terça-feira, 16 de outubro de 2012

20ª Terça-feira Depois de Pentecostes


16 de Outubro de 2012 (CC) / 03 de Outubro (CE)
S. Dionísio Areopagita, hieromártir († c.90).


Filipenses 2:17-23

     17 Contudo, ainda que eu seja derramado como libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós;    18 e pela mesma razão folgai vós também e regozijai-vos comigo.    19 Ora, espero no Senhor Jesus enviar-vos em breve Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo as vossas notícias.    20 Porque nenhum outro tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso bem-estar.    21 Pois todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus.    22 Mas sabeis que provas deu ele de si; que, como filho ao pai, serviu comigo a favor do evangelho.    23 A este, pois, espero enviar logo que eu tenha visto como há de ser o meu caso;   

Lucas 6:37-45

     37 Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.    38 Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós.    39 E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego guiar outro cego? não cairão ambos no barranco?    40 Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre.    41 Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?    42 Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.    43 Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto.    44 Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas.    45 O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.



O Hieromártir Santo Dionísio, o Areopagita

Dionísio é numerado entre os Setenta Apóstolos Menores. Este homem maravilhoso foi o herdeiro de uma ilustre família pagã, em Atenas. Tendo concluído a escola de filosofia em Atenas, foi ao Egito para estudar.

Enquanto estava lá, o Senhor Jesus Cristo morreu na cruz, o sol escurecera, e houve trevas no Egito por três horas. Então Dionísio gritou:

“Ou Deus o Criador do mundo está sofrendo, ou este mundo está chegando ao fim.''

Voltando a Atenas, Dionísio se casara com uma mulher chamada Damaris e teve filhos com ela. Dionísio se tornara um membro da mais alta corte entre os gregos, o Areópago e, posteriormente, seria conhecido como “o Areopagita”.' Quando o apóstolo Paulo pregou o Evangelho, em Atenas, Dionísio foi batizado com toda a sua casa. Paulo o consagrou bispo de Atenas.

Dionísio viajou com Paulo por um longo tempo e conheceu todos os outros apóstolos de Cristo. Ele viajou a Jerusalém especialmente para ver a Santíssima Theotokos, e descreveu seu encontro com ela em uma de suas obras escritas. Ele estava presente no enterro da Santa e Puríssima Mãe do Senhor.

Quando seu professor, São Paulo, sofreu o martírio, Dionísio também desejava uma morte para ele, e foi para a Gália, com Rusticus, seu presbítero e o diácono Eleutério, para pregar o Evangelho entre os bárbaros. Muito sofreu, mas também conseguiu muito. Por seus trabalhos inúmeros pagãos se converteram à fé cristã.

Dionísio construiu  uma pequena igreja em Paris, onde ele celebrava os serviços divinos Quando Dionísio estava com 90 anos de idade, ele, Rústico e Eleutério foram presos e torturados por Cristo e, depois, os três foram decapitados. A cabeça decepada de São Dionísio, rolou uma longa distância, e foi parar aos pés de Catula, um cristão, que honrosamente a enterrou com seu corpo.

Dionísio padeceu durante o reinado de Domiciano, no ano de 96. Ele escreveu várias obras famosas: escreveu sobre os nomes divinos de Deus, sobre as hierarquias celestes e Eclesiásticas, em “Teologia Mística”, e também sobre a Santíssima Mãe de Deus.   


Comemoração do Hieromártir Santo Dionísio, o Areopagita.

O Hieromártir Dionísio, o Areopagita, bispo de Atenas São Dionísio, viveu originalmente na cidade de Atenas, onde também fora criado e nela também fora instruído na educação grega clássica. Depois ele vai ao Egito, onde estudou astronomia na cidade de Heliópolis. Foi em Heliópolis, junto com seu amigo Apollophonos, que Dionísio testemunhara o eclipse solar que ocorreu no momento da morte do Senhor Jesus Cristo por crucificação.

"Ou o Criador de todo o mundo agora sofre, ou este mundo visível está chegando ao fim", dissera Dionísio.

Após o seu regresso do Egito para Atenas, foi escolhido para compor o Conselho do Areópago (alta corte ateniense).

