terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Domingo dos Ancestrais do Senhor

28 de Dezembro de 2014 (CC) 15 de Dezembro (CE)
29º Domingo Depois de Pentecostes
Ss. Hieromártir Eleutério, Bispo de Ilíria († c. 130 - Doxología); 
Ermitão Paulo de Letreia, Confessor Estêvão, Arcebispo de Surozh
Jejum da Natividade (Peixe, Azeite e Vinho é permitidos)
4º Modo




As duas Festas, do nascimento e do batismo de Cristo são intimamente ligadas entre si, na realidade, compreendendo uma única e indivisível observância. O Ano Litúrgico, consequentemente, contem dois pólos: o primeiro é a Páscoa; o segundo, o Natal e a Teofania.

Antes do Natal, assim como antes da Páscoa, há um demorado e elaborado período de preparação (pré-festa). O Natal é precedido por um jejum correspondente a Quaresma e com duração de quarenta dias. No domingo imediatamente anterior a 25 de dezembro, há uma especial comemoração, com ênfase na ligação entre a Antiga Aliança e a Nova. O segundo Domingo antes do Natal – o Domingo dos Antepassados do Senhor – traz a memória dos antepassados de Cristo segundo a carne, os que estavam antes ou os que estavam sob a Lei. O Domingo que se segue tem uma dimensão ainda mais ampla, comemorando todos os justos, homens e mulheres, que louvaram a Deus desde o início do tempo: dos dias de Adão, o primeiro homem, até José, o noivo da Mãe de Deus. Com o Natal aproximando-se desse modo, o fiel fica preparado para ver a Encarnação, não como uma abrupta e irracional intervenção do divino, mas como o auge de um longo processo que se estende por milhares de anos. Era a intenção original dos tradutores incluir os ofícios desses dois Domingos no presente volume, para que eles constituíssem um maravilhoso sumário da historia do Povo de Deus: infelizmente razões de espaço tornaram isso impossível.

O período preparatório para a festa do Natal começa em 20 de Dezembro, e deste ponto em diante muitos dos textos são diretamente relacionados com o Natal. Mais uma vez, considerações de espaço fizeram com que fossem omitidos todos os ofícios dos dias do período preparatório, com exceção dos ofícios do dia logo anterior. Na Véspera de Natal - conhecida pelo nome especial de paramoni ( grego: paramonh; Eslavão: navechéríe) – o ofício toma uma forma especial. Os ofícios das Horas são mais longo do que de costume e são chamados de ‘A Grande Hora’ ou ‘Real Hora’, pois, no período Bizantino, eram assistidos pelo imperador e sua corte. Em seguida às Horas vem a Grande Véspera e a Liturgia de São Basílio.

LITURGIA


Tropárion da Ressurreição
Ouvindo do Anjo o alegre anúncio da Ressurreição, 
que da antiga condenação nos libertou, 
as discípulas do Senhor, disseram envaidecidas aos apóstolos: 
«A morte foi vencida, e o Cristo Deus ressuscitou 
dando ao mundo a grande misericórdia.»

Kondáquion da Ressurreição
O Salvador e Redentor meu, sendo Deus, 
rompeu as portas do Hades, 
libertando de suas cadeias os habitantes da terra, 
e, sendo Soberano, ressuscitou ao terceiro dia. 

Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos Cristãos
E nossa medianeira ante o Criador,
Não desprezes a súplicas de nós, pecadores,
Mas, apressa-te a auxiliarnos como Mãe bondosa que és,
Pois, te invocamos com fé:
Roga por nós, junto de Deus,
Tu que defendes sempre àqueles que te veneram.
Tropárion de São Mateus
Santo Apóstolo Mateus interceda/ Junto ao Bondoso Deus/ Que Ele nos conceda o perdão/ E às nossas almas salvação.

Troparion da Festa Modo IV
Pela fé justificaste os Antepassados
e por eles desposaste a Igreja que é dos gentios.
Os santos se ufanam da glória,
porque da sua semente nasceu o fruto glorioso
o que te gerou sem semente.
Pelas suas orações, ó Cristo Deus,
salva as nossas almas!

Tropário de Santo Eleutério Modo 5
Adornado com o manto sacerdotal
tingido com rios de sangue,
ó sábio e bendito Eleutério,
preciosidade de Cristo, teu Mestre,
ó triunfador de Satanás:
Roga incessantemente por aqueles que fielmente honram tua trajetória.

Troparion de Santo Estêvão de Sourozh - Modo 4
Morador solitário com os anfitriõesIncorpóreos
tu fizeste da cruz a tua arma 
para manter-se firme contra os iconoclastas e macedônios;
que não veneravam o Ícone de Cristo, nosso Deus;
tu destruíste todas as heresias perversas.
E, como quem recebe a coroa do martírio
tu os livraste a tua cidade, Sourozh, de todos os inimigos.
Por isto nós te suplicamos, ó Estêvão, 
para que sejamos libertos das tentações 
e dos tormentos eternos.

