sexta-feira, 30 de outubro de 2020

21ª Sexta-feira Depois de Pentecostes

30 de Outubro de 2020 (CC) / 17 de Outubro (CE)
S. Profeta Oséias (820 a.C); 
S. Mártir Monge André de Creta (767 d.C); 
Ss. Cosme e Damião da Arábia e seus irmãos Leôncio, Antimos e Eutrópios (Séc. IV)
Tom 23



Oséias era filho de Beeri, da tribo de Issacar. Foi contemporâneo dos santos Profetas Amós (em Israel) e de Isaías e Miquéias (em Judá). Ele profetizou por um período de cerca de 60 anos – desde 785 a.C. até o tempo do cativeiro das dez tribos. Durante o exercício de seu ministério o rei mais importante foi Jeroboão II (o filho de Joás). O Reino do Norte experimentou grande prosperidade em termos materiais. Enquanto isto em Judá (ou Reino do Sul) reinaram Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (1.1). Mas seu trabalho fora completamente voltado para o Reino do Norte. Muitas vezes no livro aparece o Reino de Israel como Efraim, isto por ser a tribo de Efraim a maior dentre as dez.

Suas palavras divinamente inspiradas encontram-se em seu livro, que contém catorze capítulos. Repreendeu rigorosamente Israel e Judá por sua idolatria e também predisse a punição de Deus pelos seus pecados, a destruição da Samaria e Israel pela sua apostasia e a misericórdia de Deus pela tribo de Judá. Previu a abolição e o fim dos sacrifícios do Antigo Testamento. Previu a vinda do Senhor e a riqueza dos dons que Ele traria consigo à terra. 
De sua vida pessoal sabe-se que se casou com Gomer que lhe era abertamente infiel, o que levou a divorciar-se formalmente sem que, no entanto, deixasse de amá-la e compadecer-se dela. Este drama pessoal mostrou ao profeta quão duros eram os efeitos da traição espiritual do povo de Israel ao seu Deus, depois que recebeu os mandamentos no Sinai. 
Os nomes «Oséias», «Josué» e «Jesus» são derivados da mesma raiz na língua hebraica. Oséias significa «salvação» ao passo que os nomes «Josu黫Jesus» significam «O Senhor É a Salvação». 
Oséias viveu até idade muito avançada e repousou em paz. 
Santo Monge e Mártir André, de Creta  
O Monge e Mártir, André de Creta, viveu durante o reinado do Imperador iconoclasta Constantine Kopronymos (741-775), que ameaçando de pena de morte, ordenou aos cristãos deitar fora os ícones sagrados de suas igrejas e casas. Os crentes, que destemidamente resistiram ao ímpio iconoclasta e preservaram firmemente a tradição dos Santos Padres, foram trancados na prisão. 
Quando o Monge André ouviu, que o Imperador estava jogando na prisão, não os ladrões e assaltantes, mas, em vez disto, eram os cristãos virtuosos e piedosos, ele foi para Constantinopla e na frente de todos, na Igreja do Santo Mártir Mamant, denunciou o herege por perseguir a verdadeira fé. Ao justificar-se, o Imperador disse: 
«Isto é loucura, conceder veneração a madeira e tinta».
O monge respondeu que todo aquele que padecer pelos Santos ícones, é por Cristo que padece; mas todo aquele que insulta o ícone sobre a qual está posta a Imagem de Cristo, insulta ao próprio Cristo. 
O iconoclasta, enfurecido, deu ordens para torturar Santo André sem piedade. Ao longo do caminho para o local da execução, o mártir expirou ao Senhor. Cem anos mais tarde, um cânone foi escrito ao santo pelo Monge José, o Melodista. Através das orações a Santo André, convulsões são curadas. 
Os Veneráveis Santos e Anárgiros Cosme e Damião, da Arábia
  
