domingo, 23 de outubro de 2016

18º Domingo Depois de Pentecostes

3º DOMINGO DE SÃO LUCAS
23 de Outubro de 2016 (CC) / 010 de Outubro (CE)
Ss. Eulâmpio e sua irmã Eulâmpia, mártires (início do séc. IV); São Teófilo, o Confessor; Martírio dos 26 Santos Monges de Zographu e com eles 4 Santos Fiéis.
Modo 1



Estes santos viveram na época do imperador Maximiliano. Santo Eulâmpio era um jovem cristão que fugiu da cidade durante a perseguição e se refugiou numa caverna. Seus companheiros lhe enviaram a Nicomédia em busca de alimentos. Eulâmpio se deteve numa rua a ler o edito de perseguição contra os cristãos. Quando um soldado o viu e chamou a atenção dos demais para a sua presença, começou a correr. Naturalmente, sua atitude despertou suspeita e Eulâmpio foi perseguido, capturado e levado à presença do juiz. O magistrado repreendeu aos guardas por haver apreendido o jovem e, ordenando que desatassem suas mãos, começou a interrogá-lo. Depois que tomou conhecimento do nome e profissão de Eulâmpio, mandou que oferecesse sacrifícios a algum dos deuses. O jovem negou-se a fazê-lo, contestando que aqueles eram tão somente ídolos de barro. Enfurecido, o magistrado mandou que fosse açoitado. Como Eulâmpio permanecesse inamovível, ordenou que fosse amarrado e arrastado por um potro. Sua irmã Eulâmpia correu ao seu encontro para abraçá-lo e foi também detida e presa. Ambos foram submetidos a diversas formas de tortura, saindo ilesos. Ao vê-los sair rejuvenescidos de um banho de azeite fervente, cerca de duzentas pessoas que presenciaram o fato se converteram à fé cristã e foram decapitados juntamente com os dois mártires de Nicomédia.

O Venerável Teófilo, o Confessor 
Teófilo era um eslavo macedónio de algum lugar perto de Strumica. Ainda jovem foi tonsurado monge, e fundou o seu próprio mosteiro. Teófilo, muito padeceu por causa de sua defesa dos ícones, durante o reinado de Leão, o Isauriano, e teria sido morto em uma ocasião, se não tivesse conseguido convencer o Governador Hypaticus, seu juiz, do pertinência e necessidade da veneração dos ícones. O Governador o libertou e Teófilo voltou ao seu mosteiro, onde adormeceu em paz no ano de 716 dC, e entrou no gozo do seu Senhor.

Os 26 Monges Mártires de Zographou e 4 Leigos

Quando o Imperador Miguel Paleólogo, a fim de obter ajuda do Ocidente contra os búlgaros e sérvios, firmou com o Papa de Roma, a abominável “União de Lyon, os monges da Montanha Santa enviaram um protesto ao Imperador contra esta União, implorando-lhe para rejeitá-la e retornar à Ortodoxia. O Papa enviou um exército para ajudar o imperador. O exército Latino entrou na Montanha Santa e cometeu tamanha barbárie, qual os turcos nunca tinham cometido em quinhentos anos. Depois de assassinar todo o Prótaton (Conselho dos Governantes do Monte Athos e de ter matado muitos monges em Vatopedi, Iveron e outros mosteiros, os latinos atacaram Zographou. O bendito Abade Thomas advertiu aos irmãos que quem desejasse ser poupado pelos latinos, deveria fugir do mosteiro, e que quem desejasse alcançar uma morte de mártir, deveria permanecer. E assim, vinte e seis homens permaneceram: o abade, vinte e cinco monges e quatro leigos que serviam como trabalhadores do mosteiro. Todos eles trancaram-se na torre do mosteiro. Quando os latinos chegaram, eles puseram fogo na torre e estes vinte e seis heróis de Cristo obtiveram-no fogo uma morte de mártir. Enquanto a torre estava queimando, eles entoavam os Salmos e o Akathistos à Santíssima Mãe de Deus. Eles entregaram suas almas santas a Deus em 10 de outubro de 1283. Em dezembro do mesmo ano, o desonrado Imperador Michael morreu na pobreza, quando o rei sérvio Milutin levantou-se contra ele em defesa da Ortodoxia.



