segunda-feira, 24 de outubro de 2016

19ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

24 de Outubro de 2016 (CC) / 11 de Outubro (CE)
São Filipe, Apóstolo dos 70 e Diácono (Séc. I)
Modo 1



Filipe era um dos sete diáconos mencionados no livro dos «Atos dos Apóstolos». Foi um dos escolhidos pelos apóstolos em Jerusalém para assistir e atender aos mais pobres membros da igreja, de modo que a comunidade era unificada entre os Palestinos Nazarenos e os judeus Helenitas que vinham a Jerusalém de outras partes do Império Romano. O diácono também ajudava os apóstolos nos seu deveres de modo a permitir que eles tivessem mais tempo para pregarem. Conforme os “Atos dos Apóstolos” Filipe foi o primeiro Nazareno a pregar na Samaria, convertendo Simão, o Mago (8:5-13) e na volta, na estrada de Jerusalém para Gaza, converteu o tesoureiro da rainha da Etiópia (231:8-9) . Continuando as suas pregações ele se instalou na Cesaréa e ali viveu com suas quatro filhas virgens que são veneradas como santas (21:8-9). São Paulo ficou em sua casa quando visitou a Cesaréa. A tradição dá a ele a honra de bispo de Tralles, Lydia e algumas vezes ele é chamado de «o evangelista» um titulo dado apenas para diferenciá-lo de um outro Filipe, o Apóstolo. 
Comemoração de São Filipe

Troparion de São Felipe Modo III
Santo Apóstolo e evangelista Filipe 
interceda junto ao misericordioso Deus
Para que Ele nos conceda o perdão
E a salvação das nossas almas.

Kondakion de São Felipe Modo IV
Inspirado pelo Santíssimo Espírito,
imunizaste o mundo inteiro com teus ensinamentos
e pelo resplendor dos teus milagres,
ó sagrado pioneiro e apóstolo Filipe. 
Leituras  
Atos 8:26-39
Lucas 10:1-21


Filipenses 1:1-7

Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos, com os bispos e diáconos: Graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo. Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, Fazendo sempre com alegria oração por vós em todas as minhas súplicas, pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até agora. Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo; Como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha defesa e confirmação do evangelho.

Lucas 7:36-50

36Tendo sido convidado por um dos fariseus para jantar, Jesus foi à casa dele e reclinou-se, como era o costume, junto à mesa. 37Assim que tomou conhecimento que Jesus estava reunido à mesa, na casa do fariseu, certa mulher daquela cidade, uma pecadora, trouxe um frasco de alabastro cheio de perfume. 38E, posicionando-se atrás de Jesus, prostrou-se a seus pés e começou a chorar. Suas lágrimas molharam os pés de Jesus, mas ela, em seguida os enxugou com os próprios cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume. 39Diante de tal cena, o fariseu que o havia convidado falou consigo mesmo: “Se este homem fora de fato profeta, bem saberia quem nele está tocando e que espécie de mulher ela é: uma pecadora!” 40Então, voltou-se Jesus para o fariseu e lhe propôs: “Simão, tenho algo para dizer-te”. Ao que ele aquiesceu: “Sim, Mestre, dize-me”. 41“Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinquenta. 42Nenhum dos dois tinha com que pagar, por isso o credor decidiu perdoar a dívida de ambos. Qual deles o amará mais?” 43Replicou-lhe Simão: “Imagino que aquele a quem foi perdoada a dívida maior”. Ao que Jesus o congratulou: “Julgaste acertadamente!” 44Então, virou-se em direção à mulher e declarou a Simão: “Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me trouxeste água para lavar os pés, como é o costume. Esta, porém, molhou os meus pés com suas lágrimas e os enxugou com os próprios cabelos. 45Da mesma maneira, tu não me saudaste com um beijo na face, como é tradicional; ela, todavia, desde que cheguei não cessa de me beijar os pés. 46E mais, tu não me ungiste a cabeça com óleo, como era de se esperar, mas esta mulher, com puro bálsamo, ungiu os meus pés. 47Por tudo isso, te asseguro: o grande amor por ela demonstrado prova que seus muitos pecados já foram todos perdoados. Mas onde há necessidade de pouco perdão, pouco amor é revelado. 48Em seguida, Jesus afirmou à mulher: “Perdoados estão todos os teus pecados!” 49Então, os demais convidados começaram a comentar: “Quem é este que pode até perdoar pecados?” 50E Jesus revela à mulher: “A tua fé te salvou; vai-te em permanente paz”.