Os Santos taumaturgos e anárgiros Cosme e Damião da Mesopotâmia nasceram na Ásia Menor. Seu pai, que era pagão, morreu enquanto eles ainda eram crianças, e sua mãe, Teodota, os criou na fé cristã.
Seguindo o exemplo de vida de sua mãe e em imitação a Nosso Senhor, os gêmeos tornaram-se homens justos e virtuosos. Ao alcançarem a idade  adulta, aprenderam medicina e as artes da cura, e por sua virtude receberam do Espírito Santo o dom de curar as enfermidades do corpo e da alma através de suas orações. Por amor a Deus e ao próximo, eles jamais cobraram por seus serviços, seguindo estritamente o mandamento de Nosso Senhor Jesus Cristo: «Recebestes de graça, de graça dai!» (Mt. 10:8). Eles tratavam até mesmo os animais. A fama dos Santos Cosme e Damião se espalhou por toda a região da Mesopotâmia, e o povo apelidou os irmãos de médicos anárgiros, ou seja, «aqueles que não recebem prata (dinheiro)». 
Certo dia, os santos foram chamados para atender uma senhora acometida de uma doença incurável, de nome Paládia, a quem todos os médicos recusaram-se a tratar. Pela fé, oração e pelos santos dons dos irmãos, o Senhor curou a doença de Paládia, que logo em seguida levantou-se de seu leito, com perfeita saúde, para agradecer a Deus. Desejando recompensar seus médicos de algum modo, em um gesto de gratidão a idosa senhora foi conversar com Damião, e lhe presenteou com três ovos, dizendo: 
«Aceite este pequeno presente em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo». 
Ao ouvir o nome da Santíssima Trindade, o santo médico não ousou recusar o presente. No entanto, quando Cosme soube o que acontecera, entristeceu-se, pois cria que seu irmão havia quebrado seu voto de caridade. 
Após certo tempo, chegou a hora de São Cosme repousar no Senhor. Em seu leito de morte, ele declarou que não gostaria de ser enterrado ao lado de seu irmão. Alguns meses depois, São Damião também veio a falecer. Todos os seus amigos e parentes ficaram preocupados, pois não sabiam onde deveriam enterrar São Damião. Porém, pela vontade de Deus, um anjo apareceu aos presentes, dizendo que não houvesse dúvidas se os irmãos deveriam ser enterrados lado a lado, pois São Damião aceitara o presente da velha senhora, não como pagamento, mas em respeito ao Nome de Deus e em caridade, para não humilhar a nobre senhora. E assim, os gêmeos foram enterrados lado a lado, em Theremam, Mesopotâmia, atual Síria, no ano de 303 AD. 
Tropário de São Cosme e Damião
Santos anárgiros e taumaturgos Cosme e Damião,
curai-nos de nossas enfermidades. Concedei-nos gratuitamente,
aquilo que de graça recebestes.

 

Oração Antes de Ler as Escrituras  

Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

Colossenses 2:1-7

1 Pois quero que saibais quão grande luta tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e por quantos não viram a minha pessoa; 2 para que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus - Cristo, 3 no qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. 4 Digo isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas. 5 Porque ainda que eu esteja ausente quanto ao corpo, contudo em espírito estou convosco, regozijando-me, e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo. 6 Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim também nele andai, 7 arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, abundando em ação de graças.

Lucas 9:12-18

E já o dia começava a declinar; então, chegando-se a ele os doze, disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo aos lugares e aldeias em redor, se agasalhem, e achem o que comer; porque aqui estamos em lugar deserto. Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de comer. E eles disseram: Não temos senão cinco pães e dois peixes, salvo se nós próprios formos comprar comida para todo este povo. Porquanto estavam ali quase cinco mil homens. Disse, então, aos seus discípulos: Fazei-os assentar, em ranchos de cinquenta em cinquenta. E assim o fizeram, fazendo-os assentar a todos. E, tomando os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu, abençoou-os, e partiu-os, e deu-os aos seus discípulos para os porem diante da multidão. E comeram todos, e saciaram-se; e levantaram, do que lhes sobejou, doze alcofas de pedaços. E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos; e perguntou-lhes, dizendo: Quem diz a multidão que eu sou?

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HOMILIA


“Mesmo Quando For Pouco O Que Possuímos, O Ofereçamos Aos Pobres”

Para os enfermos ele fazia milagres sempre, agora faz uma dádiva universal, a fim de que muitos não só fossem espectadores do que a outros acontecia, mas que também desfrutassem do dom por si mesmos. Aquilo que aos judeus antigos lhes parecia no deserto admirável e diziam: «Poderá também dar-nos pão e preparar-nos a mesa no deserto?», isso Cristo realiza agora. E os levou ao deserto para que não recaísse suspeita alguma sobre o milagre, e ninguém pensasse que algum povo próximo tenha provido as mesas de pão. Por isto o evangelista recorda não somente o lugar, mas também a hora. Também aprendemos aqui a prudência que os discípulos demonstravam nas coisas necessárias e em que alto grau desprezavam os prazeres. Pois sendo eles doze, não tinham senão cinco pães e dois peixes. Até tal ponto desprezavam as coisas materiais e somente cuidavam das espirituais. Ainda mais: nem mesmo este pouco que tinham guardaram, mas, assim que lhes foi solicitado, o entregaram.

Aprendemos disto que, mesmo quando for pouco o que possuímos, o ofereçamos aos pobres. Pois os Apóstolos, mandados apresentar os cinco pães, não exclamaram: «Mas de onde nos alimentaremos depois? Como poderemos amenizar a fome?», mas prontamente obedecem. A parte da razão do que já aduzimos, parece que Cristo fez o milagre com estes pães, para levar os discípulos à fé, pois eles ainda eram fracos nela. Por isso olha ao céu. Já possuíam muitos exemplos de outros tipos de milagres, mas deste nenhum.

