portas de bronze e quebrar os ferrolhos de ferro, que desde a Antiguidade aprisionavam o homem, e para libertar nossas vidas da corrupção e atrair-nos a si, transladando-nos da escravidão para a liberdade.

     Se ainda não contemplamos este plano de salvação totalmente realizado – pois os homens continuam morrendo e seus corpos continuam corrompendo-se nas sepulturas –, que ninguém veja nisso um obstáculo para a fé. Que pense antes como já recebemos as primícias dos bens que mencionamos e como já possuímos o penhor de nossa ascensão ao mais alto dos céus, porque já estamos sentados no trono de Deus, junto àquele que, como afirma São Paulo, nos levou consigo às alturas; escutai o que afirma o apóstolo: Nos ressuscitou com Cristo Jesus e nos sentou no céu juntamente com ele.

     Chegaremos à consumação quando chegar o tempo prefixado pelo Pai, quando, deixando de sermos crianças, alcancemos a medida do homem perfeito. Assim aprouve ao Pai dos séculos, que o determinou desta forma para que não voltássemos a recair na insensatez infantil, e não se perdessem novamente os seus dons.

     Sendo que o corpo do Senhor ressuscitou de uma forma espiritual, será necessário insistir que, como afirma São Paulo, dos outros corpos se semeia um corpo animal, mas ressuscita um corpo espiritual, ou seja, transfigurado como o de Jesus Cristo, que nos precedeu com a sua gloriosa transfiguração?

     Realmente o apóstolo, bem inteirado desta matéria, nos ensina qual seja o futuro de toda a humanidade, graças a Cristo, o qual transformará nosso corpo humilde, conforme o modelo de seu corpo glorioso.

     Se, portanto, esta transformação consiste em que o corpo se torna espiritual, e este corpo é semelhante ao corpo glorioso de Cristo, que ressuscitou com um corpo espiritual, tudo isso não significa senão que o corpo, que foi semeado em condição humilde, será transformado em corpo glorioso.

     Por esta razão, quando Cristo elevou até o Pai as primícias de nossa natureza, elevou às alturas a todo o universo, como ele mesmo o havia prometido ao dizer: Quando eu for elevado da terra, atrairei a mim todo ser.

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