terça-feira, 16 de dezembro de 2014

28ª Terça-feira Depois de Pentecostes

16 de Dezembro de 2014 (CC) 03 de Dezembro (CE)
Ss. Sofonias, profeta (séc. VII a.C); Sabas de Zvenigorodsk e Ângelo, o Jovem 
Jejum da Natividade
(Vinho e azeite permitidos( 




Durante o longo reinado do ímpio rei Manassés (698-643 a.C), quase todos os profetas de Judá foram aniquilados ou viveram na clandestinidade. É possível afirmar que Sofonias tenha sido o primeiro profeta que levantou sua voz após meio século de silêncio dos enviados divinos. Sofonias pregou durante o reinado do piedoso Josias, rei de Judá (640-609 a. C.), vinte anos antes da destruição de Jerusalém. Os antepassados de Sofonias eram de origem nobre. Supõem-se que, induzido pelo profeta, o rei iniciou, aos poucos, uma difícil reforma religiosa, cujas bases foram lançadas na época do rei Manassás. Sofonias observava com dor o crescente esmorecimento espiritual do povo e sua adesão às crenças pagãs. O profeta acusava severamente os dirigentes da vida pública (príncipes, juízes e sacerdotes) de serem maus exemplos: «Ai da cidade rebelde, contaminada e opressora! Não obedeceu à sua voz, não aceitou o castigo; não confiou no Senhor; nem se aproximou do seu Deus. Os seus príncipes são leões que rugem no meio dela; os seus juízes são lobos da tarde, que não deixam os ossos para a manhã. Os seus profetas são levianos, homens aleivosos; os seus sacerdotes profanaram o santuário, e fizeram violência à lei. O SENHOR é justo no meio dela; ele não comete iniqüidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha» (Sf, 3,1-5) 
Sem duvida, o objetivo destas severas censuras era prevenir das desgraças que ameaçavam o povo judeu. Sofonias predisse o castigo que Deus impetrou aos povos vizinhos, não para aniquilá-los, mas para que voltassem à fé no Deus único: aos moabitas e amonitas, ao leste e ao norte os assírios e ao sul os etíopes. Termina Sofonias seu livro com a descrição dos tempos messiânicos e a regeneração espiritual do mundo. «Naquele tempo então darei uma linguagem pura aos povos, para que todos invoquem o nome do SENHOR, para que o sirvam com um mesmo consenso (sf 3,9). O conteúdo de seu livro se resume neste esquema: Juízo divino sobre Jerusalém (1, 2-3 e 3,1-8); Juízo sobre os povos vizinhos (2,4-15); o Messias e a salvação do mundo ( 3,9-20).


LITURGIA

2 Timóteo 3:16-4:4 

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas.

Lucas 21:12-19 

Mas antes de todas estas coisas lançarão mão de vós, e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e às prisões, e conduzindo-vos à presença de reis e presidentes, por amor do meu nome. E vos acontecerá isto para testemunho. Proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de responder; porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos se vos opuserem. E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome. Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça. Na vossa paciência possuí as vossas almas.


REFLEXÃO



São Gregório, o Grande, Papa de Roma (séc. VI)


Nosso Senhor e Redentor anuncia as calamidades que precederão ao fim do mundo, para que, quando cheguem, nos perturbem menos, pelo próprio fato de que já antecipadamente nos são conhecidos, pois os golpes que se observam vir ferem menos, e nos tornam mais toleráveis às calamidades do mundo quando estamos protegidos contra eles com o escudo da previsão...

Mas, como ouvindo estas coisas tão terríveis podiam perturbar-se os corações fracos, por isso também se agrega o consolo, acrescentando em seguida: Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa, porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. Como se claramente dissesse aos seus membros fracos: “Não vos espanteis, não temais; vocês vão para a luta, mas sou eu que combato; vocês proferem palavras, mas sou eu que falo”.