Troparion doVenerável Paulo Modo 4
Ó mui glorioso Paulo, nós Te louvamos
como aquele que habita junto aos anfitriões incorpóreos
e como companheiro de todos os que são veneráveis:
Por isto nós te pedimos: Nunca cesses de orar nós, 
a fim de que possamos encontrar misericórdia.


Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

Kondákion da Festa Modo IV
Ó três vezes bem-aventurados,
não adoraste ídolo feito pela mão do homem,
mas, escudando-vos na essência indescritível
permaneceste de pé no meio de um fogo insuportável
e clamastes a Deus dizendo: 
«Vem ó Compassivo, apressa-te em nos auxiliar, 
Tu que és bondoso podes tudo o que queres!»

Theotokion
Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Teus méritos são glorificados acima de toda a razão, ó Mãe de Deus,
Na pureza selada, preservaste a tua virgindade,
verdadeiramente mãe, és reconhecida
que deste à luz o verdadeiro Deus
roga a Ele que salve as nossas almas!.


Prokímenon

Quão magníficas são as Tuas obras, Senhor,
fizeste com sabedoria todas as coisas. (Sl 103:24) 

Bendize ó minha alma o Senhor
Senhor, como Tu És grandioso. (Sl 103:1)


EPÍSTOLA  (COLOSSENSES 3:4-11 )

Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com ele em glória. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou livre; mas Cristo é tudo, e em todos.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Cinge a tua espada, com majestade e esplendor,
cavalga vitorioso, pela causa da verdade e da justiça. 


Aleluia, aleluia, aleluia!
Amaste a justiça e detestaste a iniquidade,

por isso Deus te ungiu com o óleo da alegria.


Aleluia, aleluia, aleluia!

EVANGELHO (LUCAS 14:16-24)


Porém, ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: Vinde, que já tudo está preparado. E todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Casei, e portanto não posso ir. E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleijados, e mancos e cegos. E disse o servo: Senhor, feito está como mandaste; e ainda há lugar. E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, para que a minha casa se encha. Porque eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia. Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe: Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.


HOMILIA


«A Parábola das Bodas»


Nesta parábola, Cristo trata da transferência do Reino de Deus do povo judeu a outros povos, na qual, os "convidados" representam o povo judeu, e os servos — os apóstolos e pregadores da fé cristã. Da mesma maneira que os "convidados" não quiseram entrar no Reino de Deus, a propagação da fé fora transferida "na encruzilhada" — a outros povos. Possivelmente, alguns destes povos não possuíam qualidades religiosas tão elevadas, contudo, manifestaram grande devoção nos serviços a Deus.

«O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; e enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; e estes não quiseram vir. Depois enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Porém eles, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu tráfico. E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícias disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide pois às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo p elos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com vestido de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo vestido nupcial? E ele emudeceu. Disse então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores: ali haverá pranto e ranger de dentes. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos» (Mt. 22:2-14).

No contexto de tudo o que foi dito, e das duas parábolas anteriores, esta parábola não exige explicações especiais. Como sabemos a partir da história, o Reino de Deus (Igreja) passou dos judeus aos povos pagãos, difundiu-se com êxito entre os povos do antigo império Romano, e iluminou-se na plêiade infinita dos fiéis a Deus.

O final da parábola dos convidados para as bodas, onde menciona-se o homem que não estava trajado com vestido de núpcias, parece um pouco obscuro. Para compreender esta passagem, deve-se conhecer os hábitos daquela época. Naqueles tempos, os reis, ao convidarem pessoas a uma festa, por exemplo, para uma festa de casamento de um filho do rei, ofertavam-lhes vestes próprias para que todos estivessem trajados de maneira limpa e bela durante o festejo. Mas, de acordo com a parábola, um dos convidados rejeitou o traje real, dando preferência às próprias vestes. Conforme se observa, ele fez isto por orgulho, considerando suas roupas melhores que as reais. Ao rejeitar as vestes reais, ele conturbou o bom andamento da festa e magoou o rei. Devido ao seu orgulho, foi enxotado da festa para as "trevas externas." Nas Escrituras Sagradas, as vestes simbolizavam o estado da consciência. Roupas claras, brancas, simbolizam a pureza e retidão da alma, que são ofertadas como dádivas de Deus, por Sua misericórdia. O homem que rejeitou as vestes reais representa os cristãos orgulhosos que rejeitam a bem-aventurança e a consagração de Deus, ofertadas nos mistérios bem-aventurados da Igreja. A estes "fiéis" jactanciosos podemos comparar os modernos sectários que rejeitam a confissão, a comunhão, e outros meios bem-aventurados oferecidos por Cristo para a salvação das pessoas. Considerando-se santos, os sectários depreciam a importância da quaresma cristã, do celibato voluntário, da vida monástica etc. , apesar das Sagradas Escrituras ressaltarem estes feitos. Estes fiéis imaginários, como escrevia o Apóstolo Paulo, "tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela" (2 Tim. 3:5). Pois a força da piedade não está no exterior, e sim nos feitos pessoais.


Bispo Alexander (Mileant)




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