quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

1ª Quarta-feira do Triódion

24 de Fevereiro de 2021 (CC) - 11 de Fevereiro (CE)
São Brás, Hieromártir, Bispo de Sebaste na Armênia († c. 316); 
Santa Imperatriz Teodora da Grécia e a restauração da Veneração dos Santos Ícones; 
São Dimitri, o milagroso de Prilutsk; Príncipe Vsevolod de Pskov; Santa Higúmena Gobnet; Encontro das santas relíquias do Profeta Zacarías, Pai do Precursor; São George, o Sérvio.
Tom 4


 
São Brás (ou Blásios), bispo e mártir, nasceu em Sebaste, na Armênia, e ficou muitíssimo conhecido em todo o mundo cristão pelos milagres que operou para a glória e honra de Deus. A pureza de seus costumes, sua natural doçura, sua humildade, prudência e, sobretudo, sua grande misericórdia lhe fizeram dele um homem muito estimado de todos.

Os primeiros anos de sua vida foram dedicados, com grande proveito, ao estudo da filosofia. Seu conhecimento acerca da natureza humana o inclinaram para à medicina, a qual exerceu com perfeição. Os estudos da medicina fizeram dele um conhecedor das doenças e da fragilidade da vida, o que o levou a uma profunda reflexão  sobre a razão, mérito e solidez dos bens eternos. Tomado pela lucidez, decidiu prevenir-se de um eventual remorso pelo qual passa a maioria das pessoas no momento da morte, e optou por viver uma vida de santidade, exercitando nas virtudes cristãs. Pensava retirar-se ao deserto, mas quando faleceu o Bispo de Sebaste, o elegeram como seu sucessor, sob o aplauso de toda a cidade. A nova função serviu para ressaltar suas virtudes e obrigá-lo a viver uma vida ainda mais santa. Quanto mais se ocupava da salvação das almas de seu rebanho, mais aumentava seu desprendimento em relação a sua própria vida. Ocupou-se então de instruir seus fiéis, valendo-se mais de exemplos do que de palavras. Tão grande era seu desejo de viver recluso e de aperfeiçoar-se que sentiu a necessidade de retirar-se e passou a viver em uma gruta, situada no alto do Monte Argeu, um pouco distante da cidade. Depois de alguns dias, Deus Se manifestou através da santidade de seu fiel servo operando vários milagres por seu intermédio. Não somente pessoas de todos os lugares vinham a ele buscando a cura do corpo e da alma, como também os animais selvagens se aproximavam dele para receberem do santo bispo as suas bênçãos de cura de suas enfermidades.

Encontravam-no sempre em oração e esperavam pacientemente à porta da gruta, sem interrompê-lo, e só saiam de lá depois que recebessem de São Brás a sua bênção. No ano 315, chegou a Sebaste o Governador da Capadócia e da Armênia Menor, Agricolao, enviado pelo Imperador Licínio. Veio com ordem de executar todos os cristãos da região. Decidido a cumprir tal mandato, ao entrar na cidade ordenou que fossem jogados às feras todos os cristãos que estavam nas prisões. Para tanto, enviou soldados aos bosques à caça de leões e tigres. Os enviados do Governador entraram pelo monte Argeu e se depararam com a gruta habitada por São Brás. A entrada da gruta estava rodeada por animais selvagens e, entre as feras, São Brás orava sobre eles. Os soldados, vendo aquilo, ficaram impressionados e foram logo contar ao Governador. Surpreso com a notícia, o Governador ordenou que retornassem ao lugar e que o tal bispo fosse trazido à sua presença. Mal os soldados chegaram ao local, São Brás docemente lhes disse: 
«Vamos, meus filhos, derramar nosso sangue por meu Senhor Jesus Cristo. Há muito tempo que desejo o martírio, e esta noite o Senhor me deu a entender que se dignou aceitar meu sacrifício». 
Logo que se soube que São Brás estava sendo levado da cidade de Sebaste, a multidão tomou as ruas desejando receber dele suas bênçãos e o alivio dos males. Uma pobre mulher, desesperada e aflita, passou como pode em meio à multidão e, cheia de confiança, ajoelhou-se aos pés de São Brás apresentando-lhe seu filho que estava sofrendo com uma espinha que lhe havia atravessado a garganta e o sufocava. Vendo a dor da pobre mãe, o bispo ficou compadecido, elevou seus olhos e ergueu as mãos ao céu, pedindo fervorosamente:

