domingo, 7 de fevereiro de 2021

35º Domingo Depois de Pentecostes

 
07 de Fevereiro de 2021 (CC) 25 de Janeiro (CE)
Novos Mártires e Confessores da Igreja Russa; 
Lembrança de todos os que partiram que sofreu em anos de perseguição pela fé em Cristo; 
S. Gregório Nazianzeno, o Teólogo, Arcebispo de Constantinopla († c. 389)
Tom 2



Hoje comemoramos os incontáveis milhões de Fiéis que sofreram e morreram nas mãos dos ateus soviéticos. Estes incluem o czar-mártir Nicolau II e o resto da família real russa (4 de julho); o Patriarca Tikhon (24 de março); a Grã-duquesa Elizabeth (5 de julho); milhares de mártires, clérigos e leigos, cujos nomes são conhecidos; mas também milhões e milhões de simples crentes cujos nomes foram perdidos para a história. O número dos Novos Mártires da Rússia excede em muito todos aqueles da "Era dos Mártires", dos primeiros três séculos do cristianismo. Que suas memórias sejam eternas.

 

Comemoração de São Gregório Nazianzeno 
São Gregório, o Teólogo, (326-389) era filho de Gregório (que mais tarde tornou-se Bispo de Nazianzeno) e de Nonna, mulher de ilibada conduta moral. Antes mesmo de dar à luz a Gregório, prometera que dedicaria seu filho a Deus, educando-o e fazendo todo esforço para que sua vontade fosse inclinada ao serviço de Deus. Por isso, São Gregório considerava que a educação que recebeu de mãe foi decisiva em sua vocação. Era muito inteligente e recebeu uma excelente educação. Estudou nas escolas de Cesárea, onde existia uma biblioteca cujos livros foram organizados por São Panfílio. Em Alexandria, estudou as obras de Orígenes e, em Atenas, cultivou uma profunda amizade por São Basílio, o Grande, que já o conhecia anteriormente. A amizade por São Basílio lhe rendeu um grande aprendizado que, dificilmente poderia obter em qualquer escola de nível superior. Em Atenas, dividiam a mesma morada e compartilhavam da mesma maneira de viver. Conheciam só dois caminhos: um que os levava a escola e o outro que os conduzia a Igreja. Também em Atenas, São Gregório conheceu Juliano, o Apóstata, que mais tarde tornou-se imperador e renegou o cristianismo, tentando fazer renascer o paganismo no Império Romano (361-363), deixando marcas de perversidade e firmando-se como inimigo da Igreja. Ao completar 26 anos, São Gregório foi batizado e regressou à sua pátria, afastando-se por muito tempo de todos os cargos públicos, ocupando-se com leituras, orações, composições de canções e com o cuidado de seus pais que já eram idosos.

Passou algum tempo no deserto, considerado por ele, como o tempo mais feliz de sua vida. Seu pai, sendo já bispo, precisava de um auxiliar, e chamou seu filho Gregório do Monastério Basiliense para a cidade de Nazianzo, e lhe ordenou presbítero. A dignidade do sacerdócio e o peso das obrigações atemorizaram São Gregório que se refugiou no deserto para viver uma vida de solidão. Posteriormente, quando seu espírito já estava apaziguado, regressou e aceitou as obrigações sacerdotais, consolando-se por servir a Deus, auxiliando seu velho pai no serviço das paróquias.

Aconteceu também que seu amigo Basílio, tornou-se arcebispo e, desejando ter consigo um fiel e instruído auxiliar para cuidar de uma ampla região, ofereceu a Gregório o cargo de principal presbítero de sua sede. Gregório, porém, recusou este honroso e influente cargo. Tempos depois, Gregório foi escolhido para ser bispo de Sasima, fruto de um acordo entre Basílio e o pai de seu pai. Vendo em tudo isto a vontade de Deus, Gregório aceitou ser ordenado, mas não quis o título, continuando como vigário na paróquia de Nazianzo, ajudando seu pai. Em 374, seu pai faleceu e, pouco depois, sua mãe. São Gregório continuou trabalhando e ocupando-se das funções que eram de seu pai, dirigindo a Igreja de Nazianzo. Adoeceu gravemente, e quando já estava recuperado, afastou-se para um monastério isolado onde, em jejum e oração, viveu próximo de três anos. Mas, uma pessoa como ele, não poderia se esconder na cela de um monastério. Foi eleito pelos Bispos Ortodoxos e pelos Fiéis, Arcebispo de Constantinopla, na época em que os arianos tinham muita influência e poder, e tomavam todas as igrejas da capital.