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COMENTÁRIO

Anfilóquio de Icônio (séc. IV) 

Um fariseu rogava a Jesus que fosse comer com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, recostou-se à mesa. Ó graça inenarrável! Ó inefável bondade! Ele é médico e cura todas as enfermidades, para ser útil a todos: bons e maus, ingratos e agradecidos. Por isso, convidado agora por um fariseu, entra naquela casa que até aquele momento estava repleta de males. Onde quer que morasse um fariseu, ali existia um antro de maldade, uma cova de pecadores, o aposento da arrogância. Mas mesmo que a casa daquele fariseu reunisse todas estas condições, o Senhor não se desfez de aceitar o convite. E com razão.  Prontamente aceita o convite do fariseu, e o faz com delicadeza, sem reprovar-lhe sua conduta: em primeiro lugar, porque queria santificar os convidados, e também o anfitrião, a sua família e o próprio esplendor dos manjares. Em segundo lugar, aceita o convite do fariseu porque sabia que ampararia a uma meretriz e destacaria seu abrasador e ardente anelo de conversão, para que ela, deplorando seus pecados diante dos letrados e dos fariseus, lhe concedesse oportunidade de ensinar-lhes como se deve aplacar a Deus com lágrimas pelos pecados cometidos. 

E uma mulher da cidade, uma pecadora, diz, colocando-se detrás, junto aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe seus pés com suas lágrimas. Louvemos, pois, a esta mulher que alcançou o aplauso de todo o mundo. Ela tocou aqueles pés imaculados, compartindo com João o corpo de Cristo. Na verdade, aquele se apoiou sobre o seu peito, de onde extraiu a doutrina divina; esta, porém, se abraçou naqueles pés que por nós percorriam os caminhos da vida. 

De sua parte, Cristo – que não se pronuncia sobre o pecado, mas louva a penitência; que não castiga o passado, mas sonda o porvir –, omitindo as maldades passadas, honra a mulher, elogia sua conversão, justifica suas lágrimas e premia seu bom propósito; porém, o fariseu, ao ver o milagre fica desorientado e, trabalhado pela inveja, nega-se a admitir a conversão daquela mulher: ainda mais, solta-se em injúrias contra aquela que assim honrava ao Senhor, lança o descrédito contra a dignidade daquele que era honrado, censurando-o de ignorante: Se este fosse profeta, saberia quem é esta mulher que o está tocando. 

Jesus, tomando a palavra, dirige-se ao fariseu embrenhado em tal tipo de murmurações: Simão, tenho algo a dizer-te. Ó graça inefável! Ó inenarrável bondade! Deus e homem dialogam: Cristo apresenta um problema e estabelece uma norma de bondade, para vencer a maldade do fariseu. Ele respondeu: Fala, mestre! Um credor tinha dois devedores. Observa a sabedoria de Deus: nem sequer nomeia a mulher, para que o fariseu não falseie intencionalmente a resposta. Um, diz ele, lhe devia quinhentos denários e o outro cinquenta. Como não tinham com que pagar, ele perdoou aos dois. Perdoou aos que não tinham, não aos que não queriam: uma coisa é não ter e outra muito distinta não querer. Um exemplo: Deus não nos pede outra coisa além da conversão; por isso quer que estejamos sempre alegres e apressemo-nos em acorrer à penitência. Contudo, se tendo vontade de converter-nos, a multidão de nossos pecados revela o impróprio de nosso arrependimento, não porque não queremos, mas porque não podemos, então nos perdoa a dívida. Como não tinham com que pagar, perdoou aos dois. 

Qual dos dois o amará mais? Simão contestou: Suponho que aquele a quem ele perdoou mais. Jesus lhe “disse: Julgaste corretamente. E voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês a esta mulher pecadora, à qual tu rejeitas e à qual eu acolho? Desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Por isso te digo: seus muitos pecados estão perdoados. Porque tu, ao receber-me como convidado, não me honraste com o ósculo, não me perfumaste com unguento; esta, porém, que alcançou o esquecimento de seus numerosos pecados, honrou-me até com suas lágrimas. 


Portanto, todos os que aqui estão presentes, imitai o que ouvistes e concorrei no pranto desta meretriz. Lavai vosso corpo não com água, mas com lágrimas; não vistais o manto de seda, mas a incontaminada túnica da continência, para que consigais idêntica glória, dando graças ao Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A ele a glória, a honra e a adoração, com o Pai e o Espírito Santo agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.”


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