«Senhor meu, Pai de misericórdia e Deus e todo o consolo, digna-te ouvir a humilde prece de teu servo e concede a graça da saúde a este menino, para que o mundo creia que só Tu És o Senhor dos vivos e dos mortos. Tu que És o Soberano e a todos ofereces a Tua misericórdia, Te suplico humildemente, que todos os que vem a mim para alcançar a cura de doenças, pela intercessão deste teu humilde servo, sejam benignamente ouvidos e favoravelmente atendidos». 

Mal tinha terminado a oração, o menino expeliu a espinha de sua garganta e ficou totalmente curado. Por este fato, São Brás é conhecido por todos e é venerado como protetor dos males da garganta e sufocamentos. Quando chegaram, São Brás foi apresentado ao Governador que, sem demora e ali mesmo, determinou que oferecesse sacrifício aos deuses. São Brás exclamou: 
«Ó Deus! Por que dás esse nome aos demônios que só têm poderes para fazer o mal? Não há outro Deus senão o Único e verdadeiro Deus, Todo Poderoso e Eterno, e é este Deus que eu adoro». 
Irritado com estas palavras, Agricolao ordenou que fosse cruelmente açoitado até a morte. São Brás, porém, expressava alegria em seu semblante e sua força espiritual o sustentava. Foi depois levado para a prisão onde operou vários milagres, o que despertou ainda mais a ira do Governador que ordenou que esfolassem seu corpo, parte por parte. Escorria muito sangue por todos os lados e algumas mulheres vieram limpar seus ferimentos. Foram, por isso, presas e forçadas a oferecer sacrifícios aos ídolos, sob pena de suas vidas. Elas pediram então para que trouxessem os ídolos, mas retrocederam e jogaram as oferendas nas águas de uma lagoa. Esta atitude lhes rendeu a coroa do martírio, sendo degoladas juntamente com seus filhos. 
O Governador, sentindo-se vencido e envergonhado, mandou que jogassem São Brás no fundo da lagoa onde as oferendas haviam sido jogadas. Protegendo-se com o sinal da cruz, São Brás começou a caminhar sobre as águas como se estivesse andando em terra firme. Chegou até a metade da lagoa e sentou-se serenamente, mostrando aos pagãos que seus deuses não tinham nenhum poder sobre ele. Alguns corajosos e incrédulos jogaram-se nas águas para tirar a prova do que estava acontecendo, mas se afogaram. Naquele momento, São Brás ouviu uma voz que vinha do fundo das águas e lhe dizia que iria receber em breve a coroa do martírio. Ao sair para terra firme o governador ordenou imediatamente que lhe cortassem a cabeça. Isto aconteceu no dia 11 de fevereiro do ano 316.


