domingo, 16 de outubro de 2016

17º Domingo Depois de Pentecostes

2º DOMINGO DE SÃO LUCAS
16 de Outubro de 2016 (CC) / 03 de Outubro (CE)
Santo Hieromártir Dionisio, o Areopagita, Bispo de Atenas
e com ele os mártires Rústicus e Eleuthérius;
São João Kosebita, Bispo de Cesarea
Modo 8







O Hieromártir Dionísio (Denis), Bispo de Atenas, o Presbítero Rústicus e o Diácono Eleutherius foram mortos em Lutetium (antigo nome de Paris) na Gália (atual França, onde São Dionísio é homenageado como o santo padroeiro da França, sob o nome francês "Dênis" ou "Denys". Isto ocorreu no ano 96 (outra fonte sugere o ano 110), durante o tempo da perseguição sob o Imperador romano Domiciano (81-96). 
São Dionísio viveu inicialmente na cidade de Atenas. Ele foi criado lá e recebeu uma fina educação do grego clássico. Depois, Dionísio partiu para o Egito, onde estudou astronomia na cidade de Heliópolis. Juntamente com seu amigo Apollophonos, testemunhou o eclipse solar ocorrido durante a crucificação do Senhor Jesus Cristo. Naquele momento, Dioníso disse: 
"Ou o Criador de todo o mundo está padecendo agora, ou nosso mundo visível está chegando ao fim." 
Após o seu regresso a Atenas, foi escolhido para ser um membro do Conselho do Areópago (alta corte ateniense). "Areo-pagus" significa, literalmente, "Monte de Marte", localizado na  Atenas antiga.
Quando o Santo Apóstolo Paulo pregou aos atenienses no Areópago (Atos 17: 16-34), Dionísio aceitou seu anúncio salvífico e tornou-se um cristão. Dionísio e sua esposa Damaris foram um dos poucos conversos de São Paulo em Atenas. É muito significativo e altamente simbólico que os gregos pagãos tenham situado no Areópago o "altar ao Deus Desconhecido", o Deus do Qual, na verdade, São Paulo pregou o conhecimento. A subsequente "via negativa" ou "apofatismo" de São Dionísio é, especialmente, uma importante contribuição tanto para a teologia como para a filosofia. 
Ao longo de três anos São Dionísio permaneceu como um companheiro do Apóstolo São Paulo na pregação da Palavra de Deus. Mais tarde, o Apóstolo Paulo o estabeleceu como bispo da cidade de Atenas. E no ano 57, São Dionísio estava presente na dormição da Santíssima Mãe de Deus. 
Já durante o tempo de vida da Mãe de Deus, São Dionísio tinha especialmente viajado de Atenas para Jerusalém, a fim de conhecê-la. Ele escreveu para seu mestre, o Apóstolo Paulo, dizendo:  
"Eu testemunho por Deus, que nada, além do próprio Deus, tinha me preenchido com tamanha medida de poder e graça divina. Ninguém dentre a humanidade pode compreender plenamente o que eu vi. Confesso diante de Deus, que quando eu fui ter com João (o qual estando entre os Apóstolos, resplandeceu como o sol no céu), fui levado a estar ante o semblante da Santíssima Virgem, e experimentei uma sensação indescritível: Diante de mim resplandeceu uma espécie de brilho Divino, que me deixou o espírito paralisado. Percebi a presença de aromas de fragrâncias inefáveis; e tanto prazer dava respirá-los, que já não sentia mais o meu próprio corpo, e, então, desfaleci, pois, não pude suportar tamanhos sinais e sensações da bem-aventurança eterna e do poder celestial. A graça que Dela vinha, comprimia o meu coração e o meu espírito, que se eu não tivesse em mente a tua instrução, eu a teria confundido com o próprio Deus. É impossível permanecer em pé diante de tamanha bem-aventurança, tal qual esta que eu contemplei". 
Após a morte do Apóstolo Paulo, querendo dar continuidade ao trabalho do Apóstolo, São Dionísio partiu para pregar em terras ocidentais, acompanhado do Presbítero Rústicus e do Diácono Eleutérius. Eles converteram muitas pessoas para Cristo em Roma, na Alemanha, e depois na Espanha. Estando na Gália, durante o tempo de uma perseguição deflagrada contra os cristãos pelas autoridades pagãs, todas os três confessores foram presos e lançados na prisão. À noite São Dionísio celebrou a Divina Liturgia, co-servido pelos anjos de Deus. No outro dia, pela manhã, os mártires foram decapitados. De acordo com uma antiga tradição, São Dionísio tomou a sua cabeça, caminhou com ela até à igreja e somente ao chegar lá, caiu morto. Uma mulher piedosa, chamada Catulla, enterrou os restos mortais do santo. 


MATINAS (VI)

Lucas 24:36-53

E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; O que ele tomou, e comeu diante deles. E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E destas coisas sois vós testemunhas. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder. E levou-os fora, até betânia; e, levantando as suas mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande júbilo para Jerusalém. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a Deus. Amém.