MATINAS

João 20:1-10

E no primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu a pedra tirada do sepulcro. Correu, pois, e foi a Simão Pedro, e ao outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram. Então Pedro saiu com o outro discípulo, e foram ao sepulcro. E os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais apressadamente do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. E, abaixando-se, viu no chão os lençóis; todavia não entrou. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis, E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu, e creu. Porque ainda não sabiam a Escritura, que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos. Tornaram, pois, os discípulos para casa.

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LITURGIA

Tropárion da Ressurreição
Embora a pedra fosse selada pelos judeus / e o Teu puríssimo Corpo fosse guardado pelos soldados, / ressurgiste ao terceiro dia, ó Salvador, dando a vida ao mundo! / Por isso, as Potências celestes exclamaram-Te, ó Autor da vida:/ "Glória a Tua Ressurreição, ó Cristo, / glória a Tua Realeza, // glória a Tua Providência, ó Tu que amas a humanidade!

Kondákion da Ressurreição
Tu, sendo Deus, Te levantaste do túmulo, e devolveste a vida ao mundo; / a natureza humana, por isso Te louva: / a morte foi vencida, Adão se regozija, ó Mestre, / e Eva, liberta agora das cadeias da morte, / com alegria exclama: // Tu, Cristo, És o que a todos dá a Ressurreição!

Hino à Virgem
Ó Admirável Protetora dos cristãos ...

Tropárion dos Santos Eulâmpio e Eulâmpia Modo IV
Em seus sofrimentos, ó Senhor, / Teus mártires receberam coroas imperecíveis de Ti, ó nosso Deus; / e, repletos de Teu poder, / humilharam os torturadores / e esmagaram a débil ousadia dos demônios. // Por suas súplicas, salva, ó Senhor, as nossas almas.

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion Modo 3
Corramos e cantemos aos corajosos mártires, / os irmãos segundo a carne, os sábios Eulâmpio e Eulâmpia; / os quais, pelo poder do Crucificado / encheram de vergonha o Maligno, pondo a baixo suas vis artimanhas do. // Assim, tornaram-se a glória e o orgulho dos mártires.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Theotókion
Quando Gabriel te saudou, ó Virgem, dizendo: «alegra-te!» / e com sua voz, o Salvador encarnou-se em ti, tabernáculo santo; / e, como falava o Justo Davi: / «veio do céu trazendo o Criador de tudo». / Glória Àquele que habita em ti, // glória Àquele nascido de ti e que nos libertou!

Prokímenon

Venha sobre nós, Senhor a Tua misericórdia
Conforme nossa esperança em Ti. 

Por isso eu a Ti clamo como o Filho Pródigo: 
Pequei contra Ti, ó Pai Misericordioso! 
Recebe-me arrependido e faze-me um de Teus servos. 

2 Coríntios 9:6-11

E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; Conforme está escrito: , deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça; Para que em tudo enriqueçais para toda a beneficência, a qual faz que por nós se deem graças a Deus.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Deus assegura a minha vitória
E me submete os meus adversários.

Aleluia, aleluia, aleluia!
Salva maravilhosamente Teu servo 
E usa de misericórdia com Teu Ungido.

Aleluia, aleluia, aleluia!

Lucas 7:11-16

E aconteceu que, no dia seguinte, ele foi à cidade chamada Naim, e com ele iam muitos dos seus discípulos, e uma grande multidão; E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade. E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores. E, chegando-se, tocou o esquife (e os que o levavam pararam), e disse: Jovem, a ti te digo: Levanta-te. E o que fora defunto assentou-se, e começou a falar. E entregou-o à sua mãe. E de todos se apoderou o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo.


† † †


HOMILIAS

“Os Milagres de Jesus, Sinal da Ressurreição”

O Verbo de Deus, Criador de todas as coisas, que ao princípio plasmou ao ser humano, encontrou a sua criatura caída pelo pecado; mas de tal maneira o curou em cada um de seus membros para torná-lo tal como ele o tinha plasmado, e reintegrou completamente ao homem o seu estado original, que o deixou completamente preparado para ressuscitar.

E que outro motivo teria ao curar os membros da carne e restituir-lhes seu estado original, a não ser salvar aqueles mesmos membros que tinha curado? Pois se a utilidade que traziam fosse apenas temporal, nada de extraordinário teria concedido para aqueles que ele tinha curado. Ou como podem afirmar que não é digna da vida que dele procede, sendo a mesma carne que dele recebeu a cura? Porque a vida se restitui pela cura, e a incorrupção pela vida. E é o mesmo quem dá a cura e a vida; e o mesmo que dá a vida reveste de incorrupção a sua criatura.