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Pedro 3:1-18

1 Amados, já é esta a segunda carta que vos escrevo; em ambas as quais desperto com admoestações o vosso ânimo sincero; 2 para que vos lembreis das palavras que dantes foram ditas pelos santos profetas, e do mandamento do Senhor e Salvador, dado mediante os vossos apóstolos; 3 sabendo primeiro isto, que nos últimos dias virão escarnecedores com zombaria andando segundo as suas próprias concupiscências, 4 e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação. 5 Pois eles de propósito ignoram isto, que pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste; 6 pelas quais coisas pereceu o mundo de então, afogado em água; 7 mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios. 8 Mas vós, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia. 9 O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; porém é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se. 10 Virá, pois, como ladrão o dia do Senhor, no qual os céus passarão com grande estrondo, e os elementos, ardendo, se dissolverão, e a terra, e as obras que nela há, serão descobertas. 11 Ora, uma vez que todas estas coisas hão de ser assim dissolvidas, que pessoas não deveis ser em santidade e piedade, 12 aguardando, e desejando ardentemente a vinda do dia de Deus, em que os céus, em fogo se dissolverão, e os elementos, ardendo, se fundirão? 13 Nós, porém, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e uma nova terra, nos quais habita a justiça. 14 Pelo que, amados, como estais aguardando estas coisas, procurai diligentemente que por ele sejais achados imaculados e irrepreensível em paz; 15 e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; 16 como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas coisas, nas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria perdição. 17 Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que pelo engano dos homens perversos sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; 18 antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade.   

Marcos 13:24-31

24 Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; 25 as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados. 26 Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. 27 E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. 28 Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão. 29 Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas. 30 Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam. 31 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.2) 

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MEDITAÇÃO

Santo Efrém, o Sírio (séc. IV)

“És, Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morrem”

Lutador valente! O dia do juízo será o fim dos teus trabalhos; entraste no combate e saíste vitorioso, consumaste a carreira e guardaste firme a fé; o Filho de Deus recompensará os teus esforços: aquele dia será para ti dia de prêmio. Quando elevar-se o Oriente desde o alto do céu para redimir-nos das trevas do sepulcro, pede-lhe que as orações lhe sejam holocaustos e oblações gratíssimas; confia que ao vir o Senhor também ouvirás sua voz e ressuscitarás.

Filhos, recebei a doutrina de vosso pai, o testamento de sua herança: ambas procedem do Senhor e permanecerão para sempre. Com exceção de sua doutrina, tudo passa, tudo é efêmero: o mundo passa, passam as ilusões e os sofrimentos; somente perdura a vida naqueles que viveram bem e a assumiram como tempo de ganhar méritos. Esses, ao final dos séculos, buscarão o Rei, que virá majestoso. As coisas boas que nos ensinaram, estas não passam; dai-me, caríssimos, este consolo de que todos, todos, caminheis na verdade e na sã doutrina, pois assim, quando o esposo se tornar visível, eu também me alegrarei da felicidade de meus filhos.

Ai! Vejo-me obrigado a deixar todos os bens que juntei, até a veste, e nu e pobre partir deste mundo. Todas as riquezas em que abundava e a própria vida me abandonam: as honras, os tesouros ficam na padieira de meu mausoléu; não podem passar adiante, aonde colocam o seu dono. Meus parentes também partirão, me desprezarão. Somente o olhar-me lhes ofenderá; e minha mulher e meus filhos, ao ver-me despojado de minha primeira honra, no mesmo instante sairão, aterrados pelo vazio da noite que rodeará meu cadáver.

Ricos e poderosos, venham aqui e considerai qual é a transformação que se opera em tudo que é nosso, e qual seu paradeiro final... És, Senhor, a esperança de todos e a vida dos que morrem, ainda que para ti não estejam perdidos os que morrem, mas adormecidos... Pois, segundo isto, meu Deus, que me purifiques com a tua graça das máculas com que me sujou minha depravada natureza, não vão fechar-me a entrada de glória prometida à virtude.

O nascimento de nosso Rei invicto comoveu o orbe inteiro, e, admirado, correu atrás dele. Ressuscitou aos mortos, deu vista aos cegos, limpou os leprosos, venceu a morte e o demônio e assegurou a liberdade de nossa estirpe. Ele mesmo, morto e sepultado, saiu do sepulcro cheio de glória e claridade para voltar ao céu, à destra de seu Pai. Quando chegue a hora, descerá segunda vez ao mundo com grande majestade, rodeado das hostes dos espíritos celestiais. Então cumprirá a promessa feita no Evangelho e realizará a sua ascensão triunfante aos céus e dará para sempre a herança íntegra da bem-aventurança eterna.

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