sábado, 13 de fevereiro de 2021

37º Sábado Depois de Pentecostes

13 de Fevereiro de 2021 (CC) - 31 de Janeiro (CE)
Ss. Ciro e João, Anárgiros († 312)
Tom 2



São Ciro era médico em Alexandria. O exercício de sua profissão lhe deu várias ocasiões para atrair muitos pagãos à fé em Jesus Cristo. São João, um árabe, ao saber que uma senhora chamada Anastácia, com suas três filhas, estavam sendo torturadas em Canopo, no Egito, por causa de sua fé em Cristo, acompanhado por Ciro, foi ao seu encontro para confortá-las em seus sofrimentos. Ambos foram presos e torturados. Os carrascos, na presença de Anastácia e suas filhas, queimaram suas costas com tochas acesas colocando depois sal sobre as feridas. Elas foram também torturadas e depois decapitadas. Os santos Ciro e João, foram decapitados no dia 31 de janeiro, data em que as igrejas Síria, egípcia, grega e latina comemoram a memória destes mártires. 
Estes santos, como São Cosme e São Damião, foram venerados na Grécia como médicos que não cobravam seus honorários pelo serviço que prestavam, sobretudo aos mais necessitados. Sobre este assunto existe muita literatura. Destacam-se três breves discursos de São Cirilo de Alexandria e um panegírico de São Sofrônio, Patriarca de Jerusalém (638), nos quais encontram-se registros sobre práticas semelhantes à incubadora, comuns na época de Esculápio. Os escritos de São Sofrônio, que havia sido curado em um santuário dedicado aos Santos Ciro e João, remetem às citações dos documentos do Concilio de Nicéia, em 787. 
São Cirilo narra um fato interessante: para acabar com muitos ritos supersticiosos acerca de Isis, em Menuthi do Egito, no início de século V, decidiu-se trasladar as relíquias dos Santos Ciro e João para a cidade. O grande santuário construído em Menuthi se transformou em um famoso lugar de peregrinação. O nome atual da cidade é Abukir, nome este derivado de Ciro, um dos primeiros mártires do cristianismo. 

Oração Antes de Ler as Escrituras
Faz brilhar em nossos corações a Luz do Teu divino conhecimento, ó Senhor e Amigo do homem; e abre os olhos da nossa inteligência para que possamos compreender a mensagem do Teu Santo Evangelho. Inspira-nos o temor aos Teus Santos mandamentos, a fim de que, vencendo em nós os desejos do corpo, vivamos segundo o espírito, orientando todos os nossos atos segundo a Tua vontade; pois Tu És a Luz das nossas almas e dos nossos corpos, ó Cristo nosso Deus e nós Te glorificamos a Ti e ao Teu Pai Eterno e ao Espírito Santo, Bom e Vivificante, eternamente, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém!

1 Tessalonicenses 5:14-23

Rogamo-vos, também, irmãos, que admoesteis os desordeiros, consoleis os de pouco ânimo, sustenteis os fracos, e sejais pacientes para com todos. Vede que ninguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns para com os outros, como para com todos. Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem. Abstende-vos de toda a aparência do mal. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

Lucas 17:3-10

Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe. Disseram então os apóstolos ao Senhor: Acrescenta-nos a fé. E disse o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te daqui, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria. E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te, e assenta-te à mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.

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ENSINO DOS SANTOS PADRES


“A Eficácia da Fé”

Se tiverdes fé semelhante a um grão de mostarda, diríeis a esta árvore: arranca-te e lança-te ao mar, e ela vos obedeceria. Do grão de mostarda já temos falado mais acima. Falemos agora dessa árvore de amoreira. Eu leio “uma árvore”, contudo, não creio que seja uma árvore. Pois, que razão e proveito pode ter para nós que uma árvore que dá fruto aos agricultores que a cuidam, seja arrancada e precipitada ao mar? Mesmo que creiamos possível, pela virtude da fé, que a natureza cega obedece a mandatos perceptíveis, o que nos quer significar este tipo de árvore?