Quando o santo apóstolo Paulo pregou no Areópago, na Colina de Ares (Atos 17:16-34), Dionísio aceitou sua proclamação salvífica e tornou-se um cristão. Por três anos, São Dionísio permaneceu como companheiro do Apóstolo São Paulo na pregação da Palavra de Deus. Mais tarde, o apóstolo Paulo o escolheu para ser bispo da cidade de Atenas. E no ano 57 dC, São Dionísio presenciou o repouso da Santíssima Theotokos.

Durante a vida da Mãe de Deus, São Dionísio tinham viajado de Atenas a Jerusalém, para encontrá-la. A experiência dessa visita é por ele narrada em uma carta que escreveu ao seu mestre, o apóstolo Paulo:

"Eu testemunho em Deus, que, além do próprio Deus mesmo, não há nada mais cheio do poder divino e graça. Ninguém pode compreender plenamente o que eu vi. Confesso diante de Deus: Quando fui por João, (O qual resplandecia entre os Apóstolos, como o sol no céu), levado a estar perante o rosto da Virgem Santíssima, eu experimentei uma sensação indescritível. Perante mim brilhara uma espécie de esplendor divino, transfixando o meu espírito. Percebi a fragrância de aromas indescritíveis e foi preenchido com tal prazer que o meu corpo se tornou muito fraco, e meu espírito não podia suportar estes sinais e marcas de majestade eterna e poder celestial. A graça que dela provinha compungiu profundamente meu coração e sacudiu intensamente o meu espírito. Se ela (a Virgem) não tivesse instruído o meu pensamento, eu teria cometido o erro de pensar ser ela o próprio Deus. É impossível se obter maior felicidade do que esta que eu tive."

Após a morte do Apóstolo Paulo, São Dionísio quis dar continuidade ao trabalho do Apóstolo e, portanto, saiu pregando no Ocidente, acompanhado pelo Presbítero Rusticus e o Diácono Eleutério. Eles converteram muitos para Cristo em Roma, e em seguida, na Alemanha, e depois na Espanha.

Na Gália, durante uma perseguição contra os cristãos por parte das autoridades pagãs, os três confessores foram presos e jogados na prisão. À noite São Dionísio celebrou a Divina Liturgia com os anjos do Senhor. Na parte da manhã os mártires foram decapitados. De acordo com uma antiga tradição, São Dionísio pegou sua cabeça, e a transportou até a igreja e lá caíra morto. Uma mulher piedosa, chamada Catulla, enterrou as relíquias do santo.

Os escritos de São Dionísio, o Areopagita, possuem sumo significado na Igreja Ortodoxa. Quatro livros de sua autoria sobreviveram até os dias de hoje:

“Sobre a Hierarquia Celeste”, Sobre a hierarquia Eclesiástica”, “Acerca dos Nomes de Deus” e “Teologia Mística”. Além deste, existem 10 cartas escritas para várias pessoas.

O livro sobre as Hierarquias Celestes foi escrito, na verdade, em um dos países da Europa Ocidental, onde São Dionísio estava pregando. Nele, ele fala da doutrina cristã sobre o mundo angelical. A Hierarquia Angélica(ou Celestial) compreende nove níveis, na seguinte ordem:

1.     Serafins,
2.     Querubins,
3.     Tronos,
4.     Dominações
5.     Potências
6.     Autoridades
7.     Principados
8.     Arcanjos e,
9.     Anjos

A data estabelecida para celebrar a Sinaxe (conjunto) dos Poderes Incorpóreos Celestiais é 8 de novembro.

O objetivo do estabelecimento de uma Divina Hierarquia Angélica é o de possibilitar o acesso para a vida divina (piedade) por meio da iluminação, purificação e perfeição. Os graus mais elevados da Hierarquia Divina são os Seres portadores da luz e da vida divina, e os quais as comunicam para os escalões inferiores. E não são apenas os sensíveis, as hostes angelicais corpóreas participam das hierárquicas e espirituais luzes descendentes, mas também a raça humana, recriada e santificada na Igreja de Cristo.

O livro de São Dionísio sobre as hierarquias eclesiásticas é uma continuação do seu livro sobre as hierarquias celestes. A Igreja de Cristo, assim como os níveis angelicais, têm seu serviço universal firmado sobre o fundamento dos princípios sacerdotais estabelecidos por Deus.

No mundo terreno, para os filhos da Igreja, a graça divina se resume indescritivelmente nos santos mistérios da Igreja, que são de natureza espiritual, embora perceptível aos sentidos em forma. Poucos, mesmo entre os santos ascetas, foram capazes de contemplar com seus olhos terrenos a visão de fogo dos Santos Mistérios de Deus. Mas fora dos Santos Mistérios (sacramentos) da Igreja, fora do Batismo e da Eucaristia, a Luz que gera a graça salvífica de Deus não é encontrada, nem o Seu Divino conhecimento e nem a theosis (deificação).

