domingo, 28 de fevereiro de 2021

Domingo do Filho Pódigo

28 de Fevereiro de 2021 (CC) - 15 de Fevereiro (CE)
Santo Onésimos, Apóstolo [dos 70] (séc. I)
Tom 5



Santo Onésimos era escravo de Filêmon, homem importante de Colossos, na Frigia, que se converteu à fé cristã  através do apóstolo São Paulo. Quando fugia da justiça, acusado de roubar seu senhor, Onésimo entrou em contato com São Paulo que se achava em Roma. São Paulo o converteu, o batizou e o enviou à casa de Filêmon com uma carta de recomendação. Filêmon perdoou então seu escravo arrependido e o reenviou a São Paulo. São Jerônimo e outros autores escrevem que Onésimo e Tiquio foram os portadores da carta que São Paulo escreveu aos colossenses. Os dois foram sempre orientados pelo Apóstolo Paulo e se transformaram em pregadores do Evangelho e, mais tarde, foram consagrados bispos. Onésimo foi consagrado Bispo de Éfeso por São Paulo. Após o episcopado de Timóteo, afirma-se que o antigo escravo  e Bispo de Efeso, Onésimo, foi levado prisioneiro à Roma e lá morreu apedrejado. Suas relíquias posteriormente foram trasladadas para Éfeso onde são veneradas até hoje.  
Tropárion de São Onésimo Tom 1
Iluminado na mente por Paulo, tu te tornaste um servo do Verbo de Deus/ e um Apóstolo inspirado. / Ó Onésimo, servo de Cristo, / tu recompensas com o dom da vida àqueles que clamam fielmente a ti. / Glória Àquele que te glorificou! / Glória Àquele que te coroou, // glória a Aquele que por ti opera curas para todos.

Kondákion de São Onésimo Tom 4
Tu resplandeceste como um raio de luz, ó bendito Onésimo, / resplandecente raio de Paulo, o sol brilhante que iluminou o mundo. / Portanto, todos nós te honramos, Ó glorioso Onésimo.


Oração Antes de Ler as Escrituras 
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (V)

Lucas 24:12-35

12 Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido. 13 Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios; 14 e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido. 15 Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles; 16 mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram. 17 Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes. 18 E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias? 19 Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo. 20 e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram. 21 Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram. 22 Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro   23 e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo. 24 Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram. 25 Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram! 26 Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória? 27 E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. 28 Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe. 29 Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. 30 Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava. 31 Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles. 32 E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras? 33 E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles, 34 os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão. 35 Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão.

LITURGIA

Tropárion da Ressurreição 
Fiéis, cantemos e adoremos o Verbo / Co-Eterno ao Pai e ao Espírito Santo, / nascido para nossa salvação, da sempre Virgem Maria, / pois Ele aceitou livremente sofrer a morte na Cruz/ para dar a vida a todos os mortos, //pela Sua gloriosa Ressurreição.

Tropárion do Templo Tom 3
Ó Santo Apóstolo Mateus, interceda por nós / junto ao Bondoso Deus: / Que Ele nos conceda o perdão // e às nossas almas salvação.

Glória ao Pai e ao Filho e ao espírito Santo

Kondákion do Triódion Tom 3
Tendo abandonado tolamente a Tua glória paterna, / desperdicei em vícios a riqueza que me deste. / Por isso clamo a Ti, Pai misericordioso, recebe a mim que me arrependo, / e trata-me como um de Teus servos contratados.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Kondákion do Templo Tom 4
Deixando os laços da alfândega para adquirir o jugo da Justiça, / tu te revelaste um sábio comerciante, rico da sabedoria do Alto; / proclamaste a Palavra da verdade / e pela narrativa da hora do Juízo // despertaste as almas indolentes.

Prokímenon

Refrão: Tu nos guardas, Senhor,
E nos livras da vingança eterna. (Sl. 11:8)

Versículo: Salva-nos, Senhor, pois não há mais santos. (Sl. 11:1)

1 Coríntios 6:12-20

12 Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 13 Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém aniquilará, tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. 14 Ora, Deus não somente ressuscitou ao Senhor, mas também nos ressuscitará a nós pelo seu poder. 15 Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei pois os membros de Cristo, e os farei membros de uma meretriz? De modo nenhum. 16 Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne. 17 Mas, o que se une ao Senhor é um só espírito com ele. 18 Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. 19 Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20 Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo.