Também é verdade que li: Eu sou pastor de cabras e hábil em preparar os figos do sicômoro, com o qual, ao meu parecer, o profeta nos quer indicar que, sendo também ele pecador no meio de um povo de pecadores, depois se converteu, pois não há dúvida que convinha que o futuro profeta, buscando o fruto entre sarças e tirando delas seu alimento, conduzisse os rebanhos sombrios e fedorentos dos gentios e das demais nações aos pastos de seus escritos, com o fim de que engordassem com esse alimento espiritual, ao tempo que ele mesmo, convertido de sua vida pecadora, também obteria o leite espiritual.

Porém, como em outro livro do Evangelho (Mt) se falou de um monte – cujo aspecto desnudo, desprovido de vinhas fecundas e de oliveiras, estéril para a agricultura, propício para a guarida das bestas e agitado pelas incursões das feras, parece traduzir a orgulhosa elevação do mau espírito, segundo o que está escrito: Eis-me aqui contra ti, monte de destruição, que devastas a terra –, parece lógico pensar que neste lugar nos fala do mesmo, já que a fé exclui todo mau espírito e, sobretudo, porque a natureza dessa árvore se enquadra perfeitamente nesta opinião, pois seu fruto primeiro é branco em sua flor, e depois, conforme cresce, torna-se vermelho, para escurecer quando amadurece. Também o demônio, privado da branca flor de sua natureza e de sua vermelha potestade por causa de sua prevaricação, está agora revestido da negrura e do mau odor do pecado. Contempla àquele que disse a esse sicômoro: Arranca-te e lança-te ao mar, quando o lançou fora daquele homem e o permitiu entrar nos porcos, os quais, impulsionados por seu espírito diabólico, afundaram-se no mar. Nesta passagem somos exortados à fé, querendo-nos ensinar, em um sentido tropológico, que até as coisas mais sólidas podem ser destruídas pela fé. Porque da fé surge a caridade, a esperança e, de novo, fazendo uma espécie de circuito fechado, algumas são causa e fundamento das outras.

Na continuação segue a exortação de que ninguém se glorie de agir bem, já que, por uma justa dependência, devemos nosso serviço ao Senhor. Mas, do mesmo modo que tu não dirás para um empregado teu que estava arando ou apascentando ovelhas: “Passa para dentro e senta-te a minha mesa” – de onde se conclui que ninguém pode sentar-se à mesa se antes não passou; como Moisés, que para contemplar a grande visão teve de subir ao alto do monte –, pois desse mesmo modo dizemos que tu não diz a esse teu servo: “senta-te à mesa”, mas lhe exiges seus serviços sem agradecer-lhe; da mesma maneira, o Senhor não pode permitir que te aposses do mérito de uma ação ou trabalho, já que, enquanto vivemos, é nosso dever trabalhar sempre.

Portanto, vive em consequência com a convicção de que és um servo ao qual se encomendaram muitos trabalhos. Não te creias mais do que és, porque és chamado filho de Deus – deves reconhecer, sim, a graça, mas não podes lançar no esquecimento tua natureza –, nem te envaideças de ter servido com fidelidade, já que esse era o teu dever. O sol realiza seu labor, a lua obedece, os anjos também servem. E o mesmo instrumento escolhido pelo Senhor para pregar aos gentios, disse: Não sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus, e em outra passagem, ainda que não fosse consciente de culpabilidade alguma, acrescentou: mas nem por isso estou justificado. Por isso, tampouco nós pretendamos louvar-nos a nós mesmos, nem nos antecipemos ao juízo de Deus, nem nos adiantemos à sentença do Juiz, antes, esperemos ao seu dia e ao seu juízo. E uma vez que lemos a repreensão dirija aos ingratos, venhamos a tratar o tema do juízo futuro.

Santo Ambrósio, Bispo de Milão (séc. IV)

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