Prossegue: "Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós." Nós sofremos menos pelos males causados por estranhos, porém nos são mais cruéis os tormentos que sofremos da parte daqueles em cujo amor confiávamos; porque, além do tormento do corpo, sofremos o amor perdido; eis por que de Judas, seu traidor, diz o Senhor pelo salmista: Na verdade que, se o ultraje viesse de um inimigo meu, teria sofrido com paciência; e se a agressão partisse daqueles que me odeiam, poderia ter-me salvo deles; mas tu, meu companheiro, meu guia e meu amigo; com quem me entretinha em doces colóquios, que andávamos juntos na casa de Deus. E novamente: Até o próprio amigo em quem eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar. Como se de seu traidor dissesse claramente: “sua traição me é tanto mais dolorosa quanto mais íntimo me parecia ser aquele de quem a sofri”.

Portanto, todos os escolhidos, pelo próprio fato de serem membros da soberana cabeça, devem imitar-lhe também em sua paixão, de forma que sofrem ter por inimigos em sua morte aqueles em quem confiavam, e se acrescente neles a recompensa de seu padecimento tanto quanto sua virtude ganha com a perda do amor alheio.

Mas como são coisas duras estas que se predizem da aflição da morte, em seguida se acrescenta o consolo da alegria da ressurreição, dizendo: Nem um cabelo de vossa cabeça se perderá. Sabemos, irmãos, que, quando se corta a carne, dói, e que, quando se corta o cabelo, não dói. Por conseguinte, quando diz aos seus mártires: Nem um cabelo de vossa cabeça se perderá, é como dizer-lhes claramente: “Por que temeis que se perca aquilo que, cortado, dói, quando não se perderá o que, cortado, não dói?




São Cirilo de Jerusalém (séc. IV)


Virá, portanto, dos céus, nosso Senhor Jesus Cristo. Certamente virá para o fim do mundo, no último dia, com glória. Então se realizará a consumação deste mundo, e este mundo, que foi criado ao princípio, será outra vez renovado. Pois já que a corrupção, o furto, o adultério e todos os tipos de pecados se derramaram sobre a terra e algumas vezes se derrama sangue, desaparecerá este mundo presente para que esta morada não se encha de iniquidade, e para suscitar outro mais belo.

Queres ver uma demonstração disto a partir da Sagrada Escritura? Ouve ao Profeta Isaías: Os céus se enrolam como um livro, e todo o exército tombará, como cai da vinha à folha morta, como deixa à figueira o verdor emurchecido. E o Evangelho diz: O sol se escurecerá, a lua não dará o seu resplendor, as estrelas cairão do céu. Não estejamos, pois, aflitos como se somente nós tivéssemos que morrer, pois as estrelas também morrem, ainda que talvez ressurjam novamente. O Senhor fará que os céus se dobrem, e não para fazê-los perecer, mas para fazer outros ainda mais belos.

Escuta ao Profeta Davi quando diz: Desde os tempos antigos, fundastes a terra, e os céus são obra de tua mão; eles perecem, mas tu permaneces. Mas dirá alguém: Ele declara abertamente que perecerão. Escuta como diz “perecerão”, pois o que diz na continuação esclarece: Todos eles se desgastam como roupa, como um vestido tu os modificas, e eles se modificam. De modo semelhante a como se diz que o homem perece, segundo aquilo: O justo perece, e não há quem se importe, mesmo que se esteja esperando a ressurreição.

Assim, esperamos também como que uma ressurreição dos céus. O sol se mudará em trevas e a lua em sangue. Saibam-no aqueles que se converteram dos maniqueus e não façam deuses aos astros nem tampouco pensem sacrilegamente que Cristo haverá de perder a sua luz algum dia. Escuta novamente ao Senhor que diz: O céu e a terra passarão, porém minhas palavras não passarão, pois as criaturas não são do mesmo valor nem têm o mesmo destino que as palavras do Senhor.

Passarão, portanto, as coisas visíveis e virão aquelas que se espera serão melhores do que estas, mas que ninguém busque com curiosidade qual será o momento. Pois diz: Não vos compete conhecer o tempo e o momento que o Pai fixou em seu poder. Nem te atrevas a determinar quando acontecerão estas coisas nem fiques preguiçosamente adormecido. Pois também diz: Estai preparados, porque no momento em que não pensardes, virá o Filho do homem.