O livro sobre os Nomes de Deus expõe no caminho do conhecimento divino através de uma progressão dos Nomes Divinos.

No livro “Teologia Mística”, São Dionísio também estabelece o ensino sobre o conhecimento divino. A teologia da Igreja Ortodoxa é totalmente baseada na experiência do conhecimento divino. Para se conhecer a Deus é necessário estar próximo, íntimo, a Ele, para que se chegue para ele em alguma medida, de modo a atingir união com Deus e deificação (theosis). Esta condição se viabiliza somente através da oração. Não é porque a oração em si nos aproxima do Deus incompreensível, mas sim que a oração verdadeira purifica o coração, e isto nos aproxima de Deus.

Os escritos de São Dionísio, o Areopagita são de extraordinária importância para a teologia da Igreja Ortodoxa, e também, mais tarde, para a teologia ocidental da Idade Média. Por quase quatro séculos, até o início do século VI, as obras deste santo Pai da Igreja foram preservados em um manuscrito de tradição obscura, principalmente por teólogos da Igreja de Alexandria. Os conceitos destas obras foram conhecidos e utilizados por Clemente de Alexandria, Orígenes, Dionísio, o Grande - figuras proeminentes da escola catequética em Alexandria - e também por São Gregório, o Teólogo. São Dionísio de Alexandria escreveu a São Gregório, o Teólogo, um comentário sobre a "Areopagitum". As obras de São Dionísio, o Areopagita recebeu o reconhecimento geral da Igreja durante os séculos sexto ao sétimo.

Particularmente relevantes são os comentários escritos por São Máximo, o Confessor (21 de janeiro)[1].

Na Igreja Russa os ensinamentos de São Dionísio, o Areopagita sobre os princípios espirituais e deificação foram primeiramente conhecidos através dos escritos de São João de Damasco (4 de dezembro). A primeira tradução eslava do "Areopagitum" foi feita no Monte Athos por volta do ano 1371, por um monge chamado Isaías. Cópias do mesmo foram amplamente distribuídas na Rússia. Muitos delas foram preservadas até os dias atuais, em coleções de manuscritos históricos, entre os quais está um manuscrito em pergaminho, "Obras de São Dionísio, o Areopagita", pertencente a São Cipriano, Metropolita de Kiev e Toda Rus (16 de setembro), em sua própria caligrafia.

De acordo com uma tradição, ele foi morto em Lutetia (antigo nome de Paris, França), no ano 96 durante a perseguição deflagrada pelo imperador romano Domiciano (81-96). Hoje a maioria dos estudiosos e teólogos acreditam que São Dionísio, o Areopagita não morreu na Gália, e que São Dionísio (ou Denys) de Paris é um santo diferente com o mesmo nome.

São Demétrio de Rostov diz que o Hieromártir Dionísio foi decapitado em Atenas, e que muitos milagres foram operados em seu túmulo.


Tropário - Tom 4

Aprendeste a bondade e a preservar a continência em todas as coisas; tu te vestiste da boa consciência, como convém a um padre. Do Bom Depósito retiraste mistérios inefáveis, guardaste a fé, e completaste a tua carreira assemelhado a Cristo. Ó, Dionísio, bispo e mártir de Cristo, roga a Deus que salve as nossas almas.

Kondakion - Tom 8

Como discípulo do apóstolo arrebatado ao terceiro céu, entraste espiritualmente no portão do céu, ó, Dionísio. Tu foste enriquecido com a compreensão dos mistérios inefáveis ​​e iluminastes os que estavam sentados na escuridão da ignorância. Portanto, nós clamamos: Alegrai-te, ó Pai universal!



[1] Embora muitos estudiosos sugeram que a "Areopagitum" foi realmente escrito por uma figura anônima do século sexto que empregou o dispositivo muito comum na antiguidade de tomar piedosamente emprestado um nome ilustre, preferimos ficar com a Tradição, uma vez que também não se pode provar a existência deste personagem ilustre que se esconde atrás do nome de Dionísio. No entanto, mesmo que tal opinião seja verdadeira, isso em nada diminui o profundo significado teológico das obras.

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