São Gregório se hospedou em uma casa de conhecidos. Transformou um cômodo numa pequena Igreja e a dedicou à Anastasia (Ressurreição), acreditando que ressuscitaria a Ortodoxia, e começou seu trabalho de pregação. Os arianos o incomodavam atirando-lhe pedras e enviando secretamente assassinos. O povo reconheceu o seu verdadeiro pastor e, cada vez, mais aproximavam-se de sua cátedra, “como o metal se aproxima do imã”, como costumava dizer. Por suas palavras fortes, exemplo de vida e diligência pastoral, vencia os inimigos da Igreja. Muitas pessoas vinham de todas as partes para escutar suas inspiradoras palavras. O público presente parecia um mar atormentado, aplaudiam-no, gritavam com grande entusiasmo expressando concordar com o que ouviam e, alguns escribas anotavam suas palavras para a posteridade. Cada semana, milhares de pessoas retornavam à Fé Ortodoxa. Quando o Ortodoxo Teodósio se tornou Imperador (379-395), os arianos foram então expulsos das igrejas da capital.

São Gregório combatia também a heresia de Macedônio, que negava a divindade do Espírito Santo. Participou ativamente do segundo Concílio Ecumênico. Ao terminar seus trabalhos, não quis mais o trono de Constantinopla dizendo: “Adeus cátedra – elevado e perigoso posto que suscita tanta inveja”. Afastou-se para sua cidade natal Arianzo, próximo de Nazianzo, onde passou seus últimos anos de vida vivendo como asceta. Por suas excelentes obras teológicas e por sua habilidade em discorrer sobre assuntos profundos da fé, explicando suas inexplicáveis verdades, com caridade, rigor e exatidão, São Gregório recebeu da Igreja o respeitável título de “Teólogo” e “Mestre Universal”. Também a Igreja o chama de “Mente superior”. Seus sermões são cheios de poesia e muitas de suas expressões foram utilizados nas orações próprias para os dias festivos (por São João Damasceno e outros). Até os dias de hoje, das suas relíquias brotam um agradável aroma.
Leituras Comemorativas
João 10:1-9 (Matinas)
2 Timóteo 3:1-9 
Lucas 20:46-21:1-4



Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

MATINAS (2)

Marcos 16:1-8

1 E, passado o shabat, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram especiarias aromáticas, para que elas pudessem ir e ungi-lo. 2 E de manhã cedo, ao nascer do sol do primeiro dia da semana, elas foram à sepultura. 3 E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta da sepultura? 4 E quando elas olharam, elas viram que a pedra já havia sido revolvida; porque era muito grande. 5 E, entrando na sepultura, viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca, e elas ficaram assustadas.  6 E ele disse-lhes: Não vos assusteis, buscais a Jesus de Nazaré, que foi crucificado; ele está ressuscitado, não está aqui; eis o lugar onde o colocaram. 7 Mas ide pelo vosso caminho, contai a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis, como ele vos disse. 8 E, saindo elas rapidamente, fugiram da sepultura, porque elas tremiam e estavam assombradas; e nada disseram a nenhum homem, porque tinham medo.

LITURGIA

Tropárion
Ó vida Imortal, sofrendo a morte, / esmagaste o Inferno com o fulgor de Tua Divindade. / E quando fizeste erguer os mortos das profundezas da terra, / todos os Poderes Celestes Te aclamaram, dizendo: // “Glória a Ti, ó Cristo nosso Deus e Autor da Vida!”

Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo...

Kondákion
Tu ressuscitaste do túmulo, ó Onipotente Salvador, / e com este forte sinal o Inferno tomou-se de medo; / os mortos ressuscitaram e a Criação Contigo se alegra, / e Adão fica inexcedivelmente jubilante // e o mundo, ó meu Salvador, a Ti canta louvações para sempre.

Agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém

Prokímenon

O Senhor É a minha força e o meu cântico, 
Porque Ele me salvou. (Sl. 117:14)

O Senhor castigou-me muito, mas não me entregou à morte. (Sl. 117:18)

1 Timóteo 1:15-17

15 Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. 16 Mas, por isso, obtive misericórdia, para que primeiro em mim Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna. 17 Ora, ao Rei eterno, imortal, invisível, ao único Deus sábio seja honra e glória para sempre e sempre. Amém. 

Aleluia

Aleluia, aleluia, aleluia!
Junto de Ti, Senhor, me refugiei; 
Não seja eu confundido para sempre,
Por Tua justiça, livra-me!

Aleluia, aleluia, aleluia!
Sê para mim um Deus protetor 
E uma casa de refúgio que me abrigue. 

Aleluia, aleluia, aleluia!

Lucas 18:35-43

35 E aconteceu que, chegando ele perto de Jericó, estava um certo homem cego assentado junto do caminho, mendigando. 36 E, ouvindo passar a multidão, ele perguntou o que isto significava. 37 E disseram-lhe que Jesus de Nazaré estava passando. 38 E ele gritou, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim. 39 E os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse; mas ele gritava ainda mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim. 40 E Jesus, parando, ordenou que lho trouxessem. E ele chegando perto, perguntou-lhe, 41 dizendo: O que queres que eu te faça? E ele disse: Senhor, que eu possa receber a minha visão.  42 E Jesus lhe disse: Recebe a visão, a tua fé te salvou. 43 E ele imediatamente recuperou a sua visão, e o foi seguindo, glorificando a Deus; e todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus.