Mas já que era conveniente que conhecêssemos os sinais da consumação, e visto que é Cristo a quem esperamos, e para que não morrêssemos decepcionados e fôssemos levados ao engano pelo anticristo da mentira, os apóstolos, impulsionados por uma moção divina, e de acordo com os sábios desígnios de Deus, aproximaram-se do verdadeiro Mestre e lhe dizem: Diz-nos quando acontecerá isso, e qual será o sinal de tua vinda e do fim do mundo.
Esperamos que venha uma segunda vez, porém, satanás se disfarça de anjo de luz. Coloca-nos, portanto, a nós, precavidos, para que não adoremos a outro em teu lugar. E ele, abrindo sua boca divina e bem-aventurada, diz: Cuidem para que ninguém vos engane. Também vós, que agora ouvis, olhai-o agora como se o estivésseis vendo com os olhos do espírito, e escutai-o como quem vos está dizendo as mesmas coisas: Cuidem que ninguém vos engane.

Estas palavras advertem a todos a que dirijais vosso espírito ao que vos será dito. Pois não se trata de uma história de coisas passadas, mas daquelas que vão acontecer, e é uma profecia daquilo que com certeza acontecerá. E não é que nós profetizemos, pois somos indignos disso, mas proclamamos nesta assembleia o que está escrito e explicamos seus sinais. Tu verás que coisas dessas já aconteceram e quais restam ainda por chegar. Deste modo podes prevenir-te.




Orígenes (séc. III)


Sobre nosso século pende a ameaça de uma grande ira: o mundo inteiro deverá sofrer a ira de Deus. A ira de Deus provocará a subversão da imensidade do céu, da extensão da terra, das constelações estelares, do resplendor do sol e da noturna serenidade da lua. E tudo isso acontecerá por culpa dos pecados dos homens. Em todo tempo, é verdade, a cólera de Deus se desencadeou somente sobre a terra, porque todos os viventes da terra tinham-se corrompido em seu proceder; agora, porém, a ira de Deus se derramará sobre o céu e a terra: os céus passarão, tu permaneces – se dirige a Deus –, se gastarão como a roupa.

Considerai a qualidade e a extensão da ira que irá consumir o mundo inteiro e castigar a quantos são dignos de castigo: não lhe faltará matéria em que se exercitar. Cada um de nós fornecemos com a nossa conduta matéria para a ira. Diz, de fato, São Paulo aos romanos: "Com a dureza de teu coração impenitente estás armazenando castigos para o dia do castigo, quando se revelará o justo juízo de Deus."

"Quem vos ensinou a escapar da cólera vindoura? Produzi frutos que a conversão pede." Também a vós que vos aproximais para receber o batismo, vos é dito: produzi frutos que a conversão pede. Quereis saber quais são os frutos que a conversão pede? Os frutos do Espírito são: amor, alegria, paz, compreensão, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança e outras qualidades do mesmo tipo. Se possuíssemos todas estas virtudes, teríamos produzido os frutos que a conversão pede.

E não se iludam pensando: "Abraão é nosso pai; porque eu vos digo que até destas pedras Deus é capaz de fazer filhos de Abraão." João, o último dos profetas, profetiza aqui a rejeição do primeiro povo e a vocação dos pagãos. Aos judeus, que estavam orgulhosos de Abraão, realmente lhes afirma: E não se iludam pensando: Abraão é nosso pai; e referindo-se aos pagãos, acrescenta: porque eu vos digo que até destas pedras Deus é capaz de fazer filhos de Abraão.

De que pedras se tratam? Certamente não apontava para pedras inanimadas e materiais: referia-se antes aos homens insensíveis e então obstinados, que por terem adorado os ídolos de pedra e de madeira cumpriu-se neles aquilo que sobre eles se canta no salmo: Que sejam iguais àqueles que fazem como os que confiam neles.

Realmente os que fabricam e confiam nos ídolos podem comparar-se com seus deuses: insensíveis e irracionais, converteram-se em pedras e lenhos. Não obstante verem na criação uma ordem, uma harmonia e uma regra admiráveis; apesar de verem a surpreendente beleza do cosmos, negam-se a reconhecer o Criador a partir da criatura. Não querem admitir que uma organização tão perfeita postule uma Providência que a dirija: são cegos e só veem o mundo com os olhos com que contemplam os jumentos e os animais irracionais. Não admitem a presença de uma razão, de uma forma manifestamente regida pela razão.


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