segunda-feira, 5 de setembro de 2022

13ª Segunda-feira Depois de Pentecostes

CONCLUSÃO (APODOSIS) DA FESTA DA DORMIÇÃO DA MÃE DE DEUS
05 de Setembro de 2022 (CC) / 23 de Agosto (CE)
Hieromártir Irineu, bispo de Lyon (†202 ?)
S. Mártir Lupus (†306), servo de S. Demetrius de Tessalônica; 
S. Kallinikos, Patriarca de Constantinopla (693-705)
Tom 3



O Hieromártir Irineu, bispo de Lyon, nasceu no ano 130, na cidade de Esmirna (Ásia Menor). Lá recebeu a melhor educação, estudando poética, filosofia, retórica, e o resto das ciências clássicas consideradas necessárias para um jovem da época. 
Seu guia nas verdades da fé cristã fora São Policarpo de Esmirna (23 de fevereiro), que era um discípulo do apóstolo João, o Teólogo. São Policarpo batizou o jovem Irineu, e mais tarde ao ordená-lo presbítero o enviou para uma cidade na Gália, chamada Lugdunum (nos dias atuais Lyon, na França), onde serviu sob o bispo Pothinus.  
Uma missão fora logo confiada a Santo Irineu: entregar uma carta dos confessores de Lugdunum ao santo bispo Eleutério de Roma (177-190). Porém, enquanto Irineu estava ausente, todos os que eram conhecidos como cristãos foram lançados na prisão. Após a morte por martírio do bispo Pothinus, Santo Irineu foi escolhido um ano mais tarde (em 178), como bispo de Lugdunum. Por esta época, São Gregório de Tours (17 de Novembro), escreveu a respeito de Irineu:   
«Por sua pregação, Lugdunum se transformou numa cidade totalmente cristã!»  
Quando a perseguição contra os cristãos se acalmou, o santo expôs os ensinamentos ortodoxos da fé em uma de suas obras fundamentais, sob o título «Detecção e Refutação da Pretensa, Porém, Falsa Gnose», também conhecida como «Contra as Heresias (Adversus Haereses)», uma obra escrita em cinco livros combatendo os ensinamentos do gnosticismo, o qual negava a impossibilidade de Deus se fazer carne e uma série de outras doutrinas errôneas a respeito da Divindade e de Sua revelação. Em «Contra as Heresias”» Santo Irineu combate o gnosticismo, mas também todas as outras heresias de sua época. Assim, esta obra é importante não só do lado teológico, mas ainda do lado histórico, pois documentou e nos apresentou um quadro vivo das batalhas e lutas de então. O texto original grego de «Contra as Heresias”» foi perdido, mas as traduções latina, armênia e siríaca foram preservadas.  
Em seu combate ao gnosticismo, Santo Irineu mostrava que a Encarnação do Verbo era a base do processo da theósis (no qual Deus possibilita ao homem participar de Sua Natureza Divina). Magistralmente afirmava Santo Irineu que “Deus Se fez carne para que o homem se tornasse deus (João 10:34; 17:19-21; 2 Ped. 1:3,4). É também Santo Irineu o primeiro a identificar Maria como a «Segunda Eva», a Mãe da verdadeira raça humana, ou seja aquela que gerou o «Segundo Adão», possibilitando assim, aos filhos do Primeiro Adão, o acesso à Árvore da Vida que fora plantada por Deus no seu ventre materno. É também, Santo Irineu, um dos primeiros escritores cristãos a lançar mão da doutrina da Sucessão Apostólica como base de autoridade do ensino da verdadeira Fé.   
Santo Irineu também exerceu uma influência benéfica em uma disputa sobre a celebração da Páscoa. Na Igreja da Ásia Menor, havia uma velha tradição de celebrar a Santa Páscoa no décimo quarto dia do mês de Nisan, independentemente de qual dia da semana ele se desse. O bispo de Roma Victor (190-202) queria impor à força uma uniformidade na data da celebração, e suas duras exigências fomentou uma cisma. Em nome dos cristãos da Gália, Santo Irineu escreveu ao bispo Victor e outros, instando-os a fazer as pazes.   
Após este incidente, Santo Irineu se perde de vista, e nem sabemos o ano exato de sua morte. São Gregório de Tours, em sua Historia Francorum, sugere que Santo Irineu foi decapitado pela espada por sua confissão de fé no ano 202, durante o reinado de Severo.   
O Apóstolo e Evangelista João, o Teólogo, São Policarpo de Esmirna e Santo Irineu de Lyon são três elos de uma cadeia contínua da graça da Sucessão Apostólica, que remonta ao Pastor Original, nosso Senhor Jesus Cristo.



