quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

1ª Quinta-feira do Triódion

25 de Fevereiro de 2021 (CC) - 12 de Fevereiro (CE)
Ícone Iveron (Moscou) da Santíssima Theotókos (9º c.).
São Melécio, Arcebispo de Antioquia († 381)
Tom 4

Durante o reinado do imperador Theophilus (829-842), o Império Bizantino foi tomado pela heresia da iconoclasma. De acordo com a ordem do Imperador, milhares de soldados pilharam o Império, procurando em todos os cantos, cidades e aldeias ícones ocultos. 
Perto da cidade de Nicéia, vivia certa viúva piedosa que havia escondido um ícone da Santíssima Theotókos. Logo os soldados o descobriram, e um deles enfiou a lança na imagem. Mas pela graça de Deus, seu terrível ato foi ofuscado por um milagre: Sangue fluiu da ferida no rosto da Mãe de Deus. Os soldados assustados fugiram rapidamente. 
A viúva passou a noite inteira em vigília, rezando diante do ícone da Santíssima Theotókos. De manhã, de acordo com a vontade de Deus, ela levou o ícone para o mar e o lançou sobre a água. O ícone sagrado ficou em pé sobre as ondas e começou a navegar para o oeste. O tempo passou, e uma noite os monges do monastério de Iveron, no Monte Athos, contemplaram um pilar de luz, brilhando sobre o mar como o sol. A imagem milagrosa durou vários dias, enquanto os pais da Montanha Sagrada se reuniram, maravilhados. Finalmente eles desceram para a beira do mar, onde viram a coluna de luz acima do ícone da Theotókos. Mas quando eles se aproximaram, o ícone se moveu mais para o mar. 
Naquela época, um monge georgiano chamado Gabriel, trabalhava no mosteiro de Iveron. A Theotókos apareceu aos pais da Montanha Sagrada e disse-lhes que só Gabriel era digno de recuperar o Ícone sagrado do mar. Ao mesmo tempo, ela apareceu para Gabriel e disse-lhe: 
"Entre no mar, e ande sobre as ondas com fé, e todos testemunharão o meu amor e misericórdia pelo seu mosteiro." 
Os monges do Monte Athos encontraram Gabriel no mosteiro georgiano e o levou até o mar, cantando hinos e incensando com incenso sagrado. Gabriel andou sobre a água como se em terra seca, pegou o Ícone em seus braços e obedientemente o levou de volta à terra. 
Este milagre ocorreu na terça-feira brilhante.
Enquanto os monges celebravam uma Paraklesis de ação de graças, uma primavera fria e doce jorrava milagrosamente do chão onde o ícone estava. Depois, levaram o ícone para uma igreja e o colocaram no santuário com grande reverência. Mas na manhã seguinte, um dos monges ao vir acender uma lâmpada, descobriu que o ícone não estava mais onde o haviam deixado; agora estava pendurado em uma parede perto do portão de entrada. Os monges, incrédulos, a levaram para o santuário, mas, no dia seguinte o ícone foi novamente encontrado no portão do mosteiro. Este milagre se repetiu várias vezes, até que a Santíssima Virgem apareceu a Gabriel, dizendo: 
“Anuncie aos irmãos que a partir de hoje eles não devem me levar embora. Pois o que desejo não é ser protegida por vocês; em vez disso, vou resplandecer para vós, tanto nesta vida como na era vindoura. Enquanto virdes meu ícone no mosteiro, a graça e a misericórdia do meu Filho nunca faltarão!”
Cheios de alegria, os monges ergueram uma pequena igreja perto do portão do mosteiro para glorificar a Santíssima Theotókos e depuseram o ícone de maravilha dentro dele. O Ícone sagrado passou a ser conhecido como a “Mãe  de Deus Iveron e, em grego, "Portaitissa". Pela graça do milagroso ícone Iveron da Theotókos, muitos milagres ocorreram e continuam acontecendo em todo o mundo. 
Comemoração de São Melécio 
São Melécio nasceu em Melitene, no ano 310, aproximadamente. Pertencia a uma das mais distintas famílias da Armênia Menor. Distinguia-se por sua inteligência e piedade. No ano 357, foi ordenado Bispo de Sebaste. Na cidade, encontrou violenta oposição ao cristianismo e decidiu retirar-se para o deserto e, mais tarde, para Beroa na Síria. Após o desterro de Eustásio em 331, a Igreja de Antioquia estava sob o domínio dos arianos, já que vários bispos fomentavam essa heresia. Eudóxio, ainda ariano, foi expulso  por um grupo que professava a mesma heresia, em uma revolta contra as autoridades. Pouco depois, usurpou o trono de Constantinopla. Os arianos, diante deste fato, junto com alguns cristãos ortodoxos, concordaram em eleger Melécio à sede de Antioquia, no ano 361. O imperador confirmou a eleição, ainda que outros ortodoxos se negassem a reconhecê-lo, dizendo que era uma escolha ilegal uma vez que alguns arianos haviam participado da eleição. Os arianos esperavam que Melécio se declarasse em favor da heresia, o que não se confirmou. Certa vez o imperador Constâncio, vindo de Antioquia, pediu a vários prelados que explicassem um texto do Livro dos Provérbios. Jorge de Laodicéia explicou o texto no sentido ariano; Acácio de Cesaréia explicou num sentido herético e Melécio deu uma explicação no sentido ortodoxo. A explicação de Melécio enfureceu os arianos e,  por causa disso Eudóxio, em Constantinopla, influenciou o imperador para que desterrasse Melécio para a Armênia Menor.  
Substituindo a sé vacante, os arianos elegeram Euzoius que anteriormente havia sido expulso da Igreja por Santo Alexandro, arcebispo de Alexandria. Este fato marcou o Cisma de Antioquia, ainda que o verdadeiro inicio do cisma tenha acontecido com o desterro de Eustásio, trinta anos antes. Em 381, reuniu-se em Constantinopla o Segundo Concilio Ecumênico, presidido por São Melécio. Durante a realização do Concilio, o bispo faleceu após suportar com paciência muitos sofrimentos. A notícia de sua morte foi recebida com grande dor pelos padres conciliares e pelo imperador Teodósio que lhe havia dado boas vindas à cidade, com demonstração de grande afeto: «te recebo como um filho que recebe o pai depois de muito tempo ausente». Sendo sempre muito humilde, Melécio conquistou a todos que o conheciam. São João Crisóstomo afirmava que seu nome era tão venerado que muitos habitantes de Antioquia escolhiam aquele nome para os filhos; gravavam suas imagens em selos e em vasilhas e esculpiam em suas casas. Todos os Padres do Concilio e os fiéis da cidade assistiram ao seu funeral em Constantinopla. Um dos prelados mais eminentes, São Gregório de Nissa, pronunciou a oração fúnebre que fazia referência ao doce e tranqüilo olhar, ao radiante sorriso e às bondosas mãos que acompanhavam sua aprazível voz. Terminou a oração dizendo: «Agora que vês a Deus face a face, roga a Ele por nós e pelo seu povo». Cinco anos depois, São João Crisóstomo, a quem São Melécio tinha ordenado diácono, compilou e pronunciou um panegírico no dia 12 de fevereiro, dia de sua morte e de sua trasladação para Antioquia. 


Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 João 1:8-2:6

8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. 10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 1 Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. 2 E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo. 3 E nisto sabemos que o conhecemos; se guardamos os seus mandamentos. 4 Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade; 5 mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele; 6 aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou.  

Marcos 13:31-14:2

31 Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão. 32 Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai. 33 Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo. 34 É como se um homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos seus servos, a cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que vigiasse. 35 Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã; 36 para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo. 37 O que vos digo a vós, a todos o digo: Vigiai. 1 Ora, dali a dois dias era a páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus a traição, para o matarem. 2 Pois eles diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.

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COMENTÁRIO

A palavra de ordem para os servos de Deus é sempre esta: vigiai! Os sinais preditos pelo Senhor não foram dados para serem especulados ou como enigmas que devem ser decifrados. Estão envoltos em mistério inacessível: nem os anjos, nem mesmo o Filho, mas, tão somente o Pai tem as chaves destes mistérios. Estes sinais servem para o reforço da vigilância. Muitos se entregam a investigar e tentar decifrar os tempos e as épocas que o Pai reservou para sua exclusiva autoridade.
  
A vigilância é uma atitude de preservar diligentemente o depósito da fé́, o ensino que o Filho recebeu do Pai e o transmitiu para seus Apóstolos a fim de que eles também o transmitissem a todas as nações. Esta palavra não sofre limites espaciais ou temporais. Não se deteriora com o tempo e não pode ser sufocada pelas heresias ou qualquer sistema filosófico por mais bem elaborado que seja à luz da razão humana. Por isto, o Apóstolo João na visão apocalíptica, vê̂ um anjo voando sobre as ruínas da civilização trazendo consigo o Evangelho eterno para ser pregado a toda nação, tribo e língua (Ap. 14:6). Estejamos atentos, pois, não sabemos a que hora virá o nosso Senhor.

A narrativa de São Marcos nos mostra como a falta de vigilância levou os principais sacerdotes e escribas a não perceberem o dia da visitação d’Aquele a quem diziam servir. Faltavam dois dias para a Páscoa, a data mais solene e sagrada do calendário judaico e, os homens aos quais foram confiados os rebanhos do Pai, ao invés de santificarem os seus corações, antes o envenenavam com imaginações perversas, articulando entre si uma estratégia para matar o Santo de Deus, em nome de Deus.

Quando a Igreja estabelece um santo jejum todas as quartas e sextas-feiras, visa trabalhar a vigilância em nosso coração. O jejum da quarta-feira nos lembra a traição de Judas e nos convida a combater em nós as sombras que tomaram conta deste infeliz Apóstolo; e o jejum da sexta-feira nos lembra a crucificação de nosso Senhor e nos encoraja a assumir o nosso Calvário o qual redundará em nosso triunfo e glória que provêm do Pai, por meio do Filho e comunicados pelo Santo e Vivificante Espírito, Deus bendito, agora e sempre, e pelos séculos sem fim. Amém. 

Padre Mateus (Antonio Eça) 

ORAÇÃO 

Julga-me, ó Senhor, pois tenho andado na minha integridade; no Senhor tenho confiado sem vacilar. Examina-me, Senhor, e prova-me; esquadrinha o meu coração e a minha mente. Pois a tua benignidade está diante dos meus olhos, e tenho andado na tua verdade. Não me tenho assentado com homens falsos, nem associo com dissimuladores. Odeio o ajuntamento de malfeitores; não me sentarei com os ímpios. Lavo as minhas mãos na inocência; e assim, ó Senhor, me acerco do teu altar, para fazer ouvir a voz de louvor, e contar todas as tuas maravilhas. Ó Senhor, eu amo o recinto da tua casa e o lugar onde permanece a tua glória. Não colhas a minha alma com a dos pecadores, nem a minha vida com a dos homens sanguinolentos, em cujas mãos há malefício, e cuja destra está cheia de subornos. Quanto a mim, porém, ando na minha integridade; resgata-me e tem compaixãode mim. O meu pé́ está firme em terreno plano; nas congregações bendirei ao Senhor. 

Salmo 6 
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