segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

1ª Segunda-feira do Triódion

22 de Fevereiro de 2021 (CC) - 09 de Fevereiro (CE)
Mártir Nicéforo de Antioquia
Tom 4




Nicéforo, o Antioquino viveu e foi martirizado durante o império de Valeriano e de Galeriano. Era um homem cuja simplicidade o fez unir-se a um sacerdote da cidade, chamado Sapricio. A amizade entre Nicéforo e Sapricio era tão grande que agiam como uma só alma, um só coração e uma só vontade. A inveja do maligno, porém, com suas ardilezas, injetou veneno naquela amizade, transformando-a em inimizade. Com o passar do tempo, a inimizade foi crescendo, ao ponto de um querer destruir o outro. Niceforo, porém, por misericórdia de Deus, percebeu quão horrível era o ódio, e que tinha caído nas armadilhas de Satanás. Arrependeu-se e, para demonstrar o desejo de reconciliação, enviou alguns intermediários para que transmitissem seu perdão a Sapricio. O coração do sacerdote, no entanto, estava empedernido pelo ódio. Depois de muitas tentativas fracassadas, Nicéforo se apresentou diante de seu antigo amigo e se prostrou ante seus pés, pedindo-lhe perdão. Sapricio, porém preferindo ater-se aos seus sentimentos de ódio, afastou-se dele, demonstrando total indiferença.  
No ano 260, a onda de perseguição aos cristãos recomeçou. Sapricio foi capturado e levado a presença do governador que lhe interrogou: “Como te chamas?” Respondeu ele: “Sapricio”. “Qual é tua fé”, perguntou o Imperador. Sapricio respondeu: “Sou cristão”. “És clérigo?” “Tenho a honra de ser sacerdote, e nós cristãos professamos nossa fé em um só Deus e Senhor Jesus Cristo que é verdadeiro Deus, criador do céu e da terra; e não reconhecemos a divindade dos deuses dos gentios. O governador se enfureceu e mandou que fosse torturado.

Apesar de todos os açoites e castigos, Sapricio não vacilou e a graça de Deus esteve com ele até o momento em que o governador lhe disse: “o sacerdote dos cristãos está convencido que ressuscitará para uma segunda vinda; que ele seja então entregue aos executores para que sua cabeça seja decepada de seu corpo.” Com muita fé, o sacerdote foi conduzido até o local de sua execução. Enquanto isso, Nicéforo estava muito confuso: satisfeito por seu amigo ter a graça de sofrer o martírio, porém preocupado por desejar ser purificado de qualquer mancha. Aproximou-se dele, em meio a multidão, prostrou-se diante dele e disse; “Ó mártir de Cristo, perdoa-me pelos pecados que cometi contra ti”. Sapricio se manteve em silêncio; não disse uma palavra e nem olhou para  ele. Então os soldados o açoitaram e dele caçoavam dizendo: “este insensato está pedindo perdão a um homem que está a beira da morte”. Por fim chegaram ao lugar da execução e o carrasco ordenou que Sapricio se abaixasse para lhe cortar a cabeça. Porém, já que a divina graça lhe tinha deixado por causa de sua atitude rancorosa, começou a gritar: “porque querem cortar a cabeça? Responderam: “porque te recusas a adorar nossos deuses e a obedecer às ordens do imperador por amor àquele chamado Jesus”. Sapricio respondeu: “irmãos, não me matem; estou disposto a fazer tudo o que me pedem”. Ouvindo aquilo, Nicéforo dizia: “Que lástima! Sapricio fraquejou”. E gritava: “Que estás fazendo, irmão meu? Negas a Cristo, nosso bom Mestre? Não percas a coroa que ganhaste por seus sofrimentos e dores”. Sapricio não quis escutá-lo. Então Nicéforo se apresentou diante do verdugo e disse: “Eu sou cristão e creio em Jesus Cristo quem este miserável acabou de negar. Estou disposto a morrer em seu lugar”. Todos os presentes ficaram surpreendidos e os soldados, confusos, consultaram o Imperador dizendo: “Sapricio decidiu fazer oferendas aos deuses, porém aqui existe um homem que professa sua fé em Cristo e diz estar disposto a morrer por Ele”. O governador então ordenou que libertassem Sapricio e que executassem Nicéforo que foi glorificado no dia 9 de fevereiro do ano 260. O Oriente e o Ocidente cristãos recordam sua memória neste dia. Suas intercessões estejam com todos nós. Amém..

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

2 Pedro 1:20-2:9

20 sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo. 1 Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. 2 E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; 3 também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita. 4 Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo; 5 se não poupou ao mundo antigo, embora preservasse a Noé, pregador da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios; 6 se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente; 7 e se livrou ao justo Ló, atribulado pela vida dissoluta daqueles perversos 8 (porque este justo, habitando entre eles, por ver e ouvir, afligia todos os dias a sua alma justa com as injustas obras deles); 9 também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados...

Marcos 13:9-13

9 Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e sereis açoitados; também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir de testemunho. 10 Mas importa que primeiro o evangelho seja pregado entre todas as nações. 11 Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo. 12 Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão. 13 E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.

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COMENTÁRIO

“Olhai por vós mesmos”..., é a exortação do Senhor Jesus Cristo, pois o coração humano é cheio de fantasias e ilusões, facilmente enganado por falsas perspectivas. O Cristianismo não é o caminho para garantir o sucesso, o conforto e a segurança em meio às estruturas que estribam a sociedade humana: a cobiça dos olhos, a cobiça da carne e a busca pelas glórias deste mundo. Falsos profetas têm se levantado para tentar transformar a fé cristã na “via divina” para se atingir os objetivos deste mundo. O caminho de Jesus Cristo nos põe na contramão da vida e inexoravelmente nos reserva uma cruz, aos conflitos com os poderosos deste mundo, à inadequação ao modo de vida da sociedade, a sofrer hostilização das pessoas sem Deus, a ser mau compreendidos e julgados injustamente, a perder o afeto das pessoas que nos são próximas, a ver amigos e pessoas a quem amamos nos ignorar. Sim, dias difíceis e relações conflituosas são perspectivas muito prováveis no caminho daquele que se dispõe a seguir Jesus Cristo.

Certa vez um amigo meu que é Pastor Protestante me fez o seguinte comentário:

“Eu não acredito que a Igreja Ortodoxa consiga se firmam em nossa cultura, pois ela tem uma mensagem muito impopular e um jeito estranho de ser”.

E eu lhe respondi com uma pergunta, para a qual só obtive como resposta, um olhar surpreso e um não quase que inaudível após um breve silêncio ponderativo. Eu lhe perguntara:

“Acaso você conhece algum período da história da Igreja em que ela se estabeleceu sem tensões, conflitos e inaceitabilidade?”

Vigiar significa, antes de tudo, prestar atenção nas santas palavras proféticas, pois ela desfaz as ilusões que Satanás faz surgir em nossos corações. A vigilância dispensa a preocupação e a consumação do nosso tempo com a construção de discursos bem elaborados com a finalidade de fazer a Fé parecer razoável a mente do mundo, pois a atalaia vigilante conhece muito bem as ordens e as palavras que lhes foram confiadas; a sua boca nada mais é do que os lábios pelos quais fala o Todo-Poderoso Senhor dos céus e da terra: o Pai, Filho e Espírito Santo.

Padre Mateus (Antonio Eça)

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