† † †

LIURGIA

Tropárion
Desceste das alturas, ó Misericordioso, / e suportaste o sepulcro por três dias para nos libertar dos sofrimentos. // Senhor, nossa vida e ressurreição, glória a Ti!

Kondákion
Tendo ressuscitado do túmulo deste a vida aos mortos / e levantaste Adão; Eva se regozija com a tua Ressurreição, / e exultam de alegria os confins da terra, // ó Misericordioso! 

Hino à Virgem
Ó admirável Protetora dos cristãos...

Tropárion de São Dionísio Areopagita Modo 4
Tendo aprendido a bondade / e em tudo se mostrando sóbrio, / revestindo-se - como é digno a um padre, de uma boa consciência, / do vaso escolhido, recebeste coisas inefáveis. / E, tendo mantido a Fé, completaste tua carreira. // Ó Hieromártir Dionísio, suplica a Cristo, Deus, que salve as nossas almas.

Glória ao Pai e ao Filho e ao espírito Santo...

Kondáquion Modo 8
Tendo, por meio do Espírito, atravessado os portais do céu, / como um discípulo do apóstolo que chegou ao terceiro céu, / foste, ó Dionísio, enriquecido com toda a compreensão das coisas inefáveis / e tens iluminado aqueles que se assentam na escuridão da descrença. // Por isto, exclamamos: Alegra-te, ó pai universal!

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Tu, que pela nossa salvação nasceste da Virgem, / sofreste a crucifixão, ó Misericordioso, e com a morte venceste a morte, / como Deus, revelando a Ressurreição; / não abandones a nós, criaturas de Tuas mãos! / Mostra a Tua bondade pela humanidade, / atende as preces da Tua Mãe, que roga por nós, ó Misericordioso, // e salva, ó Salvador, nosso povo desolado!

Prokimenon
Deus É admirável nos Seus santos,
O Deus de Israel. Sl 67:36

Bendizei o Senhor nas vossas assembleias,
Bendizei o Senhor, que vem das fontes de Israel. (Sl 67:27)

2 Coríntios 6:16-7:1

E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; E eu serei para vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso. Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus.

Aleluia 

Aleluia, aleluia, aleluia!
Vinde, regozijemo-nos no Senhor,
Cantemos as glórias de Deus, nosso Salvador!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Apresentamo-nos diante d'Ele com louvor, 
e celebremo-lo com salmos! 

Aleluia, aleluia, aleluia!

Lucas 6:31-36

E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós, também. E se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto. Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.


† † †

HOMILIA

“Nossos lábios oram pelos que nos odeiam, e queira Deus que nosso coração os amasse!”

Pedimos-lhe que tire a vida de nossos inimigos. Todo aquele que ora desta maneira, com suas próprias orações está resistindo ao Criador. Daí que se diga destes o que disse o real profeta: Converta-se a sua oração em pecado. Converter-se a oração em pecado é pedir aquelas coisas que proíbe a pessoa à qual se pede... Por isso diz a Verdade: Quando vos colocares em pé para orar, se tendes algo contra alguém, perdoai-o primeiro...

Para conseguir aquilo que pedimos retamente, é necessário que o nosso espírito não esteja ofuscado na oração pelo ódio ao nosso inimigo... Nossos lábios oram pelos que nos odeiam, e queira Deus que nosso coração os amasse! Muitas vezes oramos por eles, porém mais para dar cumprimento ao preceito de Deus do que por caridade. Porque pedimos pela vida de nossos inimigos e tememos ser escutados. Mas, como o nosso juiz interior atende mais a nossa intenção que as palavras, nada pede em favor do inimigo o que não “ora em seu favor por caridade...

“Mas é que o nosso inimigo faltou conosco gravemente, nos prejudicou. Auxiliamos-lhe e ele nos feriu, e pelo amor que lhe manifestamos nos perseguiu.” Tudo isto estaria em seu lugar se não tivéssemos pecado algum, pelo qual devemos constantemente pedir perdão. Nosso advogado compôs para nós a súplica que devemos alegar em nossa causa. Ele é ao mesmo tempo juiz e advogado dela. Indicou-nos a condição que deveria ter nossa oração com estas palavras: perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

Como será nosso juiz o mesmo que é nosso advogado, escuta a nossa oração o mesmo que a fez. Deste modo, o dizemos sem praticá-lo: Perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido, e então vinculamo-nos mais dizendo estas palavras; ou talvez omitimos esta condição em nossas orações, e nosso advogado não reconhece a oração que compôs para o nosso uso, e nos diz: “Sei o que aconselhei, porém não é esta a oração que compus”.

O que devemos fazer, caríssimos irmãos, a não ser conceder o afeto da verdadeira caridade aos nossos irmãos? Que o Deus todo-poderoso veja a nossa caridade para com o próximo e tenha piedade e misericórdia de nós por nossos pecados. Recordai as palavras que nos foram ditas: "Perdoai e sereis perdoados". Devem-nos e também nós devemos; perdoemos, portanto, aquilo que nos é devido, para que nos perdoe o que nós devemos.”

São Gregório Magno, Papa de Roma (séc. VI)

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