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia! (3x)

Eu cantarei eternamente as Tuas misericórdias, Senhor;
Anunciarei a Tua verdade de geração em geração.

Pois disseste: "A misericórdia elevar-se-á como um edifício eterno E nos céus a Tua verdade será solidamente estabelecida".

Lucas 15:11-32

11 Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos. 12 O mais moço deles disse ao pai: "Pai, dá-me a parte dos bens que me toca." Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.13 Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. 14 E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades. 15 Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos. 16 E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada. 17 Caindo, porém, em si, disse: "Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! 18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados. "20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 21 Disse-lhe o filho: "Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho." 22 Mas o pai disse aos seus servos: "Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés; 23 trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos, 24 porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se." 25 Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças; 26 e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. 27 Respondeu-lhe este: "Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo." 28 Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele. 29 Ele, porém, respondeu ao pai: "Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos; 30 vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado." 31 Replicou-lhe o pai: "Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu; 32 era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado."

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COMENTÁRIO

Esta é uma das parábolas de Cristo mais conhecidas, pois o cenário onde ela se desenrola é o de um ambiente familiar, retratando um drama que quase todas, senão todas as famílias enfrentam: a ruptura dos filhos adolescentes com o Pai.

A crise do jovem caçula é um ícone dos sentimentos e mentalidades que governam a humanidade: o desejo de uma autonomia precoce baseado numa avaliação presunçosa e equivocada de si mesma.

Presunçosa, porque - à semelhança de um adolescente que presume que a maturidade biológica do seu corpo e seu acesso a informação lhe garante a autonomia - assim, também, a humanidade, concebe que seu avanço científico e tecnológico não lhe permite mais depender de Deus e de leituras teológicas da realidade.

Equivocada porque, assim como a adolescente não se apercebe que sua maturidade biológica e capacidade mental de raciocinar logicamente, são mediadas por uma estrutura subjetiva conflituosa e por forças passionais coercitivas, assim também a humanidade ignora sua estrutura ontológica: corpo, alma e espírito, os quais se encontram fragmentados e incapazes de interagir harmonicamente, incapacitando-nos, assim de atingirmos uma “maior idade”.

Este filho caçula, nosso ícone pessoal, ao se apartar do Pai conhece em primeira estância os prazeres que advém desta ― "liberdade", mas logo, logo, descobre o quanto são passageiros, e passa a provar os amargos dissabores desta postura de vida.

Em seu abismo existencial, um raio de luz alcança sua alma, e ele, avaliando as realidades presentes e as que vivia na casa do Pai, é levado a tomar uma decisão:

“Levantar-me-ei e irei ter com meu Pai”.

Esta luz que brilhou em seu ser transforma radicalmente a sua alma, levando-o a trilhar a mesma estrada que liga a casa paterna, mas, agora de forma totalmente inversa. O caminho que outrora vira passar um jovem altivo, cheio de perspectivas ilusórias, sentindo-se senhor de todo saber; assiste agora os passos de um homem humilhado, de olhar e expectativas incertas, cheio de temores, a mendigar a aceitação do Pai em condições degradantes.

Uma surpresa põe termo a toda esta atmosfera sombria: o Pai o aguardava de braços abertos e lhe devolvendo a honra que um dia tão tolamente desprezara.

A história deste jovem é a nossa história pessoal. Todos nós a ele nos igualamos em sua primeira decisão: a de romper com o Pai, tomar a nossa herança e gerencia-la como nos aprouver. Também, assim como ele, experimentamos o gozo efêmero e os profundos dissabores que provêm desta decisão. Mas, se quisermos ter o mesmo fim venturoso deste jovem, devemos, também, o imitar em sua segunda decisão: erguer-se deste lodo no qual nos achamos e caminhar em direção ao Pai e lhe dizer:

― "Pai, pequei contra Ti, já não sou digno de ser chamado Teu filho".

Porém, não pensemos que apenas o caçula é o nosso ícone pessoal: também o filho mais velho espelha a alma de alguns de nós: pois, este, vivendo na casa do Pai, não o conhecia; alimentava-se de imagens limitantes que o impedia de ter acesso a todos os bens que o Pai preparara para que ele os desfrutasse.

Padre Mateus (Antonio Eça)

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