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém! 

2 Coríntios 8:7-15

7 Ora, assim como abundais em tudo: em fé, em palavra, em ciência, em todo o zelo, no vosso amor para conosco, vede que também nesta graça abundeis. 8 Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo de outros, a sinceridade de vosso amor; 9 pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos. 10 E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a querer; 11 agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes. 12 Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem. 13 Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós, 14 mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade; 15 como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.   

Marcos 3:6-12

6 E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem. 7 Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galileia o seguiu; também da Judéia, 8 e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele. 9 Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse; 10 porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem. 11 E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus. 12 E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer. 

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COMENTÁRIO

A caridade é a mais preciosa das virtudes cristãs: “Se eu não tiver amor, nada disso me aproveitaria” (1 Cor 13). Caridade não é esmola, é doação de si. É a palavra portuguesa que mais se aproxima da ideia do termo grego “ágape” (amor). Ela não é apenas um sentimento, é uma ação. Paulo estimula a Igreja de Corinto à prática da caridade, que deverá ser abundante naquela Igreja tanto quanto estava sendo abundante a fé e a ciência deles. Cristo é o maior exemplo de caridade: sendo rico se fez pobre por amor de nós.

Assim, São Marcos nesta passagem nos mostra o quanto ele se doou para os portadores de todos os tipos de necessidades. O Reino de Deus não é um mistério restrito à interioridade do ser, encerrado na oração e na adoração interior. Se o coração ímpio exterioriza seu interior (maledicências, impurezas, avarezas, cobiças e etc), também o coração justo exterioriza sua justiça, pois cada árvore produz fruto de acordo com sua natureza. Os santos Padres do deserto para lá se retiraram em busca da cura de suas almas, e por isto menos, não negligenciavam os pobres e desvalidos. Sendo pobres, enriqueciam a muitos com seus conhecimentos, e com seus trabalhos manuais ajudavam os famintos e doentes.

Devemos vigiar o nosso coração para que a fé que alimentamos e desenvolvemos não se transforme numa ação egoísta, espiritualmente confortável e socialmente agradável.

Com o frenesi da vida hodierna, onde o stress parece carcomer nossa existência, estas palavras podem soar como um sobrepeso, como mais uma responsabilidade que se acrescenta às demais para aumentar as pressões que vivemos. A caridade não se apresenta como um peso, pois o santo Apóstolo sabiamente observa que as ações caritativas devem ser “segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem"(v.12). Não devemos entender a caridade como messianismo de nossa parte, uma vocação para heróis. Esta é uma dimensão egóica, fruto de vaidade e do desejo de reconhecimento e de se destacar dos demais.

Quando a Fé nos estimula à solidariedade, não está falando do distante, do que temos acesso somente de maneira virtual, do pobre idealizado, das vítimas distantes de catástrofes, de aldeias longínquas ou de culturas inóspitas, pois isto faria da caridade um ato circunstancial e dissociado.  Há pessoas com todos os tipos de necessidades bem próximas de nós e que muitas vezes não demanda tantos esforços para lhes sermos propícios. A caridade nada mais é do que solidariedade, se por no lugar do outro que está diante de nós. Para que a caridade de Cristo seja manifesta em nós, basta pormos toda a diligência em cumprir seu ensinamento que nos diz: “Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a lei e os profetas.” (Mt 7:12).

Padre Mateus (Antonio Eça)

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ORAÇÃO

Louvai ao Senhor. Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, que em seus mandamentos tem grande prazer! A sua descendência será poderosa na terra; a geração dos retos será abençoada. Bens e riquezas há na sua casa; e a sua justiça permanece para sempre. Aos retos nasce luz nas trevas; ele é compassivo, misericordioso e justo. Ditoso é o homem que se compadece, e empresta, que conduz os seus negócios com justiça; pois ele nunca será abalado; o justo ficará em memória eterna. Ele não teme más notícias; o seu coração está firme, confiando no Senhor. O seu coração está bem firmado, ele não terá medo, até que veja cumprido o seu desejo sobre os seus adversários. Espalhou, deu aos necessitados; a sua justiça subsiste para sempre; o seu poder será exaltado em honra. O ímpio vê isto e se enraivece; range os dentes e se consome; o desejo dos ímpios perecerá.

Salmo 111(112)

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