Tendo, portanto, tomado os pães, os partiu, e através dos discípulos os repartiu, conferindo-lhes este cargo de honra. Não o fez somente para honrá-los, mas para que, apalpando a realidade do milagre, não lhe negassem a fé nem se esquecessem do acontecido, do qual suas próprias mãos davam testemunho. E permitiu que primeiro a multidão sofresse a fome e esperou que os discípulos se aproximassem e lhe perguntassem. Também por meio deles fez que a multidão se recostasse na relva, e por eles distribuiu os pães, querendo assim antecipar-se e comprometer cada um por sua própria confissão e por suas obras. Por esta causa, recebeu os pães deles, a fim de que se multiplicassem os testemunhos do milagre e tivessem esses registros e recordações do prodígio. Pois se depois de tantos preparativos ainda se esqueceram, o que teriam feito se Jesus não os houvesse preparado de tantas maneiras? E ordenou que se recostassem na relva, ensinando-os desta forma a viver austeramente. Porque não desejava unicamente que os corpos se alimentassem, mas que as almas assimilassem os ensinamentos.

De maneira que pelo lugar, por não ministrar-lhes senão pães e peixes, por ter ordenado que a todos fosse dado o mesmo e em comunidade o tomassem, de forma que nenhum recebesse mais do que o outro, ensinou a humildade, a temperança e a caridade; e quis que todos amassem a todos com igual afeto e tivessem todas as coisas em comum. E tendo partido os pães, os deu aos discípulos, e os discípulos os deram ao povo. Deu-lhes os cinco pães já partidos; e estes cinco pães, como se fossem uma fonte, multiplicavam-se e brotavam das mãos dos discípulos.

Ele não terminou com este milagre; mas Jesus fez que não somente os pães superabundassem, mas também os pedaços, para perceber que estes pedaços eram daqueles pães, e os ausentes também pudessem saber o que havia acontecido. Para isto permitiu que a multidão sofresse a fome, a fim de que ninguém pensasse que tudo se reduzia a meras aparências. Permitiu que sobrassem doze cestos, para que até mesmo Judas levasse o seu. Podia simplesmente ter apagado a fome na multidão, mas os discípulos não teriam experimentado o seu poder, pois assim aconteceu no tempo de Elias. Nesta ocasião os judeus ficaram de tal forma pasmos que quiseram constituí-lo rei, coisa que em outros milagres não tinham tentado.

São João Crisóstomo, Patriarca de Constantinopla

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“A Escritura É O Pão Que O Senhor Multiplica Por Meio De Seus Intérpretes”

Considera como o Senhor no Evangelho parte poucos pães e alimenta milhares de homens, e como restam tantos cestos. Enquanto os pães estão inteiros, ninguém se sacia com eles, ninguém se alimenta, nem os próprios pães se multiplicam. Considera agora, pois, como nós partimos poucos pães: tomamos algumas poucas palavras das Escrituras divinas, e são milhares de homens que com elas se saciam.

Porém, se estes pães não tivessem sido partidos, se não tivessem sido feitos em pedaços pelos discípulos, ou seja, se a letra da Escritura não tivesse sido partida e discutida em pequenos pedaços, seu sentido não teria chegado a toda a multidão. Porém, como a tomamos em nossas mãos e discutimos cada ponto em particular, então as multidões comem dela quanto podem. O que não conseguem comer deve-se recolhê-lo e guardá-lo para que nada se perca. Assim nós, o que a multidão não pode tomar, o guardamos e o recolhemos em cestos e balaios.

Não faz muito, quando esmigalhávamos o pão no referente a Jacó e Esaú, quantos pedaços sobraram daquele pão? Todos os recolhemos com diligência para que não se perdessem, e os guardamos nos cestos e balaios até que vejamos o que o Senhor ordena que façamos com eles. Mas agora comamos os pães e tiremos água do poço, tudo o que conseguirmos.

Procuremos, também, fazer aquilo que nos recomenda a sabedoria quando diz: «Beba água de tuas próprias fontes e de teus poços, e seja a tua própria fonte.» Tu que me ouves, procura ter o teu próprio poço e tua própria fonte, de maneira que, quando tomas o livro das Escrituras, começas a tirar alguma compreensão por ti mesmo, e de acordo com o que aprendeste na Igreja, tenta beber na fonte de tua própria criatividade.

Dentro de ti existe uma água viva natural, algumas veias de água permanente, as correntes que fluem do entendimento racional, ao menos enquanto não ficam obstruídas pela terra e os entulhos. O que tens que fazer é cavar a terra e remover a sujeira, ou seja, lançar a preguiça de tua inteligência e a sonolência de teu coração.

Ouve o que diz a Escritura: Aperta o olho e derramará uma lágrima; aperta o coração e alcançará sabedoria (Sabedoria de Sirach, 22:19). Procura, portanto, limpar também a tua inteligência, para que alguma vez possas chegar a beber de tuas próprias fontes, e possas tirar água viva de teus poços. Por que se recebeste em ti a Palavra de Deus, se tens recebido e guardado com fidelidade a água viva que Jesus te deu, se tornará em ti uma fonte de água que jorra para a vida eterna, no próprio Jesus Cristo, nosso Senhor, de quem é a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.

Orígenes, Presbítero de Alexandria (Séc. III)

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