Ss. Fócio e
Aniceto, mártires († 305).
1 Coríntios
1:26-29
26 Ora, vede, irmãos, a vossa vocação, que
não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos. nem muitos
os nobres que são chamados. 27 Pelo contrário, Deus escolheu as
coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas
fracas do mundo para confundir as fortes; 28 e Deus escolheu as
coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a
nada as que são; 29 para que nenhum mortal se glorie na presença
de Deus.
Mateus
20:29-34
29 Saindo eles de Jericó, seguiu-o uma
grande multidão; 30 e eis que dois cegos, sentados junto do
caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi,
tem compaixão de nós. 31 E a multidão os repreendeu, para que se
calassem; eles, porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de
Davi, tem compaixão de nós. 32 E Jesus, parando, chamou-os e
perguntou: Que quereis que vos faça? 33 Disseram-lhe eles: Senhor,
que se nos abram os olhos. 34 E Jesus, movido de compaixão,
tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram.
COMENTÁRIO
Mateus é o único
Evangelista que narra este milagre como sendo dois cegos curados e não um,
conforme as narrativas de Marcos e Lucas.
Deixarei de lado as considerações
que trabalham as razões desta divergência textual, pois isto exige muitos
arrazoados, o que tornaria este comentário longo e enfadonho para muitos.
Detenhamo-nos em considerar as dimensões místicas desta peculiaridade de
Mateus.
Conforme o ensino dos
Santos Pais da Igreja, a alma humana possui duas dimensões: a racional (lógica)
e a intuitiva (mística). Pela primeira o homem entende e domina as coisas
visíveis e sensíveis; pela segunda o homem adentra o mundo invisível e se eleva
para Deus. São os dois olhos da alma, os quais ficaram cegos pelo pecado.
Por isto a ciência e a
sabedoria deste
mundo estão entenebrecidas, e tornam-se ridículos perante Deus os seres humanos
que se gloriam de seus entendimentos e com isto sentem-se mais elevados e
nobres que os demais. São cegos que enxergam vultos e deduzem que a realidade é
tal qual suas visões turvas. Quando alguém se converte ao Senhor o véu dos seus olhos lhes é
paulatinamente retirado, passando a enxergar a glória de Deus manifestada em
Sua criação visível e invisível (2 Cor. 3:16-18).
Para livrar os sábios
segundo a carne do seu torpor, Deus confere primeiramente a restauração da
visão aos que por esses são tidos como desprezíveis e inferiores. E é esta
graça que se manifesta aos dois homens cegos que jaziam nas proximidades de
Jericó. São cegos dos olhos, mas não da alma, pois embora não enxergassem a
forma física de Jesus, enxergavam sua identidade e à esta Identidade se dirigem
clamando a plenos pulmões: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós!
Aquilo que os olhos “sadios” dos Escribas e Doutores da Lei
(sábios segundo este mundo), não puderam enxergar, dois “insignificantes” cegos o puderam. Então, Cristo em Seu amor e
compaixão pelos homens, fez com que a luz presente nas almas daqueles homens se
estendesse aos seus olhos debilitados, curando totalmente suas cegueiras.
A cura dos dois cegos
simboliza o poder de Cristo para sanar as almas dos homens em todas as suas
dimensões: a racional e a intuitiva, fazendo com que as duas, fragmentadas pelo
pecado, voltem a se unir, elevando o homem à glória que lhe foi preparada.
Padre Mateus (Antonio Eça)
ORAÇÃO
Tendo os olhos espirituais
cegos, eu me aproximo de Ti, ó Cristo, e com arrependimento clamo: Tem piedade
de mim, Tu que iluminas com luz resplandecente aos que estão nas trevas.
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