† † †

ENSINO DOS SANTOS PADRES


“Está Evidente Que Este Cego É Todo O Gênero Humano”

Nosso Redentor, conhecendo que os corações de seus discípulos haviam de ser gravemente perturbados em sua sagrada paixão, muito antes que essa acontecesse, deu-lhes notícia sobre ela e da ressurreição: para que ao verem-lhe morrer, como ele tinha dito, estivessem certos de que haveria de ressuscitar. Porém, sabendo o Senhor que os discípulos enquanto carnais não podiam compreender as palavras deste mistério, quis realizar em sua presença um milagre, e então deu visão para um cego, para levá-los à firmeza da fé com obras extraordinárias, já que não conseguiam compreender bem as palavras. Mas os milagres de nosso Redentor devem se ouvir de modo que creiais que aconteceram assim como são referidos, e juntamente com isso haveis de crer que possuem em seu interior outro simbolismo. Suas obras são tão cheias de surpresas, que por uma parte mostram exteriormente seu maravilhoso poder, e por outra encerram interiormente um mistério divino.

Não sabemos, na verdade, quem era este cego, porém sabemos no mistério a quem representa. Está evidente que este cego é todo o gênero humano: o qual em nosso primeiro pai foi lançado das alegrias do paraíso, e sendo ignorante e privado da claridade da luz soberana, padece as trevas à qual foi condenado; porém, é iluminado com a presença do Salvador, para que ao menos dentro da alma sinta luz para desejar o bem, e com este desejo comece a caminhar pelo caminho das boas obras para alcançar-lhe.

Mas haveis de notar que o cego é iluminado quando Jesus Cristo nosso Salvador chega a Jericó: Jericó em nossa língua quer dizer “lua”! A lua na Sagrada Escritura denota a deficiência da natureza humana, porque, alterando-se e diminuindo-se de hora em hora, assinala os defeitos e mudanças que em nós se encontram. Chegando, pois, nosso Senhor a Jericó, o cego recupera a vista, porque é manifesto que, quando Deus uniu consigo a fraqueza de nossa humanidade, a linhagem humana recobrou a vista que tinha perdido: porque abaixando-se Deus a sofrer coisas de homem, foi elevado o homem a degustar coisas de Deus.

E vem muito a propósito dizer que este cego estava sentado à beira do caminho e mendigando, porque a própria verdade Cristo nosso Redentor falando de si diz: Eu sou o caminho. É claro que é cego aquele que não sente em si a claridade da luz soberana; mas quando já tem o princípio, que é crer em seu Redentor, podemos dizer que está sentado junto do caminho. E se havendo crido, silencia e não pede misericórdia para ver a luz eterna, e cessa de pedir esta graça, diremos que o cego está junto ao caminho, mas que não pede esmola; mas se junto com o ato de crer pede graça a Deus, diremos que o cego está junto ao caminho, e que está pedindo.

Olhem, portanto, meus irmãos! Quem quer que conheça as trevas de sua cegueira, quem quer que entenda que lhe falta a luz soberana, arranque o clamor do coração, e com verdadeiro grito da alma diga: Jesus, Filho de Davi, tem piedade de mim. Mas, vejamos, que acontece a este cego que grita tantas vezes? Muitos o repreendiam para que se calasse. Quem pensais que são estes, que, vindo nosso Redentor, vão à frente gritando? Sabei que são os desejos carnais, e os esquadrões dos vícios, para impedir que Deus nos ouça e que o chamemos com atenção, dissipam nossos bons pensamentos, desordenam com suas tentações qualquer boa deliberação que nossa alma faz, e quando o coração quer estar mais atento na oração, ali o procuram para lhe perturbar.

Este é o artifício de nosso inimigo, que, quando queremos deixar os pecados e voltar a Deus – e para isto nos coloquemos em oração pedindo que sua majestade nos ajude –, então se declaram por sua artimanha ao nosso coração as visões assustadoras dos pecados que temos cometido, e querem ofuscar “a nossa alma, confundir o nosso coração, e tirar-nos a fala. Diz, portanto, que aqueles que iam à frente o repreendiam, dizendo que se calasse: Porque, para impedir que Deus venha a nossa alma, os pecados passados interrompem os pensamentos, procurando perturbar nossa oração. Porém, saibamos o que fez o cego contra tudo isso para ser iluminado: mas ele gritava mais ainda: "Filho de Davi, tem piedade de mim".

São Gregório, o Grande
Papa de Roma (Séc. VI)

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