segunda-feira, 27 de agosto de 2012

13ª Segunda-feira Depois de Pentecostes


27 de Agosto 2012 (CC) / 14 de Agosto (CE)
Pré festa da Dormição da Mãe de Deus S. Miquéias, profeta (séc. VIII a.C.).


2 Coríntios 8:7-15

     7 Ora, assim como abundais em tudo: em fé, em palavra, em ciência, em todo o zelo, no vosso amor para conosco, vede que também nesta graça abundeis.    8 Não digo isto como quem manda, mas para provar, mediante o zelo de outros, a sinceridade de vosso amor;    9 pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que pela sua pobreza fôsseis enriquecidos.    10 E nisto dou o meu parecer; pois isto vos convém a vós que primeiro começastes, desde o ano passado, não só a participar mas também a querer;    11 agora, pois, levai a termo a obra, para que, assim como houve a prontidão no querer, haja também o cumprir segundo o que tendes.    12 Porque, se há prontidão de vontade, é aceitável segundo o que alguém tem, e não segundo o que não tem.    13 Pois digo isto não para que haja alívio para outros e aperto para vós,    14 mas para que haja igualdade, suprindo, neste tempo presente, na vossa abundância a falta dos outros, para que também a abundância deles venha a suprir a vossa falta, e assim haja igualdade;    15 como está escrito: Ao que muito colheu, não sobrou; e ao que pouco colheu, não faltou.   

Marcos 3:6-12

     6 E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem.    7 Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galileia o seguiu; também da Judéia,    8 e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele.    9 Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse;    10 porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem.    11 E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus.    12 E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer. 



A FESTA DA DORMIÇÃO


última grande festa do ano litúrgico bizantino (que termina no dia 31 de agosto) é Mariana: Dormição da SS. Mãe de Deus, Kóimesis no grego e Uspénie no eslavo eclesiástico, palavras que aludem justamente ao ato de dormir. E a tradicional representação iconográfica de 15 de agosto mostra a Virgem estendida no leito de morte, rodeada para o último sono pelos apóstolos, vindos prodigiosamente dos lugares onde pregavam o evangelho, tendo ao centro Jesus Cristo que acolhe a sua alma, representada como uma menina envolta em faixas e por ele sustentada.
A partir do dia 1º de agosto, o Oriente bizantino prepara-se para a festa com um jejum (do qual também fala São Teodoro Estudita, morto no ano 826) e dado que, além da pré-festa do dia 14 de agosto, os textos litúrgicos falam do trânsito de Maria Santíssima ao céu até o dia 23 de agosto, pode-se afirmar que este é o mês mariano dos fiéis ortodoxos.
A celebração dessa solenidade no dia 15 de agosto foi fixada com um edito do imperador do Oriente, Maurício (582-602), confirmando uma tradição, sem dúvida, mais antiga. No Ocidente, a festa foi introduzida, juntamente com outras três festas marianas, pelo papa Sérgio I, coincidindo as datas de sua celebração. Quanto ao conteúdo o tropário principal assim sintetiza o mistério:
Tropário (1º tom)
Em tua maternidade conservaste a virgindade
e em tua dormição 
não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus. 
Foste levada para a vida sendo a Mãe da Vida,
e por tuas orações resgatas nossas almas da morte.
Logo é posto em evidência o ministério de intercessão que a Mãe de Deus e nossa desempenha após sua entrada (também corpórea) no céu. O kondakion do dia, a segunda oração mais repetida, o confirma:
Kondakion (2º tom)
Nem o túmulo nem a morte
prevaleceram sobre a Mãe de Deus, 
que, sem cessar, reza por nós
e permanece firme esperança de intercessão.
Com efeito, aquele que habitou um seio sempre virgem
assumiu para a vida aquela que é a Mãe da Vida.
Embora os evangelhos não falem sobre o fim da vida de Maria, existe uma antiga tradição patrística, com informações provindas outrossim dos apócrifos, e que está na base do Ofício litúrgico bizantino do dia 15 de agosto.
[...] breve hino extraído da Ode sexta do Cânon da festa, ainda hoje recitado pelos cristãos de tradição constantinopolitana, cujo autor é São Cosme de Maiúma:
A ti, o Deus rei do universo,
concedeu coisas que estão acima da natureza,
porque, como no parto te conservou virgem,
assim no sepulcro conservou incorrupto o teu corpo
e com a divina trasladação o glorificou.
[...]
Hino das Vésperas (São Germano de Constantinopla)
Vinde de todos os confins do universo,
cantemos a bem-aventurada trasladação da Mãe de Deus!
Nas mãos do Filho ela depositou a sua alma sem pecado;
com a sua santa Dormição o mundo é vivificado;
e é com salmos, hinos e cânticos espirituais,
em companhia dos anjos e dos apóstolos,
que ele a celebra na alegria.
Como nos demais textos litúrgicos bizantinos, da maioria dos hinos, que se repetem há mais de mil anos, se desconhece o nome do autor: Eis um exemplo tirado ainda do Ofício de Vésperas:
Oh, os teus mistérios, ó Pura!
Apareceste, ó Soberana, trono do Altíssimo
e nesse dia te transferiste da terra para o céu.
A tua glória brilha com o resplendor da graça.
Virgens, subi para o alto com a Mãe do Rei!
Ó cheia de graça, salve, o Senhor é contigo!
Ele que doa ao mundo, por teu intermédio,
a grande misericórdia.
Entre os lugares santos venerados em Jerusalém que se relacionam ao mistério final da vida da Mãe de Deus, não existe somente a Basílica da Dormição cuidada pelos Beneditinos católicos, mas há também o Túmulo da Virgem, que está aos cuidados dos ortodoxos, próximo ao jardim do Getsêmani e onde recentes escavações confirmam que a sepultura remonta, de fato, à época em que viveu Maria Santíssima, e pode ter sido o lugar de seu breve sepultamento. A tradição bizantina, claramente expressa na oração, acredita na morte e no sepulcro da Virgem, mas também na sua antecipada glorificação ao céu com o corpo e a alma, à semelhança e em virtude de quanto aconteceu ao seu divino Filho. Assim começa o texto próprio das Grandes vésperas do dia 15 de agosto:
Ó maravilha inaudita!
A fonte da vida é posta no túmulo
e o sepulcro transforma-se em escada que leva ao céu. 
Alegra-te, ó Getsêmani,
santuário sagrado da Mãe de Deus!...
A tradição narra que o apóstolo Tomé, tendo chegado atrasado para o sepultamento da Virgem e querendo rever seu amado semblante, fez reabrir o túmulo, mas este foi achado vazio e a mesma Mãe de Deus anunciou, numa visão, que havia ressuscitado e subido ao céu junto do seu Filho divino.
Se nos textos litúrgicos da festa encontramos várias alusões à tristeza dos Apóstolos que não verão mais junto deles a Mãe de Jesus, predomina, porém, a alegria pelo triunfo da Theotókos.
Diz um hino das Laudes:
A tua gloriosa Dormição alegra os céus,
faz exultar a multidão dos anjos:
a terra toda exulta de alegria
elevando a ti um canto de adeus,
ó Mãe do Senhor de todas as coisas, 
Virgem santíssima desconhecedora de núpcias,
que libertaste o gênero humano da antiga condenação.
A festa da Dormição da Santíssima Mãe de Deus - este nome, como também a representação iconográfica (visíveis inclusive nos mosaicos de Santa Maria Maior e Santa Maria em Trastevere, em Roma) permaneceu comum no Oriente e no Ocidente por mais de um milênio…[1]
Com esta citação de um teólogo russo ortodoxo concluímos, retomando do Ofício das Vésperas bizantinas uma última invocação:
...Ó imaculada Mãe de Deus,
sempre vivente com o Rei da vida e Filho teu,
reza sem cessar para que seja conservada
e salva de toda insídia do adversário a multidão de teus filhos,
pois nós estamos debaixo da tua proteção
e te glorificamos por todos os séculos".