Portanto, que nos digam aqueles que nos contradizem, ou melhor dito, que contradizem sua própria salvação, com que corpo ressuscitaram a filha do sumo sacerdote, e o filho da viúva ao qual carregavam morto junto à porta da cidade, e Lázaro, que já estava quatro dias no sepulcro?

Sem dúvida, com os mesmos (membros) com os quais tinham falecido; pois se não fossem os mesmos corpos, tampouco seriam as mesmas pessoas falecidas aquelas que ressuscitaram. Mas o Evangelho diz que “o Senhor tomou a mão do morto e lhe disse: Jovem, te digo, levanta-te. E o morto se sentou, e ele ordenou que se lhe dessem de comer, e o entregou a sua mãe.” E chamou a Lázaro com uma forte voz, dizendo: “Lázaro, sai para fora! E o morto saiu, atado das mãos e dos pés.” Este é um símbolo do homem ligado pelo pecado. Por isso, o Senhor lhe diz: Desatai-o e deixai-o andar.

Assim, aqueles enfermos foram curados nos mesmos membros doentes e os mortos ressuscitados com os seus mesmos corpos, recebendo do Senhor a vida e a cura em seus próprios corpos e membros, o qual é um sinal temporal que preludia o eterno e mostra que é o mesmo aquele que que dá a cura a sua criatura e que pode dar novamente a vida.

Deste modo se pode crer sua doutrina acerca da ressurreição, pois de forma semelhante no final dos tempos, quando ressoe a trombeta, os mortos ressuscitarão à voz do Senhor, como ele mesmo disse: 

“Chegará a hora na qual todos os mortos que estão nos sepulcros escutarão a voz do Filho do homem, e sairão os que obraram o bem para a ressurreição da vida, e os que obraram o mal para a ressurreição do juízo.”


Santo Irineu, Bispo de Lião (séc. II)


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“É Nele Que Nós Já Somos Ressuscitados”

“Ao ver a viúva, o Senhor Jesus... disse-lhe: Não chores.” Cristo, esperança de todos os crentes, chama aos que deixam este mundo não de “mortos”, mas de “adormecidos” ao dizer: Lázaro, meu amigo dorme; o Apóstolo Paulo, por seu lado, não quer que estejamos tristes por causa dos que adormeceram. Por isso, se a nossa fé afirma que todos os que creem em Cristo, conforme a palavra do Evangelho, não morrerão jamais, nós sabemos que eles não estão mortos e que nós mesmos não morremos.

É porque, “quando for dado o sinal, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os que morreram em Cristo, ressurgirão primeiro.” Por conseguinte, que a esperança da ressurreição nos dê coragem, pois voltaremos a ver aqueles que tínhamos perdido. Importa que acreditemos firmemente nele, quer dizer, que obedeçamos aos seus mandamentos, porque com o seu poder supremo ele acorda os mortos mais facilmente do que nós acordamos os que estão dormindo.

Eis o que nós dizemos e, entretanto, não sei por que motivo refugiamo-nos nas lágrimas, e o sentimento do pranto perturba a nossa fé. Ai de nós! A condição do homem é lamentável, e como é vã a nossa vida sem Cristo! Mas tu, ó morte, que tens a crueldade de romper a união dos esposos e de separar os que estão vinculados pela amizade, a tua força está desde já esmagada. Doravante, o teu jugo impiedoso é esmagado por aquele que te ameaçava mediante as palavras do Profeta Oseias: “Ó morte, eu serei a tua morte.” É por isso que, com o Apóstolo Paulo, lançamos esta provocação: “Ó morte, onde está a tua vitória? Ó morte, onde está o teu aguilhão?” Aquele que te venceu resgatou-nos, entregou a sua querida alma nas mãos dos ímpios, para fazer deles os seus queridos.

Seria muito longo relembrar tudo o que nas santas Escrituras nos deveria consolar a todos. Que nos baste acreditar na ressurreição e erguer os nossos olhos para a glória do nosso Redentor, porque é nele que nós já somos ressuscitados, como a nossa fé nos faz pensar, conforme a palavra do Apóstolo Paulo: “Se morremos por ele, com ele também reviveremos.”


São Bráulio de Saragoça (séc. VII)


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