FONTE:
«O Ano Litúrgico Bizantino» - Madre Maria Donadeo - Ed. AM - S. Paulo - 1998




VÉSPERAS DA DORMIÇÃO DA TODA SANTA MÃE DE DEUS E SEMPRE VIRGEM MARIA



Gênesis 28:10-17

     10 Partiu, pois, Jacó de Beer-Seba e se foi em direção a Harã;    11 e chegou a um lugar onde passou a noite, porque o sol já se havia posto; e, tomando uma das pedras do lugar e pondo-a debaixo da cabeça, deitou-se ali para dormir.    12 Então sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela;    13 por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência;    14 e a tua descendência será como o pó da terra; dilatar-te-ás para o ocidente, para o oriente, para o norte e para o sul; por meio de ti e da tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.    15 Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; pois não te deixarei até que haja cumprido aquilo de que te tenho falado.    16 Ao acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia.    17 E temeu, e disse: Quão terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de Deus; e esta é a porta dos céus.   

Ezequiel 43:27-44:4

     27 E, cumprindo eles estes dias, será que, ao oitavo dia, e dali em diante, os sacerdotes oferecerão sobre o altar os vossos holocaustos e as vossas ofertas pacíficas; e vos aceitarei, diz o Senhor Deus.    1 Então me fez voltar para o caminho da porta exterior do santuário, a qual olha para o oriente; e ela estava fechada.    2 E disse-me o Senhor: Esta porta ficará fechada, não se abrirá, nem entrará por ela homem algum; porque o Senhor Deus de Israel entrou por ela; por isso ficará fechada.    3 Somente o príncipe se assentará ali, para comer pão diante do Senhor; pelo caminho do vestíbulo da porta entrará, e por esse mesmo caminho sairá,    4 Então me levou pelo caminho da porta do norte, diante do templo; e olhei, e eis que a glória do Senhor encheu o templo do Senhor; pelo que caí com o rosto em terra.   

Provérbios 9:1-11

     1 A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas;    2 já imolou as suas vítimas, misturou o seu vinho, e preparou a sua mesa.    3 Já enviou as suas criadas a clamar sobre as alturas da cidade, dizendo:    4 Quem é simples, volte-se para cá. Aos faltos de entendimento diz:    5 Vinde, comei do meu pão, e bebei do vinho que tenho misturado.    6 Deixai a insensatez, e vivei; e andai pelo caminho do entendimento.    7 O que repreende ao escarnecedor, traz afronta sobre si; e o que censura ao ímpio, recebe a sua mancha.    8 Não repreendas ao escarnecedor, para que não te odeie; repreende ao sábio, e amar-te-á.    9 Instrui ao sábio, e ele se fará mais, sábio; ensina ao justo, e ele crescerá em entendimento.    10 O temor do Senhor é o princípio sabedoria; e o conhecimento do Santo é o entendimento.    11 Porque por mim se multiplicam os teus dias, e anos de vida se te acrescentarão.   


[1] A Igreja Ortodoxa não comunga do dogma romano da “Assunção de Maria”. Até o meado do séc. XX a Igreja Romana também não professava essa doutrina. Foi o Papa Pio XII definiu solenemente o dogma da Assunção no dia 1 de novembro de 1950 por meio da Constituição “Munificentissimus Deus”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário